sábado, 14 de maio de 2011

O futebol português não é para D. Quixotes

Acontecimentos recentes tornaram a por nas primeiras páginas dos jornais a falta de transparência nos bastidores do futebol português, demonstrando o porquê da luta surda que a que a AFPorto se devotou contra a aprovação dos estatutos da FPF.

Concretamente ontem o tribunal Administrativo de Lisboa considerou inexistente a reunião que levou à condenação de Pinto da Costa, do FCP e do Boavista como consequência dos processos relativos ao “Apito Dourado”. A maior parte dos adeptos não tem memória do que sucedeu nessa reunião, mas não desconhece o teor das escutas que estiveram na origem do caso e por isso não consegue compreender um desfecho destes. Por isso convém lembrar o que então sucedeu para o perceber e isso vem relatado na edição online do DN. O CJ de então era presidido por Gonçalves Pereira, peão de brega da AFPorto. Quando os restantes conselheiros se aprestavam a deliberar, condenando PDC, Loureiro e os respectivos clubes, o presidente em exercício, percebendo a tendência desfavorável, decide suspender a reunião. Esta acabaria por ser concluída já sem a sua presença e com as consequências que hoje se sabem. Mais palavras para quê?

Se há alguém que julgue que o que então aconteceu não se voltará a repetir está redondamente enganado ou é muito ingénuo. Repare-se no recente caso levantado pelo jornal a Marca, relativamente ao pretenso jantar de elementos da direcção de PdC com o árbitro holandês que arbitrou o jogo contra o Villareal. O jornal madrileno abordou o assunto com uma ingenuidade que até faz chorar as pedras da calçada. Obviamente que ninguém da direcção do FCP esteva presente nem precisava de estar porque se fazia representar por mais dos seus homens de mão, António Garrido, designado pela FPF para acompanhar a equipa de arbitragem. Como é que é possível que um individuo com o historial de Garrido ainda faça parte dos quadros da FPF nem sequer pode ser considerado um grande mistério. Está lá para desempenhar este tipo de papeis sem qualquer decoro ou problemas de consciência.

Não tenho dúvidas que o Sporting precisa de trabalhar muito mais e muito melhor no sue departamento de futebol para voltar a ser um real candidato ao título. Mas muito desse trabalho também por desmontar a teia que há muito está armada nos bastidores e que serve de rede quando as coisas não correm de feição. O futebol português não é para D. Quixotes, embora abundem Roucinantes  e Sancho Panças.

4 comentários:

  1. E no entanto, insistimos em recebê-los na Tribuna de Alvalade e não os atacar quando devemos. Continuem a olhar apenas para o vizinho do lado e a esquecer-se de quem mora no 2º andar...

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  2. É triste o que vou escrever mas o único consolo que se tem é que mesmo sendo "Papa", não será eterno... (e só aí é que isto poderá mudar, se assim for o desejado).

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  3. LdA

    É uma vergonha!Mas jantares com árbitros estrangeiros não é de agora. Já em 87 qdo venceram a LC isso aconteceu já que a equipa que arbitrou o fcp numa eliminatória foi vista em algumas "tavernas" portuenses. O que ainda me choca é que para muitos Sportinguistas o principal rival é o slb quando ano após ano quem controla os bastidores, quem nos lixa e quem vence mais vezes é o fcp.

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  4. Desmontar a teia, SIM. Lutar pela verdade desportiva, SIM. Pugnar pela independência e profissionalização da arbitragem, SIM. Reformular os quadros competitivos, SIM.

    Usar as mesmas manhas e expedientes, NÃO!

    No dia em que o Sporting abandonar a sua matriz de pilar dos valores desportivos, no dia em que quisermos vencer a qualquer custo, esse será o dia em que o nosso ADN Sportinguista, aquilo que nos faz diferentes, desaparece.

    E sim, é na Tribuna que os Presidentes devem ser recebidos. Sem mordomias, deferências ou simpatias. Mas com a mesma dignidade que exigimos quando os nossos lá vão.

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