segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O regresso às derrotas no clássico

Foto @Idzabela
O que certamente a história vai guardar no seu arquivo relativamente ao clássico Sporting - FCP da época 2019-2020 será pouco mais do que o resultado final. Resultado esse que também significa o fim da invencibilidade do Sporting em casa ante o rival de ontem, pondo fim a uma dúzia de anos sem perder. 

O que certamente a história esquecerá é que este clássico foi talvez o mais desequilibrado em nosso favor nos tempos mais recentes e se o termo de comparação for, por exemplo, o jogo do ano passado é quase cruel comparar resultados e exibições. Mas há sempre mérito dos vencedores porque tal representa terem logrado obter aquilo que faz toda a diferença no futebol: mais 1 golo (pelo menos...) que o adversário.

Entre ganhar um pontito como no ano transacto (de que nada serviu) e não ganhar nenhum como sucedeu agora, parece-me claro que há mais caminho no resultado totalmente negativo de ontem. O Sporting adaptou-se às circunstâncias (mesmo que adversas praticamente a partir do apito inicial), os jogadores deram tudo o que podiam dar e a equipa podia ter dado a volta ao resultado, exibindo uma superioridade raramente vista recentemente. 

E se ganhar não aconteceu é em si mesma que a equipa deve procurar explicações. Quer na forma como falha em cascata no golo inicial (Ristowski deixa escapar Marega, Coates demora muito a pôr o carro a trabalhar e Max hesita fatalmente) quer como deixa sozinho, de forma infantil (Doumbia, Bolasie) um jogador (Soares) que nem se pode dizer que se desconheça a apetência para nos fazer golos. Tratando-se de uma bola parada a inadmissibilidade de um lance deste género numa equipa com a nossa ambição diz muito de onde estamos e o que precisamos de fazer. Perdemos por culpa das nossas falhas, não soubemos aproveitar o que construímos e foram elas que puseram 3 pontos na bandeja para o adversário.

Notas individuais:

Max: é ainda cedo para ele, não está ainda preparado para este nível, apesar do potencial que encerra. Numa época como a actual faz sentido dar-lhe minutos para crescer. Não ficou bem no golo inicial.

Coates: Inadmissível o comportamento e falta de reacção no golo inicial, com a agravante de ser um veterano e conhecer de cor este tipo de acção de Marega.

Mathieu: imperial. Recolham-se as células estaminais e clone-se ASAP.

Acuña: são conhecidas as suas limitações que, mais uma vez, foram ultrapassadas com uma entrega e empenho inexcedível que, quando sucede, faz dele um jogador imprescindível.

Doumbia: cresceu mais com estes meses com Silas que todo o outro tempo que teve desde que chegou. 

Wendel: ainda lhe falta os finalmente para se afirmar em definitivo. Falta-lhe aplicação e capacidade de sofrimento para correr e pressionar para se concluir a sua adaptação ao futebol europeu e se tornar num jogador que justifique o que custou.

Vietto: Se é verdade que a sua falta de eficácia contribuiu para a definição do resultado, não o é menos que é um jogador que sabe o que tem de fazer com bola e sem ela. Falta conseguir mais tempo de presença no jogo.

Bruno Fernandes: obviamente que Sérgio Conceição iria fazer os possíveis para o retirar do jogo, o que de certa forma foi conseguido. E Bruno Fernandes também não esteve feliz a tentar contrariar a intenção do técnico.

Luís Philyppe: é o único mas não é único. Já provou que pode ser útil em determinados contextos mas nestes jogos desaparece. Devia ser mais acutilante, não tem velocidade, não explora a profundidade, não se oferece para apoio, não desestabiliza a ligação dos centrais com movimentos de arrastamento. 

Silas: o melhor elogio que lhe podia ser feito recebeu-o de Sérgio Conceição: "o Sporting foi o adversário mais dificil da época". Sagaz, o treinador portista sabe que o titulo não vai para Alvalade mas a sua atribuição passa por lá e até muito em breve. E, ao contrário do que afirmou Conceição, não foi a o acerto na substituição de Nakajima que fez virar o clássico, mas sim o golo "contra a corrente do jogo" de Soares. Não tendo as armas que dispunha o seu congénere, Silas soube ler bem onde e como provocar danos à armada portista. Prometeu regressar ao terceiro lugar e ficamos todos à espera que cumpra a promessa, apesar de se reconhecer os desequilíbrios do plantel que lhe entregaram em mãos

Foto @Idzabela
Uma nota final para as claques e o respectivo e estridente silêncio na primeira parte do jogo. As claques servem para apoiar o Sporting Clube de Portugal, não este ou aquele presidente ou pretendente(s). Não deveriam servir por isso para fazer "politica". Se calados demonstram a sua necessidade relativamente à inoperância do resto das bancadas, também espelham a sua inutilidade calados, especialmente em jogos como o de ontem. 

Obviamente que isto é apenas uma ínfima parte do que há dizer sobre esta matéria, o que terá suceder oportunamente num post a propósito. Mas ontem quem puxou foi a equipa pelo público, especialmente na segunda parte. Quando mais foi preciso, após o 2º golo forasteiro, voltou o silencio que apenas viria a ser interrompido pelo pedidos de demissão.

2 comentários:

  1. Não nconcordo com a apreciação ao golo do Marega.
    Reveja o lance, o movimento do corpo do jogador, a posição do pé: ele quis dominar a bola, puxando-a para a sua direita! Falhou, sim!... mas enganou Max, a preparar-se para atacar a sua esquerda.
    Max é já mais completo que Patrício com esta idade: a mesma segurança entre os postes, (muito)) melhores pés e melhor nas saídas.
    Temos g.redes e, ontem mesmo, provou-o.

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  2. Também não concordo de todo com a apreciação ao Max. No primeiro golo do porto é o menos culpado. Não tem de sair à maluca porque a zona onde a bola cai não é dele (alias, a bola cai ainda fora da grande area). A falha clamorosa é partilhada entre o Ristovsky e o Coates que abrem uma cratera nas costas. Na abordagem ao Marega é enganado pela falha do avançado que se engana a ele próprio e marca sem saber como…

    José Gomes (JG)

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