segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Finalmente o regresso à normalidade?

Foto MaisFutebol
A dada altura da segunda parte do jogo com o Vitória de Setúbal vimos Onyewu fazer, ( que dizem que nunca será mito famoso com os pés e também já o haviam condenado por não ser rápido…),  por mais do que uma vez, simulações contornando os adversários e saindo a jogar. Não pude deixar de pensar que esta era um tipo de aventura que dificilmente veríamos o americano enveredar nos jogos anteriores. Sendo exactamente o mesmo jogador a diferença estava no momento da equipa e no ambiente que o rodeava. As vitórias recentes tiveram o condão de distender e relaxar os espíritos, voltando alguma normalidade a Alvalade. Isso sentiu-se no relvado e sentiu-se nas bancadas.

O exemplo dado não é à toa. Onyewu será dos jogadores menos dotados tecnicamente e dele não se esperam grandes flores. Mas até ele, sem a pressão excessiva dos jogos anteriores, consegue render o que está ao seu alcance e, em determinados momentos até superar-se. Este último jogo acaba por ser um marco: a  equipa precisava de fazer uma afirmação de categoria e demonstrar aos adeptos que podiam contar com ela, anulando uma divida que estava pendente e vinha engordando.

Mas é bom lembrar que de definitivo ficaram apenas os três pontos conquistados e uma boa exibição mas que pouco conta para os difíceis jogos como serão os de  quinta-feira e domingo, por exemplo, e todos os outros. O jogo de sábado foi o jogo em que a equipa puxou pelo público, vai haver jogos em que terá que ser ao contrário, pondo fim a um ambiente mórbido e agoirento que se instalou há muito tempo em Alvalade e que escorria como uma doença contagiosa da bancada até ao relvado. Essa é uma normalidade que urge reinstalar para que a nossa casa volte a ser temida pelos adversários e para que os jogadores possam pôr a render o seu talento. Essa é uma tarefa que cabe apenas aos sócios e adeptos que se deslocam a Alvalade e que não pode ser deliberada nem instituída por nenhuma direcção.

Da euforia à depressão auto-destrutiva é uma passagem volátil que realizamos no passado vezes sem conta. São muitos os factores que para isso contribuem, desde as características que o fenómeno futebolístico encerra, suscitando a paixão exacerbada, até às que são fomentadas externamente, seja de (i) forma involuntária ou mesmo (ii) dolosa.

Nos segundos enquadro alguns comentários ouvidos e testemunhados por terceiros sobre Rui Patrício.Não é apenas o Sporting que está em causa mas também a luta pela baliza da selecção nacional.

Volto ao assunto, e disso peço desde já desculpa aos leitores assíduos, porque no rol onde se incluem as asneiras do próprio continuo a ver, de forma que considero tudo menos inocente, as dos árbitros, como foi o caso de Paços de Ferreira. Ou até as que tem responsabilidades partilhadas, como foi o caso da bola dominada com a mão por João Silva. É certo que resulta de uma displicência imperdoável do nosso guarda-redes, mas é também impossível que os 2 pares de olhos de árbitro e auxiliar não tenham visto o jogo de braço do ponta-de-lança setubalense.

Nos primeiros incluo a imprensa pela forma meramente contabilística ou de registo estatístico a puxar o sensacionalismo no qual caem como moscas no mel muitos Sportinguistas.

Os mesmos que se estarreciam há 2 semanas com a possibilidade de o Sporting registar o pior inicio de campeonato do século, que tantas dúvidas tinham na contratação de um jogador que ainda não tinha jogado, Wolfswinkel, são os mesmos que agora já o comparam  a Jardel, Jordão, Acosta ou até Liedson. Que os jornalistas o façam para vender papel até poder ser aceitável, a vida está difícil para todos. Mas fazer a vida difícil o jovem ponta-de-lança holandês que só agora desponta, colocando-lhe em cima dos ombros o lastro de nomes que têm já assegurada a imortalidade história do clube é irresponsável e contraproducente. Depressa chegará a altura que os treinadores e defesas adversários conheçam melhor o jogador e lhe criem mais dificuldades.

Acresce ainda que as comparações são redutoras. Deixemos Ricky ser apenas Wolswinkel, na certeza de que se continuar a marcar golos em todos os jogos vai-nos ajudar a chegar longe mas para o ano estará a milhas de Alvalade. Esta é também a normalidade do futebol de que o Sportng precisa – valorizar os seus jogadores para que se possa renovar – e que foi num sentido mais lato de todo o clube aqui abordada pelo meu amigo Bruno Martins e cuja leitura recomendo.

2 comentários:

  1. "É certo que resulta de uma displicência imperdoável do nosso guarda-redes..."

    Um pouco, mas para mim resulta mais do atraso mal feito do Rodriguez.


    "mas é também impossível que os 2 pares de olhos de árbitro e auxiliar não tenham visto o jogo de braço do ponta-de-lança setubalense."

    E eu tenho esperança que o Eduardo Barroso não deixe passar isso hoje à noite. Estamos tão mal representados nos programas desportivos que o cirurgião ainda é o unico que me vai dando alegrias (mas não muitas porque por vezes diz com cada uma...).

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  2. "O jogo de sábado foi o jogo em que a equipa puxou pelo público, vai haver jogos em que terá que ser ao contrário..."

    Realço esta passagem porque agora, depois do jogo de sábado, é fácil apoiar. Qd td corre bem e depressa é fácil... Difícil é apoiar qd as coisas se complicam. Veremos se saberemos apoiar nesses momentos como o fizemos na passada jornada. Dizia-se que teria que ser a equipa a puxar pelo público, pois bem, mesmo não concordando com essa 'teoria invertida', esse primeiro passo foi dado. Os nossos rapazes puxaram por nós e, verdade seja dita, nós correspondemos. Agora sabemos que eles são capazes e têm qualidade, por isso, qd as coisas correrem menos bem (e vão correr) saibamos nós puxar por eles e ajudar a fazer com que eles correspondam...

    Abraço, LdA.

    PELO SCP, SEMPRE!

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