terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A misteriosa saga das responsabilidades

Carlos Barbosa da Cruz tem uma coluna de opinião no jornal o Público, cujos artigos aqui tenho algumas vezes deixado para discussão. Na semana passada este nosso consócio, que fez parte dos corpos sociais na gestão de Soares Franco, pronunciou-se sobre a saída da Nova Expressão da SAD do Sporting. 

Percebemos que, na sua opinião, foi uma operação que lesou os interesses do Sporting, que, ao contrário do que então foi dito, não foi uma exigência das entidades bancárias, que o clube foi mais vitima que culpado, que a operação beneficiou de forma especial o ex-accionista, que não foi ilegal. Mas continuamos a não perceber o essencial: porque razão o final desta história é igual a tantas outras, ficando sem saber porque aconteceu e de quem é a responsabilidade.


A saga das acções da SAD


"Muito se tem especulado sobre a compra das 2.450.000 acções de categoria B da SAD do Sporting que a Sporting SGPS adquiriu à Nova Expressão, pelo preço de 4.900.000 euros, ou seja, dois euros por acção, pagos em cinco anos. Já vi escrito que esta compra teria sido uma exigência da banca para o SCP manter a maioria da SAD nas operações de reestruturação (redução de capital/aumento de capital/emissão de VMOC).

Não se afigura que seja assim, porquanto o SCP tinha em todos os passos desta operação a maioria necessária; aliás, voz abalizada do clube já esclareceu (Record, dia 13) que a compra não tinha nada a ver com o processo de reestruturação.

Não terá também passado despercebido que as acções foram compradas por mais do dobro da cotação da bolsa e, para mais, com dinheiro emprestado... Cabe então perguntar por que carga de água o Sporting comprou acções da SAD de que não precisava e por um preço que elas não valem e com dinheiro que não tinha? Acho que esse esclarecimento deve ser dado aos sócios, ao mercado e sobretudo aos outros accionistas da SAD que não usufruíram desta benesse...

Esta não terá sido uma operação a que o SCP entusiasticamente aderiu; outrossim terá resultado de um concurso de circunstâncias a que não escapou. Por outras palavras, foi-se mais um anel para ficarem os dedos. Para ser mais claro, acho que nesta saga o SCP foi muito mais vítima que culpado.

A accionista vendedora tinha um lugar no conselho de administração da SAD e acesso a informação privilegiada, conhecia os detalhes da operação e, na altura certa, dessolidarizou-se e apareceu vendedora.

Em abono de quem vende, dir-se-á que a lógica da reestruturação da SAD de alguma maneira trucidou eventuais projectos de abertura de capital e interactividade com parceiros externos. Quero deixar claro que não está em causa a legalidade da operação de reestruturação da SAD, estudada minuciosamente por especialistas acima de toda a suspeita, sufragada pelos sócios e confirmada por auditores. Quem quiser então que extraia as necessárias conclusões. Eu já fiz o meu juízo."

8 comentários:

  1. Pela maneira que está escrito cheira a compra do silêncio da Nova Expressão por todos os lados.

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  2. Perdão, quis dizer: pela maneira "como" está escrito.

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  3. LdA:

    Lembras-te da Cândida Branca Flor?

    "Ai, ai são trocas baldrocas,
    Altas engenhocas
    Que eles sabem inventar!"

    Estas manigâncias só me fazem lembrar tal canção...

    Estou farto (F A R T O) de ser enganado. Mas ainda há quem goste… destas trafulhices. Eu, confesso que começo a ficar cansado disto tudo e cada vez mais amaldiçoo a SAD e os gestores de topo(?) que a inventaram…

    Abraço!

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  4. LdA

    Vocês que lêem e relêem tudo e buscam como eu não consigo, talvez descubram que na altura em que a AG da SAD aprovou as novas trocas e baldrocas, apareceu nos media que Pedro Baltazar abandonava a Direcção da SAD, lugar a que tinha direito por força das acções detidas pela Nova Expressão, por não concordar com a politica aprovada.

    Para esclarecer este negócio talvez Pedro Baltazar tivesse muita coisa a dizer, mas possivelmente faz parte do acordo, a compra do silêncio.

    Parafraseando uma expressão do Botas de Santa Comba: Enquanto o Sporting não for um clube “uno e indivisível” não vamos a lado nenhum.

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  5. Quais é que foram as palaras do Pedro Baltasar na altura??? "Faço isto porque sou grande Sportinguista"???? ehehheheheheh

    SL

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  6. No post sobre a reestruturação financeira, http://anortedealvalade.blogspot.com/2010/09/2-visoes-sobre-reestruturacao.html, escrevi isto:

    "Diz também o artigo 35 º do CSC que a assembleia-geral a ser convocada pela direcção, deve ter pelo menos os seguintes pontos para serem deliberados pelos sócios:

    a) A dissolução da sociedade.
    b) A redução do capital social para montante não inferior ao capital próprio da sociedade, com respeito, se for o caso, do disposto no nº1 do artigo 96 º.
    c) A realização pelos sócios de entradas para reforço da cobertura do capital.

    A operação de reestruturação financeira inicia-se com o ponto b), suponho que não passou pela cabeça de ninguém o ponto a), e que o bolso da Controlinveste só serve para comprar e não para cumprir o ponto c)."

    Pelos vistos pela cabeça de pelo menos um sócio passou a ideia de aprovar o ponto a... com todas as suas consequências.

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