quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Gestão do plantel. Dispensas: cada caso visto como tal

O Sporting conseguiu colocar cinco do seu vasto leque de excedentários, isto já depois de Sarr e Miguel Lopes já terem partido. Fica abaixo uma breve análise a cada um dos casos:

Betinho
Trata-se de um jogador interessante, que revela uma boa relação com o golo, mas cujo valor para o futuro me suscita muitas dúvidas. Estas até se podem prender com a sua juventude e o lugar difícil que ocupa. Daí que veja com alguma perplexidade a sua partida em definitivo e nos termos tornados públicos, desde logo por:

- Estrategicamente é uma decisão altamente questionável, se atendermos a que a Belenenses SAD tem sido uma parceira estratégica de um rival no campo e um acérrimo oponente fora dele. 

- Se existe, não foi referida qualquer cláusula de salvaguarda, pelo que, caso o valor do jogador se confirme, pode jogar em qualquer um dos rivais.

- Esta saída em definitivo contraria a ideia de valor subjacente à recente renovação de contrato e da cláusula de rescisão (60 milhões). A "oferta" ao Belenenses pelo menos cobre os respectivos custos?
Palhinha
Jogador com muito potencial, mas ainda algum caminho a percorrer para aspirar à titularidade. A possibilidade de jogar com frequência e ao mais alto nível em termos domésticos é um excelente desafio para ele, pelo que a decisão parece ser a que melhor defende os interesses das partes. Vai encontrar uma das equipas cujo desempenho mais me impressionou na época transacta, mais ainda se atendermos a que era recém-promovida e à escassez de recursos de um clube pequeno de um agregado populacional muito reduzido.

Rúben Semedo
Algo parecido com o que é dito acima. Estagiará um ano em Setúbal, o que só lhe poderá fazer bem, atendendo a que não teria muitas oportunidades de jogar este ano e a II divisão da equipa B já não lhe oferece o estímulo que precisa. 

Wallyson 
Mais uma decisão muito questionável por ser talvez o jogador com mais claras possibilidades de fazer imediatamente parte do plantel, com ganho para ele e para o clube. A saída para tão longe, e ainda por cima para um clube modesto, parece-me ser apenas vantajosa para a conta bancária do jogador, que seguramente ganhará mais do que emprestado a um clube nacional. Parecer-me-ia mais recomendável:

- Mantê-lo por perto, com empréstimo condicionado a reapreciação em Dezembro. Até porque no meio-campo há indefinições, como a disponibilidade de Aquilani ou a renovação de André Martins.

 - Parece-me também uma decisão extemporânea e temerária, atendendo ao estado de William Carvalho. E se, por exemplo, Adrien se lesiona com o Tondela, como se fecha o meio-campo?

- A cláusula de quinze milhões parece querer desafiar o destino. Muitos ainda hoje se interrogam como foi possível ter vendido parte do passe do William Carvalho a um fundo. Ora se em vez disso tivesse uma cláusula assim onde estaria neste momento? E se Wallysson confirma o valor que muitos lhe reconhecemos, quinze milhões não é uma pechincha?

Heldon
É um bom jogador para o seu actual clube, como havia sido para o Marítimo, sendo muito provável que dê nas vistas aqui e ali. Mas não o era para nós, pelo que o seu empréstimo não surpreende. O que me surpreendeu foi a sua aquisição, nas condições que foi, quando havia miúdos que poderiam ter ganho, e nós com isso, alguns minutos.

Slavchev
Enquanto não se vislumbram as razões da sua aquisição, fica pelo menos a satisfação que percebeu o clube onde está (No site MaisFutebol):

"Os adeptos são incríveis. É por isso que o Sporting é um grande clube."

"Não se pode dizer «Sporting» e «clube pequeno» na mesma frase."
Fica uma dúvida:
Se o jogador revela problemas de adaptação, não seria mais aconselhável tê-lo a jogar no nosso campeonato? Ou fazê-lo retornar ao seu país, onde se revelou cedo, para reganhar confiança?
Duas questões adicionais:
- Com estas dispensas têm a palavra os que o ano passado, em diferentes momentos da época, exigiram a titularidade de alguns destes jogadores.

- Quantos destes jogadores e outros da equipa B estarão em condições de, na(s) próxima(s) época(s), de integrar o plantel principal, de forma a assegurar que "o recurso a jovens criados na formação do Sporting deverá ser uma realidade, à semelhança do que sempre foi tradicional no clube"?

1 comentário:

  1. Relativamente a Betinho, acho que a "venda" nos moldes em que foi não me parece um mau negócio nem tão pouco algo que suscite tantas questões. A única questão pertinente, no meu ponto de vista, é sobre emprestar a um clube que nos últimos anos tem sido parceiro do nosso rival. No entanto, e tendo em atenção o treinador que tem este ano pode ser que tenha algo mudado na estratégia do presidente de Os Belenenses. O valor da clausula já se sabe que é elevado, mas isso são todos os jogadores que assinam. Pode-se questionar o porquê desse valor mas isso é politica (que é questionável mas só assina o contrato quem quer) do clube, e já se viu que essa clausula não é impeditiva de se vender por valores abaixo.
    Acho que 60% de uma futura transferência é uma percentagem interessante e se ele se valorizar é um ganho para ambos. Esta venda também pode ser sinal que Rubio irá manter-se no plantel.

    Relativamente ao Wallyson, para mim é um misto de sentimentos. Existe potencial no jogador mas percebe-se que num meio campo de 2 jogadores ele não terá hipóteses de jogar, o que nesta fase seria bastante mau até porque o prazo de equipa B já acabou, mesmo no ano passado (estas razões são válidas tanto para o Ruben Semedo como para o Palhinha daí que fez-se bem emprestar ambos os jogadores). Pode-se argumentar que deveria ser emprestado a um clube da nossa Liga, ou ter hipótese de retomar o jogador em Janeiro, mas parece-me que isso não seria fácil de alguém aceitar.
    A hipótese Nice, não a considero má até porque é um bom campeonato onde ele tem hipóteses de se valorizar e evoluir como jogador. Questiona-se a opção de compra de 15M€ mas eu admito que possa ter sido uma exigência do Nice, também para se precaver e evitar que aconteça o que aconteceu com o Carlos Eduardo e o valor não poderia ser muito mais elevado até porque falamos de um jogador que ainda só jogou na equipa B.

    Eu acho que estas dispensas reflectem outra coisa que não se verificava o ano passado. Passamos a jogar com menos um elemento no meio campo e mais um no ataque (aumentamos as opções de ataque e diminuímos no meio campo) e contratámos jogadores para as posições chave do meio campo, Aquilani para lugar do João Mário, que é o mesmo lugar do Wallyson (Jorge Jesus não gosta de médios pequenos na posição de trinco e Adrien tem jogado apenas porque William está lesionado e Paulista acabou de chegar) sendo que ainda há Adrien e mesmo o André Martins apesar de ter jogado em posições mais ofensivas, e Paulista para banco de William havendo ainda Adrien. Pelo que é natural que estes jogadores sejam emprestados. O ano passado e vendo a disposição táctica da equipa tínhamos apenas uma reserva para Adrien e João Mário (André Martins) e uma para o William (Rosell) pelo que em certas alturas da época fazia sentido a utilização de Wallyson ou mesmo Gauld como apoio ao Adrien ou João Mário.
    O ano passado tínhamos 5 médios para 3 posições e este ano temos 6 médios (contando com André Martins) para duas posições. E o facto de tanto Ruben Semedo como Wallyson terem sido emprestados é sinal que a recuperação de William pode estar para breve.

    Pode-se questionar se seria preferível ter mantido o Palhinha e o Wallyson e não contratar Aquilani e Paulista. Aí penso que será exigência de Jorge Jesus porque, como ele disse numa entrevista, ele quer ter 25 jogadores e não 11 e presumo que Palhinha precisava de um ano com num maior nível de exigência (será que Paulista tem essa exigência? isso o JJ o dirá mas acredito que tenha sido recomendação dele) para ser "sombra" de Wlliam e Wallyson com tantas opções à frente acabaria por jogar pouco.
    Não acho, como muitos dizem principalmente lampiões, que é falta de aposta na formação. Apenas é dar o passo que faltava a estes jogadores antes de poderem integrar a equipa principal do Sporting (tal como João Mário quando foi para Setúbal, que hoje renovou até 2020 e é peça chave no sistema de Jorge Jesus).

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