Sporting 2 - Aves 0: A primeira de Rúben Amorim ou nem por isso
Como é natural a principal curiosidade relacionada com o jogo com o Desp. das Aves era a de perceber quais seriam as mudanças que o novo treinador pretendia introduzir e como é elas estavam a ser assimiladas pelo plantel. Mesmo sabendo, claro está, que essa curiosidade estava à partida mitigada pela constatação, que a anteceder o jogo, terem sido apenas duas as sessões de treino. O par de expulsões em pouco menos de vinte minutos de jogo iniciais deitou por terra uma parte substancial desse interesse nesta partida, ficando este reduzido em saber "quando", "como" e "quem" seria o autor da inauguração do marcador. "Se" também deve ter perpassado por algumas cabeças, tanto foi o tempo que o Sporting precisou para marcar o primeiro golo.
As dificuldades em chegar ao golo não foram propriamente uma surpresa. O Sporting é uma equipa à procura de identidade, sem processos de jogo muito consolidados, pelo que jogar num curto espaço, que por vezes não era mais de vinte metros, era um grande desafio para a perseverança e imaginação de uma equipa sem jogadores repentistas e ou especial capacidade de improviso ou mesmo no domínio da bola em espaços muito curtos. É muito fácil de dizer que a circulação de bola deveria ser mais rápida, mas ninguém diz como é que isso se faz numa faixa de terreno ocupada por nove jogadores adversários que, dessa forma, tentava superar a desvantagem numérica, o que, para efeitos defensivos, ia sendo conseguido.
Como Rúben Amorim haveria de reconhecer, tratou-se de um jogo atípico. Mas deu para perceber que o treinador está convicto do que pretende para a equipa e que as mudanças constantes de modelo que se verificavam no consulado anterior devem ter ficado para trás. Não se pode, porém, deixar de se interrogar se o que o treinador tem à disposição é suficiente para subir a produção da equipa e consolidar o seu jogo num plano mais elevado do que o que se tem verificado ao longo de toda a época.
Onde as dúvidas se afiguram maiores é do meio campo para a frente e especialmente nos extremos. Plata ainda está na incubadora, potencial e talento estão lá, mas ainda não o consegue por a render de forma regular e consequente. Jovane passa mais uma vez ao lado do jogo, não justificou sequer o sacrificio de Ristovski, sendo duvidoso que se possa esperar muito mais dele. Vietto revela muita dificuldade em segurar a bola e dar continuidade, exercendo a ligação que dele se pede.
Saúde-se as prestações de Ilori e de Geraldes, para quem pode haver segunda vida. Se é verdade que o jogo adversário não foi suficiente para grandes provas para o central, pelas suas características, especialmente a velocidade, pode vir a ter agora nova oportunidade. As movimentações de Geraldes, nem sempre correspondidas ou entendidas pelos colegas, revela o seu entendimento superior do jogo, mesmo sem lograr ainda o brilhantismo para que parecia estar destinado. Mas são dois casos claros que podem estar na calha para reencaminhar as respectivas carreiras.
O melhor em campo foi claramente Wendel, a mostrar quase todos os seus predicados. É por ele que os jogadores avenses são expulsos e é dos pés dele que sai a bola para a cabeça de Sporar.
O jogo acaba por ser ganho também de forma um pouco atípica para o contexto: muita paciência. Isto num clube em permanente ebulição, com manifestações, pedidos de não comparência e muita gente com o sportinguismo enfermo a não conseguir disfarçar o incómodo que, apesar disso, o Sporting consiga ganhar.