Slimani e Rojo: o melhor é prevenir para não ter que remediar
Dois jogadores com duas situações diferentes mas que o recente mundial no Brasil, ao valorizá-los, veio unir num desejo comum: partir para novos e melhor remunerados desafios. A sua valorização tornou quase obrigatório ao Sporting equacionar a sua partida. O protelar dos negócios só pode ser entendido como uma tentativa de melhor defender a posição do clube, uma vez que se afigura difícil a manutenção dos jogadores.
Difícil e contraproducente, porque nem o clube ganha se eles, contrariados, sentirem que lhes cortaram as pernas e porque o prolongar indefinido, até ao fecho do mercado, funciona também contra o Sporting. Quanto mais tempo demorar a encontrar uma solução, mais difícil será a tarefa de Marco Silva. Não só a repensar a equipa sem aqueles jogadores, como a aguentar um balneário que, naturalmente, não pode passar incólume a tanto ruído. Preço do sucesso e da cobiça, bem mais desejável do que o alheamento e ausência de interesse nos nossos jogadores. Dores de parto de um Sporting melhor, mas que obriga a uma gestão de filigrana, tantos são os factores a ponderar.
Rojo
Quando no dealbar do fim-de-semana passado Rojo passa a seguir o perfil do Twitter do Manchester United estava a anunciar não apenas um mero desejo, compreensível em qualquer profissional de futebol, de querer representar o colosso britânico. Estava a dar conta de algo muito mais concreto, facto que agora parece cada vez mais confirmado.
Não daria para já grande (ou pequeno) crédito às noticias que circulam, afirmando que o jogador hoje se recusou a treinar. Se o fez, fez mal, uma vez que o extremar de atitudes não ajuda a resolver o problema, muito menos favorece a sua intenção. O facto é que, desde o Mundial do Brasil, era cada vez mais claro que seria dificil encontrar um caminho comum, com os os interesses do jogador e do clube em conflito. A entrada em cena do Manchester precipita os acontecimentos, tendo em conta o prestigio, que se soma a um vencimento que não podemos igualar.
A questão agora é o tempo que demorará para que a Doyen, detentora de 75% do passe do jogador argentino, e o Sporting, encontrem para se entenderem. Aqui o exemplo do negócio de Mangala não se aplicará, quase por certo. Não apenas porque parecem ser dignas de crédito as noticias de um relacionamento institucional difícil e, para lá de Labyade e Viola, cujos futuros são incerto, não se advinham novas trocas.
A questão da percentagem detida tem sido apontada como um dos óbices à realização do negócio. Ora o Sporting despendeu cerca de 2,4 milhões de euros (A Doyen pagou os 3 milhões que perfizeram os 5,4 milhões recebidos pelo Spartak de Moscovo) que agora, na pior das hipóteses (caso não haja negociação desse valor), dobrará. Está longe de ser um mau negócio.
Vale também recordar que a percentagem detida não parece nunca ter sido tida como um factor prioritário pela administração da SAD. A cláusula de opção para aquisição de mais 25% do passe à Doyen Sports, pela quantia de 750 mil euros, válida até final de 2013, nunca chegou a ser exercida, preferindo a alocação de verbas para aquisições de passes de diversos jogadores, cujos últimos foram Héldon e Schikabala. Só o jogador cabo-verdiano custou ao Sporting o dobro daquele valor. O exercício da cláusula valeria, pelos números de hoje, mais 5 milhões ao clube. Não tendo prevenido, resta agora remediar. A minha sensação neste negócio é que ele estará já em fase de negociação e que o Sporting e a Doyen Sports chegarão a um entendimento, uma vez que o conflito não serve o interesse de nenhum deles.
Slimani
Não tem nenhum colosso como o Manchester, mas a Bundesliga (Schalke04), a Premier League (Leicester, Whest Ham) ou a Turquia do tutor do seu sucesso no Mundial, Vahid Hallidozic, têm propostas para fazer perder o sono a um jogador de 26 anos que sabe que estas águas não passam duas vezes debaixo da ponte de uma carreira. A fazer fé no que se diz hoje no DN, os 13 milhões do clube bávaro, mesmo que a 3 prestações, seria talvez o melhor negócio de sempre do Sporting, atendendo ao rácio custo/valor do jogador. Metade desse valor daria para o Sporting adquirir, com relativa facilidade, um jogador de valor semelhante. Basta ver quanto custou o Derlei ao SLB, valor já inflacionado pelas mais-valias do Marítimo que, na origem, terá pago bem menos do que os 2,5 milhões que agora cobrou.
Rabia e Jonathan os últimos não fecharam a porta
As partidas quase certas dos dois jogadores supracitados vai obrigar a recompor o plantel, uma vez que as entradas recentes destes dois jogadores não a lograrão evitar.
Jonatham Silva
Um lugar em aberto desde o ano passado é o destino deste jovem argentino. E como Jefferson anda a pedir por concorrência. As referências são as melhores, mesmo em alguma literatura mais especializada consultada na net. Porém, as cautelas impõem-se, basta lembrar o caso de Grimi, lateral-esquerdo revelação do Apertura, contratado e tão rapidamente recambiado pelo Milan para... Alvalade. O futebol sul-americano reserva para os defesas-laterais missões mais próximas de um médio ala, com poucas preocupações defensivas, muitas vezes com recurso a três centrais. Por acaso, não era essa a opção do treinador dos Estudiantes, pelo que se espera que Jonatham demore menos a integrar-se.
Rami Rábia
Será provavelmente a primeira tarefa do jogador egípcio: jogar muito à rábia. Brincadeiras à parte, isto para dizer que Rábia não vem apenas de uma lesão, vem de um campeonato semi-parado, acumulando apenas 10 jogos oficiais no respectivo campeonato, acumulando apenas 859 minutos, o ultimo dos quais em Maio passado. Nas restantes competições, CAF Champions League, Mundial de Clubes e CAF Supercup completou mais 588 minutos.É descrito habitualmente como um dos jogadores mais promissores do seu continente de origem, tem agora uma oportunidade de se confirmar ou desmentir.
Nota importante: Quando se começou a planear a época que agora se inicia e se começaram a conhecer alguns nomes como sendo possíveis para o Sporting (falava-se já de Rabia, Gazhal) alertei aqui para a exposição do plantel ao CAN 2015. O campeonato decorrerá entre 17 de Janeiro e 8 de Fevereiro de 2015 e Marrocos, mas a fase de qualificação terá jogos a realizarem-se já em Setembro. Mesmo descontando Slimani, que pode já cá não estar, restam ainda Rábia e Schikabala, do Egipto, Helton de Cabo-Verde. Isto caso não venha mais algum jogador africano.