quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Sabes, Bruno

Sabes, Bruno,

A tua vinda lembrou-nos de que feridas somos feitos. Sabes, é que aqui raramente somos gratos. Fomos como que obrigados a esconder-nos numa máscara do “0 ídolos” e depois, não raras vezes, esquecemo-nos de agradecer. Perdoa-nos. Foram os anos de turbulência que nos obrigaram a isso. Mas custa-me que neste Sporting que conheceste raramente se dê o devido valor aqueles que vestem a verde e branca. Achamos sempre que aqueles que vêm são pouco dignos de a vestir. E só te posso pedir desculpa por isso.

Bruno, tu nem eras um filho da casa, mas tornaste-a parte de ti. Vestiste-te de raça e personalizaste o leão que carregavas ao peito. Voltaste atrás para dar um passe de gigante que foi levar-nos às costas. Carregaste um Sporting que não era o teu, sofreste como se a camisola que vestias fosse a tua pele e levaste-nos mais longe. Mesmo que nem todos o venham a reconhecer. Sabes que acredito na velha máxima de que “não é o Sporting que se orgulha do nosso valor”, mas nós - todos nós - é que “nos devemos sentir honrados por ter esta camisola vestida”, como dizia Stromp. E gostava que um dia percebesses isso.

Acredito que hoje, na tua saída, isto pareça injusto. Sou-te muito grata e não duvido do teu valor. Lembra-te, nesta saída, que o Sporting é maior do que qualquer um com quem te cruzaste neste caminho. É maior do que todos nós. Espero que, um dia, ainda que lá longe, venhas a conhecer esta grandeza de que te falo. Merecias ser parte de um outro Sporting que eu própria não sei se conheci.

Bruno, desculpa pela casa vazia de ontem. Merecias mais. Pela ovação que ontem não tiveste. Pelo ruído que ouviste. Pelo nome que se sobrepôs ao teu. Obrigada. Para sempre, obrigada.

Agora vai. E antes de vestires o vermelho, reveste-te de esperança e sê feliz.

Texto da autoria de Mariana Gonçalves

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