Isto não é o Sporting
Só há uma atitude possível perante o que sucedeu no passado fim-de-semana em Alvalade com os dirigentes do Sporting, Miguel Afonso, Osório de Castro e familiares que os acompanhavam: reprovação inequívoca e sem subterfúgios. Sem mas nem meios mas.
Vivemos tempos em que há sempre uma verdade alternativa que se acomode à narrativa que se pretende. Não deveria ser assim nunca e muito menos num caso como este. As imagens disponíveis denunciam de forma clara premeditação e frieza na execução com objetivo de pelo menos intimidar, que nem a presença de menores fez demover ou sequer hesitar. Perante isto não pode haver contemplações e o Sporting deverá ir até às últimas consequências.
Infelizmente as reacções que o caso despoletou denunciam a morbidez que se apossou do clube. Primeiro só podia ser mentira, se era verdade que se mostrassem as imagens, agora que há imagens é uma vergonha que tenham sido passadas pelo clube à CM TV, como se não se soubesse o histórico do canal. Não estamos a falar de contratações falhadas, de politicas de comunicação, da expressão legitima de descontentamento ou de discordância com decisões tomadas, mas de violência pura e dura e isso é absolutamente intolerável.
Não é possível, sob pena de sermos coniventes e assim fortalecermos as suas pretensões, tentar menorizar ou justificar so sucedido. No espaço de menos de dois anos, desde Alcochete em Maio de 2018, situações de violência verbal e física banalizaram-se. O peso que isto tem para uma instituição como o Sporting, que vive numa conjuntura altamente concorrencial, ainda por cima nem sempre exercida de forma limpa, não é quantificável.
A direcção em funções está legitimada e, até revogação desse mandato, cabe-lhe gerir o clube da melhor forma possível. Os acontecimentos dos últimos quase dois anos diminuem o seu poder negocial em todos os campos, seja com os bancos, com fornecedores, tutela e, nunca o esquecer, com atletas. Quantos bons profissionais quererão continuar a representar este clube agora ou fazê-lo no futuro com este tipo de expressão mediática permanente? Que argumentos exibiremos nas mesas de negociação com possíveis patrocinadores? Que poder de atracção teremos junto de boas marcas?
Por último, quão redutor será no campo de recrutamento de futuros dirigentes? Quem quererá abdicar de uma carreira profissional e qualidade de vida para viver permanentemente acossado? Esta pergunta vai directamente para pretendentes e ex-futuros dirigentes, cujo silêncio actual só pode ser interpretado com taticismo eleitoral.
Já quanto aos que recentemente exerceram funções, poupem-nos às suas lições de como preencher o totobola à segunda-feira. Quanto a vossa sapiência e presciência nos podia ter sido útil, estavam a engordar o monstro com que agora temos que lidar e perderam por falta de comparência quando mais preciso era que tivessem ido a jogo.
Quanto à imagem que faz hoje a capa do nosso jornal julgo que ela deve recolher a unanimidade. Mas pela negativa. O Sporting tem que ser maior que isto, a honra de capa nunca pode ser dada para lembrar quem vive dele e não para ele.
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