quinta-feira, 2 de março de 2023

Relatório & Contas: as boas contas e a inflação


Na generalidade as contas semestrais apresentadas esta semana revelam boas contas. Ter boas contas é fulcral para a actividade desportiva que a SAD gere e deve por isso ser devidamente salientado. O lucro é necessário para o equilíbrio financeiro, nomeadamente para a obtenção de uma tesouraria saudável e controlo do deficit. É igualmente importante para o reinvestimento no plantel, uma vez que ele decorre essencialmente das "vendas de activos", expressão que significa perder os melhores jogadores. Não sendo essas perdas compensadas a equipa perde competitividade.

Infelizmente foi isso que ficou registado quando a janela de mercado fechou e que se vê na prestação da equipa. Faltando ainda quase metade da época, os objectivos ainda disponíveis não são de conquista, mas apenas de mera salvação da época. O terceiro lugar na Liga, ainda difícil e distante, não funcionará mais do que uma exígua tábua de salvação desportiva e incerta boia financeira, uma vez que a Liga dos Campeões fica condicionada a um apuramento sempre muito complicado.

Mas o Sporting não gastou pouco, como se pode ver abaixo. Não gastou foi bem. As saídas de Palhinha e Matheus Nunes eram praticamente inevitáveis, mas não foram acauteladas e ainda hoje não estão supridas. Mas não foi por falta de dinheiro, mas sim de acerto. O triunvirato Varandas-Viana-Amorim, que tão bem funcionou nas duas épocas anteriores, ficou desta feita aquém na sua prestação. Sem dúvida que grande parte dos bons resultados deste exercício beneficiaram do seu acerto, sem prejuízo do merecido elogio que Zenha é indubitavelmente merecedor em áreas da sua exclusiva competência (VMOCS, p.ex.)

 Ou seja, não fomos felizes na identificação das necessidades nem na escolhas feitas. Se a saída de Matheus Nunes dificilmente poderia ser acautelada pelo momento que ocorreu, a de Palhinha foi um equívoco que se pagou caro. Ao contrário da generalidade das opiniões, creio que foi a saída que mais pontos nos custou. Por outro lado a eterna rábula do ponta-de-lança é difícil de compreender quando  se gastam os valores acima descritos. Olhando para o quadro abaixo e a realidade actual, fica-se com a sensação que se gastou no farelo para se poupar na farinha.

Da lista acima, e atendendo ao rendimento, só Morita se veio a revelar uma boa escolha, uma vez que Ugarte já constava do plantel do ano transacto. Sem querer antecipar o futuro, o que resulta da presente época é que os bons resultados indiscutíveis que este relatório e contas revelam dificilmente poderão ser mantidos num futuro próximo em resultado da má época desportiva, que não projectou valores que atraiam o mercado capaz de "abrir os cordões à bolsa". Talvez a venda de Porro, ainda por registar, seja suficiente. Mas a margem de erro ficou consideravelmente reduzida.

Mal comparado, estes resultados assemelham-se aos 6,7% de crescimento alcançados pela economia portuguesa no ano passado. Um valor considerável, se atendermos ao que é habitual, mas que não se reflecte na bolsa dos portugueses, porque a inflacção lhes come directamente nas carteiras. 

Os resultados desportivos são a nossa inflacção. Mas não só. O estádio e o pavilhão vazios também o são. O desmembramento da bancada sul, o comportamento cego da Juventude Leonina e o silêncio de quem deveria liderar e tudo isto assiste sem apontar uma saída.

As contas são boas mas o clube não está. Se não está doente pelo menos está triste. E isso não agura nada de bom.

2 comentários:

  1. Muito bem. É uma pena que a equipa do Varandas ande a dormir na forma. Não se percebe.

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  2. As contas são boas. O Ugarte não fez esquecer o Palhinha porque o Companheiro do lado (que rodou e rodou e rodou) também não ajudou. Mas o problema não foi aqui, foi atrás, foi numa defesa que falhou demasiadas vezes, numa ideia de jogo onde um S.Juste era fulcral mas raramente esteve
    Falhou, igualmente, a dupla Amorim/Viana (se houve contratações é pprque o CD disponibilizou dinheiro, não se pode assacar culpas ao CD quando foi um dos abos com maior investimento).
    Finalmente, falhou o CD na não promoção do jogo, na não cativação dos adeptos, na escolha errada da "zona especial", no não dsr alternativas à não reutilização das GB's.
    Mas sobretudo falharam os adeptos por falta de comparência. E muita. Se o Sporting não nos une, nada nos poderá unir.
    Retiro a JL da equação, não faz falta ao Sporting e tem de se preparar futuro sem a JL (não sem as claques, mas sim sem a JL). Comportamento inaceitável, intolerável, execrável e contra tudo o que são os valores do Sportinguismo. Esta JL não tem lugar no Sporting.
    SL

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