segunda-feira, 2 de outubro de 2023

O regresso à liderança foi um parto difícil


O regresso ao lugar de comandante foi um parto difícil e não poderia ser de outra forma, uma vez que a respectiva gestação levou quase três anos. Assim é esta que é a nota mais importante a retirar do jogo de Faro: o Sporting voltou a assumir o comando do campeonato nacional, algo que não acontecia desde há quase três anos, quando voltou a ser campeão. 
 
A outra, que deveria estar presente na cabeça de todos, jogadores, técnicos, etc, mas também adeptos, é que nada nos será oferecido e tudo terá que ser conquistado e que qualquer facilidade concedida poderá ser uma oportunidade desperdiçada. Por outro lado o Sporting não joga sozinho e por vezes os adversários também se superam e têm mérito que deve ser reconhecido.

Passadas quase quarenta e oito horas sobre o encontro ainda é com alguma perplexidade que olho para a sucessão de acontecimentos que quase redundou numa traumática perda de pontos, ante as circunstâncias.

A primeira explicação parece-me estar num fenómeno estatístico raro e com várias componentes: O Sporting vai já com três (!) livres directos sofridos e Matheus Oliveira faz dois dessa forma no mesmo jogo, algo que, não sendo inédito, é tão raro que não se verificava há trinta anos. 

Este “acidente”, para o qual não há um outro antídoto que não seja marcar mais que o adversário, só vem confirmar que querer controlar um jogo de futebol é também acreditar na sorte e descrer no azar. O Farense conseguiu desconstruir o conceito jogando ainda por cima com menos um jogador. 

A segunda explicação está na desinspiração geral, em particular do meio-campo, mas também de toda a equipa, ao não conseguir tendo mais bola entregá-la jogável. O recurso ao expediente mais ao pé, o cruzabol, exercido sobretudo pelo lado esquerdo (Nuno Santos sobretudo, mas também Matheus Reis) na segunda parte e quase sempre sem grande acerto ou paciência, criou apenas uma oportunidade, numa cabeçada de Paulinho. Do lado direito a ineficácia de Esgaio e depois de Catamo foi evidente. Não por acaso o penalty (muito duvidoso, sim, mas iguais a muitos outros da nossa LIGA) surgiu de uma incursão de bola chão pelo Edwards.

A terceira explicação, e que tem a ver com o facto tão falado de não conseguir controlar um jogo em superioridade numérica, está na exiguidade do relvado. Não apenas nas dimensões, mas também na proximidade das vedações, o que condiciona os jogadores. Num campo pequeno é “mais fácil” jogar em inferioridade numérica e aí José Mota e os seus jogadores estiveram muito bem, fechando estoicamente qualquer progressão pelo centro, obrigado a carrilar o jogo pelas laterais, onde os cruzamentos ganharam sobre as tentativas de progredir com triangulações e combinações associativas.

Sobre a arbitragem, pode-se dizer que foi uma arbitragem a Godinho. Desta feita não nos podemos queixar, embora também tenha havido lances mal ajuizados em nosso desfavor. O mais determinante de todos terá sido o perdão do segundo amarelo a Hjulmand, que terá de controlar melhor os seus impulsos. Igualaria numericamente as equipas e, face ao que foi o jogo, poderia ter sido decisivo. A falta que dá origem ao segundo golo do Farense é uma anedota. O penalty que dá o golo é duvidoso, mas nos dois sentidos. Contudo há um lance bem mais claro sobre Edwards que não mereceu sanção adequada.

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