sábado, 15 de março de 2014

Não é por acaso que lhe chamam o jogo dos milhões

O clássico de domingo, por força das circunstâncias em que as duas equipas se vão encontrar, é talvez o jogo mais importante da época. Quer para nós quer para o adversário. Não é por acaso que lhe chamam o jogo dos milhões, está em jogo o apuramento para a Liga dos Campeões. Quem ficar arredado do apuramento directo que o segundo lugar proporciona terá de enfrentar as eliminatórias de apuramento, que mais se assemelham a um presente envenenado do que propriamente um prémio. A planificação da época tende a ser um pesadelo que começa na contabilidade e acaba no gabinete do treinador. 

Como se orçamenta uma época que não se sabe se a equipa vai ingressar no nível competitivo mais elevado do planeta no que a clubes diz respeito? Esta dúvida estende a sua influência à construção do plantel a que acresce o facto de a época se ter de iniciar mais cedo quando o Mundial provavelmente ainda estará a arrumar os cestos.

A vitória do Sporting não garante o segundo lugar mas deixa-lo-ia à mão de semear. Com 5 pontos de avanço, com o calendário muito mais favorável, quer em dificuldade quer na quantidade dos compromissos até final do campeonato, acrescido da vantagem anímica que a vitória significaria,  "bastaria" gerir a distância com nervos de aço. Isto porque ambas as equipas quase de certeza que voltarão a perder pontos.

Embora o jogo só se comece a jogar daqui a mais de 24 horas, quando a bola começar a rolar há uma parte substancial que já estará jogada. Trata-se do trabalho de preparação técnico-táctica do jogo, a que se somarão as opções dos treinadores. O que acontece depois no campo é o resultado deste lado invisível do futebol mas nem por isso menos decisivo.

As duas equipas vão-se encontrar em trajectórias opostas no capítulo anímico e da confiança. Enquanto a chicotada se tenha feito sentir precisamente do lado psicológico e o FCP chegue a Alvalade depois de duas vitórias consecutivas, sabemos bem das nossas dificuldades, reveladas nos últimos jogos, para chegar ao melhor nível já exibido esta época. Fica por saber como vai reagir a equipa à forma traumática como lhe foram subtraídos os três pontos no último jogo.

Do ponto de vista individual é pacifico considerar que Luís Castro tem vantagem no que tem à sua disposição. Esse é o melhor elogio que se pode fazer ao trabalho de Leonardo Jardim, ter conseguido trazer a equipa em vantagem na classificação até a este momento já tão adiantado da competição, onde conquistou por mérito próprio o papel de protagonista. Ter conseguido que os resultados estejam muito acima do somatório do que cada uma das parcelas individuais pareciam poder alcançar é digno de nota com sublinhado.

E será a acção de Jardim, estou certo, a contribuir de forma decisiva para o desfecho do jogo. Que se manteenha fiel aos princípios evidenciados nos jogos iniciais. Tal passa por colocar os melhores sem se preocupar com questões acessórias ou justificar contratações discutíveis - Magrão ou Heldon, por exemplo - o Sporting terá melhores condições para discutir a partida. Num jogo que se prevê intenso o brasileiro é tudo menos isso. A sua chamada é até injusta para Vítor que, tirando o jogo em Penafiel, já fez mais para jsutificar a aposta que Magrão. Heldon não justifica a preferência que tem tido sobre Capel, Carrillo e Mané, ou até mesmo Eduardo. 

Uma dúvida relativamente a quem joga no lugar mais avançado do ataque. Slimani tem sido o abono de familia nestes últimos momentos de míngua e torna-se difícil e até injusto retirá-lhe o lugar, Contudo várias vezes tenho pensado que a sua presença constitui uma espécie de plano C. Diferente da inclusão isolada de Montero, o plano A, e da presença de ambos, o plano B.

Ora as características do argelino pedem mais jogo aéreo, mais jogo directo e, por consequência menos progressão com bola controlada e com participação de todos os sectores. Talvez seja por aí que o nosso futebol tenha perdido qualidade e passado a depender mais ainda de factores aleatórios como é centrar bolas para a área. Provavelmente essa será a forma que mais facilitará o trabalho de Mangala e Abdoulaye, e acresce que Montero não só oferece melhor ligação, como pode significar um melhor condicionamento do adversário no que à saída de jogo diz respeito.

Uma palavra para Dier, chamado mais uma vez a tapar um furo. Não é fácil entrar nestas condições e ter que enfrentar o melhor ponta-de-lança da competição. Muita atenção às solicitações para o espaço entre ele e Cédric e ao que restará nas suas costas.

Será sobretudo um jogo de controlo. Controlo de emoções e controlo dos espaços. Quem melhor o conseguir desempenhar mais perto estará de vencer.

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