quarta-feira, 29 de maio de 2013

Depois da entrevista, o rescaldo. As ideias, a estratégia e os efeitos práticos

Não tive oportunidade ontem de fazer o meu próprio comentário à entrevista do presidente Bruno de Carvalho aos três jornais desportivos. Este facto, entrevista simultânea, por si só diz da importância que o presidente conferiu à mensagem que quis passar. O momento escolhido também me parece significativo. Assim é importante para o meu histórico neste blogue a sua análise.

As ideias
Há uma ideia central em toda a entrevista e que está relacionada com as relações com os jogadores e respectivos empresários. Julgo ser muito difícil haver alguém que não se reveja em algumas das afirmações proferidas. É o meu caso. Não gosto dos empresários do futebol em geral. Classifico a sua actividade como parasitária. Vivem à custa do esforço dos clubes, dos jogadores, e até dos Estados. A sua acção é de difícil fiscalização, enlearam-se nas próprias falhas dos sistemas, passa muitas vezes ao lado do escrutínio fiscal e até moral. Ninguém os viu chegar e quando se deu pela sua presença já haviam adquirido demasiada importância para prevenir a sua acção, pelo que o mais que se tem conseguido é tentar remediar. Sem muito sucesso, assinale-se. E, como em tudo na vida, há os que têm muito ou pouco sucesso, honestos e trafulhas, etc, etc. 

O que o presidente nos veio dizer já todos o sabíamos um pouco, ou até mais. Mas foi também uma promessa de que o Sporting não se conforma com o status quo, que não está disposto a ser pressionado, e que, apesar da necessidade, também tem uma palavra a dizer. E isso é bom saber.

A estratégia
É aqui a minha divergência. A entrevista não me parece oportuna nem uma boa estratégia. Com tantos problemas que o presidente tem em mãos para resolver ela parece-me concorrer mais para agravar um dos mais bicudos - as renovações e até as futuras aquisições - do que tendente a lhe proporcionar soluções. Falarei depois de forma sectorial nas consequências eventuais.

Porque não vemos Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa ou até mesmo António Salvador fazer declarações de teor idêntico? Será que não sentem os mesmos problemas? Não duvido que sentem. No entanto, ao invés de se queixarem do sistema - deste ou dos outros... - procuram extrair dele o melhor para os seus clubes. (Bom, diz-se que até mesmo para si próprios...). Por isso fazem as transferências que fazem, assegurando de forma mais cómoda a sustentabilidade dos seus clubes. Tal como nos resultados, estamos cada vez mais longe do SLB e FCP e, tendo mais e melhores jogadores, já somos ameaçados pelos números do Braga. Vejam-se as transferências de Sílvio ou Pizzi, por exemplo.

Pode o Sporting fazer esta luta "orgulhosamente só" sem sair dela chamuscado? 

Deve o Sporting, clube que forma tantos e bons jogadores, criar um curto-circuito com os agentes que comercializam/intermedeiam as vendas dos jogadores? 

Deve fazer-lhe oposição justamente agora que está em desvantagem? 

As respostas parecem-me óbvias. 

Aceito a necessidade de empreendermos esta luta pela moralização do futebol e dos seus meandros, tem uma importância estratégica indiscutível. Quase ao mesmo nível da que temos que fazer na arbitragem e, nesse sentido, julgo que os Sportinguistas estarão não só identificados como mobilizados. Duvido, isso sim, que seja oportuno fazê-lo agora e fazê-lo sozinhos.

Efeitos práticos junto dos empresários
Dificilmente ontem fizemos mais amigos junto da classe. Também não é importante que o sejam, o respeito pelo Sporting esse sim é indispensável. Em termos práticos a entrevista altera pouco ou quase nada. A generalidade dos empresários exibe uma preocupação quase exclusiva: ganhar a maior soma possível o mais depressa possível, sem se preocupar muito com a carreira dos jogadores. E por isso é bem provável que a generalidade das situações a resolver por Bruno de Carvalho esbarrem neste problema e  por isso apontem para  ruptura.

Efeitos práticos junto dos jogadores
O que querem os jogadores? Jogar, dinheiro, títulos, a ordem é feita em função da personalidade de cada individuo. Conheço o meio muito bem para poder afirmar sem medo de ser desmentido que uma elevada percentagem, a quase totalidade, dos jogadores quer é jogar. E isso sobrepõe-se até à sorte da própria equipa. Quase todos sonham com títulos mas, enquanto eles não chegam, o dinheiro é fundamental para assegurar a sobrevivência, preocupação da maioria. Os títulos trazem o reconhecimento, bons contratos e, quiçá, um lugar na história de um clube ou da modalidade. Ao alcance de poucos.

Dinheiro e títulos o Sporting não está em condições de prometer. Mas, neste momento particular da sua história, oferece condições ímpares para a progressão na carreira, especialmente aos mais novos. A conjuntura aponta para maior tolerância ao erro, menor pressão sobre os resultados. Condições ideais para crescer como profissional e fazer crescer também uma qualquer proposta que esteja agora em cima da mesa. Um passo ao lado para dar em breve dois ou mais em frente. Mas o momento no futebol é também quase tudo e uma lesão, uma época menos conseguida podem adiar ou acabar com qualquer sonho.

Ora a entrevista de ontem veio dizer que não há muito dinheiro para dar. Aos que estão nem aos que o Sporting gostaria que viessem. Títulos são muito difíceis. E o Sporting não tem sido um modelo de estabilidade e nos últimos anos não tem promovido muito valor. Nesse sentido a saída de Jesualdo Ferreira também não terá ajudado muito, em particular aos miúdos que deram saltos qualitativos evidentes e, globalmente, num balneário que se rendeu às qualidades do professor. Um novo treinador, que até pode fazer muito mais e muito melhor, é para os jogadores sempre uma grande incógnita. Gostará de mim? Trará outro para o meu lugar outro? Se tenho que começar de novo porque não começar num local onde me pagam mais?

Que mensagem foi transmitida aos adeptos?
É óbvia a ideia de imensas dificuldades no dossier de aquisições, renovações e dispensas. Já percebemos isso antes até da entrevista. É essa percepção, acrescida pela necessidade de conhecer o meio, que dá uma margem de manobra mais ampla a esta direcção. Haja coragem, verdade e transparência nas decisões.

Sabemos que vamos perder algumas jóias para manter a coroa. O que não seria admissível era o inverso ou ambas. Se o Sporting diz que quer apostar na formação vai ter que eleger um número de jogadores nucleares, entre jovens e outros mais experientes, que constituam o suporte para um novo ciclo. E reconhecer-lhes esse estatuto na folha salarial, quer estejam ou não em fim de contrato. Seria muito difícil de perceber que o Sporting, mais uma vez, fosse oferecer aos de fora o que não dá aos da casa.

18 comentários:

  1. Bom dia. Adicionámos o vosso blogue na nossa lista de recomendações. Esperemos que retribuem.

    Saudações Leoninas!

    http://universoverdebranco.blogspot.com

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  2. Muitas guerras o Sporting tem de travar ,esta é só mais uma delas.

    Vícios tremendos foram criados nos últimos anos em Alvalade.

    A promiscuidade de certos dirigentes com empresários no Sporting também não ajudou e em alguns casos muita coisa ainda esta por explicar(ex: O envolvimento de Lino de Castro na venda de Moutinho ,etc,etc,etc,etc...).

    É uma batalha que tem de ser inevitavelmente travada,pode se não gostar ou concordar com a forma como o actual presidente iniciou a mas é algo que tem de ser feito.

    Muitas guerras necessitam de de ser travadas por esta direcção e embora não tenham sido eles aqueles em que votei são situações como estas que me fazem ganhar um respeito e uma admiração renovada pela mesma.

    Esta batalha há muito que deveria ser travada,numa altura em que o clube tinha outras "armas".Hoje esta no posição mais complicada,mas diria que esta será uma da ultimas hipóteses.

    Muito tem de mudar o Sporting,folgo em ver para já que esta direcção tem mostrado ou pelo menos tem feito um esforço para isso.Mas as batalhas vão ser longas...

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  3. LdA,

    Interpretei a entrevista de ontem como uma decorrência de outras entrevistas anteriores do presidente em que existe uma linha orientadora principal: romper com o passado mostrando que há outras formas de prosseguir aquilo que ele entende serem os interesses do clube. Até agora, julgo que, do ponto de vista retórico, as principais manifestações deste desejo foram as respostas ao Porto no caso Moutinho, este discurso focado nos empresários, e uma forma de relacionamento diferente com os media num estilo que chega a ser confrontacional quando, na opinião dele, tal se justifica. Estão aqui compradas três guerras.

    Agora vou explicar porque é que acho que isto é altamente positivo. Sabes bem que a minha opinião é que muito do descrédito que o Sporting tem junto de adversários, empresários e imprensa (e árbitros, dirigentes, governantes, etc) é auto-infligido. Ao longo de anos, assistimos a sucessivas declarações e actos que rebaixaram o Sporting perante adversários externos. Digo mais: a maior parte da crise de auto-estima de que os sportinguistas padecem não resultam de derrotas em campo ou de triunfos alheios, mas sim de desastres directivos, políticas de comunicação que nos envergonham, e acções amadoras. Posso dizer sem hesitação que me senti muito mais envergonhado com o caso Niculae e com os casos PPC e com o não-adiamento do derby com o Benfica do que com a derrota com o Videoton ou com o Rio Ave ou com o Paços. E que me sinto envergonhado cada vez que um dirigente do Sporting apresenta o Porto ou o Benfica como exemplo a seguir. Nada nos rebaixa mais do que Bettencourt dizer que os adeptos do Benfica é que são bons porque apoiam o Roberto, ou o Godinho a elogiar a gestão do Porto permanentemente.

    Com isto quero dizer que o discurso tem de mudar, e que é preciso que se entenda que o Sporting tem de ser algo diferente do que tem sido nos últimos anos, em que capitães se recusam a treinar, Izmailovs se recusam a jogar, em que dirigentes de outros clubes e empresários facilmente aliciam jogadores com contrato, em que o Sporting é gozado pela imprensa (Vercauterem weird dude, "É Carvalhal Ninguém Leva a Mal", etc ), em que os outros nos põem na lama porque nós os convidamos a tal.

    Para já, de um ponto de vista substancial (e deixando de lado questões de estilo ou preferências de feitio) todas as decisões principais tomadas nos últimos meses tem tido o apoio total, incluindo na questão do treinador.

    Por todos os motivos deixados acima acho que a entrevista de ontem foi importante e, globalmente, foi altamente positiva. Teremos um preço a pagar, haverá dores de crescimento, iremos aprender com os erros que inevitavelmente surgirão, mas julgo que o caminho é este.

    Um abraço

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  4. Eu gostei muito da entrevista. Gostei de ver o casalinho de pombos em lua de mel à pala do clube e de saber que não gosta de pornografia. Gosto muito deste estilo rufião, agarrem-me senão eu bato-lhes é uma figura que nos enche de muito orgulho. O problema é depois se ninguém o agarre e ele não bate

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  5. "Não duvido que sentem. No entanto, ao invés de se queixarem do sistema - deste ou dos outros... - procuram extrair dele o melhor para os seus clubes. (Bom, diz-se que até mesmo para si próprios...)"

    Entre parênteses, está a resposta não está?

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  6. Concordo com o post.
    No entanto, acho que tanto a entrevista como o post em si desvalorizam um pouco o poder dos empresários, na medida em que, embora sendo verdade que os jogadores querem jogar, dinheiro e titulos e sendo o Sporting um clube que permitirá aos jovens jogarem e crescerem, na prática são os empresários que decidem o rumo a dar à carreira dos jogadores e estes obdecem, a grande maioria das vezes, sem grade sentido critico sobre se é o melhor para a sua carreira.
    Assim, por muito que se diga aos jogadores que o Sporting é o clube ideal para crescerem, se os empresário estiverem preocupados com o seu bolso de nada vale e os jogadores vão à sua vida.

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  7. Análise sobre custos de pessoal vs custos operacionais nos três grandes
    http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10200180570380607&set=a.1165312256611.2023829.1342038626&type=1&theater

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  8. Esta seria uma entrevista perfeita, por exemplo, na boca de um presidente da Liga, como representante de todos os clubes. Na boca do presidente de um clube, é um risco.

    Esta é uma batalha que é importante travar mas, como em qualquer batalha, o importante aqui não é lutar, é vencer.

    Tem o Sporting condições para vencer esta guerra? Melhor, tem qualquer clube, condições para vencer esta guerra? Para mim, não. E muito menos, não assim, de peito feito e em campo aberto.

    O Sporting irá jogar as regras do jogo, as horríveis regras do jogo, como muito bem refere o Presidente, mas é um tema que o Sporting deve manter aceso, interpares e em publico. Será um muito bom tema para o Jaime Soares, libertar o seu natural protagonismo.

    O Futebol, não quer que se fale disto, de agentes, de comissões, de fundos (será que o Presidente sabe como funciona um fundo?...), de clubes parasitados por agências, de offshores, de sacos azuis, de apitos e casas de apostas.

    O Futebol, quer ser um menino bonito, um Ronaldo ou um Messi e esconder no fundo de um tapete as centenas de Paims que triturou para obter cada estrelinha.

    O Futebol, gosta de ver um Judite babada a fazer perguntas de pacotilha a um criminoso que, por acaso também é presidente de um clube que ganha títulos. Ninguém, das redações do mundo da bola quer que se pergunte, o que quer dizer "milhões da treta", porque é que o clube de maior faturação nacional precisa de vender percentagens de jogadores a fundos para pagar salários, etc., etc..

    O Presidente do Sporting quer fazer estas perguntas? Pode, se calhar até deve, mas assim de repente daria dois conselhos e um desejo.

    1- Leia ou releia a "Arte da Guerra"
    2- Estude com atenção o contrato/contratação de João Vieira Pinto, incluindo o processo judicial.

    Para finalizar, boa sorte e não se esqueça, eu pago para ver esta guerra.

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  9. LMGM,

    É de facto uma guerra muito, muito perigosa, mas é também uma questão de concorrência leal ou desleal.

    Vê o que se passa este ano com o Mónaco: três jogadores com passagem em Portugal contratados e mais um caminho, todos com a marca Jorge Mendes. Assim é muito fácil criar fundos de investimento com rentabilidade garantida. Mas para os fundos darem dinheiro, os clubes têm de perder.

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  10. Excelente post.

    Enganei-me a seu respeito ao prever que iria fazer uma oposição cega e maldosa. Faz uma oposição inteligente e acima de tudo serena, como deve ser.
    Concordo com todas as ideias do post.

    SL

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  11. Kova, Bruno de Carvalho também se apresentou ao Sporting dizendo representar um fundo... O fio onde se caminha é muito frágil, principalmente quando é o principal protagonista que o percorre.

    Para se ganhar esta guerra, tem de se ser independente, e neste momento, nem Portugal é independente.

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  12. Pedro S,

    É verdade que escrevo sobretudo para mim e não para ser agradável ou hostilizar ninguém.

    Ao publicar sujeito-me à avaliação dos meus pares. Tanto valorizo as criticas como os elogios, dependendo da forma e da origem.

    Tenho que lhe agradecer as suas palavras porque dão algum sentido a este hobby que acima de tudo nos coloca a todos num patamar comum, o amor pelo Sporting.

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  13. LMGM

    Há fundos e fundos.

    Podem ser parceiros de investimento ou instrumentos ao serviços de esquemas financeiros selvagens.

    Mas não sei qual destes modelos o Bruno de Carvalho representava, de facto.

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  14. Há aqui algo de estranho.
    Será uma questão de estilo?

    Lembro-me muito bem do confronto que Bruno de Carvalho assumiu com a banca, no imediatamente após a sua eleição.
    Na altura muitos diziam que era o fim e que poderíamos estar a assistir a um golpe de teatro.
    Verificámos que de um lado ou de outro a montanha pariu um rato. Mas Bruno de Carvalho fez questão de ter o seu momento e com ele tal qual um actor, criar a sua imagem.

    Algo me diz que esta entrevista serve para o mesmo. E que tal como se sujeitou aos ditames da banca também negociará com a sujidade apesar de bradar que se sente acima dela.

    A questão aqui é a imagem e o estilo, porque em termos práticos não terá outro remédio.

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  15. Kova, também podia aconselhar o Presidente do Sporting a ler uma longa série de artigos do MK no 442, dos meus primórdios pela blogosfera. Ficava muito bem esclarecido sobre alguns dos seus "parceiros de negócio".

    Este jogo tem muitas similaridades com o poker, principalmente naquela frase, "pago para ver".

    Como disse no meu comentário, eu pago para ver esta guerra e estou disposto a pagar mais do que atualmente pago para ver atletas profissionais de elite a gozarem comigo em campo. Mesmo que isso signifique ter uma equipa amadora ou descer de divisão.

    Mas confesso que estou curioso em saber quem aguenta e também diz presente, sejam Sportinguista sejam outros actores nacionais.

    Exemplo, o Eurico numa entrevista já não sei se no Sol ou no I, relatou uma distribuição de envelopes no balneário, após sua reclamação de que em Alvalade os envelopes eram mais gordos, eles foram recolhidos, o presidente quis saber quantos centímetros tinham os envelopes de Alvalade e igualou a parada.

    Posteriormente não vi ninguém a questionar sobre de recibos, caixa, tesouraria ou impostos devidos... Nem os senhores deputados que recebem em fausto na Assembleia da Republica vultos do dirigismo desportivo português.

    Lembro que um Presidente do Sporting tinha, ao sair de uma entrevista na SIC, a PJ à sua espera apenas por ter referido em entrevista que tinha ouvido umas histórias em Canal Caveira.

    P.S.- Estou a ficar velho...

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  16. Como é que alguém que ainda há 2 anos e em resposta aos milhões de um putativo candidato, engendra um fundo russo de um dia para o outro, a oitava maravilha que colocava não sei quantos craques em Alvalade sem custos, como nunca ninguém ouviu falar e só ao alcance de um grande expert em futebol e chega ao dia de hoje e não só não consegue contratar ninguém que realmente valha como está com muitas dificuldades em segurar os mais novos? Pior, dá uma entrevista onde a única coisa que ficou clara é que acabou de cair de pára-quedas no futebol? E para quem? Para os empresários como alguns interpretam não é de certeza ou também não consegue reunir com os empresários? Até o Zahavi tem representante em Portugal. Neste caso em particular o que se está a passar também tem a ver com as mudanças constantes de direcção no Sporting, sucedem-se e nem chegam a falar uns com os outros. E nesta fase da vida dos jogadores fica tudo muito mais complicado. Desde a manobra Moutinho que Zahavi devia ser "persona non grata" em Alcochete. Claro que a entrevista tem o intuito de preparar os adeptos para o pior. Quem é que já hoje meteu o preço do Ilori nos jornais?

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  17. Também podia mostrar o texto a outro agente e convidá-lo a comentar sob o prisma de quanto ajudam a valorizar um negócio quase planetário, não é à toa que recebem prémios da cúpula do futebol mundial. Ainda podia abordar outra forma de negociar, "realizada aos balcões” do género feminino, as várias agências financeiras que detêm os famosos fundos. No Sporting já foram ignorados, depois não e agora nim? Não vale a pena uma coisa nem outra perante tanta convicção contra a classe dos empresários na generalidade nem a entrevista serviu para isso. Quem é que acaba a falar no facebook, redes sociais, blogues, etc? Para dizer alguma coisa aos agentes já reuniu com eles todos à porta fechada. O objectivo e os destinatários são sempre os mesmos, as coisas não vão correr bem como prometi, para alguns a palavra aldrabão é muito forte mas é a mais adequada para quem anda deliberadamente a criar falsas expectativas há muito tempo, sem contar com tudo o que se fez para derrubar a direcção anterior, também sempre em prejuízo do Sporting. Resume-se sempre tudo à total incapacidade de investimento que ainda vai custar muito caro. É completamente impossível desenvolver uma actividade como o futebol sem qualquer capacidade para investir. Cortar qualquer um corta e aqui as donas de casa até estão entre os melhores. Conseguiram intoxicar muitos adeptos com o passado como se houvessem práticas estranhas ao futebol em Alvalade, os resultados desportivos ajudaram um tipo de estratégia que depois de eleitos e confrontados com a realidade do desporto deixa de fazer efeito. E o Sporting é um clube desportivo com várias modalidades, mais ou menos profissionais.

    De salientar no entanto um aspecto positivo do que tem sido norma nas declarações pós eleições, hoje como não podia deixar de ser e sempre que há borrasca volta-se a falar de algo que chegou a ser apresentado como uma emergência nacional, a auditoria de gestão. E numa AG que pelo suspense com que é gerida ainda vimos todos de lá campeões europeus e sem passivo nenhum, com as continhas todas consolidadas. Sem comentar mais uma vez um disparate caro como ainda por cima é a auditoria de gestão, que só tem servido para lançar mais confusão, a cada novas declarações, como mais esta entrevista, justificam cada cêntimo do passivo. Admitindo um mundo novo para quem acaba de chegar ao futebol recomendava-se mais prudência antes para não voltar a falar do carácter de alguns. O futebol profissional é uma actividade muito cara e nunca foi encontrada a fórmula certa para vencer. Mais ou menos investimento, mais ou menos formação, como as tácticas de jogo, nenhuma é errada como nenhuma só por si por si assegura resultados desportivos imediatos, que são os que servem sempre para os balanços, infelizmente finais no Sporting. Com menos receitas e o acumular de maus resultados desportivos e financeiros diminui a capacidade de investimento e por isso fala-se já há algum tempo na necessidade de recapitalizar a SAD, no mínimo de conseguir partilhar mais o risco para nos mantermos num limiar razoável de competitividade, abaixo do qual tendemos a desaparecer. Mais até do que resultados tem faltado muita estabilidade ao Sporting para tudo, inclusive para ser um clube mais atractivo, com piores ou melhores opções desportivas como em todos os clubes. Chega a ser ridícula a predisposição de alguns sportinguistas para conceder mais tempo e crédito a um sorvedouro de dinheiro como tem sido o futebol do Benfica há largos anos, mais do que a qualquer projecto do próprio clube e o Sporting não pode continuar a mudar de projecto todas as épocas. Esta direcção já é hoje responsável por um prejuízo enorme no Sporting e para isso nem precisou de começar, bastou interromper o que já estava em marcha, com as consequências que ainda aí vêm.

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  18. "Esta direcção já é hoje responsável por um prejuízo enorme no Sporting e para isso nem precisou de começar, bastou interromper o que já estava em marcha, com as consequências que ainda aí vêm."

    portanto..tanto palavreado para no final dizer que apoia a gestão que o gordinho flopes andou a fazer

    muito obrigado, mas já sabemos donde vens e para o que vais ;)

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