segunda-feira, 29 de maio de 2023

Até que enfim!

 Chegou finalmente a hora em que o pano correu sobre esta fatídica edição da Liga 22/23. E se esta Liga começou torta para o Sporting, com o desestabilizador processo de saída de Matheus Nunes a agudizar o entortamento, nunca mais chegou a endireitar. Muito cedo e de forma paulatina fomos saindo de mansinho de todas as competições. A prestigiante eliminação do Arsenal em sua própria casa foi uma pequena aspirina para uma doença que se foi manifestando como crónica no decorrer da época.
 
É comum, nestas alturas, pensar que está tudo mal - ou até verbalizá-lo  -e que é  preciso mais uma revolução, rasgando tudo para começar a escrever um novo guião. Não é contudo essa a minha opinião. O Sporting precisa de encontrar a regularidade perdida que exibiu nas duas épocas que antecederam a presente. 

Para tal tem de:

1- Começar por recuperar a segurança defensiva que o número de golos sofridos, mais perto do nível de uma equipa da metade inferior da tabela do que um aspirante ao título demonstra ter perdido. A forma como o Sporting sofreu golos retirou-lhe quase sempre a segurança para executar ao melhor nível que, aqui e ali, exibiu até ante adversários mais fortes.

2- Mudar a postura com que enfrenta as equipas com menor pretensões e, normalmente, com menor possibilidades. Não é apenas uma mera mudança de "atitude" com que, forma genérica, os adeptos pedem sempre que a equipa encontra dificuldades em contornar as dificuldades que os blocos baixos foram colocando ao longo do campeonato. 

Como já anteriormente aqui havia dito, o Sporting domina os adversários, mas muitas vezes esse domínio não é traduzido em lances passíveis de criar lances de golo. Por outras vezes, quando consegue estabelecer esse domínio e materializá-lo em oportunidades, é demasiado perdulário, acabando por se expor ao perigo e. como muitas vezes sucedeu, a amargos dissabores. 

Este é um trabalho da área exclusiva da equipa técnica. Amorim precisa de rever a forma como a equipa se propõe desconstruir os adversários. Na maior parte das vezes o Sporting é demasiado previsível, limitando-se a procurar criar apenas largura, partindo daí para cruzamentos para a área e abdicando da progressão pelo centro do terreno que, sendo indiscutivelmente mais árdua, é a que proporciona mais sucesso. Não vou revisitar a questão do ponta-de-lança por esta ser óbvia.

Para resolver estes dois problemas o Sporting, tal como dizia acima, não precisa de fazer uma revolução no plantel. Precisa de olhar para trás para o tempo em que foi feliz e perceber porque se afastou desse plano. Quando Amorim diz que somos hoje melhores do que éramos quando fomos campeões reconhece-lhe razão se a análise for relativa ao plantel à disposição. 

Contudo as características dos jogadores também se alteraram e se há uma que me pareça mais facilmente identificável é a fome de vencer. Não basta ser muito bom tecnicamente, é preciso encarar os jogos SEMPRE como se fosse o primeiro e o último desde o primeiro minuto e reconhecer com humildade que os adversários também jogam. Esse foi o espírito do último titulo. E, sendo um trabalho de ordem mental que todo o grupo de trabalho tem de efectuar, ninguém se pode substituir nessa tarefa aos actores principais: os jogadores quando estão em campo.

Quando se fala muito da indispensável procura de reforços na época defeso que agora se inaugura, este aspecto - a ambição por coleccionar títulos, a fome de vencer - tem de estar nos primeiros itens da lista de atributos dos jogadores a procurar. Neste âmbito a saída aparentemente certa de Ugarte torna esta questão da ida ao mercado para o substituir ainda mais importante.

2 comentários:

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