segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

O presidente que também emigrou


Pedro Proença foi recentemente nomeado para a presidência das Ligas Europeias e depressa a noticia foi-nos oferecida como mais um feito do futebol português que ao mesmo trará enormes dividendos. Até poderá ser mas não vejo como. Fosse a nossa liga forte, saudável e bem estruturada poderíamos entender que a presença de Pedro Proença naquele cargo como uma possibilidade de influenciar decisões que esbatessem o cada vez maior fosso entre as maiores ligas (sobretudo a inglesa e talvez a espanhola, apesar das assimetrias) e as cada vez mais periféricas como a nossa.

Mas não é assim, infelizmente. A Liga portuguesa a que Proença preside é cada vez menos atractiva para os seus principais alvos, aqueles que a podem alimentar: os adeptos. Isso é o que se pode ver na generalidade dos estádios. Alguns desses locais mal merecem até a designação. As polémicas crescem na inversa proporção da credibilidade que os adeptos depositam no que vêm nos campos. E não só as decisões dos àrbitros que suscitam dúvidas, as da justiça desportiva demoram tanto que transitam de época para época, anulando por isso a ideia de verdadeira justiça.

Os clubes nacionais, os três grandes em particular, estão cada vez mais longe dos melhores europeus, sendo-lhes impossível reter o talento gerado ou o adicionado pelo incessante scouting por razões de sobrevivência. A nosso Liga perde paulatinamente o interesse que já despertou a nível externo, como se depreende pelo abandono das cadeias televisivas especializadas. A posição dos clubes portugueses no ranking europeu desce em contra-ciclo com a dsitinção que Pedro Proença lhes vende. 

Pedro Proença abraça uma nova causa, deixando não só quase tudo por fazer e ainda pior do que encontrou. Ao invés de se concentrar na dificil tarefa que tem em mãos, opta por se dispersar. Terá agora menos tempo e não se vislumbra o que o novo cargo possa trazer de bom para o colectivo do futebol nacional, mas advinha-se o que isso possa significar nas viagens e ajudas de custo para o próprio. E estranha-se a decisão, porque se esta se baseia no mérito do trabalho efectuado nos oito anos de presidência é difícil recolher, mesmo num critério amplo e favorável, fundadas razões para a escolha.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.

Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.

A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.

Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.

Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.

Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.