segunda-feira, 4 de março de 2013

Eleicões 2013 - O apoio da banca

Antes de ir um dos 3 temas que elegi para reflexão esta semana - O apoio da banca - o investidor -  a maioria do capital da SAD, uma nota para o sucedido na tribuna de Alvalade, durante o jogo de sábado. A indignação gerada pelo concerto de Paulo Baptista e expressa ao que parece por Paulo Abreu* merece uma nota de apreço e solidariedade. 

Sabemos há muito que isto - a divisão de poderes e benefícios entre SLB e FCP - não vai lá com silêncios, salamaleques ou meias palavras, antes tem que ser denunciada alto e a bom som e se preciso for, "resolvido lá fora", à moda antiga. E era o que mais faltava se, quando somos roubados na nossa própria casa, ante o fundador do sistema, não pudéssemos expressar a nossa indignação. Educação e cavalheirismo está reservado para uso entre iguais.

O apoio da banca
Um dos falsos problemas da campanha, a par do epíteto de "continuidade", designações que todos os candidatos fogem com mais horror que Maomé do toucinho. Ao contrário de "uma certa verdade instalada", a banca não é o inimigo. Se a situação financeira é a que é, essa responsabilidade deve ser assacada a quem procurou o financiamento. E esses são as sucessivas direcções, com o apoio da maioria dos sócios que, em sucessivas AG´s, ratificaram as decisões. Um dado importante que quase nunca entra nas contas.

Depois, e também ao contrário de "uma certa verdade instalada", os dois bancos envolvidos no "project finance" montado inicialmente para financiar a construção do estádio, (e posteriormente quase toda a actividade da SAD), têm sido particularmente benevolentes para com o Sporting. Em particular nos últimos tempos (e em especial o BES), em que o clube tem faltado, de forma quase sistemática, aos compromissos assumidos. Pudessem muitos portugueses beneficiar de igual benevolência das entidades bancárias credoras dos seus empréstimos à habitação.

De uma forma muito simples e clara não é obrigatório que o próximo presidente do Sporting tenha o apoio expresso destas entidades bancárias credoras em particular. Mas, como pessoa de bem que o clube tem de ser, tem obrigatoriamente que se entender com eles na forma de fazer face aos compromissos que assumiu. Isso tanto pode passar por uma negociação directa, aceitando e cumprindo as condições que saiam dessa negociação, como pela apresentação de uma garantia sobre o valor em divida ou o seu pagamento integral, via novo(s) financiadores. Estas duas últimas hipóteses só existem no campo teórico, como é bom de perceber, pois não é crível que se encontrem, na actual conjuntura, bancos capazes de meter o pescoço em tamanha guilhotina.

Face à situação económico-financeira do clube, a posição negocial do clube é muito frágil. Mas é também por causa dessa fragilidade que as entidades credoras serão obrigadas a sentar-se à mesa. E é nessa mesa de negociações que terão de demonstrar a abertura suficiente para tentar receber uma parte importante do que lhes devemos. Sem essa abertura poderão ter-se que contentar com muito pouco ou até quase nada. O problema, que é grande para nós, não é menor para os credores

A renegociação da dívida é quase inevitável e pena é que não tenha acontecido já. Aos bancos interessará muito pouco executar a dívida porque a gestão directa do negócio futebol não lhes interessa, ter um estádio muito menos (os terrenos e nada valem sem alteração do PDM) e o que os passes dos atletas que poderiam render esfumar-se-iam num cenário de ruptura.

Concluindo, o Sporting, (isto é nós, todos os sócios) tem um grande problema porque o clube, com os montantes em dívida, perdeu em larga medida a sua soberania. Hoje, e enquanto se mantiver a actual situação, o clube é muito mais dos credores do que nosso. Não ter o apoio ou não chegar a um entendimento sobre a forma de reverter esta situação pode ser ainda mais dramático do que a situação em si mesma. O resto é retórica e folclore que, no final do dia, não abate um cêntimo ao passivo. E este acumula juros todos os dias.

P.S.- LFV manifestou já a sua oposição a um perdão da dívida ao Sporting sem que o mesmo suceda em relação ao seu clube. Poderíamos entender isto como normal, dentro da normal concorrência do mercado. Mas para isso LFV terá que deixar de proclamar a excelência da sua gestão e juntar-se ao Sporting como um clube a necessitar de ajuda. Não que ele tenha vergonha, mas se a tivesse isto seria tão indecoroso como a Frau Merkel pedir um haircut da divida alemã em tudo idêntico ao que beneficiou a Grécia. Ou então a situação do SLB não é assim tão boa como a propagandeada.

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*In Record

Não foi calmo nem pacífico o ambiente vivido na tribuna de honra de Alvalade durante o clássico entre o Sporting e o FC Porto. Os ânimos exaltaram-se e foi preciso, inclusivamente, a intervenção de seguranças de ambos os lados para evitar que as proporções dos incidentes fossem maiores.

O ponto mais crítico aconteceu já no final da partida e acabou por ter como principais intervenientes o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e o ex-”vice” leonino, Paulo de Abreu que, de acordo com testemunhas oculares, “ultrapassaram todas as marcas verbais” sem, contudo, chegarem ao confronto físico.


Ao que apurámos, o ambiente era, de início, tenso, mas a cordialidade marcava a relação entre dirigentes de ambos os clubes. No entanto, com o decorrer do tempo e com o empate em campo a subsistir, o despique verbal intensificou-se. De tal forma que, já na segunda parte, foram constantes as “bocas” de um lado e do outro.


A tensão aquecia o ambiente, que escaldou já depois do apito final de Paulo Baptista. Pressentia-se que da agressão verbal ao confronto físico podia ser um pequeno passo. De tal forma que a certa altura já todos os principais responsáveis dos dois clubes estavam envolvidos no despique verbal.


Não surpreendeu, desta forma, que Paulo de Abreu e Pinto da Costa tivessem passado das marcas. Isto numa altura em que até o próprio presidente do Sporting, Godinho Lopes, teve de agarrar o pescoço de Reinaldo Teles para evitar males maiores.


Entre os dirigentes do Sporting estavam presentes, entre outros, Godinho Lopes, João Pedro Varandas, Pedro Cunha Ferreira e Ricardo Tomás, enquanto Pinto da Costa, sentado ao lado do homólogo leonino, Reinaldo Teles, Angelino Ferreira e Adelino Caldeira eram alguns dos elementos dos órgãos sociais do FC Porto presentes em Alvalade
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5 comentários:

  1. O LFV anda a vender o seu peixe e teve algumas trutas ( Final da Chanpions e direitos televisivos), mas isso pode chegar para os seus fieis papalvos.
    Mas para os sportinguistas informados não chega.
    Porque há que contrair novo emprestimo obrigacionista de 80M para pagar o anterior de 40M + juros que está a vencer em breve. E se para ter melhores condições vale tudo, não devia valer atacar o clube vizinho com inverdades.
    Porque o SCP nunca disse que haveria perdão de divida; isso foram suposições de jornais, o que o SCP disse foi que iria haver uma reestruturação da divida.
    Já agora cuidado com os foguetes antes da festa, não vão as canas rebentar nas mãozinhas.
    Vem isto a proposito dos acordos televisivos e querer acabar com certos poderes.
    Veremos até que ponto a corda estica e por onde rebenta.
    Alguns julgam que têm muito poder; têm algum, mas talvez estejam um pouco equivocados.
    Vão fazer o historial de benesses aos clubes grandes e vão perceber quem foram os mais beneficiados.
    Nós no sporting não queremos beneficios, mas pelo menos não nos prejudiquem sempre, como ainda aconteceu sábado.

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  2. Concordo com o que é dito no post, excepto no desagravo que é feito ao BES. A animosidade de alguns sócios contra o BES (e que já não se vê contra outro banco credor, portanto nem se pode generalizar para "a banca") resulta de através de um seu administrador se ter imiscuido nas eleições e na gestão do clube. Além da presença de Ricciardi em vários conselhos fiscais, relembro que foi o BES quem reservou a sala de um hotel lisboeta para a apresentação da candidatura de JEB (logo, estava a patrocinar esse candidato). Passou de um mero parceiro de negócios a alguém que interveio directamente na gestão do clube, logo com responsabilidades na situação actual.

    O próximo presidente, seja ele quem for, irá ter de se sentar à mesa com os credores (e vice-versa) para negociar, no interesse de ambas as partes. Não quero é que o próximo presidente do Sporting seja mais um fantoche colocado na cadeira para (tentar) resolver os problemas do BES, mas sim que esteja lá para resolver os problemas do Sporting. Não estou com isto a dizer que Couceiro o seja, penso e espero bem que não.

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. O Sporting falha pagamentos à banca e a banca tolera? Até pode ser verdade, mas os juros e a dívida continuam a somar ou não?

    O Sporting é um cliente dos bancos e os clientes geram negócio. No caso dos bancos, as dívidas dos clientes são o negócio. Quanto maior a dívida, melhor, desde que se consiga cobrar.

    Os bancos são necessários.

    No caso do Sporting, há uma ligação permanente do BES às últimas -- e desastrosas -- presidências (do clube) e administrações (da SAD). Que mais não fizeram do que expandir o endividamento de forma que podemos apelidar de danosa ou pelo menos negligente. Esse é que é o problema dos adeptos com o BES.

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