sexta-feira, 2 de setembro de 2022

A pior aquisição deste mercado


Terminou de forma estranha, para não dizer bizarra, o mercado de verão. O velho Sporting está de volta, o Sporting Vintage, o Sporting do excesso de ruído, dos especialistas e tudólogos. Um velho Sporting também que regressa, que andou nas casernas a disfarçar o incómodo de ter que engolir o sucesso, apesar dos vaticínios (ou desejos?) diários da horror, da tragédia, do insucesso. Aqueles a quem o título custou um sorriso amarelo regressaram em força. Esta foi a pior aquisição do mercado, estou certo.

Parece já longínquo o tempo do "onde vai um, vão todos". E é bom lembrar por onde tudo começou: na liderança. No caso mais concreto, em Rúben Amorim. Ora é precisamente na liderança que o mercado falhou, sobretudo após a venda de Matheus Nunes. Não peçam aos adeptos para ser racionais quando de cima a racionalidade pareceu ter entrado férias. Há muitas decisões incompreensíveis, tais como:

- O timing da venda de Matheus Nunes, na véspera do clássico. É certo que compra, manda, mas a cartada da cláusula de rescisão poderia ter sido jogada? Havia cláusulas obrigatórias de venda mediante determinados valores?

- O tempo e a forma como Matheus Nunes foi substituído. Para muitos o tempo despendido na aquisição representou impreparação, incúria. Quanto a mim demonstra como a saída do jogador também apanhou desprevenida a SAD e não apenas o treinador, a avaliar pelo trabalho feito desde janeiro e mesmo até desde o ano passado. A escolha por uma promessa de jogador (Sotiris) ao invés de "um valor seguro" representou uma decepção, por representar um claro declínio de qualidade do plantel, sobretudo se somado a outras saídas importantes.

- A azia de Rúben Amorim deixou transparecer talvez a primeira brecha nos alicerces da nossa competitividade: comunhão de ideias e de estratégia entre o triunvirato do sucesso: Varandas / Viana / Amorim. Desde então saltaram da tumba todos os zombies, a explorar as mais estapafúrdias teorias da conspiração, conforme a preferência de cada um.  Toda a gente de repente tem fontes, mesmo que as afirmações não se confirmem. "A culpa é do Varandas, que não lhe dá o que quer", "o Amorim que se deixe de amúos", "o que anda lá a fazer o Viana?", etc, etc. As afirmações recentes de Varandas e Amorim levam a crer que as diferenças de opinião terão sido sanadas ou os superiores interesses prevaleceram.

 - A história de "um ponta-de-lança para concorrer com Paulinho" vai marcar a passagem de Rúben Amorim pelo Sporting. Também aqui à teorias conspirativas para todos os gostos e necessita de um esclarecimento que os adeptos entendam. É que é difícil de entender porque é o Sporting só tem Paulinho para o lugar, parecendo que o Sporting quer mais uma vez ser pioneiro sem que se percebam as vantagens. O argumento de que "não há dinheiro" é difícil de invocar quando se gastaram mais de 40 milhões de euros em aquisições, algumas delas redundantes quando outras demonstram claras carências. Tenho  muitas dúvidas da eficácia do "ataque móvel" o qual, sem Sarabia, parece desprovido de poder de fogo.

- Um aspecto menos importante mas não de descurar, tem a ver com a gestão de expectativas. O Sporting cresceu nestes últimos dois anos em organização e competitividade, criou outras responsabilidades até mesmo a nível internacional, com a qualificação pouco provável mas merecida para a fase a eliminar da Liga dos Campeões. A mobilização dos adeptos é notória. Mas como seria agora a venda das Gameboxes, após este mercado?

Do ponto de vista do reforço do plantel a impressão que fica é que, no cômputo geral, este mercado foi uma oportunidade perdida, com uma clara descida da qualidade do plantel e das soluções à disposição de Amorim.  Só os resultados ajudarão a desmentir a impressão generalizada. Que seja já hoje no Estoril.

Nota importante: independentemente da impressão de cada um é lamentável o que foi dizendo de alguns dos jogadores contratados, alguns dos quais nunca viram jogar.

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