domingo, 10 de março de 2013

O professor também recebe lições

Deslumbramento ou outra coisa qualquer, foi por um triz que as escolhas de Jesualdo para o jogo de ontem não tiveram um desfecho profundamente negativo e que agravaria ainda mais a situação actual da equipa que comanda. 

É que se é verdade que podíamos ter acabado por ganhar o jogo - seria equivaler à ajuda de alguma sorte, o que teria o seu quê de ineditismo esta época - não é menos verdade que se não fosse Patrício teríamos sofrido uma derrota que equivaleria à ultrapassagem do adversário na classificação. As consequências seriam imprevisíveis.

Voltando ao jogo de ontem, há algo de contraditório no discurso e na acção de Jesualdo. Por um lado mantém a Europa como objectivo, por outro monta e desmonta a equipa sem que isso equivalha à resposta a uma necessidade imperiosa, como castigo ou lesões. E a instabilidade propaga-se como lume em palha seca.

A chamada de Fokobo ao eixo da defesa é uma dessas decisões. Da análise individual resulta claro que é ainda cedo para a convocação destas andanças, e mesmo ante a débil Acadêmica. Do ponto de vista colectivo é-me difícil perceber porque o professor mexe e remexe num sector que desde o inicio de época tem sido demasiado instável, quer em processos de jogo, quer no número de protagonistas que por lá têm passado. Entrasse o jovem - muitas dúvidas que tenha a idade que se diz - para a composição de um quarteto estabilizado, seria uma coisa. Entrar para a simultânea estreia a 4 quase foi suicidário.

Percebe-se o fascínio que a possibilidade de burilar um talento como Dier provoque no professor, que é indiscutivelmente bom nessa função de por os diamantes a brilhar. Mas, se sobram dúvidas que Dier tenha melhores características para central ou para médio, já não as tenho quanto à necessidade do momento e aí faz pouco sentido, tirá-lo do eixo da defesa. Não só porque o o próprio Fokobo poderia exercer a função na linha média, mas sobretudo porque deixa de fora um jogador como André Martins. 

Percebe-se a sua ausência - refiro-me a André Martins - no jogo com o FCP. A estratégia não passava pela posse de bola mas pelo rápida colocação da bola na frente e por um meio-campo mais físico  pelo que se pode compreender a sua utilização na equipa B, para não perder o ritmo. Já protelar a sua entrada até ao limite ontem não. Muito menos a sua utilização em ritmo aleatório e quase trimestral.

No final das notas individuais o apontamento para Bruma. Não faltará quem lhe conte histórias de sucessos vindouros. Haja alguém que lhe diga, para que não tenha que viver a sua própria decepção juntamente com as alheias, que tem muita broa para roer. É que há jogos que não se consegue brilhar, e ele vai ter muitos assim. Mas nunca se pode ir para o banho desligado do compromisso mínimo com a equipa. 

Não está em causa o potencial dos jogadores ontem chamados a jogo. Mas. neste momento das suas carreiras, mais do que valor comprovado existe apenas potencial. Quase todos eles terão uma carreira profissional, é porém ainda cedo deliberar quais se destacarão da mediania e quantos deles terão valor para jogar num grande, que é como se deve projectar sempre o Sporting. A excepção concedo-a apenas a Dier.

Já aqui o afirmei anteriormente e os resultados da equipa só o têm comprovado. Projectar o futebol do Sporting, nomeadamente a próxima época, com uma maioria de jogadores sub-20 como titulares, é uma ilusão se a ideia para o futebol do Sporting é manter-se como um dos 3 grandes. E, pesem as dificuldades, não há nenhuma razão para deixar de o fazer. Mas se for esta a ideia então avise-se já os adeptos que o objectivo para o ano é ficar algures entre os 8 primeiros.

P.S. - Foram muitas as noticias nos últimos dias mas a ausência de posts foi a minha singela homenagem a João Rocha. O respeito e o luto sentem-se e são mais importantes que declarações de circunstâncias. Na semana que aí vem debruçar-me-ei sobre alguns destes acontecimentos, nomeadamente as entrevistas dos candidatos e em particular sobre o que tem sido a campanha.

12 comentários:

  1. Há algo que nos ilude e molda a opinião que temos de Jesualdo, o facto de desde Fernando Santos não se ter um treinador competente (já nem digo Bom Treinador).

    E Jesualdo é um treinador competente mas tenho dúvidas que seja um Bom treinador. As suas conferências de imprensa, a forma como os jogadores falam dele, a alguma competência defensiva que trouxe ao caótico e suícida jogo que o Sporting apresentava, tudo isso são exemplos da sua competência e o upgrade que constituiu a sua contratação.

    Agora a questão terá que ser: Que Sporting temos capacidade para ter nos próximos tempos? (não é "que Sporting queremos?", pois isso é fácil. Queremos o Melhor, o Primeiro em tudo). Que Sporting podemos ter (realisticamente) nos próximos tempos?

    Se é para ser competente, então não há razões para mudar, o Jesualdo está apto.
    Se é possível ser mais que competente, então, talvez, Jesualdo não seja "o tal".

    Ontem ou foi mais uma etapa na aprendizagem, ou foi mais um dia que espelha "o novo/futuro Sporting".

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  2. Já discuti isso aqui, lembras-te?

    Reformular o plantel tendo por base jogadores sem experiência (não digo sub-20 porque o SCP também tem jogadores mais velhos que são inexperiente) da Academia mais um ou outro da nossa liga mais rodado (como Ghilas) tem implicações que vão muito para lá do futebol jogado. Aliás, este plantel jogaria muito mais se tivesse tido um treinador em condições numa pré-época normal.

    A implicação maior é a redução de expectativas. Afirmar que sim há uma cultura de exigência que implica entrar sempre para ganhar mas que o SCP apenas ciclicamente poderá lutar por títulos (3 em 3 ou 4 em 4 anos). Afirmar isso perante os adeptos e BAIXAR o preço dos bilhetes e Gamebox para valores que se coadunem com aquilo porque jogamos.

    Criar em Alvalade um ambiente temível de protecção aos filhos da casa. Com preços mais baixos e o entendimento claro de que temos de proteger os nossos na sua evolução, é possível criar esse ambiente. Seguindo o modelo do BVB.

    Assim poderemos continuar a afirmar a nossa grandeza, a grandeza de um estádio cheio e de uma formação excelente. A grandeza que, ciclicamente, nos levará aos títulos. Se isto for afirmado com clareza e as medidas tomadas acredito ser possível mais de 40 mil por jogo num apoio atípico para os modernos tempos.

    Para isto só é preciso coragem dos dirigentes, nada mais.

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  3. Mto certeiro Lda!

    Sinceramente não percebo mesmo a ideia de colocar Dier a meio campo e deixar André Martins no banco. Para jogar ali temos algum médio melhor que o AM?

    Devíamos estabilizar o centro da defesa com Dier e Ilori até final da época.

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  4. Por falar em Fokobo, não sei se perceberam que Rojo não estava disponível. E também não é por Adrien ter passado ao lado do jogo durante quase todo o tempo que esteve em campo, como quase todos na primeira parte que foi necessariamente uma má aposta para o jogo que já se perspectivava que fosse o da Académica. Melhores na segunda parte com André Martins e se todos os jogadores tivessem correspondido ao que lhes foi pedido desde o primeiro minuto o professor voltava a acertar também com o Dier como acertou com o Porto. No futebol o treinador ainda está sempre dependente do rendimento dos jogadores e da equipa no campo. E também é normal que o rendimento dos mais novos seja mais incerto e menos consistente e ainda varie mais de jogo para jogo como todos sabemos. Foi o que aconteceu em Coimbra. Se há mérito que se reconhece ao professor é no trabalho com jovens a burilar o talento.

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  5. E também não fica mal falar da excelente dinâmica ofensiva da Académica na primeira parte porque foi também o que aconteceu ontem em Coimbra. Com mais oportunidades de golo que o Porto, perante praticamente os mesmos jogadores do Sporting. As duas alterações na defesa ficaram-se a dever a dois jogadores indisponíveis.

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  6. Paulo Guerra,

    O Rojo estava suspenso mas o Dier podia ter jogado a central.

    Sobre o jogo do Porto tenho de dizer que não retiro nada de especial do futebol da equipa. O resultado foi bom, claro, no momento que atravessamos. Mas estive no estádio e, na minha opinião, a construção de jogo da equipa foi constrangedora.

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  7. Um meio campo com Rinaudo, Dier e Adrien poderá resultar uma vez ou outra mas prescindir da criatividade e da velocidadeque incute no jogo do André Martins não me parece
    racional.

    Apesar desta critica que faço ao Jesualdo, sou um defensor da sua continuidade na próxima época. Isso não está em causa.

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  8. Evidentemente que uma coisa é a obrigação de segurar o Porto e outra é a obrigação de assumir o jogo contra a Académica, algo que não foi conseguido de todo na primeira parte a partir do momento em que a equipa deixou-se surpreender de todo pela dinâmica dos jogadores da Académica. Não esquecer que os jogadores actuais estão a dar os primeiros passes como equipa a fazer uma e outra coisa, no meio do turbilhão que é sempre um acto eleitoral. É verdade que Fokobo e Dier até estão a jogar nas posições mais de origem um do outros mas também é verdade que o professor até já explicou o que espera de Dier para já. Ao fazer dois jogos consecutivos na mesma posição não é justo falar de grandes alterações. Com Miguel Lopes e Rojo disponíveis ainda seriam menos.

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