O "Luca Modric" na 2ª vida do leão

Falta já pouco para chegar o final da época em curso e com ele serem feitos todos os balanços possíveis. Resisto por ora à tentação, mas não deixo de registar que, o ano passado por esta altura, há muito que já suspirávamos pela época seguinte. Este ano, e quando tudo parecia praticamente perdido (até a qualificação para a final da Taça de Portugal estava por um ténue fio) parece que o leão recuperou para uma segunda vida.

Factor incontornável desta ressurreição é sem dúvida Sá Pinto. Apesar do pouco tempo que dispôs para treinar - a única forma possível de mudar de forma sustentada, tendo em conta que as melhorias anímicas resultantes da chicotada têm que ser suportadas por melhorias de resultados -  conseguiu fazer o suficiente para inverter a trajectória descendente e descrente que a equipa então descrevia.

Essa inversão é bem notória quer em termos individuais quer colectivos, embora aqui haja ainda muito caminho a percorrer e peças a afinar. Por exemplo Capel, que parecia ter esgotado o seu reportório, voltou a ser decisivo, o mesmo se podendo dizer de Shaars e Elias (este particularmente no jogo com o SLB e que teria dado muito jeito na última eliminatória da LE). Matias, apesar da fraca fiabilidade física, jogou ao melhor nível desde que chegou a Alvalade. E o que dizer de Izmailov?

Mas se do rendimento de todos os jogadores acima não se pode dizer que tenha havido propriamente grandes surpresas, é agora cada vez mais evidente que o Sporting retirou - e cada vez mais parece que retirará no futuro - pelo menos um grande proveito na mudança de técnico: André Martins. 

Esquecido por Domingos, ou sem uma aposta consistente, André via a época a fluir para o seu final como a areia entre os dedos. De uma mão cheia de promessas parecia inevitável ficarem pouquíssimos grãos sem grande demonstração de valor. Para ele Sá Pinto chegou na hora certa.

Na recente viagem para Bilbau, e quando comentávamos a possibilidade de Luca Modric ingressar no Man United por mais de 40 milhões de euros, surgiu a coincidência engraçada de imediatamente vir à baila o nome de André Martins. Obviamente pelas estaturas físicas semelhante e, sobretudo pelas posições que ocupam no terreno e pelo que dão ao jogo.

Claro que, por ora, André Martins perde na comparação. O seu portfólio só agora começou a ser constituído enquanto Modric já passou a centena de jogos na Premier League. E, como quase sempre, o melhor mesmo é que André Martins se torne inconfundível. Mas, pelo jogo que tem nos pés e pela forma como o faz seja em que campo e que adversário for, o futuro parece ser dele.