terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Futebol para pantufas

 


Há dias vi uma pantufas em saldo. Felpudas, a emanar um ar de calor e aconchego. Não consegui antecipar que iria ter tantas saudades de algo que nunca tinha sido meu como dessas pantufas ainda por cima num jogo de futebol. Mas a noite estava fria e o do relvado não saía chama que aquecesse aquela meia dúzia de maduros que se lembraram de deslocar ao inóspito estádio dos Arcos para ver uma bola a ser geralmente mal tratada, a desoras de uma qualquer noite de segunda-feira.

Para não destoar da envolvente a nossa equipa parece ter trocado as chuteiras por pantufas. Futebol macio, desgarrado, indigno de um candidato a qualquer coisa que caiba nos limites da nossa ambição, mesmo que encolhida pelo frieza do número de pontos recolhidos até ao momento. O relvado não ajudou mas também não é explicação suficiente para tanta perda de bola, para a ausência de ligação e mingua de vezes e grau de perigosidade em que alvejamos a baliza adversária. É difícil deixar alguém de fora na hora de citar os que estiveram pior mas Inácio, Pote, Morita, Edwards e Trincão, por serem muito melhores do que mostraram, têm obrigação de fazer mais.

Mas esta história teve um final feliz de outros capítulos deste campeonato, em que talvez tenhamos merecido um pouco mais do que aquilo que recebemos. E mais feliz ainda porque fica selada a estreia de Chermiti que não só foi oportuno mas também teve a indispensável sorte que é necessária sempre mas muito em particular aos que dão os primeiros passos. Hoje não sabemos ainda quem vimos ontem, mas se o futuro nos trouxer mais um cromo raro, daqueles que todos querem ter e estão dispostos a pagar muito dinheiro, vamos poder dizer "eu estive lá, quando ele marcou o primeiro golo.

Mas não vale a pena escamotear a realidade: a jogar assim vamos ganhar muito menos do que precisamos. É muito mais provável continuar a perder pontos fora, com equipas pequenas e que, no actual campeonato, explica a nossa posição.

PS: Foi bonita a festa do golo do Chermiti. No meio dos adeptos, numa comunhão de sentimentos, como deve ser. Todos somos precisos mas é como no tango, é preciso vontades de duas partes partes para formar um par...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.

Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.

A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.

Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.

Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.

Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.