Luiz Phellype chegou a Alvalade despertando mais interrogações que certezas. À época, o reinado de Bas Dost era de carácter absolutista, permitindo pouco mais do que sonhos a quem se perfilasse para lhe disputar o lugar. Só uma lesão que lhe provocasse um afastamento prolongado permitiria veleidades ao brasileiro acabado de chegar de Paços de Ferreira. Essa lesão está fatalmente está em curso para ponta de lança holandês, conferindo a oportunidade a Phellype.
O percurso deste brasileiro de Minas é já o de um globetrotter, apesar de ter apenas 25 anos. As suas viagens pelo mundo do futebol começaram ainda bem cedo, quando despertou a atenção dos belgas do Standard de Liege, onde disputou escasso número de jogos nos sub-19. Não tendo o clube belga exercido a opção que detinha, seria o Estoril a ir buscá-lo em 2013. Porém, o Paços de Ferreira tiraria muito mais partido da prospecção canarinha, uma vez que o clube da linha o deixou escapar entre os dedos de empréstimos consecutivos. Beira Mar, Feirense e até uma passagem por África, via Libolo de Angola estão no seu registo de viagens mais ou menos fugazes.
Seria na equipa da cidade que se autoapelida de Capital do Móvel que Luiz Phellype começaria a chamar a atenção. Apesar de apenas época e meia em Paços de Ferreira, os seus golos despertaram os olhares mais atentos. Dos 23 golos marcados nessa passagem, incluem-se os obtidos frente aos tradicionais rivais do seu actual clube, bem como ao Sp. de Braga. Talvez por isso mesmo apenas o clube da Invicta não apareceu no seu rol de pretendentes no pretérito mercado de inverno, onde o Sporting acabaria de ganhar a corrida.
Mas não foram muito auspiciosos os primeiros tempos em Alvalade. A sua chegada haveria de coincidir com os piores tempos de Keizer até eclodir a lesão de Bas Dost. Conheceria o seu ponto mais baixo no Bessa, ao falhar um golo cantado quase em cima da linha. Isto depois de coleccionar exibições muito apagadas, onde vieram ao de cima os seus pontos fracos. Certamente que a adaptação à nova cidade, clube, colegas e treinador pesaram. Mas mais pesada é por certo a camisola que agora veste para quem vem da divisão secundária e sem estatuto especial.
Um dos seus principais argumentos - o imponente porte físico de 1,88 m - é por vezes um dos seus principais problemas, especialmente se não controlar a tendência para o sobrepeso. Associado aos baixos níveis de agressividade que frequentemente exibe, acrescido de uma mobilidade pouco generosa, parece estar alheado do jogo que o rodeia. É por aí também que o seu jogo pode crescer, se conseguir participar mais do que nos momentos finais das jogadas, nomeadamente nos apoios frontais, fundamentais para a progressão do jogo da equipa e da manutenção da posse da bola.
Passados os momentos da necessária adaptação Phillype tem sabido superar com distinção o tremendo desafio que se lhe colocou de forma inesperada: substituir o goleador mor da equipa das últimas 2 épocas. Aquilo que ele mais precisava está a ter: a oportunidade de jogar, de forma a poder comprovar o potencial de goleador que se lhe começa a reconhecer, especialmente quando se movimenta perto da baliza adversária. Acumulando os golos obtidos em Paços de Ferreira, são já 15 os golos obtidos na época em curso, sendo seis deles já de camisola do Sporting vestida. Precisamente o mesmo número de jogos que iniciou até agora como titular.
A aposta que muitos consideravam de risco parece agora estar a render. Se com o tempo revelar consistência, o Sporting consegue num bom golpe de mercado aquilo que é cada vez mais raro: golos baratos, se atendermos ao volume de dinheiro investido no ponta-de-lança versus golos conseguidos.
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