quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Aquilani para a pré-reforma ou reencontro com o destino?

Por força da Supertaça e dos acontecimentos que a precederam e sucederam não tinha tido oportunidade de me pronunciar sobre a aquisição de Alberto Aquilani. Trata-se de um jogador que desde que surgiu me despertou a atenção e a quem reconheço enormes qualidades. Contudo, estas apenas foram notórias quando surgiu no seu clube de coração, a Roma, perdendo-se em pequenos fogachos desde que começou o seu périplo fora da Cidade Eterna. 

Eleito para substituir Xabi Alonso no Liverpool, então de Benitez, a sua estadia ficou-se por um pálido saldo de dezoito jogos, uns mais cinzentos que outros, e um golo, na Premier League. Não terá ajudado muito o facto de ter chegado lesionado e ter apanhado os vermelhos já sem o fôlego que lhes permitiu arrecadar uma Champions e quase um título no ano que antecedeu a chegada do playmaker italiano.

De empréstimo em empréstimo, entre Juventus e Milão, onde teve duas épocas regulares, voltou a Liverpool para descobrir que já não era aí desejado. Acabou por sair para Florença, por uma pechincha de cinco milhões de euros, muito longe dos dezassete milhões de libras que os ingleses desembolsaram antes.

Fantástico calcanhar para golo de Jovetic
Esteve em Florença os últimos três anos, sendo a sua passagem uma boa representação da sua carreira: promessa à chegada, estagnação e desilusão. Convenhamos que não era fácil a um príncipe romano ser rei onde governaram os Medici e onde a rivalidade entre romanos e viola é profunda e ancestral. Teria que ter feito muito mais para as suas origens serem esquecidas, porém a imagem que deixou entre os adeptos foi de um jogador talentoso mas acomodado e pouco comprometido com o clube. Em tudo semelhante à impressão deixada em Liverpool.

Execução exemplar de livre directo, uma das suas qualidades
São estes insucessos consecutivos que o fazem chegar agora a custo zero ao Sporting. Aquilani foi sempre considerado um jogador de enorme talento mas que, com tempo, criou a imagem de um jogador frágil fisicamente, muito atreito a lesões, - o que em algumas épocas foi um facto - das pequenas lesões, recidivas, até algumas de grande tempo de paragem.

Quando Aquilani rejeita a proposta de renovação da Fiorentina, com corte significativo no vencimento, e escolhe um novo agente para lhe gerir a carreira, imaginava-se como próximo destino a Major Soccer League. Foi para aí que o seu amigo e novo empresário, Andrea d'Amico, já havia levado Giovinco, estimando-se que fosse também o Toronto o destino. Esse é o primeiro bom sinal: se fosse pelo dinheiro ou por uma pré-reforma em tons de dourado, certamente que teria já atravessado o Atlântico.

Mas, (pode até ser uma coincidência a noticia saiu quando este artigo estava já escrito), os mesmos sinais fragilidade estão novamente à vista, quando se diz que ontem não treinou por lesão. Têm sido esses contratempos que têm aprisionado o génio do italiano numa garrafa, de onde só sai para revelar pormenores como algumas das ilustrações deste post documentam.

É isso que tem faltado a Aquilani: consistência e constância. É esta dúvida que torna estranha a sua escolha, quando sabemos hoje as razões que levaram a descartar Kevin Prince Boateng. Ao contrário do que foi dito do ganês, Aquilani não padece de um problema num ponto especifico. As suas lesões consecutivas têm-se manifestado nos tornozelos, joelhos, anca, ligamentos, etc.

Faltará apenas saber o que JJ lhe vai pedir. Pode ser um "8", pode  ser um "10", onde a sua qualidade técnica, imprevisibilidade na colocação da bola, que lhe advém de uma qualidade de passe e visão extraordinárias se farão notar. João Mário e Adrien têm aqui não apenas concorrência mas também mestre. Dificilmente poderá ser um "6" porque, apesar do seu 1,87m, falta-lhe intensidade e capacidade para sofrer na busca permanente da bola. Esperemos que seja pois em Lisboa que Aquilani se reencontre com o destino que há muito lhe augurado: o de um grande jogador.

4 comentários:

  1. Não é do meu agrado, este género de contratações. De forma feral, os atletas em fim de carreira, com excepções pontuais, são menos esforçados e ambiciosos. Tivemos essa experiência com Angulo e Pranjic.
    Até me surpreende que os críticos da contratação destes últimos não se façam ouvir sobre o primeiro.
    Deste modo, nada espero do italiano. Se resultar será uma boa surpresa. O mais provável é ir embora na próxima maré, ou ficar na prateleira a disfrutar do salário.

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  2. 2 semanas parado. Para começar não está nada mal.

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  3. É um jogador de muita qualidade que, tirando a passagem pelo Liverpool, joga sempre com regularidade e que nos últimos 5 anos (em que jogou na Juventus, Milan e Fiorentina), só em 2012/13 baixou dos 30 jogos/época, jogando mesmo assim 27 jogos nessa temporada. Se resultar não será uma surpresa, será o normal...

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  4. tomara nós ao longo dos anos termos tido muitos Aquilanis em vez de Horvaths, Buenos, Kmets, Grimmis, Nalitzis, Kokes, e paro por aqui senão ficava a tarde toda a escrever nomes de péssimos jogadores que vieram para o Sporting.

    Aquilani é um jogador com 31 anos, não é um velho, poderá dar muito com a sua experiencia e qualidade de jogo, aliás, tomara eu que tivesse vindo o Pirlo que com 36 anos continua a ser um jogador fantástico.
    Em itália joga-se até mais tarde no que diz respeito a idade dos jogadores, o Milan foi campeão europeu com a média de idade mais alta de sempre...desde que se seja um bom profissional, o BI não é assim tão importante.

    SL

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