sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Descobrindo craques debaixo de cada pedra levantada

O interregno no campeonato seguido de uma vitória a interromper um mau ciclo não podia ter vindo mais a propósito para refrear alguns pessimismos em modo de instalação rápida na ligação extremada que uma parte substancial dos adeptos mantêm com o clube. 

Este intervalo é ainda mais feliz porque alguns dos protagonistas da partida com o Arouca foram precisamente dois dos reforços cuja chegada havia provocado maior expectativa e fraca prestação colectiva dos últimos jogos tinham servido para colocar tudo em causa, no âmbito da acima aludida relação destemperada. 

Estou a falar obviamente de Bas Dost, cuja ausência de golos já vinha minando a confiança nas suas qualidades de goleador. Falo também de Campbell, cuja intermitência nas aparições e exibições o estavam a fazer resvalar da condição de craque para flop. O regresso aos golos do primeiro e número de golos até agora obtidos - apesar da intermitência - e a exibição do costa-riquenho por certo contribuirá para uma normalização dos vaticínios e expectativas.

Muito por causa das dúvidas que se instalavam, nos dias que antecederam a partida com o Arouca assistiu-se à descoberta de craques a saltarem debaixo de cada pedra revirada, apontando-se quer para para jogadores da formação que militam nos escalões inferiores ou a "rodar" noutros clubes, até mesmo a outros que poderiam chegar em Dezembro como aqueles que melhor colocados estariam para nos oferecer melhores performances e competitividade.

Há muito a dizer sobre a formação do actual plantel e em especial ao critério seguido na sua formação. Há claramente gente a mais e outros sem nada feito até agora que justificasse a sua chamada, e já vamos com quase quatro meses de competição.  Outros que não justificaram a preferência face a alguns que já cá estavam e acabaram preteridos. Mas, salvo alguma ou outra excepção, que não pode ser comprovada por não poder ser testada, uma grande parte das imaginadas soluções dificilmente o seriam na prática.

Hoje é consensual que foram as ausências de Slimani, João Mário e depois de Adrien  as responsáveis pelo sucedido. Talvez agora nesta fase de acalmia se possa perceber de uma forma racional que nos lotes referidos (dispensados a rodar, jogadores da equipa B ou juniores) não constavam jogadores com nível e características semelhantes para serem chamados à responsabilidade de substituírem os três acima referidos. E, pelo que se vai percebendo, os que chegaram ou não possuem as mesmas características, não estão ainda identificados com o que lhes é exigido ou, em alguns casos,  o seu valor suscita as maiores dúvidas.

Assim, de forma objectiva, há que considerar que o problema da falta da competitividade exigida e esperada que originou os maus resultados não era apenas motivada:

- pela falta de um ou outro jogador, como a partida de Slimani, João Mário, e a lesão de Adrien. 

- Não era apenas um problema de falta de confiança, originado pela sequência negativa de resultados.

- Não era apenas a falta de integração dos novos jogadores. 

- Não podia ser um problema de qualidade dos laterais, por serem os mesmos do ano passado. 

Parece-me, isso sim, o resultado de todas as ocorrências referidas em sequência, em que os resultados assumem a principal fatia de responsabilidade. Na sua ausência, tudo se precipita, tudo é posto em causa, até as convicções. 

Provavelmente seriam outras as minhas escolhas. Mas, pondo o nome nas coisas:

- Pedro Marques está ainda a dar os primeiros passos. Lançá-lo na fogueira em que viveram as últimas semanas não passa de um delírio.

- Gauld, Slavchev, Helton, André Geraldes, Chaby, Domingos Duarte, Ponde não me parecem ter condições neste momento para um lugar no plantel.

- Mané, Ewerton, Palhinha, Jonathan, Tobias Figueiredo no máximo poderiam ser terceiras opções.

- Podence, Iuri poderiam ser segundas linhas nas nenhum deles tem as caracteristicas dos três apontados como falhas cruciais.

- Teo provou que não é a falta de qualidade que faz dele um indesejado mas sim o compromisso com o clube e postura profissional. 

- Francisco Geraldes está a chamar a atenção de meio mundo e a merecê-la inteiramente. Está pelo menos a reivindicar um lugar para si no próximo ano. Mas se era para não jogar ou para recair nos seus ombros a responsabilidade de outros mais experimentados ou para depois ser queimado mais vale estar onde está e a jogar.

- Falou-se muito de Matheus, mas do que tenho visto falta-lhe ainda muita consistência e segurança para executar sob pressão, como lhe seria exigido na equipa A, porque talento não parece faltar. 

Concluind, em regra, e salvo raríssimas excepções, o melhor momento de lançar uma promessa é fazê-lo entrar quando a equipa está "por cima" e não obrigá-lo ao papel de salvador, que em regra não é mais do que queimá-lo. Isso deve ser exigido aos mais bem pagos em mais experientes.

4 comentários:

  1. sim, aparentemente é melhor lançar jovens quando a equipa está em cima. no entanto, lembre-se de joão moutinho e renato sanches.
    talvez sejam as excepções à regra

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  2. A minha opinião vale o que vale, e é pouco, mas concordo. E lembro-me, sempre quando oiço críticas aos "reforços", do substituto do Rui Patrício. Beto. Melhor não se conseguia e se havia posição necessitada era essa. Muito mais importante que o ponta de lança, por exemplo. Repito: vale o q vale...
    A memória é sempre curta e a vontade de embirrar é sempre grande ...

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  3. Boa análise ao que acrescento uma vertente psicológica. Os resultados inesperados como Vila das Aves e Guimaraes, mais os que subitamente se tornaram tangíveis como contra os tubaroes da Champions, terao afectado um pouco a confianca dos jogadores porque efectivamente cometeram-se erros que se pagaram caro.

    Infelizmente as pessoas precisam de encontrar bodes respiratórios e é fácil dizer mal dos reforcos e que os miúdos é que é bom, etc

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    1. Uma pequena correcção, foi Vila do Conde contra o Rio Ave e não Vila das Aves

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