terça-feira, 25 de outubro de 2016

E agora? Agora é aguentar!

Ao Sporting parecem-se colar-se uma série de maldições que ciclicamente se repetem, independentemente do estado de forma momentâneo da equipa. Faz parte da liturgia  de um jogo contra uma equipa onde pontue um nosso ex-jogador que este acabará por fazer uma grande exibição e na maior parte das ocasiões até por marcar pelo menos um golo.

Ao que parece esta maldição não se estende apenas aos jogos mas também às épocas em que apostamos mais alto, acabando o investimento por nos sair caro no imediato ou num momento temporariamente muito próximo àquele.

Quem não se lembra do descalabro que seguiu ao titulo de 1999/00, em que após um grande investimento, veríamos desmoronar-se por completo a época ainda antes do Natal?

Quem não se se lembra depois da última dobradinha 2001/02, com Lazlo Bolóni, em que a rábula à volta de Jardel nos retiraria o principal argumento que nos tinha garantido o titulo e nos atira para uma crise de escassez de vitórias da qual ainda estamos por recuperar?

Mais recentes ainda são os anos de Bettencourt e Godinho Lopes que, por estarem próximos, não carecem as memórias de ser ressuscitadas. É sob esta aparente maldição que se vem juntar agora mais um ano em que se investe fortemente para, com a época ainda no seu dealbar, serem já mais as dúvidas do que as certezas. 

Não acredito em "karmas" ou "maldições", mas em explicações racionais das relações entre as causas e os efeitos provocados pelas acções ou pelas omissões. É dessa forma que deve ser explicado o actual momento do Sporting. Da mesma forma que hoje percebemos o que aconteceu nas épocas acima descritas, mais tarde ou mais cedo perceberemos melhor o que se está neste momento a desenrolar diante dos nossos olhos.

Do que ninguém duvidará é que muito do futuro do Sporting se desenhará sobre os resultados desta época. E tendo-se verificado um investimento vultuoso e a aquisição numerosa de jogadores, está à vista de todos que a última coisa que se deseja é que esta signifique mais um rotundo falhanço. Porque acima das consequências para a estratégia de poder de quem manda (BdC) ou de quem vir a mandar (há eleições a caminho...), as que resultarão para o clube podem assumir-se como de enorme gravidade.

Claro que esta é a hora de os adeptos expressarem as suas dúvidas, perplexidades e até as suas discordâncias. Mas é também a hora de perceber que ainda nada está perdido, que o atraso é recuperável e que este surgirá de forma mais segura quanto menor for a instabilidade e o ruído à volta da equipa. Isso mesmo deveria ser assumido superiormente, quer da parte da "gestão política" do clube - a SAD obviamente, com BdC à cabeça - quer da gestão técnica da equipa. 

Da parte da gestão politica até agora assistimos apenas ao silêncio que só havia sido quebrado para celebrar uma derrota épica em Madrid. Silêncio também entrecortado pelos recados de Inácio na televisão esta semana e na insistência ridícula em mais um post vulgar de um pretenso director de comunicação, que parece ser pago para comentar em exclusivo comentadores de televisão ou actos relacionados com o clube rival. 

Não demorará muito até que a generalidade dos Sportinguistas constatem que a estratégia comunicacional do clube é um insulto à sua inteligência e até mesmo educação.

Não se duvide porém que grande parte da resolução deste momento é essencialmente dominado pelas questões técnicas e pela recuperação psicológica da equipa. Que não se fará por certo com afirmações onde pontue o ego desmedido de Jorge Jesus, diminuindo-se assim o papel dos principais intervenientes  -  os jogadores - a meras marionetas.  É altura de Jorge Jesus demonstrar que além das questões tácticas que brilhantemente domina é também um líder, condição sem a qual nunca se poderá assumir à altura de uma grande treinador que tanto reclama.

É natural que nestes momentos se multipliquem análises e se apontem as soluções, grande parte das quais sem grande critério ou solidez. A referência a nomes da formação para substituição de jogadores contratados é um exercício interessante, bem como de potenciais reforços, porém é com os que estão neste momento que vamos ter que fechar o ciclo até Dezembro. Por isso resta-nos até lá esperar pelo melhor e aguentar.

9 comentários:

  1. "e na insistência ridícula em mais um post vulgar de um pretenso director de comunicação, que parece ser pago para comentar em exclusivo comentadores de televisão ou actos relacionados com o clube rival. " - a sério que isto já mete nojo. Já nem posso ver a figurinha à frente... comunicação dirigida a menores de 12 anos? Acusar os outros daquilo que ele próprio faz?? Só "come" quem quer...

    "Não demorará muito até que a generalidade dos Sportinguistas constatem que a estratégia comunicacional do clube é um insulto à sua inteligência e até mesmo educação." - aqui é que eu tenho algum receio... ainda vejo muito sportinguista (basta dar uma vista de olhos pela blogosfera leonina...) que se revê nesta estratégia de ataques constantes a "moinhos de vento"... deve ser mesmo um caso de inteligência e educação (ou de falta de ambas). Só mesmo assim se explica como é que alguns (muitos) ainda não perceberam a importância da comunicação de um clube como o Sporting. Pelo menos nisso somos um exemplo de como NÃO deve ser essa comunicação...

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  2. Não são comunicados nem comunicação (boa ou má) que ganham jogos. São os golos e os golos não entram porque há apatia.
    O problema comum a todos os falhanços dolorosos é uma apatia face ao mau resultado.
    A vinda de um JJ histérico e excessivo prometia acabar com isso. Mas este ano, temos um JJ também ele apático. E isso nota-se.

    Há 2-3-10 anos, se JJ se visse a empatar em casa com um Tondela da vida, não tinha ficado pensativo e abatido. Tinha entrado em campo e gritado com os seus jogadores, praticamente andando ao tabefe com um paraguaio com o dobro do tamanho dele.
    Esse JJ não tolerava derrotas, agora tanto as tolera que as sofre.

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  3. Uma vez por outra, passo por aqui e por outros blogues afectos a clubes que não meu para saber sobre o pensamento que paira no nosso futebol.
    Algumas vezes concordo, outras nem tanto. Neste caso, concordo plenamente com o texto acima. Diz o povo que: "Cabra que berra, não come"! E tem sido essa berraria, - desculpem-me o termo - que tem prejudicado o SCP.
    Gosto muito que o meu clube ganhe, mas gosto também bastante de uma boa refrega dentro de campo. Já fora dele, não me apraz nenhuma situação belicista, venha ela de onde vier.
    Mas, perdoem-me a ousadia, que apesar de nunca ter admirado o homem JJ, entendo que no vosso clube a culpa principal não vem dele. Ele é o que é, mas também muito influenciado por quem lhe está acima. É alguém que precisa de ser refreado e ensinado a ocupar o lugar que lhe compete e a perceber que não está acima da instituição que representa. Por vezes esquece-se... Mas parece não ser só ele a esquecer essa responsabilidade!

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  4. Em relacao a esta epoca e tambem a futuras,isto ainda agora comecou.Nao entrem em depressao porque falta muito campeonato e JJ precisa de tempo para por a equipa a jogar como ele quer.Ouve varios jogadores novos que so vieram no fecho de mercado ou perto dele e e natural alguma falta de intrusao.Acresce talvez 1 dos erros que eu consigo fazer neste momento que e a falta de laterais da mesma qualidade do resto do plantel.

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  5. 6 épocas.

    É esse o período máximo que uma direcção aguentou sem vencer um campeonato (duas vezes, a última com Sousa Cintra), e esta caminha rapidamente para a 4ª época, se não corrigir o que está mal.

    E há muita coisa a corrigir quando se chega à 8ª jornada em 3º, com os mesmos pontos do Braga e a 5 do 1º...

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  6. Aguentar ou Desistir.

    Já aguentamos há muito(demasiado)tempo.
    O passo seguinte é desistir.

    Agora é com eles.

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  7. Agora aguentar, entre o 3º e 4º lugar, é pouco. E se for verdade que o Porto está vivo pela primeira vez em 4 épocas ainda é pior.

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  8. É fácil perceber que o que se escreve neste blog não é particularmente simpático para a actual direcção. E acho bem! Temos de saber conviver com a diversidade e aproveitar o melhor de todos os pontos de vista.

    Eu também tenho uma opinião crítica sobre o nosso actual Presidente. Reconheço nele imensos defeitos, designadamente na forma de estar e na política de comunicação do clube. E acho os seus discursos atabalhoados, pouco claros e sempre com aquela sensação de que o tipo quer ter piada, mas não consegue... E isso é ridículo, efectivamente.

    Mas também sei ver o copo meio-cheio. E reconheço nele uma grande tenacidade e um amor muito grande ao Sporting. E isso não são defeitos.

    Acho que a nossa nação sportinguista está demasiado dividida entre os pró e os anti BdC, esquecendo por vezes o trabalho de inúmeras pessoas em diversos sectores do nosso clube. Nunca acreditei em super-homens, e BdC não é nenhum super-homem e não faz tudo sozinho (felizmente!).

    Em Portugal, temos esta tendência de colocar todas as expectativas (boas e más) numa só pessoa, quando, muitas vezes as decisões são colegiais e existem imensas pessoas por trás do sucesso ou insucesso de uma organização. O actual endeusamento de lfv, como o passado endeusamento de pdc, são apenas dois exemplos de uma tendência nacional que se aplica também na política e no mundo empresarial.

    Não obstante, a figura presidencial tem, de facto, pelo seu protagonismo, uma importância muito grande no jogo mediático, cada vez mais importante nos dias que correm junto dos adeptos, patrocinadores, etc.

    Tudo isto para transmitir o que penso do passado recente do clube e o que desejava para o futuro, em termos presidenciais.

    E em termos do passado recente, acho que seria difícil termos efectuado a recuperação de estatuto (que não é o mesmo que credibilidade, atenção!) com uma pessoal mais racional e menos apaixonada que BdC. Digo-o com sinceridade. A sua excessiva arrogância, por muito que não se goste do estilo (e eu não gosto) foi importante para resgatar o Sporting de uma espécie de limbo, onde já não se falava do clube como um grande (recordo que até o presidente do Braga reclamou o estatuto de 3º grande, o que dá para perceber o quão funda era a situação...). O contexto de crise que se vivia e a ânsia por experimentar algo diferente impôs naturalmente alguém com estas características e acho que os resultados não são maus, sinceramente.

    Mas falemos agora do futuro. E o futuro, na minha opinião, tem que ser mais do que isto. É claro que muitos dirão - então o homem recupera o clube e agora dá-se um chuto no cú ao mesmo? Não se trata disso. Se o o homem mudar no essencial, eu até não me importo que ele lá fique, mas será ele capaz de mudar? Temos nós mais tempo para lhe dar? Infelizmente, respondo não a ambas. E gostava muito de estar errado, pois tenho 99% de certezas que ele será reeleito, mas, pelo que tenho visto, é muito difícil ao próprio mudar algumas características da sua personalidade (para quem não é?) e mesmo que o consiga fazer, acho que o tempo que ele dispõe é muito curto.

    E é curto porque temos de ter consciência do poderio dos rivais. O slb tem, de facto, uma estrutura muito forte, e neste momento vencedora, e do lado do fcp já não falamos do clube regional de há 40 anos. Muitos acham que o fcp colapsará com a queda de pdc. Não acho. Hoje o clube tem dimensão nacional e internacional e o seu ressurgimento (caso caia em crise, o que não é assim tão óbvio) será mais rápido do que se augura.

    Ou seja, o cenário ideal para este clube que tanto amamos, na minha perspectiva, era que BdC, de forma consciente, saísse agora de cena e passasse o seu papel a alguém com outras características, mais racional e menos emotivo.

    O problema é que BdC não vai sair de cena e confesso que também não vejo um nome óbvio com as características enunciadas, pelo que resta-nos ter esperança que o homem mude, e mude rápido e de forma consistente, pois o tempo é agora.

    SL

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    1. Adolfo Sapinho,

      este comentário merece atenção que agora não posso dispensar por falta de tempo e não de consideração. Sem me comprometer a ver se ainda volto a ele. De qualquer forma agradeço-lhe a atitude construtiva no seu comentário, o que vai sendo cada vez mais raro nestes meios.

      SL

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