sexta-feira, 22 de julho de 2016

Spalvis é um tiro na proa, mas nem por isso o mais grave

A lesão de Spalvis é a pior noticia que o próprio poderia receber, num momento em que atravessou a Europa para apostar na sua valorização profissional. Já para o Sporting representa um acréscimo de pressão, embora a carga dramática seja inferior, por ser claro que não deveria ser, no imediato, a aposta primordial de Jorge Jesus.

A situação de Teo é diferente. Um jogador com o seu passado polémico mereceria sempre melhor ponderação na hora de contratar, a que se deveria juntar o preço pago por um jogador que se aproxima do ocaso. Depois de, no melhor interesse do clube, o termos perdoado pelas longas férias de Natal, de termos esquecido os golos falhados e a forma pouco atlética como corre, volta a reincidir no desrespeito pelo clube que o sustenta e pela generosidade dos adeptos. É, inevitavelmente, o fim de linha em Alvalade. E um problema de difícil solução sem perda do investimento realizado. Os cinco milhões hoje anunciados no Record seriam um verdadeiro milagre para as possibilidades da generalidade dos clubes argentinos. 

Depois há Slimani. Aos rumores que já corriam sobre a vontade do jogador sair - o que nem é novo - veio agora o reconhecimento tácito da existência de problemas na pena do responsável pela comunicação. É que não há outra forma de entender o que escreveu em comunicado: há clubes interessados no jogador  (certamente também por outros, onde obviamente se inclui João Mário) mas sem interesse em desembolsar o que o Sporting exige. 

O caso especifico de João Mário tem uma agravante: o valor da cláusula de rescisão. Ninguém se aproximará dos sessenta milhões a pronto, como exige o contrato. Na melhor das hipóteses o valor será atingido na realização de alguns objectivos. Mas falamos já de um custo que permite ir ao mercado por jogadores que representem menos "risco político" para o adquirente. Isto é, jogadores com mais "nome", que nem sempre necessariamente melhores.

E aqui o mercado é claro: se houvesse muito apetite pelos jogadores, isto é, vários clubes seduzidos pelo seu valor e com disposição para abrir os cordões à bolsa por valores próximos das respectivas cláusulas, já algum se teria antecipado à concorrência. Ninguém o tendo feito é sinal inequívoco que os potenciais interessados estão interessados em prolongar ao máximo a decisão no tempo, apostando no desgaste de quem está pressionado a vender e na erosão da relação dos jogadores com o clube, pagando um valor inferior. Para ajudar a respectiva causa, são oferecidos aos jogadores importâncias completamente fora do nosso alcance.

É provavelmente aqui que estará a fonte de todos os males. De um lado jogadores atraídos por vencimentos que lhes garantem uma carreira confortável, auferidos em campeonatos menos periféricos que o nosso. Do outro, o clube com necessidade de realizar mais valias que lhe permitam não apenas refinanciar o seu negócio, como adquirir  jogadores que permitam a manutenção ou até mesmo o acréscimo do seu valor competitivo. 

Falta um mês para o encerramento do mercado de verão. Será neste espaço de tempo, nas decisões tomadas no arranjo do plantel, que se decidirá muita da nossa sorte.

4 comentários:

  1. Continuo a ter excelentes expectativas relativamente ao Spalvis, no entanto esta lesão veio estragar de certa forma o planeamento do clube e do JJ no que respeita a reforços, ao mesmo tempo que compromete a afirmação do jogador no Sporting (esperemos que não de forma definitiva).

    Em relação a esse jogador tão pouco comprometido com o projecto do Sporting de seu nome Teo Gutierrez, duvido que volte a vestir a camisola do Sporting. Devemos aproveitar os JO para valorizar o jogador (que tem mercado) e tentar aproveitar o interesse sério do Rosario Central.

    A verdade é que neste momento o Sporting, com Spalvis no estaleiro, Teo nos JO e em vias de ser vendido (não sei se teria ido aos JO se na altura se soubesse da lesão do Spalvis), Barcos que não se sabe se alguma vez será uma verdadeira alternativa ao Slimani, sobram Ronaldo Tavares e Leonardo Ruiz como último recurso.

    O que me parece é que o Sporting está pouco activo no mercado. Continua a faltar um GR suplente de alguma categoria (Stoijkovic e Jug não servem), um defesa esquerdo (Marvin não tem qualidade e Jefferson está sem atitude competitiva, sobra Bruno César), uma alternativa ao Adrien Silva (e perceber de uma vez por todas se o João Mário e o William são transferidos ou não) e, claro, pelo menos um segundo avançado e um ponta de lança. Poderia também falar da necessidade de uma alternativa ao William mas acho que devemos dar tempo ao Palhinha e ao Petrovic. Ou seja, muitas necessidades para um clube que parece muito pouco mexido no mercado (esperava que depois do Euro as coisas agitassem mais, mas até agora nada).

    Não querendo ser profeta da desgraça, apenas anseio que os objectivos desta época não sejam hipotecados em virtude de um mau planeamento.

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    1. Posso ainda acrescentar que fazia falta um médio de transição, um jogador capaz de substituir o João Mário ou mesmo colmatar a sua eventual saída. Neste contexto Lucas Silva (não sei se ainda é possível depois do chumbo nos exames ,provavelmente não) ou Marcelo Meli seriam boas escolhas.

      O regresso de Insua, à partida, resolveria os problemas do lado esquerdo.

      Para suplente do Patrício, Eduardo ofereceria mais garantias do que o também falado Helton que, na minha opinião, tem vindo a perder qualidades com a idade e a falta de utilização no FC Porto (apenas ser um tipo porreiro e fazer bom balneário não chega).

      Para segundo avançado, Markovic parece um sonho difícil de alcançar e sinceramente não acredito que venha. É, no entanto, um jogador potente, veloz, capaz de criar desequilíbrios e que numa liga como a nossa seria facilmente dos melhores jogadores da prova.

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  2. Muito bem analisado. Nem é preciso dizer mais nada.

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  3. Mau planeamento será a expressão adequada: No entanto parece que o Sporting mostra ser incapaz de lidar com a valorização dos seus jogadores mais importantes e tirar partido dessa realidade para potenciar as suas capacidades. Quer isto dizer que vender qualquer um dos activos não será o fim do mundo se por essa via se colmatassem algumas das lacunas existentes.

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