quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Ghostbuster que o Sporting contratou

A substituição de Liedson tinha tudo para ser um processo doloroso e traumático mas a transição para a era post-Levezinho está a ser feita praticamente sem espinhas. A responsabilidade pelo êxito da operação tem que ser repartida por mais do que uma parcela - de quem teve a ideia a quem a avalizou e a quem o treina - mas a fatia de leão cabe, indiscutivelmente, a Ricky Wolfswinkel. É muito por ele que não se vislumbra para já o fantasma de Liedson

Quando o holandês chegou a Alvalade, e apesar do pedigree, não faltaram os pontos de interrogação sobre a estaleca do avançado para desempenhar o papel que o 31 havia deixado vago. Com 22 anos e sem ter passado por clubes renome, parecia prematura a assumpção de tamanha responsabilidade. Sendo ainda cedo para deliberações definitivas, o desafio está ser ganho. Wolfswinkel tem-se revelado não só um bom finalizador como atleta com uma insuperável capacidade de trabalho em campo, na maior do tempo sozinho, entregue aos muros defensivos que tem que superar.

Com 13 golos marcados em todas as competições muitos serão os que se interrogam se o holandês poderá manter o nível até agora demonstrado. Tenho, quanto ao assunto, uma perspectiva optimista, que a seguir explico.

O futebol é um jogo colectivo, por isso a prestação de um jogador está parcialmente condicionada às suas próprias aptidões e limitações e mas também às da equipa. Nenhum jogador se furta incólume a um abaixamento de forma colectivo generalizado e muitas insuficiências individuais são mascaradas por períodos de maior fulgor. É por isso muito frequente vermos jogadores de equipas que ganham com frequência serem sobreavaliados bem como o seu contrário, sendo por isso que a prestação de Wolfswinkel será sempre condicionada por essa via. 

No caso concreto do jogo do Sporting parece-me incontestável que há ainda uma margem de crescimento muito grande, e em particular no jogo ofensivo. Há ainda muita dificuldade em fazer chegar a bola pelo centro do terreno, quer na zona do 10 quer do 9, como ainda há dias se viu com o Belenenses e em particular no derby. Sendo a tarefa mais difícil de executar e de mecanizar numa equipa é também, na maioria das ocasiões a mais compensadora. O caminho mais curto para a baliza é sempre pelo centro e mesmo a utilização dos extremos visa devolver, tão cedo quanto possível, a bola a zonas frontais à baliza. Assim Domingos consiga realizar o trabalho que tem ainda pela frente e a produção de Wolfswinkel poderá aumentar.

Mas apesar das dificuldades ainda reveladas pela equipa em colocar as bolas em condições de finalização em Wolfswinkel este vem marcando golos e isso já diz muito das suas capacidades de goleador. A sua percentagem de aproveitamento de oportunidades deve ser muito superior do que a sua participação no número total de golos da equipa. 

Sei que a afirmação é especulativa, porque não é acompanhada de dados estatísticos que a suportem, mas creio que respeita os factos: o holandês precisa de poucas oportunidades para fazer golos. Outro predicado que me tem chamado à atenção no jogador é a forma repentista e espontânea com que remata com êxito e com ambos os pés. Se conseguir melhorar o seu jogo de cabeça será um caso sério e a sua manutenção em Alvalade muito difícil, mesmo que não esteja ainda no seu horizonte a saída. Mas o futebol é o momento, tornando-se muito difícil a jogadores e clubes fugirem a essa ditadura.

5 comentários:

  1. 100% de acordo, excepto com a primeira frase. O hiato entre a saída de Liedson e a assunção do nosso VW foi curto, felizmente, mas muito doloroso e traumático. Postiga que o diga. Julgo que o próprio também não merece que se fale mais nisso, e há outros toureiros, ministros e quejandos envolvidos no processo, mas não julgo positivo que nos esqueçamos disso.

    MTP

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  2. MTP, naquela altura, viesse quem viesse dificilmente poderia fazer esquecer Liedson. Até o próprio já estaria a criar o seu próprio fantasma... Essa é, aliás, o que melhor se pode dizer de Liedson, a sua produção num Sporting que foi empobrecendo gradualmente. Tivesse ele apanhado um Sporting melhor e também ele poderia ter sido muito melhor.

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  3. Gosto de Wolfswinkel pelos golos que marca e pela sua postura fora do campo. Ainda hoje li declarações suas que me levam a reforçar esta ideia.
    Que continue assim e vai-se tornar um caso sério neste clube...para bem dele e do nosso Sporting.

    P.S.-Continuo a vir e a ler mas tenho comentado pouco, mais por falta de tempo que por qualquer outra razão.

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  4. Liedson é um nome sagrado para todos os verdadeiros sportinguistas! Por muito bom jogador que o WWinkel possa vir a ser, dificilmente fará esquecer Liedson. Ignorar este grande jogador e os seus inegáveis préstimos ao SCP é de uma ingratidão enorme.Não esqueçamos que o LIedson nunca teve como companheiros jogadores da classe dos que hoje por lá abundam...SE ele lá estivesse agora, quantos golos ele não marcaria...O slb já não tinha ficado a rir, aquelas oportunidades do Elias... Enfim tenho muitas saudades do seu futebol e do seu incontornável sportinguismo.
    Rictemple

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