sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ricciardi: a disponibilidade, a responsabilidade e a impunidade

José Maria Riciardi pronunciou-se ontem como banqueiro credor do Sporting, afirmando que tanto o "BES como o BCP têm de trabalhar para o sucesso do Sporting". Acredito que o disse com sinceridade, pelo menos com a sinceridade que é possível a um credor. Para uma entidade nessa condição há todo o interesse que o cliente prospere para assim lhe pagar o que lhe deve e, ouro sobre azul, que a prosperidade crie novos investimentos e com eles novos financiamentos, estabelecendo uma relação profícua, beneficiando ambas as entidades. Embora existam contratos que visem defender os bancos dos incumpridores, o cenário de falência de um cliente está longe de ser o mais interessante para um credor e, em regra, só se coloca para evitar perdas maiores. O cenário de falência do Sporting está longe de interessar a qualquer banco, pelas mais diversas razões. Além do odioso que inevitavelmente cairia sobre os bancos, pelo impacto negativo que teria em milhões dos seus clientes, os 2 bancos teriam grandes dificuldades em reaver grande parte do dinheiro em divida.
 
O Sporting está no osso no que diz respeito a bens imobiliários e o valor dos jogadores está obviamente depreciado. Quer a academia quer o estádio estão em zonas que não contemplam a especulação imobiliária e não me ocorre ninguém interessado em ter os referidos equipamentos em uso, tais como são hoje. Dito isto sou dos que nunca vi nos bancos os verdadeiros responsáveis pela situação económica do Sporting. Essa responsabilidade cabe inteira aos dirigentes que com eles negociaram sucessivamente e foram incapazes de, através da forma como geriram o clube, criar uma situação mais favorável. É aí que reside o verdadeiro problema e não é por acaso que, dos 3 grandes, só nós é que falamos em bancos, em project finance´s, etc. O Sporting definhou porque não foi capaz de gerir o seu negócio que é a actividade desportiva e por força dessa incompetência que entregou a sua soberania aos bancos. Não mais nem menos do que acontece com as empresas em risco ou as famílias sobre-endividadas.

Mas José Maria Ricciardi acumula a condição de credor com a de sócio do Sporting. Há quem diga até que a ele se devem muitos favores quando a tesouraria do clube está mais seca que o Sahara, ou seja na maior parte do tempo. E nessa condição manifesta-se disponível "para a colaborar, no conselho fiscal, por exemplo" porque não tem tempo para encabeçar uma lista ou participar de forma mais activa por força das suas funções como membro da Comissão Executiva do BES. E acrescentou que "dizer que o Sporting não teve dinheiro para fazer o que tinha a fazer é falso. Nunca o Sporting despendeu tantos euros. O dinheiro não tem é sido bem gasto, uma vez que não há resultados desportivos". Ora Ricciardi foi membro do Conselho Fiscal até à demissão de Bettencourt e nunca antes se havia pronunciado sobre o assunto. Não era sua obrigação como sócio e acrescida pelas funções de fiscalização de que estava investido tê-lo feito antes? Fá-lo-ia se Bettencourt não se tivesse demitido? A forma como se enjeitam responsabilidades acumuladas no Sporting chega a ser angustiante. Por isso é que, quando ouço falar em consensos, - "existem condições para constituir uma lista de consenso, que agregue sensibilidades, para recuperar o Sporting" - e não duvidando do quanto eles seriam necessários e úteis, interrogo-me se não são o tapete estendido para a impunidade.

Talvez tenha sido precisamente a falta de tempo que alega que nunca lhe tenha permitido olhar como deve ser para o que as sucessivas direcções do clube vêm fazendo. Se assim é não faltarão ao nosso ilustre consócio outras formas de ajudar o clube que estou certo gosta tanto como qualquer um de nós, deixando um lugar tão importante como o é o de membro do conselho fiscal a quem tenha disponibilidade para o fazer. Se, como reconhece, urge "repor o Sporting na rota do sucesso desportivo que merece" reconheça também que o Sporting precisa de todos mas, mais do que nunca, precisa de as pessoas certas nos lugares certos. Isto é o Sporting precisa tanto de competência como de dedicação, que obriga a um acompanhamento de proximidade e não à vista. O povo, na sua sabedoria, lá diz: longe da vista, longe do coração...

5 comentários:

  1. Não concordo, se assim por dentro ainda aconteçem muitas coisas, por fora, era o dascalabro. Ricardi tem razão o problema não é o dinheiro, mas sim a forma como ele é gasto, não é a ele que compete escolher os jogadores, agora não pode estar sempre a colocar dinheiro sobre os problemas, sobe pena de estes aumentarem, o problema está na escolha tecnica e nos activos que se compra,. na dita estratégia.
    Um ex é o iturbe, enquanto nós andavamos distraidos com o djalma, o porto que já tinha este controlado tratou de ver mais á frente e garantir o iturbe, que mesmo sem jogar já vale mais do dobro que custou, assim se criam mais valias e independencia da banca, nunca soubemos fazer isso, e a culpa ainda é de quem ainda nos empresta dinheiro para burriçes.

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  2. Tudo está cada vez mais transparente.
    Há os interesses instalados a sugarem o nosso clube e os Testas-de-ferro que executam ordens.

    Mai nada!!!!!

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  3. Ao Ricciardi apenas lhe peço uma coisa. Não tente viciar os dados do processo eleitoral com questões que mais não são do que atirar areia para os olhos dos sprtinguistas.
    A "sportinguistas" destes digo não há 15 anos!

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  4. O problema é dinheiro sim senhor quando nao se contrata um jogador como Trezequet por 100mil qual é o probelma sem ser dinheiro, e quando vemos clubes rivais contratar jogadores por 10Milhoes e nós por 3 no maximo qual é o problema?
    Este senhor devia era ter vergonha do que diz, o SCP desde Liedson que nao faz uma contratação de jeito e antes desse a unica que fez foi Jardel que se gastou muito mas rendeu em meses o dinheiro gasto.
    Dinheiro é o principal probelma do SCP e o que faz com que tenhamos uma equipa banal.

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  5. Concordo plenamente, acima de tudo é um problema de má gestão!

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