quinta-feira, 5 de maio de 2016

Meia dúzia de palavras sobre a recente decepção no andebol

Foi sem surpresa mas com grande mágoa que todos assistimos ontem ao soçobrar da equipa de andebol ante o ABC, no apuramento para a final do nacional do respectivo campeonato.  Sem surpresa porque o que se foi vendo deste conjunto ao longo do campeonato não era digno de grande confiança. 

Nos momentos decisivos de várias partidas vimos a equipa ir deslizando, até acabar por ser presa relativamente fácil dos adversários. O seu principal defeito sempre pareceu residir no facto de não confiar nela mesma e, nessas circunstâncias, não ser digna de nela depositarmos as nossas esperanças. A forma recorrente como sofreu pontos em superioridade numérica é algo para lá do aceitável.

Para o imprescindível escrutínio de responsabilidades diria o seguinte sobre os intervenientes directos:

O clube/os dirigentes - O Sporting fez um esforço notável no sentido de ficar à altura do prestigio granjeado no passado nesta modalidade. Aos poucos foi encostando ao principal dominador, o FCP, tendo ficado a segundos de mudar o curso dos registos mais recentes, no ano passado. Este ano esse esforço foi ainda maior, tendo inclusive recrutado um técnico de renome, o basco Zupo Equisoian. 

Não tenho dúvidas da bondade das intenções e provavelmente também subscreveria a contratação de um técnico com a experiência e o palmarés do espanhol. Mas, no balanço que se seguirá, a pergunta se a continuidade do trabalho de Frederico Santos não deveria ter sido melhor ponderada é incontornável. Isto atendendo ao facto, já mencionado, de termos ficado a escassos segundos de sermos campeões (e da forma que se sabe...) e ainda por cima no pavilhão do adversário. 

Ainda no âmbito dessa análise parece-me também pertinente a forma como se tem usado a arbitragem como desculpa sempre que os resultados não são conseguidos. Quando uma equipa começa logo por não se comportar como tal e exibe tantas falhas em momentos decisivos, a questão arbitral deveria ficar para o fim, sob pena de não atacarmos os problemas e, dessa forma, eles se eternizarem.

Por último a questão dos meios. Quando se perde com um adversário com menos meios como é agora o ABC é natural que se justifique a suspeita de que não se trabalhou bem ou falhou em algum momento. Onde, como, quem e quando? Aumentar simplesmente os orçamentos equivalerá, nesse caso, a atirar dinheiro para cima dos problemas. 

O treinador - Tecidas as loas acima ao seu curriculum e experiência há que dizer que do lado treinador algo falhou. Nos vários jogos que vi sempre me impressionou a forma fácil como a equipa era batida, mesmo em superioridade numérica. Ora pode começar aqui a aparente falta de estofo mental que falava acima. 

Uma equipa que defende mal nunca se sente segura, uma vez que sabe que, a qualquer momento, pode sofrer. Um bom exemplo é olhar o que tem sido este ano a equipa de futebol de Jesus que, por força da sua consistência defensiva, está a anos-luz das tremideiras colectivas de anos anteriores. Ao ponto de eu dizer a brincar que com Jesus até com o Polga e o Gladstone arriscávamos a ser campeões.

O que é importante agora avaliar no caso do treinador é se, tratando-se do primeiro ano, se uma melhor adaptação e conhecimento à nossa realidade é suficiente, ou se a possibilidade de melhoria sob sua tutela está completamente esgotada.

Os jogadores - Sobre o que é o basilar - o compromisso e a entrega - não tenho nada a apontar, embora essa seja a queixa mais recorrente entre os adeptos, em qualquer modalidade, sempre que se perde. Isto dito sem pretender afastar liminarmente a necessidade de fazer alguns ajustamentos. Antes de enveredar por qualquer revolução no plantel, parece-me imprescindível avaliar se o crescimento colectivo e individual não é ainda possível  com melhor orientação técnica.

7 comentários:

  1. Andamos a morrer na praia no Andebol, modalidade que diz muito ao nosso clube.

    Não percebo muito do jogo para poder ter uma opinão devidamente fundamentada, mas dos jogos que fui vendo (sobretudo os decisivos) concordo com a facilidade com que sofríamos golos.

    SL

    ResponderEliminar
  2. carlos carneiro no passado recente chegou a ser o melhor jogador português.

    este ano foi irregular.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Carlos Carnero foi durante muitos anos o melhor jogador do Benfica. Mas saiu porque já não tinha a qualidade que o Benfica exigia. O Sporting foi logo a correr contratá-lo como fez com outros jogadores e técnicos, entrando numa de copiar o Porto. Deu-se mal. Não era esperado?

      Eliminar
    2. Passado recente? Em 8 anos no Benfica, venceu 1 campeonato? E o Porto ganhou 7... com Wilson Davies.
      Wilson é muito melhor que Carneiro. Carneiro é um menino mimado. Ganhou 2 campeonatos com o Donner e depois tudo fez para que ele fosse despedido.

      Eliminar
  3. Concordo com tudo, excepto isto:

    "Ao ponto de eu dizer a brincar que com Jesus até com o Polga e o Gladstone arriscávamos a ser campeões."

    Um pouco mais de respeito pelo Polga.
    Sarr, Torsiglieri, Nuno André Coelho, Rojo, Onyewu, Boulahroz, Xandão, nunca tiveram perto do nível de Polga.
    Um jogador azarado não pode ser descrito como um mau jogador.

    um abraço

    ResponderEliminar
  4. Cantinho do Morais,

    estava a ver que ninguém pegava na provocação. Foi intencional colocar esta dupla de centrais. Um por ser mau (Gladstone) e outro por ser mal amado e também muito pé frio. Lá está, se fosse hoje era bem capaz de escrever uma história diferente.

    Abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Aqui sempre se respeitou o Polga, por isso estranhei a provocação.
      Mas isso não é transversal ao universo leonino. Polga entra o no grupo onde estiveram Carriço, Nani, Patrício, André Martins, Cédric e Adrien.

      Polga se fosse treinador chamava-se Peseiro.

      um abraço

      Eliminar

Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.

Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.

A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.

Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.

Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.

Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.