sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O Sporting tem estofo para ser campeão?


Para responder a esta pergunta do titulo do post é preciso primeiro definir o que é "falta de estofo". Rúben Amorim entende que o Sporting tem mais estofo agora do que quando foi campeão. Foi o que ele respondeu, quando no passado dia três o confrontaram com o facto do Sporting não conseguir ganhar às equipas consideradas mais fortes ou rivais:

"Estamos mais preparados agora para esses jogos do que no primeiro ano, onde não perdemos nenhum, mas nem de perto, nem de longe estávamos melhor preparados. Há coisas que não se explicam. Acredito sempre que podemos ganhar, olho para esta equipa e temos muito mais estofo agora. É muito claro, mas as pessoas olham muito para os resultados, cabe-me a mim não olhar apenas para isso".

Apesar da convicção de Amorim, a verdade é que os resultados recentes, como foi apontado acima, deixam no ar a interrogação. E esta faz ainda mais sentido quando olhamos para os pormenores: no total dos vinte e 22 realizados este ano, no total das competições, sofreu 24 golos, o que dá uma média superior a um golo por jogo. Essa média mantém-se na Liga, com 15 golos sofridos nos 13 jogos até agora disputados. O FCP tem 9 golos sofridos e o SLB tem 10. 

No ano em que o Sporting foi campeão sofreu 20 golos no total das 34 jornadas. No ano seguinte, em que ficamos em segundo lugar, sofremos 23 golos e o campeão (FCP) sofreu 22. Na época transacta o Sporting ficou em quarto lugar e foi a pior das quatro equipas, como 30 golos sofridos, valor a que chegará se mantiver a média actual. O campeão (SLB) sofreu  20 golos e o segundo 22. 

Olhando para a qualidade individual ressalta à vista que as opções de Amorim melhoraram consideravelmente em termos individuais no centro da defesa contudo, nas laterais, o caso é bem diferente. E como o futebol é uma modalidade colectiva e a defesa começa idealmente logo no momento em que se perde a bola, é bem claro que as substituições de Porro, Mendes, Palhinha e depois Ugarte não foram ainda bem colmatadas. 

Sendo verdade que Hjulmand tem estado bem, não tem ainda nem concorrência nem substituição à altura e sempre que sai perde-se coesão e a resposta necessária nas recuperações defensivas nem sempre sucedem como seria necessário. Morita vem fazendo uma época regular mas Daniel Bragança, vindo de um longo período de lesão, não tem conseguido oferecer continuidade na sua aposta por falta de sorte na lesão que o obrigou a parar recentemente. Será provavelmente nestes dois sectores - defesa e meio-campo - que o Sporting jogará alguma(s) carta(s) no mercado de inverno e muito do seu sucesso no presente campeonato.

O elefante na sala tem sido Adán, peça fundamental no titulo, mas que nas duas ultimas épocas tem primado pela irregularidade, cometendo erros de avaliação e até de concentração estranhos para um guarda-redes de clube grande. Nesse sentido o jogo de Guimarães é uma ilustração desta afirmação. O terceiro golo é perfeitamente evitável, mas acaba por evitar o 4-2, num 1x1 de grau de dificuldade elevado. E quem viu o jogo do FCP semanas antes no mesmo estádio percebeu que foi Diogo Costa quem evitou que no fim da primeira parte a sua equipa não descesse aos balneário com vários  golos na baliza, tornando a questão do "guarda-redes de grande" ainda mais mediática.

A máxima Phill Jackson “Os ataques ganham jogos, as defesas ganham campeonatos” nem sempre se aplicará, mas tem maioritariamente correspondência na atribuição do titulo de campeão em qualquer Liga. A questão do estofo de campeão passará muito por aqui: pela forma como o Sporting consiga consolidar o seu processo defensivo.

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