quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Depois de mais uma manita ao Braga, como explicar o nosso lugar na tabela classificativa?


O Sporting jogou de forma sequencial com os três clubes que o precedem na tabela classificativa e dificilmente não concluirá que, à excepção dos jogos com o Braga, todos foram equilibrados e em que, independentemente do resulto final, qualquer um podia ter sido ganho pelo Sporting. De fora ficam ainda os jogos da Champions como os que nos opuseram a alemães e ingleses e até Adán "dar o tilt" com os franceses, onde estivemos em bom nível. Assim sendo, o que explica a diferença pontual e o quarto lugar na tabela classificativa?

Em primeiro lugar, e deixando de fora a sorte e o azar, a forma como a equipa encara os jogos. Por exemplo, quem viu o jogo com o Marítimo e viu qualquer um dos outros com os rivais mais directos, mas especialmente o de ontem ( é um bom exemplo, pois parece-me que de todas as equipas em presença, os minhotos são a equipa mais "próxima" dos insulares em valor) dificilmente concluiria tratar-se dos mesmos jogadores, da mesma equipa. Ao contrário do jogo na Madeira, ontem a equipa do Sporting abafou o adversário com uma reacção à perda da bola que não permitiu ao adversário pensar e organizar-se. O jogo começou a ser ganho aqui.

Em segundo lugar a equipa montada por Amorim ao longo do presente campeonato tem revelado uma enorme dificuldade em desmontar a organização das equipas mais pequenas, com quem regista a perda de doze pontos, equivalentes a quatro derrotas (Chaves, Boavista, Arouca e Maritimo) e só uma com equipas do mesmo campeonato (FCP). Equipas que se remetem quase sempre a uma organização defensiva a duas linhas e muitas vezes encurtando o espaço jogável com a subida da última linha. 

As dificuldades para jogar por dentro desses blocos têm sido evidentes e, não os conseguindo contornar, a equipa carrila o jogo pelas laterais. Salvo Edwards e por vezes Porro, que já saiu, poucos jogadores conseguem chegar à área com a bola controlada e o recurso à progressão com tabelas e triangulações é abandonado, privilegiando o cruzamento. Acontece que, à excepção das bolas paradas, que permitem a subida com tempo de Coates e outras torres, a presença física na área é muito reduzida. Quando estes adversários com menores responsabilidades conseguem aguentar o resultado ou até marcar primeiro os problemas agravam-se, por razões óbvias. 

Ontem Amorim dizia que 

"Ao contrário do que muitos pensam, é nos jogos ditos mais pequenos, quando temos a responsabilidade total de ganhar que é mais difícil. Porque isso cria um peso muito grande nos jogadores"

A importância da componente psicológica é importante e obviamente que faz sentido. Mas a explicação de Amorim deixa de fora a forma completamente diferente como a equipa aborda os jogos, como falado no parágrafo acima. E não se referiu também ao lado estratégico do jogo, referido no parágrafo seguinte. 

Para lá do condicionamento psicológico Amorim ainda não dotou a equipa com os melhores processos para esta responder ao que lhe é exigido. E, para uma equipa com as nossas responsabilidades, também parece não lhe querer dar todos os meios. É muito bonito olhar para os dezoito anos de Chermiti, ou até para os dezassete de Rodrigo Ribeiro. Mas é curto. Não vale a pena ter veleidades, ganhar um campeonato assim só muito de vez em quando.

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