Apresentação
Quando visitei pela primeira vez este espaço não lhe pude ficar indiferente, nem encara-lo como mais um blogue onde se debate a vida do nosso clube. Para mim, enquanto sócio do Sporting no norte do país, este espaço assumiu uma elevada importância no mundo Sportinguista, porque contribui para uma salutar partilha de opiniões, estratégias, ideias e reflexões sobre o Sporting Clube de Portugal, a norte de Alvalade, onde existe uma incrível, dedicada e vibrante massa adepta do nosso clube.
Apesar de ser natural de Trás-os-Montes, vivo por razões profissionais na cidade do Porto. Aqui nem sempre é fácil ser-se Sportinguista. Mas respeitam-nos e de certa forma, têm por nós uma certa admiração. Aqui é-se leão por convicção, porque os valores do Sporting Clube de Portugal, são um lema de vida, uma forma de estar, sentir e agir, são, efectivamente uma crença.
Também vivi em Lisboa durante 7 anos. Precisamente nos últimos anos do antigo Estádio José de Alvalade e nos primeiros anos do novo palco de emoções. Por todo este percurso, conheço leões de todos os pontos do país, como devem calcular. Ainda na quarta-feira, quando me dirigia para Alvalade encontrei um leão de Benavente, que já não via há um bom par de anos. Esta visão transversal do Sporting permite-me dizer que somos efectivamente os adeptos mais dedicados e mais especiais.
Não há crises de militância. Os Sportinguistas não renegaram o clube, não deixaram de ser e sentir o seu clube. Mas é preciso encontrar as razões que levaram muitos Sportinguistas a interagir com o clube de uma forma mais distanciada ou menos presente. As Assembleias Gerais são menos participadas, os estádios não estão tão coloridos de verde e branco como antigamente acontecia. Não quer dizer que os adeptos não continuem a sentir o clube com a mesma paixão, mas é evidente que se distanciaram um pouco, talvez para se preservarem, porque a realidade do futebol português, a sua jurisdição e nomenclatura assenta em estruturas diferentes do modelo desportivo que defendemos, talvez porque entendam que os valores e princípios que regem o Sporting Clube de Portugal estão de certa forma um pouco desvirtuados do caminho que os seus fundadores preconizaram.
Nos meus tempos de infância, na velha escola primária situada mesmo no centro da vila onde nasci, jogaram-se os maiores derbys da história da paixão clubista entre Sportinguistas e adeptos do eterno rival. Lembro-me da facilidade que tínhamos em fazer as equipas com 11 rapazes para cada lado, ficando ainda alguns de fora que iam rodando, para que todos tivessem a oportunidade de participar no eterno derby. Vivíamos os tempos do mítico trio, Manuel Fernandes, Jordão e Oliveira, cuja última conquista nacional em 1982 marcou definitivamente a minha geração, precisamente por ser a última, aquela que nos fez resistir, aguentar, crescer com a alma cheia de orgulho, afirmando sempre o nosso Sportinguismo. Na minha terra há um Núcleo do Sporting com cerca de 500 associados, entre eles, muita juventude e adolescentes. Já viveu melhores dias, mas tem resistido e vai-se aguentando. A desertificação e as constantes políticas erradas para o interior do país acabam também por se repercutir na estabilidade e vida das instituições. Mas não há final da taça em que o núcleo não esteja presente. E não imaginam como é mítico fazer uma viagem de 500 km, rumo ao Jamor, por esse Portugal fora, convivendo saudavelmente com o mundo Sportinguista que nesse dia vai assinalando a sua passagem por todo o território nacional. Ai sim, percebe-se bem a mística e a paixão que este clube desperta nos seus adeptos.
Recentemente, numa entrevista concedida por Rodolfo Moura a um jornal, perguntaram-lhe qual era a marca do Sporting, ao que ele respondeu: “É um clube distinto, com uma forma de estar diferente. O que senti no Sporting é que o mais importante na vida não são os resultados, mas sim o desporto.” Perante esta resposta o jornalista questionou se isso não teria um preço nos resultados, tendo o preparador físico dito que sim, obviamente.
Nos sabemos que sim, que tem um preço nos resultados a todos os níveis. Resistimos durante 17 épocas, 14 das quais sem participar na milionária prova europeia. Mas continuamos ser o clube que somos, precisamente porque estamos dispostos a pagar esse preço e é isso que faz de nós um clube tão grande como os maiores da Europa.
Viva o Sporting.