sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Tio Patinhas de Alvalade analisa o relatório da Soccerex Football Finance

Saudações leoninas a todos e muito obrigado pelas fantásticas reações ao meu primeiro post. Irei comentar em futuros posts, alguns dos aspectos importantes mencionados nos comentários ao mesmo, sem procurar ser consensual, pois a divergência de opiniões é salutar quando bem “praticada”. Mas vamos ao que me traz aqui hoje, o nosso Quinquagésimo Lugar no Finance Football Index da Soccerex.

Depois de mais um derby (com um resultado bem melhor que a exibição), a Soccerex lançou a edição 2018 do seu Relatório Football Finance, onde elenca, de acordo com um indicador criado por si, os 100 maiores clubes, em termos de poderio financeiro.

Este relatório refere-se à análise das contas dos Clubes referentes à época 2015-2016. O Manchester City aparece em primeiro lugar, estando algo surpreendentemente, o Arsenal em segundo. Apesar de futebolisticamente andar longe de um novo título de campeão inglês, a sobriedade da sua gestão origina a que não tenha praticamente dívida nenhuma e apresente resultados financeiros interessantes. No entanto, é de referir que um dos 5 sub-indicadores que constitui o FFI (Football Finance Index) é o do potencial de investimento pelos “donos” do Clube, o que favorece aqueles que têm accionistas fortes por trás em detrimento do modelo de sócios. 

Por isso mesmo, clubes como o Real Madrid (6º Lugar), Bayern Munique (10º Lugar) e Barcelona (13º Lugar) estão fora do top-5, porque neste sub-indicador são avaliados com 0. À imagem do que acontece com os 3 Clubes portugueses que aparecem no Top-100, o nosso Sporting (50º Lugar), Porto (52º Lugar) e Benfica (64º Lugar). Se expurgássemos este efeito, o topo do ranking seria certamente diferente, assim como os nossos 3 clubes subiriam uns bons lugares nesta tabela (que favorece o modelo inglês).

Analisando o FFI, verificamos que ele é constituído pelas seguintes variáveis:

• Activos (jogadores)

• Activos Fixos (estádios, academias, etc)

• Liquidez no Banco • Potencial de Investimento dos Donos

• Dívida Líquida

O nosso Clube aparece como tendo Ativos em jogadores de 196M€, Activos Fixos de 165 Euros, 3 Milhões de Liquidez, 0 em Potencial de Investimento e uma Dívida Líquida de 222 Milhões de Euros, dando um FFI de 0,469 atribuído pela Soccerex.

O Porto aparece como tendo o plantel mais valioso dos 3 Clubes nacionais – 206M€, mas tem menores ativos fixos (140M€), maior liquidez (13M€) e uma dívida maior (234M€).

Por seu lado, o Benfica aparece como o plantel menos valioso (175M€), ativos fixos de 169M€, com maior liquidez no banco de entre os 3 (30M€), mas uma dívida líquida de 339M€, superior em mais de 100M€ de Sporting e Porto.

Agora sabemos que indicadores como a valorização do plantel valem o que valem, porque realmente um jogador só vale aquilo que se especula, quando alguém se chega à frente em termos de compra de jogadores. E vemos que apesar de o Porto ter o plantel mais valorizado que, durante o período de 1 de julho de 2016 a 31 de agosto de 2017, teve muita dificuldade em realizar dinheiro com os seus ativos, enquanto que Sporting e Benfica encaixaram mais de 100M€ com ativos que estavam na valorização mencionada pela Soccerex.

De referir que este estudo apresentado pela Soccerex é apenas um exercício baseado nas variáveis e indicadores escolhidos pela mesma. Outros estudos que considerem variáveis diferentes (e pesos também) originarão resultados diferentes. Por exemplo, se ao FFI expurgássemos a capacidade de investimento dos donos / accionistas e considerássemos também a capacidade de geração de receitas, os resultados operacionais e o EBITDA gerado pelos diferentes clubes, muitas alterações ocorreriam. 

Estou curioso (mas esperarei pacientemente, porque deve ser daqui a um ano) para ver os resultados após contabilizarmos a época / ano fiscal 2016/2017, mas estou em crer que o Sporting manterá a dianteira neste campo, em particular.

E que juntemos o tão almejado título de campeão 2017/18 à liderança neste campo. Agora, encher Alvalade dia 7 de janeiro e empurrar a equipa para um bom final de primeira volta, com o Marítimo. 

Tio Patinhas de Alvalade

PS: pode encontrar o estudo [aqui]  para download

3 comentários:

  1. Não daria grande importância a esta lista, mas percebe-se a excitação porque sempre que o Sporting se encontra à frente do Benfica por qualquer coisa - hossana!- só falta irem para Marquês.

    Ficar num 50º lugar não é razão para lançar foguetes. Pelo contrário. É deprimente!
    Mas percebe-se que a alegria maior é o facto de ficarem à frente do Benfica. Atenção, à frente do Benfica!!!!

    Tanto o Porto como o Sporting estão intervencionados por instituições externas, UEFA e bancos, porque estão falidos. E isto é tão verdade como factual! Só isso desclassificava-os de qualquer lista com entoações financeiras.
    Embora em 2015/16 ainda não estivessem intervencionados. Mas já se encontravam falidos!

    O valor do ativos tangíveis é algo muito subjectivo. Há mercado para esses activos? Ok, vão buscar os valores ao R&C.

    Depois temos o facto do valor do plantel de ser uma coisa ainda mais subjectiva. A melhor prova é que o Benfica no últimos 2 anos 2015-17 vendeu activos por mais de 300M o que só si o colocaria muito acima dos outros. E só isso chegava para desclassificar os critérios de escolha para a formação de uma tal lista.
    E ainda temos o valor dos jogadores das formações que, em especial no caso do Benfica, estão fortemente subavaliados já que têm no activo o valor zero!!


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  2. Como leitor de há muito e assíduo deste blogue dou os meus parabéns por esta nova aquisição, que traz know-how e uma análise equilibrada, muito na linha do que aprecio por aqui.

    Quanto ao tema e como o próprio autor reconhece a importância deste tipo de juizos são muito mais importantes para outros campeonatos e clubes do que para o nosso. Não estou tão seguro de que a nossa posição seja a mais confortável de todas no quadro dos 3 grandes, bastaria mudar algumas premissas para mudar o sentido do estudo. Ainda assim um bom artigo.

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  3. Bastava, por exemplo, mudar no R&C as VMOCs de capital para o que realmente sao, dívida, e nao veriamos o trinca bolotas a puxar a Soccerex como justificativo da Champions da Gestao.

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