sexta-feira, 2 de junho de 2017

Ganhar pode ser um hábito? E quanto vale o amor à camisola?

Imaginem que o Ruesga não usava com precisão - e muita raiva, e muita classe! - aquela arma de destruição maciça que deu em golo ou que o Cudic não imitava uma parede naquele lance final. Enfim, imaginem que tudo voltava a correr mal, como já havia sucedido anteriormente, várias vezes. Se tal sucedesse eu não estaria a escrever agora este post, mas sobretudo não teríamos escrito mais uma maravilhosa história para contar. 

Antes que pensem que vou efectuar um exercício de masoquismo desenganem-se. Este primeiro paragrafo serve apenas para colocar a questão: mereceria menos do nosso apreço e consideração se, por um qualquer acaso em que o desporto é fértil (um ressalto, uma mão a desviar o caminho da bola) não tivéssemos sido bem sucedido e não tivéssemos reconquistado o título ao fim de 16 anos, apesar de todo esforço e dedicação postos em cada lance? Talvez não conseguíssemos encontrar disposição e energia para o fazer, mas seguramente que o mereceriam. Foram bravos, lutaram e, apesar do espectro da desilusão, puseram todo o coração quando a ansiedade toldou a razão. 

Sobreviver aos minutos finais era imperativo, já se adivinhava que iriam ser difíceis. Quanto pesam afinal 16 anos sem ganhar, ficando tantas vezes no limiar do sucesso? Que valor acrescentado tem em termos colectivos e individuais o hábito de ganhar, a familiaridade com os títulos? Quantas vezes tremem as mãos ou os pés, quantas se desconfia da sorte e de si próprio quando os momentos decisivos se aproximam? Apesar da subjectividade do tema não permitir quantificações é quase inevitável pelo menos questionarmo-nos. Por isso foi tão importante esta vitória, foi quebrada uma importante barreira psicológica que habitualmente se colocava entre nós e o sucesso em alturas decisivas. 

Ora o que esta vitória ajudou a revelar foi que ela se ficou a dever em grande parte a uma estrutura semi-amadora, desde o treinador, a alguns dos responsáveis administrativos, convivendo lado a lado com profissionais bem pagos. Algo que talvez julgássemos não existir a este nível. Pessoas que inventam forças e tempo para se desdobrar em pais, maridos, profissionais convencionais e simultaneamente de alta competição. Como se consegue? Seguramente, até pelo que pudemos observar nas declarações do post-jogo, porque para eles o Sporting é mais do que uma profissão, é uma paixão, são como nós, são uns de nós. 

Talvez as estruturas mais profissionalizadas, como por exemplo o futebol, devam ter mais gente assim. Obviamente habilitados pela formação específica de alto nível indispensável, mas qualificados também pelo sentimento, pelo coração. É que quando tudo parece faltar é aí, no amor inexplicável e incondicional que temos pelo clube que damos o que é preciso e que mais ninguém poderá dar.

5 comentários:

  1. E agora que o sucesso foi atingido será com toda a justiça e merecimento que a equipa técnica passe a ser profissional e que se possa focar a 100% no Andebol do SCP.

    E mais uma vez gostaria de registar todo o meio apresso e orgulho em quem nunca desistiu nem baixou os braços e lutou até ao fim, afinal de contas é isto que esperamos dos nossos lutar até a exaustão se no final formos felizes ainda melhor.

    SL,

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  2. Foram 11 anos sem ganhar! 20 títulos! Favor consultar página da FPA ou wikipédia!

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  3. Eu não sei que pensar.
    1º - Vi em directo perdermos um jogo com o porto depois de estar a ganhar por 7.
    2º - Estive no pavilhão quando o porto marcou um golo de meio campo no último segundo, em que ganhamos por 1 golo, ficando assim em desvantagem no confronto directo.
    2º - Estive no pavilhão quando O Ruesga marcou os 3 últimos golos neste jogo, para sermos campeões.

    Chorei nos três jogos.

    Em relação ao primeiro e segundo, nem consigo descrever o que senti quando aquela bola entrou, depois de termos tido aquela vantagem toda. Só me lembro de algo parecido quando o Ricardo deu um pato contra o benfica num lance da treta com o luisão.
    Muita raiva e frustração. De que vale pagar a um Ruesga se vem cá passar férias? etc etc etc. Estes gajos estão a dormir com o campeonato em jogo? Que raio de investimento é este?

    Ainda agora não percebo o que me fez acreditar depois de termos empatado com o Madeira, depois de um roubo monumental no último lance do jogo. Reergueram-se, ganharam uma taça Europeia e o que é certo é que voltei a acreditar depois do porto ter perdido nos caixotes da luz.

    Porquê voltei a acreditar? Olha, por causa do Ruesga. Desde que chegou a Portugal que o seu optimismo, desportivismo e a escola de militância que trouxe de Barcelona pelo clube fez de mim o seu maior fã. Ter um atleta destes não tem preço. Mesmo na adversidade, com a pressão etc, trouxeram ao de cima o melhor dele. Algo que nunca esperei.

    Hoje de manhã ainda estava rouco por causa do jogo e fiquei a pensar sobre a secção.
    Com jogadores como o Ruesga e o Asanin, a cultura de campeão vai-se criando, e estes investimentos são necessários para já para ganhar.
    Foi uma valente chapada de luva branca da secção e de BdC em críticos como eu (embora eu seja bastante moderado). A cultura campeã está a ser montada, pronta para a passar para os mais novos. Para o ano, num novo pavilhão, ver estrelas mundiais vai trazer MUITA malta nova com vontade para o Sporting.
    A verdade é essa.

    PS: Nem ao vivo deu para ver por onde entrou o penúltimo golo do Ruesga.
    PS2: Não vou falar de futebol, que esta semana é de festa, o futebol sénior masculino não é para cá chamado.

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  4. chapada do BdC nos críticos? chapada foi dos jogadores no BdC que lhes chamou "meninos".

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    Respostas
    1. É a tua opinião.
      Ou os jogadores são muito bons actores ou então gostam mesmo do Presidente.
      Se calhar às vezes tratar os jogadores como adultos dá resultados.

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