quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A noite da revolta dos mal amados


O Sporting de Amorim ofereceu-nos uma noite memorável, deixando para a história uma das melhores exibições de que tenho memória. Paciência, concentração, humildade, abnegação, entrega, eficácia, foram os ingredientes de um jogo a roçar a perfeição, coroando aqui e ali com pormenores deliciosos.  Isto perante uma equipa recheada de jogadores talentosos e um treinador permanentemente orientado para os resultados e que vem fazendo uma época prometedora. E um clube que investiu no reforço da equipa mais de cento e cinquenta milhões de euros.

Se dúvidas houvesse Rúben Amorim (e os seus jogadores, com ele) calou a boca aos que queriam a sua cabaça servida numa bandeja. Esta foi mais uma vitória de autor, como aliás têm sido as nossas conquistas desde que ele chegou. Talvez só ele acreditasse que isto seria possível há um par de meses atrás. 

Confesso ser precisamente os jogos da Liga dos Campeões aqueles que eu mais temia quando olhava para a época em frente. Sem Palhinha, Matheus Nunes e Sarabia não me parecia que estivéssemos à altura das exigentes tarefas que este grupo ia colocar. As limitações impostas por lesões diminuíam ainda mais as possibilidades. A resposta dada pela equipa à minha descrença é difícil de adjectivar. Que ela tenha sido carimbada na jogada final protagonizada Esgaio, Paulinho e Arthur, três jogadores escolhidos por Amorim, frequentemente injustiçados e por ele lançados no jogo é justiça poética. Inteiramente merecido o prémio para os quatro.

Agora que as emoções já estão próximas de serem refreadas, porque temos já de seguida que domar panteras aos quadradinhos, ocorre-me que não ganhamos nada, que ainda pode acontecer Sporting, tal como o Rúben Amorim tão bem lembrou (o ano passado começamos com duas derrotas, este ano, coiso...). Mas estaria a ser injusto com ele e com a equipa que tão bem tem orientado. 

Os resultados são o mais importante, mas não os conseguimos controlar. O que está sob nosso (dele) controlo é todo o processo com que se constrói uma equipa, se treina, se orienta e se extrai o melhor de cada um. E é aí que estou absolutamente tranquilo, mesmo quando discordo dele. É verdade que a vitória de ontem não nos deu nenhum título mas é sobre resultados assim, conquistados com este brilho, ante adversários poderosos, em competições com o alcance mediático da Liga dos Campeões que se constrói uma identidade vencedora. Ganhar também pode ser um hábito.

Um apêndice final: que os árbitros portugueses e respectivos dirigentes associativos e tutelares tenham visto este jogo para perceberem o que a função exige: maior descrição, maior humildade e maior acerto.

1 comentário:

  1. Este é um texto que inseri noutros espaços de expressão sportinguista! desculpem por qualquer coisinha:
    "Starry Starry Night"! O meu querido Sporting não deixa de me espantar! Aos 66 anos de vida, meu sporting, já ri e chorei muito por ti, meu safado! Mas olha, não deixarei nunca, mas nunca de criticar o que tenho a criticar, sabendo, embora, que passam por ti muitos, alguns, como os que lá estão agora, sem saber ler nem escrever, e, até, dando de barato que amorim é, sem dúvida, o abono de família de gente que parece tão mal preparada para o que se lhes pede!
    Bora pessoal! Apesar de tudo e todos, bora! Somos um Clube de sobreviventes! Antes quebrar que torcer!
    Viva o Sporting Clube de Portugal!
    p.s.:
    Se, a partir de hoje, houver mais algum "croquete" da treta que me venha dizer que fico contente com as derrotas do Sporting, lamento, mas vou usar todo o vernáculo do Português que conheço e mesmo o que não conheço!
    Viva o Sporting Clube de Portugal!

    Acrescento aqui o meu nome verdadeiro para que não haja nenhum, digamos, indivíduo que queira pôr em causa, de forma menos digna, o que digo aqui!

    José Manuel David

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