terça-feira, 28 de março de 2023

Ah, se o Al Capone soubesse...


 Al Capone foi um "homem de negócios" que nos meados do século passado montou uma indústria do crime ligado às apostas, agiotagem, prostituição e, principalmente, comércio e contrabando de bebidas durante a era da Lei Seca. Apesar do infindável rol de crimes, incluindo assassinatos, conseguiu escapar à justiça americana devido a uma intrincada teia de corrupção, com homens de mão espalhados pelo poder e autoridades policiais. Acabou por ser condenado por crimes menores, mais concretamente por fuga ao fisco.

Se o famoso gangster soubesse teria estabelecido a sua actividade em Portugal e ainda hoje seria provavelmente lembrado como um grande homem de negócios, um empreendedor.  Estaria provavelmente a dar lições a secretários de estado, que se desfariam em elogios.  Alegademente ter-lhe-ia bastado delegar numa empresa de advogados especialistas em direito fiscal para se relacionar com a Autoridade Tributária e subcontratar a uma entidade externa a agiotagem, a eliminação física da concorrência e o contrabando. À luz do despacho de acusação de Cesar Boaventura, e tal como aconteceu já com Paulo Gonçalves pelos vistos o facto de não se pertencer à estrutura da SAD funciona como salvo conduto para escapar à acusação. 

Vale a verdade que, pelo que se conhece do despacho do Ministério Público, a investigação ficou pela rama e pouco há de consistente e terá o mesmo destino que outros processos do género: a reciclagem de papel. Também, tal como aconteceu com o Apito Dourado, e todos os outros "casinhos" como as viagens dos manos Calheiros, etc, não se usou a máxima obrigatória nas investigações dos crimes deste género: "follow the money". Quem financiou César Boaventura? 

Entretanto as autoridades desportivas, à semelhança do que aconteceu com o Apito Dourado, assobiam para o lado. O problema é assobiarem o João Mário. 

Relativamente ao Benfica não se conhecem reacções. O mais estranho é o actual presidente ter sido à época vice-presidente e também não saber de nada. Nem do Paulo Gonçalves sequer com quem se cruzou anos a fio. Provavelmente o papel que lhe era atribuído era meramente protocolar e decorativo, como qualquer mero reposteiro obrigatoriamente encarnado nas salas onde Filipe Vieira urdia estratégias com Paulo Gonçalves, distribuiriam vouchers, convites, bilhetes  e falava ao telefone com César Boaventura.

1 comentário:

  1. Plenamente de acordo. Parabéns pela visão.
    O muito em voga "follow the money" esclareceria muita coisa....
    Podiam começar pelo dinheiro depositado em contas de árbitros e outro encontrado em malas...de carro ou não.
    Muita coisa seria esclarecida. Mas a Justiça parece que não quer. Ou certos Juízes ao serviço da mesma.
    Follow the money...Go, go, go...

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