Um dérby sob o signo da ilusão
NDR: post escrito ao abrigo da cooperação com o site Fairplay
Poucos poderiam supor que o Sporting, partindo atrás de todos os outros, nomeadamente dos seus competidores directos, pudesse sair do primeiro dérby do campeonato na cabeça do pelotão da Liga. A instabilidade directiva que o assola fez com que começasse fora de tempo e incapaz de tomar decisões urgentes de forma oportuna. Os trabalhos do plantel começaram mais tarde do que o que estava previsto, a mudança do responsável técnico ocorreria em cima da hora e com uma profusão de pontos de interrogação no lugar dos nomes e lugares por preencher no plantel.
Poucos poderiam supor que o Sporting, partindo atrás de todos os outros, nomeadamente dos seus competidores directos, pudesse sair do primeiro dérby do campeonato na cabeça do pelotão da Liga. A instabilidade directiva que o assola fez com que começasse fora de tempo e incapaz de tomar decisões urgentes de forma oportuna. Os trabalhos do plantel começaram mais tarde do que o que estava previsto, a mudança do responsável técnico ocorreria em cima da hora e com uma profusão de pontos de interrogação no lugar dos nomes e lugares por preencher no plantel.
Começando pelo trabalho nos gabinetes, há a considerar o trabalho realizado por Sousa Cintra e respectiva equipa, que resultou no regresso de alguns dos jogadores mais importantes, como Bas Dost, Bruno Fernandes mas também Battaglia. Mesmo sem desconsiderar importantes questões de natureza ética, que poderão ter levado à melhoria dos respectivos contratos, é bem claro que o Sporting não tinha estofo financeiro para substituir aqueles jogadores por outros de idêntica qualidade.
A falta de estofo financeiro é também notório na dificuldade em arranjar forma de fechar o buraco deixado por William. Porque de facto não há muitos como ele e a sua saída pode até ter aberto não um, mas dois lugares. Há poucos jogadores a jogar naquela posição que, além de fornecer segurança defensiva “qb”, sejam capazes de lançar o jogo ofensivo da sua equipa, seja em passes a rasgar linhas, seja a quebrá-las em condução com a bola controlada. Por isso é bem provável vermos Peseiro deitar mão de uma solução de dois homens a complementarem-se atrás, ensaiando subidas e descidas coordenadas, de forma a compensaram-se mutuamente.
O mesmo acontece relativamente ao substituto de Bas Dost, cuja necessidade ninguém antecipou para momento tão precoce. Mas acontece que essa necessidade é agora ainda mais premente. Com uma grande segurança de não ser desmentido, quase ninguém, talvez até nem mesmo o próprio, acredita que Diaby seja o “tal”. Dúvida que ainda é reforçada pelo facto de se saber que Diaby vem de longa inactividade.
Foi neste enredo de pontas soltas que o Sporting chega ao terreno do arquirrival para ser trucidado. Subestimar um leão, mesmo que com ar pouco saudável, é um erro muito comum que sai caro a muitos caçadores incautos. Não tendo feito uma exibição de luxo, conseguiu um jogo geralmente competente, pelo menos enquanto houve pernas e cabeça. A dupla argentina Battaglia / Acuña empurrou enquanto pôde o jogo do adversário para as laterais, anulando assim os elementos que vinham sendo mais preponderantes na armada benfiquista: Gedson e Pizzi.
A verdade é que o leão sobreviveu. E para o conseguir nem teve que fazer pior figura do que no jogo do campeonato passado, onde também então se apanhou a vencer. Mas aí sim, após ter conseguido também adiantar-se no marcador, recusou o papel de rival igual ao seu rival, para se remeter a uma defesa porfiada mais habitual em equipas menores. Basta olhar para a equipa com que termina este ultimo derby para se perceber que Peseiro conseguiu fazer o mesmo com muito menos e em piores circunstâncias. Talvez esteja aí o seu maior mérito, baseado numa gestão marcadamente conservadora das opções à sua disposição mas também de cunho realista.
Mas a bola ficou agora a saltar no campo de Peseiro. O que conseguiu até agora relativamente à produção da equipa, criou uma ilusão de apronto e competência muito útil mas que é manifestamente insuficiente para sustentar a posição em que se encontra e as ambições ao título. É certo que nem tudo depende dele. O Sporting para se tornar mais forte tem de crescer pelo acrescento de qualidade individual ao plantel, mas também muito pelo treino e pelas soluções colectivas que ainda faltam.
Terá que ser um trabalho coordenado entre a SAD e a equipa técnica. Não havendo um esforço por parte da SAD em colmatar as evidentes lacunas no plantel esse crescimento é possível, mas ficará muito limitado. Além das faltas já citadas acima, a clara falta de qualidade na extrema-esquerda defensiva talvez seja a mais notória, se bem que não a única.
Mas há ali matéria humana para conseguir maior dinâmica, nomeadamente no jogo ofensivo, criando mais e melhores oportunidades que, inevitavelmente terá que ser conseguido envolvendo mais jogadores no apoio ao isolado Montero. Mesmo sem recorrer ao mercado, jogadores como Raphinha e Matheus terão que ver o seu indiscutível talento convocado e potenciado. De outra forma o actual primeiro lugar não passará de uma ilusão de óptica que depressa se desvanecerá.
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