segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Quantas contas se fazem com as Contas da SAD?

Seria obviamente uma surpresa poder constatar a possibilidade de uma saúde financeira dentro da sociedade desportiva para o futebol leonino. Assim, os números ora apresentados apenas demonstram algo que há muitos esperávamos.

Neste momento, seria possível fazer a comparação com as figuras dos nossos rivais que apresentam também eles valores que devem gerar alguma preocupação mas ao mesmo tempo possuem outras garantias relacionadas com a capacidade de geração de receitas e como tal, outra facilidade em termos de gestão de tesouraria.

Os prejuízos agora verificados espelham duas estratégias diferentes, sendo que uma tenta agora disfarçar os erros cometidos na anterior:

- Estão à vista as falhas cometidas nas contratações do mandato de José Eduardo Bettencourt & seus directores desportivos, onde o despesismo não trouxe o acréscimo qualitativo proporcional (ou sequer parecido) em termos desportivos.

- Custos verificados já durante o mandato dos órgãos sociais estão diretamente relacionados à publicitada "vassourada" que implicou encargos significativos em termos de rescisões.

No relatório agora divulgado, são apontadas as desvinculações e rescisões, o acréscimo de custos de pessoal e as amortizações/perdas de imparidade como os principais factores para as diferenças entre este e exercícios anteriores. Se olharmos para aquilo que se verificou na pré-temporada transacta, verificaram-se pelo menos 10 milhões de euros em contratações (Evaldo, Valdes, Torsiglieri e Zapater) o que implica à partida um acréscimo nos custos de amortizações. Além destes valores de aquisições, se tivermos em conta a presença de atletas como Valdes, Zapater, Maniche e Hildebrand na folha salarial, facilmente ficam justificados os acréscimos em custos de pessoal.

A estratégia levada a cabo na temporada transacta fracassou desportivamente e financeiramente e as contas agora divulgadas espelham exatamente esse fracasso, reforçada ainda com a estratégia de rescisões e desvinculações.

À entrada para uma nova temporada, sabemos já o elevado valor investido para a nova temporada e atendendo à valia (ou pelo menos currículo desportivo) de alguns dos atletas, é de esperar que a folha salarial possa vir a ter um novo incremento - apesar de também se terem verificado saídas de atletas que representavam encargos elevados. Dos custos associados à estratégia desportiva desta Direção, apenas os custos de rescisões estão refletidos nas contas divulgadas na semana passada.

Historicamente, sabemos que a situação financeira a que o Sporting chegou - materializada no número redondo dos 400 milhões de euros entretanto reduzidos face à operação das VMOC's - em muito se deve aos insucessos das estratégias desportivas, mesmo aquelas que nos renderam dois campeonatos e uma pesada herança de 100 milhões de euros de resultados líquidos acumulados e sucessivamente transitados.

Historicamente, estamos habituados a uma realidade de despesismo sucessivo ao invés de uma realidade de investimento com fracassos pontuais, comuns a qualquer clube desportivo. Aqui residirá o principal ponto de avaliação económica-financeira às decisões tomadas até agora.

No panorama não desportivo, realce pela positiva para o acréscimo de receitas associadas a direitos de transmissão televisiva bem como os valores de sponsorização. Ao mesmo tempo, as condições de financiamento, neste caso, juros e comissões bancárias suportados merecem também a nossa preocupação dadas as dificuldades do clube em capitalizar-se bem como as restrições cada vez mais assumidas pelos bancos parceiros.

No final de tudo, bateremos sempre na mesma questão: Quando os resultados desportivos não são condizentes nem convincentes, restarão sempre suspeitas e vigilância. Se a bola entrasse com maior frequência, provavelmente o nosso "benefício de dúvida" seria diferente... Mas historicamente, existem razões para recear do sucesso de determinados riscos assumidos.

EM FRENTE SPORTING!

5 comentários:

  1. Se se investiu mais, se depois ainda se teve de pagar para se desfazerem dessas contratações, se os resultados foram piores, se ainda foram com prémio de bons ordenados e não são chamados a prestar contas, e ainda se dizem sportinguistas, desde pequeninos, que futuro para este clube? Boavista? será dificil fazer pior.

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  2. Peço desculpa pelo off topic. Vocês por acaso não sabem como posso conseguir os jogos do Sporting aqui para o pc? para vê-los no wmp ou assim...?

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  3. Caro Hugo Malcato,

    Este seu parágrafo diz quase tudo:
    "Historicamente, sabemos que a situação financeira a que o Sporting chegou (...) em muito se deve aos insucessos das estratégias desportivas, mesmo aquelas que nos renderam dois campeonatos e uma pesada herança de 100 milhões de euros de resultados líquidos acumulados e sucessivamente transitados."

    De facto, como nós temos vindo a ver ao longo da última dezena e meia de anos não basta atirar dinheiro para cima de um problema para o resolver. Além do dinheiro, tínhamos de ter decisores com sabedoria, competência e estratégia. Todavia, contas feitas após todos estes anos, constatamos que o deficit registado nessas rubricas foi absolutamente colossal, tendo gerado grande parte dos tais 400.000.000,00 : \

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  4. queres fazer troca de links?

    responde no meu blogger.

    http://amordeleao.blogspot.com/

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  5. Malcato

    "Historicamente, sabemos que a situação financeira a que o Sporting chegou - materializada no número redondo dos 400 milhões de euros entretanto reduzidos face à operação das VMOC's - em muito se deve aos insucessos das estratégias desportivas, mesmo aquelas que nos renderam dois campeonatos e uma pesada herança de 100 milhões de euros de resultados líquidos acumulados e sucessivamente transitados."

    Concordo, e chego á conclusão que não se deve olhar com tanta importancia para os RL acumulados. Pode parecer uma afrmação estupida, mas acho que no clubes, ao contrario das empresas "normais"..o investimento que fazes no ano N não está relacionado com o RL que tens em N-1.

    SL

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