terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Rui Fonte e Diogo Rosado, breve reflexão sobre a formação

É com pena que hoje olho para as primeiras páginas dos jornais e constato os possíveis ingressos de jogadores formados pelo Sporting no "outro lado" da segunda circular. E julgo que esse sentimento é partilhado pela generalidade dos Sportinguistas. Por essa razão acabei por substituir o post de hoje, cujo tema pode ser abordado em qualquer outra altura.

Diogo Rosado era tido como um dos mais talentosos jogadores da sua geração e o seu grande golo nos últimos minutos do último jogo com FCP, que acabaria por decidir um campeonato, parecia abrir-lhe as portas para a afirmação no futebol profissional.


Os empréstimos sucessivos pouco cuidados - lembro-me o empréstimo ao Penafiel, onde estava tapado por Michel, hoje no SLB, via Paços de Ferreira - e a fama deixada em Penafiel e Vila da Feira de profissional diletante parecem estar na raiz do adiamento da sua afirmação. 

Como se costuma dizer "se um não quer dois não dançam" e sem a atitude adequada é muito difícil  que Rosado dê e receba do futebol tudo o que está ao seu alcance e que não é pouco. Mas casos como o dele parecem-me requerer um maior cuidado ou pelo menos uma abordagem diferente que o Sporting não tem sabido dar ou pelo menos não tem sido muito feliz. Era bom para o futebol que casos como o Fábio Paim não fossem mais do que dolorosas excepções.

Rui Fonte ainda sem completar a formação já tinha passado pelo Arsenal de Wenger, emprestado ao Cristal Palace. No seu curto regresso ao Sporting foi emprestado ao Setúbal e acabaria por sair para o Espanhol de Barcelona de onde sai também sem conhecer mais do que alguns minutos pela equipa principal. Ao contrário de Rosado, não é a sua atitude profissional a obstar à afirmação mas, parece-me, são as suas características físicas que obstam a uma afirmação plena. Rui Fonte vive um momento de transição em que ainda é um miúdo - é-o de facto pelo seu 1,80 e pouco peso - à frente de defesas que lhe devem parecer mastodônticas.

Nem um nem outro poderiam acrescentar nada ao que o Sporting já dispõe na sua equipa sénior e já devem ter vencimentos que fazem deles pouco aconselháveis para um projecto como a equipa B, num momento de contenção. Mas atendendo ao seu trajecto na formação, onde acumularam internacionalizações, é forçoso acreditar que, sabendo superar aquele que é talvez o momento mais difícil na carreira de um profissional de futebol - só superado pelas lesões - que voltem a ser dos melhores entre os melhores.

Podíamos também falar de Baldé. Não porque o ache capaz de disputar um lugar na equipa principal, e isso ficou bem patente no último jogo, mas cuja dispensa para Guimarães me pareceu precipitada, tendo em conta o seu percurso, a sua idade e as possibilidades de evolução.

Obviamente que um clube como o Sporting, que todos os anos vê chegar a seniores praticamente uma equipa de futebol, não consegue segurar todos os jogadores, mesmo possuindo já uma equipa B. Mas, e precisamente por essa razão, de ser um clube formador, que deveria assumir a construção de um projecto onde as malhas fossem ainda mais estreitas. Se é natural perder o rasto a um jogador como Ricardo, que vimos jogar pelo Guimarães este fim-de-semana, já deixar sair jogadores com o passado prometedor de Rosado e Fonte deve merecer interrogação e reflexão.

Obviamente que não podemos ficar com todos os jogadores. Clubes como Barcelona e Real Madrid, tendo sentido os mesmos problemas, já usaram soluções como a da cláusula de recompra, como a que detêm sobre Jeffren e Rodrigo, respectivamente. O que mesmo assim não pôs o Barcelona "a salvo" de desembolsar 17 milhões para recuperar o seu ex-formando Jordi Alba. 

Fonte e Rosado são jogadores pré-equipa B. A criação deste patamar à saída da formação ajudará com certeza a evitar situações semelhantes, assim se o saiba gerir bem. Nessas contas entram também em jogo expectativas dos adeptos que, mais do que resultados imediatos e  títulos neste escalão, devem olhar para o crescimento dos jogadores com esperança e o carinho indispensável.

15 comentários:

  1. Rui Fonte já teve bastantes hipoteses para se afirmar em clubes sem grande pressão e nunca o conseguiu, pode ser que consiga daqui a uns tempos, mas a minha opinião é que nunca será um jogador para um grande.

    Rosado tinha tudo para ser grande, mas apanhou uma doença chamada FabioPaimzice e nunca mais se recompôs. Rosado, provavelmente irá para a equipa B do Benfas e dará algum espetaculo em alguns jogos, mas não creio que passe disso.

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  2. LdA, um dos problemas com que o Sporting e a sua formação tem de lutar ao contrário dos seus adversários é aquilo a que chamo "Sindrome da última Coca-Cola do deserto".

    Qualquer puto que se destaque nos juvenis, já nem falo dos juniores A, tem de imediato uma pressão imediata dos média e nossa, adeptos do Sporting, de vir a ser o salvador e próximo melhor do mundo!

    Quem é que conhece por memória, sem recorrer à internet o nome de algum jogador do nosso adversário no jogo que colocas em imagem, ou do outro grande nessa mesma fase final, poucos certamente. Mas se formos ver, dessa equipa no último jogo jogaram em Alvalade com a nossa camisola, Pedro Mendes e Adrien, estando ainda no plantel A André Martins, André Santos anda pela galiza e Golas pela baliza da equipa B.

    Marco Morais jogou pelo Vitória, Diogo Amado (outra das coca-colas do deserto) jogou pelo Estoril, etc.. Jorge Chula, que jogava na formação do Porto nessa altura e hoje é nosso atleta, jogou pelo Moreirense.

    E volto ao inicio, foi primeira página de jornal a contratação pelo Sporting de Jorge Chula, antigo jogador da formação do Porto?

    Terá este atleta menor potencial que Rui Fonte ou Diogo Rosado? Não sei, mediatismo tem com toda a certeza. E já nem falo do sucesso que a carreira de Diogo Viana está a ter desde que foi para o Olival...

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  3. O Rosado tem potencial para ser muito melhor jogador, por exemplo, que um Viola. Sinceramente e desde há algum tempo não percebo a gestão de carreiras que é feita dos jogadores da nossa formação. Rosado, Baldé ou Marco Matias são apenas dos últimos casos.

    Mesmo pensando no nosso plantel actual o André Martins não se perdeu por um triz, o Adrien foi o que foi (até em Israel jogou), o próprio Pedro Mendes que deverá ser titular no próximo jogo acaba contrato no final desta época, podendo portanto assinar por outro clube a qualquer momento.

    O Sporting têm de longe a melhor matéria prima nacional e gere-a como se fosse um clube rico que se pudesse dar ao luxo de desperdiça-la.

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  4. O Rosado é mau profissional,sempre teve a mania que era uma vedeta destinado á fama e sucesso.Só que se esqueceu que para atingir isso não basta o talento(tem algum mas não é o craque que muitos julgam)é preciso muito trabalho e dedicação.Duas virtudes que nunca as teve.

    Quanto ao Rui Fonte o problema dele não é falta de profissionalismo mas sim talento,nem metade do talento de um Betinho ele tem.

    A única razão para o benfica o ter ido buscar só pode ser para "picar" o Sporting,pois desportivamente não é uma mais valia(só mesmo para a equipa B e mesmo assim).

    Façam proveito,só fica chateado com esta ida quem desconhece este jogador.Ate acho que se esta a dar demasiada importância a um assunto que não merece sinceramente.

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  5. Relativamente ao Rosado, é natural que o queiram. O que o rapaz fez o ano passado na Luz, pelo Feirense, ultrapassa em larga escala de importância o que se diz sobre o seu profissionalismo...

    É pena, gostava de o ver em Alvalade. Mas o Zézinho será concerteza melhor...

    Quanto ao Rui Fonte, tem exactamente a mesma altura que o Rodrigo (SLB) e terá a mesma idade (se não são da mesma geração, o espanhol é no máximo um ano mais velho). Portanto, a razão para a sua não afirmação parece-me muito questionável.

    Eu acompanhei-o um pouco no Espanhol, e esteve melhor do que as estatísticas indicam. Esteve muito bem na Equipa B, sendo depois chamado à equipa principal. Fez alguns jogos de muita qualidade (vários deles, entrou na segunda parte e acrescentou qualidade), mas sofreu um pouco quer com a concorrência interna, quer com alguns problemas do Clube (que, entretanto, já mudou de treinador esta temporada).

    Mais até do que a sua passagem por Inglaterra, deve ter evoluído bastante no Espanhol. Da mesma forma que, por exemplo, o Pedro Mendes evoluiu bastante no Real. O facto de não ter tido um impacto imediato e estrondoso na Liga Espanhola não é, para um miúdo de 20/21 anos, preocupante. A qualidade não se mostra apenas no rendimento, e o André Martins ou o Pedro Mendes mostram isso mesmo.

    Posto isto, tenho também alguma pena de o ver com a camisola do Benfica, da mesma forma que teria se fosse o Saleiro, ou o Yannick (que já a vestiu). Não são prodígios, mas podiam ser jogadores para serem trabalhados e mais tarde lançados. Podiam ser úteis. O Yannick e o Saleiro não conseguiram (factores internos e também externos a eles mesmos), o Rui Fonte não teve essa oportunidade.

    Quanto ao Baldé, felizmente que já cá não está. Se jogasse em qualquer outro lado que não o Guimarães, não só não seria utilizado como, nas raras vezes em que o fosse, teria muito pouco rendimento. Mostra alguma qualidade ali, pela mesma razão que o Edgar era muito bem sucedido naquele clube.

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  6. É TUDO BOM NOS JUNIORES, DEPOIS É QUE SÃO ELAS...

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  7. Jalex,

    Vi várias vezes jogar o Diogo Rosado, não estou a falar do que oiço ou de capas de jornais. E o que digo é, face ao grande potencial que evidenciava (capacidade de decisão, visão de jogo e muita classe) podia ter tido uma oportunidade no plantel principal.

    Agora, não dá é as comissões dos sul americanos que época após época vão chegando a Alvalade...

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  8. Eu acho engracado e' que agora o Sporting e' culpado das mas decisoes de carreira dos jogadores que forma. No caso especifico do Diogo Rosado, em todos os clubes em que foi emprestado nunca foi titular de forma consistente em nenhuma equipa (teem declaracoes do Quim Machado, mas gostava entao de ter a resposta dele a pergunta de entao porque nao o pos mais a jogar).

    Depois o jogador nao quiz renovar porque achava que queria ganhar mais dinheiro e porque queria jogar em Italia e que nao aceitava ir para a equipa B, se calhar porque achave que ja tinha estatuto para mais. Foi para Italia e passado um mes estava recambiado. Foi para o Balckburn, onde o treinador confessou que nem sabia quem ele era e agora, passados seis meses sem jogar vem para o Benfica. Parece-me o que se passa com o rapaz foi que se apanhou com o tao importante "reality check" e se calhar ja desocbriu que nao tem assim tanto estatuto como isso e que uma equipa B ja se adequa ao seu nivel para tentar pela ultima vez salvar a carreira.

    Faz lembrar o Rafael Veloso, que achava que era bom demais para renovar pelo Sporting, e que depois de ser chutado de clube em clube acabou no Belenenses e a implorar que o Sporting nao exigisse a compensacao de formacao (uns loucos 300 mil euros) porque toda a gente se recusava sequer a pagar essa verba.

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  9. E q tal fazermos uma equipa C?... E D?... Melhor pensado: uma equipa para cada letra do abecedário... Assim, já não deixamos escapar nenhum Rosado para um rival nem nenhuma Fonte seca... É preciso é q eles queiram jogar na Z, p.e., pq dinheiro não é problema: há às pazadas para esbanjar...

    O que é q o Diogo Rosado tem feito q mereça evidência? É que sinceramente perdi-lhe o rasto... Se não seve para Penafiel, não serve para o Paços, não serve para o Feirense... No estrangeiro andou às cambalhotas... vai servir ao SCP??? Baaaardo com ele (que é como quem diz ETAR da Luz...). :P

    O Rui Fonte é bom rapaz, dedicado, e tenho seguido mais o seu trajecto. A minha opinião é a de q pode fazer-se um PdL útil... Ainda por cima joga numa posição que escasseia em Portugal. De qlq forma, neste momento é (ainda) uma gde incógnita.

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  10. Virgílio,

    Admito que tenho esta coisa esquisita de preferir um Cédric a um Miguel Lopes, um Diogo Rosado a um Viola ou André Martins a um Pranij.

    Isso do que tem feito que mereça em evidência no futebol tem muito que se diga. O Coentrão também andou emprestado a Rio Ave, Nacional, Saragoça (veio recambiado de Espanha a meio do empréstimo), fama de mau profissional...e depois teve a sorte de ter apanhado um grande treinador.

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  11. Virgílio

    desta vez não estamos de acordo. Olha por onde andou o Adrien e, pior ainda, o André Martins, que o Mota dispensou do Belenenses e foi parar à II B ao Pinhalnovense.

    PM,
    O Coentrão é de facto um bom exemplo da importância definidora de uma carreira que pode ter um treinador. Mas isso não invalida o percurso dele, que revelava uma postura pouco profissional e outras coisas que para aqui nao interessam. Nem todos têm a sorte de encontrar Jesus na vida...

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  12. Podem acrescentar o Pereirinha, mais um a voar.

    Grande gestão desportiva.

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  13. Leão de Alvalade,

    Completamente de acordo. Os jogadores abordados terão também a sua quota-parte de responsabilidade.

    Muito boa a ultima frase do comentário. lol

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  14. PM:

    à excepção do Rosado não me recordo de ter mencionado mais nenhum jogador q referencia. Daí que não saiba se eu tenho, ou não, os mesmos gostos (esquisitos) que você evidencia...

    LdA:

    Veremos o que será do Rosado, então... A gde diferença dele para o Adrien, p. e., é que o o Adrien serviu (e muito) por onde andou. Na Académica, então até títulos ganhou ao... Sporting... Qt à dispensa do André Martins do Belenenses: só confirma o atrasado que é o Mota do boné...

    Abçs

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  15. Os lagartos ficam todos picados qd perdem pseudo estrelas pra luz, mas lá mais para o norte ja os mandam formados e afirmados. e nem piam... da-lhes felicidade prostarem-se frente ao clube pai do norte. pobres de espirito.

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