domingo, 27 de setembro de 2009

Por dentro do clássico

Começo por dizer que não sou “deste tempo”. Clássico para mim é entrar cedo, sentir o ambiente, ver o aquecimento, adivinhar na cara dos protagonistas a disposição para o jogo. Hoje entra-se no estádio pelo apito inicial, perdeu-se o ambiente electrizante que se vivia, quando muitas vezes uma hora antes já os estádios estavam lotados. Esta “comodidade asséptica” não me seduz. Por isso, mais una vez, entrei com antecedência mas o estádio só se compôs pelo inicio do jogo.

Sou um admirador das claques do meu clube e é no meio delas que gosto de ver os jogos, especialmente como os de ontem. E se estivemos bem representados foi ontem. É uma lição ver como nunca param de apoiar a equipa, sem prejuízo do juízo crítico que fazem do jogo. Por exemplo, no momento da substituição de Postiga, dos jogadores mais criticados durante a partida, todas as claques gritaram "Hélder Postiga" perante a assobiadela monumental com que foi presenteado pelos andrades. Não posso porém de deixar passar sem reparo momentos que não me parecem ser “à Sporting”. P.ex.: cantar com os superdragões “slb, slb…” quando o speaker anunciou a conquista da supertaça de hóquei em patins sobre os do Colombo. Ou o “cheira bem, cheira a Lisboa…”, “povo de merda” ou em “cada tripeiro…”. Percebo algum do folclore associado a estes dizeres, mas parece-me que isto é cair na “cantiga do bandido”, uma vez que o Sporting é um clube de implantação nacional, ao contrário dos que apostaram num discurso falsamente regionalista, dividindo para reinar. Lembro-me perfeitamente que uma das manobras usuais em Pinto da Costa era contratar jogadores a equipas em véspera de jogos, com objectivos claros de os enfraquecer, fosse ao Braga, Guimarães, etc, não se preocupando mais do que com o seu Norte: o que fica entre o Douro e o Leça. Os portistas são muito menos que os tripeiros e no Norte há muito mais que apenas andrades.

Já quase tudo foi dito sobre o jogo. Se espremermos a emoção sempre presente num clássico, exponenciada pela incerteza que um golo solitário provoca, o jogo foi marcado pela genérica fraca qualidade das intervenções e decisões. O Sporting nunca esteve em igualdade de circunstâncias com o adversário. Antes do minuto inicial aceitou candidamente uma nomeação inaceitável. Alguém acha que isto seria tolerado impunemente noutro clube que não o nosso? Após o apito inicial ficamos a perder em toda a linha, e sofrer apenas um golo foi um mal menor. PB mais uma vez, como em tantos outros exemplos, prefere afirmar as suas opções pela teimosia, de forma negativa para jogador/equipa/clube a dar o braço a torcer. Polga nunca devia ter começado o jogo. Mas o problema de sofrer 10 golos de cabeça esta época não tem apenas a ver com o brasileiro, com a altura da defesa, mas sim com a anarquia que se vê na hora de defender: nem marcação à zona, nem ao homem, um dia destes sofremos um golo de um jogador sentado. E se sente que há muitos jogadores cujo potencial é desaproveitado Matias é a maior evidência. Volta Romagnoli, as minhas desculpas. Nada a dizer da entrega ao jogo dos jogadores, mas ficou no ar que perdemos uma boa oportunidade de vencer um adversário em crise de confiança ditada por duas derrotas consecutivas.

Mas os clássicos são também os artistas. Patrício e Veloso foram os melhores. Mais uma vez foi a cantera a assumir as responsabilidades que caberiam a outros. A velocidade de Djaló fez falta, sobretudo enquanto estivemos em igualdade numérica e sem asa esquerda, pela colocação de Vuk a segurar Pereira do lado contrário. Belushi o melhor dos azuis.

A arbitragem teve o seu momento definidor quando não expulsou Meireles. Percebeu-se que vinha aí mais uma peitada, desta vez em forma de apito.

A frase:
"A Comunicação Social comentou esta nomeação, o FC Porto também, mas o Sporting não o fez. Se calhar devia tê-lo feito. Se calhar vamos ser condecorados com o Prémio Nobel da Paz. O Sporting é demasiado simpático e depois pagam os jogadores e o treinador." Paulo Bento.

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