quinta-feira, 18 de abril de 2019

O regresso do Ajax e que sucesso possível para o Sporting de Keizer

O percurso do Ajax na Champions League fez voltar os holofotes para a "velha escola do futebol total" que, desde meados da década de 70, se estabeleceu em Amesterdão. Ten Hag foi beber à origem mas, como é natural nas ideias vencedoras, ofereceu-lhe evolução e adaptação aos desafios da contemporaneidade. Há ali muito das ideias precursoras de Totaalvoetbal Rinus Michels, aprimoradas por Johan Cruijff e do tikitaka de Pep Guardiola, também ele um discípulo inovador e ex-aluno da cátedra holandesa.

É por isso inevitável que nos lembremos de Keizer, o nosso actual treinador, pelo seu percurso. É aí que as perguntas se impõem: 

Será ele capaz de implementar algo semelhante no Sporting? Talvez esta pergunta deva ser feita em primeiro lugar para dentro do clube. 

Até que ponto estamos preparados, como clube, para proporcionar as condições de sucesso a Keizer ou a outro qualquer treinador? 

Estamos preparados para ter a paciência necessária para fazer crescer os nossos miúdos, aguentando nesse percurso, os erros naturais do crescimento e as suas consequências?

Temos o nervo suficiente para, no estilo agora tão elogiado do Ajax, de jogar tão subido, ter a paciência de deixar os jogadores procurar as melhores associações para jogar pelo centro e sair da pressão adversária? 

Ou, como quase sempre, gostávamos imitar os resultados dos melhores exemplos (quem não se lembra da corrente Klop do tempo do Borússia?...) mas não temos a paciência para lhes imitar os métodos?

Isto sem falar da permanente autofagia que nos consome. Um clube que vive uma época conturbada, que passou por uma série de eventos desestruturantes (invasão da Academia+rescisões+destituição+eleições com 8(!) listas) e ainda assim tem  a possibilidade de vencer a segunda competição nacional, continua a ter demasiado ruído à sua volta e que, em grande parte é fomentado no seu interior. 

Não sei se o Keizer é o treinador que o Sporting precisa. Talvez a pergunta deva também ser feita pela inversa: terá o Sporting as condições necessárias para fazer de Keizer, ou outro qualquer  o seu lugar, um treinador campeão?

Dizem-me muitas vezes que para haja as condições internas necessárias para o sucesso (estabilidade, ausência de permanente ruído, convergência de objectivos e a tal tranquilidade de que falava Paulo Bento...) só acontecerão quando começarmos a ganhar.

Não deveria ser precisamente o contrário?

7 comentários:

  1. Só vamos ver se Keizer é treinador para o SCP a partir da próxima época.
    Em relação à implementação do futebol total é bastante complicado no nosso campeonato, por causa das questões táticas que as outras equipas usam, nomeadamente a aposta total no contra-ataque.

    Em relação ao Ajax, de X em X anos eles conseguem uma boa fornada de jovens, mas não sei se é um modelo assim tão, pois só vemos o Ajax a brilhar praí de 20 em 20 anos.

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  2. Mike, o problema do Ajax não é um problema do Ajax. É um problema geral de quem não é rico. Quando se brilha na Europa, perde-se metade do plantel, porque deixa de haver possibilidades de segurar os melhores... e é necessário começar tudo de novo, mesmo que com os bolsos cheios...

    De qualquer modo, gostava que o Sporting tivesse esse problema para resolver num futuro próximo...

    José Gomes (JG)

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  3. Eu adorava ver!
    Mas infelizmente não acredito - à demasiada gente mais preocupada com o "seu sporting " do que com o SCP.

    Ainda vamos ter que penar muito até que se consiga deixar de mudar de rumo de cada vez que a bola bate no poste...


    Mas se conseguissemos implementar um modelo como o do Ajax e obtivessemos resultados idênticos...
    Nos últimos 40 anos têm:
    2 campeonatos em cada 5
    6 finais europeias com 3 taças ganhas

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  4. Ele que ganhe a Taça de Portugal e ganhe os jogos até ao final e logo se vê a continuidade dele e se merece preparar uma época de novo, com um plantel escolhido por si. Ganhe os últimos 6 jogos (com ou sem nota artística) e logo se vê se merece continuar. Lembrem-se quando o Sá Pinto terminou a época em mal (eliminação da LE pelo Bilbau) e a humilhante derrota contra a Académica de Coimbra na final da Taça de Portugal. Manteve-se o rapaz, e à 5º jornada da época seguinte já estava a ser corrido mesmo com mais 2 anos de contrato.

    No futebol português o resultado imediato, é tudo.

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  5. O Ajax, ao contrário do SCP, é o clube do regime na Holanda.E lá não há apitos dourados nem padres a apitar jogos.

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  6. JUlgo que nas estruturas directivas do clube a questão não se coloca: Keiser será o treinador da próxima época. Os sócios não são chamados a decidir nestas questões. Podem apenas opinar em particular nas redes sociais e nos blogues. Varandas e a sua entourage quando contrataram Keiser tinham uma ideia qualquer. Não a foram capazes de explicar de forma muito elaborada e facilmente perceptível para os associados, mas admito que têm uma.
    No ínicio quando Keiser colocou a equipa a marcar muitos golos e pareceu apostar em jogadores mais jovens, da formação, a opinião dominante era a de que Varandas ia apostar forte na Academia e que a orientação seria usar a Academia como a base para os sucessivos plantéis, reforçada com valores seguros.
    Depois, quando vieram as derrotas e se instalou o futebol sofrível, comecou-se a questionar Keiser e a aposta de Varandas. Sobre a aposta futura na formação estamos todos esclarecidos. Keiser aposta zero na formação e exibe a psicologia de um matarruano holandês. Deixar de fora jogos a fio - sem lhe dar um minuto sequer - um jogador que se convoca sistematicamente para o jogo, releva de uma falta total de sensibilidade. Além dos episódios individuais que se podem trazer à colação, há o registo notável de com Keiser termos sucessivamente disputado partidas sem nenhum jogador da formação no onze.
    Eu defendo uma refundação do clube com o emagrecimento do custo do plantel e com uma aposta na formação. Aquisições apenas de jogadores com um valor muito elevado, jogadores para serem titulares. Como Bas Dost ou Bruno Fernandes. Vinte milhões bem gastos no meio de 40 milhões de lixo, com os sofríveis Alain Ruiz, Bruno Gaspar e Diaby, e a outra dezena de medíocres que apenas geraram despesa e cujos salários andam em média acima dos 2 milhões brutos por ano. Para não falar dos Gudelj que custam 3,5 milhões de salário/ano.
    Esta mudança não será feita pelo treinador cujas opções e simpatias estão à vista de todos. Terá que ser a Direcção e Varandas - que contou com o meu voto - não parece "estar para aí virado". Na próxima época ver-se-á, quando as coisas começarem a fluir. Se tudo correr mal keiser será corrido e voltar-se-á a recomeçar tudo de novo. Com mais uma catrefa de craques adquiridos e com mais alguns jogadores perdidos, força de apostas de mérito duvidoso.
    Falta uma estratégia, sendo que o "business as usual" é uma estratégia: a da con tinuidade.

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  7. Não acredito, por vários motivos, mas principalmente pelos adeptos e dirigentes. Por cá prefere-se sul americanos ou dos balcãs aos nacionais.

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