Quando o titulo do post diz tudo para quê mais comentários? É a entrevista de Eric Dier ao Record:
RECORD – Que balanço faz da época a nível pessoal. Afinal, chegou à equipa principal ainda com idade de júnior...
ERIC
DIER – As pessoas costumam lembrar que ainda sou júnior e tal... Eu e o
Bruma dizemos sempre que não ligamos à idade. Aliás, tanto eu como ele
fomos habituados a jogar com os mais velhos. Eu sabia que, depois do meu
empréstimo ao Everton, já estava pronto para este nível. Fui criança
para Inglaterra e voltei um homem. Sobretudo pela vertente mental, mais
até do que em termos relacionados com o jogo. Melhorei muito na
componente psicológica, fiz-me um homem e quando voltei sabia que estava
preparado para mais. Depois, quando tive a oportunidade, acho que a
agarrei. A equipa principal do Sporting era o meu objetivo desde
criança. Para mim, foi uma excelente época porque, no início, estava
apenas concentrado na equipa B e não esperava tudo isto. Quando surgiu a
oportunidade, percebi que tinha de a agarrar. Acho que foi isso que
fiz.
R – Mas o saldo pessoal contrasta com o balanço do coletivo...
ED
– [silêncio...] Todos sabemos que isto não é o Sporting! O Sporting tem
a sua história e essa obriga-nos a ganhar. Posso dizer-lhe que já
achava muito estranho e mau quando se falava que tínhamos de lutar por
um lugar europeu. Temos de lutar é pelos títulos! Ficar em 2.º, 3.º, 4.º
ou 5.º não me interessa. Só quero ganhar!
R – É sabido que o Eric vive muito o clube. Conhecendo-o por dentro como conhece, onde acha que tudo falhou?
ED
– Ainda sou muito novo e não me cabe a mim fazer essa análise ou julgar
o que aconteceu. Talvez um jogador mais experiente consiga meter o dedo
na ferida. Eu ainda não tenho essa capacidade. O que sei é que foi
muito mau para o Sporting, ainda que para nós, jovens, tenha sido bom.
Há sempre um lado positivo. Na nossa idade, passarmos por tudo isto só
nos ajuda a crescer.
R – Ainda assim, vocês caíram no goto dos adeptos.
ED – São ótimos. Sabe que os adeptos fazem um clube? Eu sou de
Inglaterra e lá é bem diferente. Dizem que os sportinguistas são
diferentes e o que eu penso é que os verdadeiros são aqueles que não
desistem, mesmo quando tudo corre mal. Esses são os adeptos pelos quais
eu jogo! É fácil apoiar quando tudo corre bem...
R – A sua ideia é continuar no Sporting?
ED – Claro que sim! Só tenho 19 anos, sou muito novo. O Sporting é o clube certo para mim nesta altura. Não penso noutra coisa.
R
– O Sporting vai ter um orçamento tremendamente reduzido face a Benfica
e FC Porto. Isso não vos assusta, do ponto de vista competitivo?
ED
– Não acho que os orçamentos ganhem troféus. É natural que ajudem a
atrair jogadores com outra qualidade, mas isso não quer dizer que os
jogadores que estão no Sporting e os que venham a estar, não tenham
qualidade. O que interessa é que todos deem o máximo, sempre em prol dos
mesmo objetivos. Mesmo com orçamento baixo, podemos fazer uma boa
época.
R – Qual é o seu grande objetivo no Sporting?
ED
– Voltar a colocar o Sporting no lugar onde tem de estar. Quero
títulos, porque daqui a 20 ou 30 anos quero olhar para trás e ver
títulos. É isso que fica na memória das pessoas. E, se sair do Sporting,
quero fazê-lo com títulos no currículo. Se não sair, quero ganhar
títulos pelo clube até acabar a carreira.
R – Não se importava de fazer toda a sua carreira em Alvalade? É isso?
ED
– Sou ambicioso e muito jovem. Não sei como será o futuro, mas o meu
sonho sempre foi jogar ao mais alto nível e em Inglaterra. Esse é o meu
objetivo, mas primeiro quero ganhar títulos, e se um dia sair do
Sporting, que seja como uma grande figura do clube.
«Não é o dinheiro que me faz feliz»
R – Já o abordaram para renovar o contrato?
ED – Não... Ainda me faltam três anos e não tive qualquer proposta.
R – Mas gostava de ver o seu contrato melhorado, não?
ED
– Compreendo que o Sporting esteja numa situação difícil neste momento,
sobretudo a nível financeiro... Mas acho que, pelo que fiz esta época,
talvez merecesse um pouco mais. No entanto, estou contente com o que
tenho. Não é o dinheiro que me faz feliz. Só quero melhorar cada vez
mais enquanto jogador. Ainda tenho muitos objetivos por concretizar e
não é o dinheiro que me vai ajudar a alcançar essas metas.
R – Ser capitão é uma dessas metas? Se Rui Patrício sair, abre-se uma vaga...
ED
– Claro que sim! Tem de ser um dos meus objetivos, pois se já fui
capitão nos escalões jovens... Ainda sou novo, mas tenho essa meta a
atingir.
R – Consegue identificar as alterações provocadas pela chegada da nova direção?
ED
– Passou muito pouco tempo. O novo presidente entrou quando faltava
muito pouco para o final da época. Como o míster Jesualdo ficou até ao
final, não notei grandes diferenças. Quando voltar, logo digo.
R – Mas este presidente é ou não diferente? Até vai para o banco...
ED – Claro que é diferente do presidente anterior, mas não sei... É como digo, sou muito novo para saber o que é melhor...
«Gosto mais de trabalhar do que de estar de férias»
RECORD – Estava à espera de ser convocado para o Mundial Sub-20, mesmo não jogando em Inglaterra?
ERIC
DIER – Fui sempre convocado para os Sub-19 e não tivemos nenhum jogo de
preparação nos Sub-20. Por isso estávamos todos na dúvida. Ninguém
sabia se estava nos planos, mas tinha ideia de que podia ser convocado.
Não foi bem uma surpresa...
R – Até onde é que Inglaterra pode chegar?
ED
– Só podemos tentar ganhar os jogos sem pensar no que está à frente.
Passar o grupo e depois tudo é possível. O objetivo é ganhar!
R – E encontrar os seus amigos do Sporting na final?
ED
– [gargalhada] Preferia que não fosse na final, porque assim teria de
haver alguém a perdê-la. Preferia não ter de vencer os meus amigos. Se
puder ser antes, melhor.
R – O seu objetivo também passa por chamar a atenção de Roy Hodgson, selecionador inglês?
ED
– Sim, claro. No entanto, o meu objetivo após o Mundial passa a ser os
Sub-21. Depois, claro, a seleção principal. Mas quero jogar bem aqui
para poder passar para os Sub-21. Sempre passo a passo...
R – Como é que se sente depois da lesão que o impediu de jogar a parte final da época?
ED
– Aquela lesão não me deixava fazer nada, não havia tratamento, a não
ser repousar. Após o jogo com o Benfica fiquei a saber que não podia
jogar mais, porque tinha de parar três semanas e só faltavam quatro
jogos. Depois vim para a seleção e correu bem, comecei logo a treinar,
fiz trabalho para ganhar ritmo e estou recuperado. Estou a 100 por
cento!
R – A sua época ainda não terminou nem vai
terminar... Vai ao Mundial e depois começa logo a pré-época no Sporting.
Vai ser “non stop”!
ED – [Risos] Sim, sim, mas eu
prefiro assim. Gosto mais de trabalhar do que de estar de férias. Já foi
assim no verão passado por causa do Europeu. Não me importo mesmo nada!
Já tive uma semana de descanso para ver a família... Chega bem.
«Desde que jogue e a equipa ganhe...»
R – Foi lançado por Vercauteren. O que sentiu naquela noite?
ED
– Foi tudo muito rápido. Comecei a treinar-me com a equipa dois ou três
dias antes porque havia lesões e suspensões. Tanto podia ter sido o
Esgaio como eu, só que tive sorte porque estava a jogar a defesa-direito
na equipa B. O míster Vercauteren teve coragem para me meter a jogar.
Melhor ainda: só me disse isso mesmo em cima do jogo. Acho que ajudou,
pois se fosse mais cedo, tinha tempo para pensar e ia ficar nervoso. Ele
usou a sua experiência nesse momento. Chamou-me à parte e deu-me a
novidade. Aí fiquei nervoso, mas depois fui para o aquecimento e passou!
Concentrei-me e percebi que me estava a sentir muito bem naquele
estádio. Adoro jogar com muita gente nas bancadas, barulho... Antes do
jogo, o Rui [Patrício] disse-me para me divertir, porque a estreia só se
vive uma vez. Disse-me: “Joga e diverte-te, porque vais lembrar-te
deste dia para sempre”. Ouvi-o e percebi que não estava nervoso. Era
tudo adrenalina! Joguei e... pronto, foi o que se viu.
R – Depois veio Jesualdo Ferreira, que apostou em si... no meio-campo.
ED
– Foi diferente, porque eu nunca tinha jogado naquela posição. O
professor Jesualdo disse-me que gostava muito que eu jogasse ali e eu
queria era jogar, fosse onde fosse [risos]. Com ele, comecei como
defesa-central, mas a partir do jogo com o FC Porto passei a jogar no
meio-campo. O professor foi, até agora, a maior referência que tive,
porque me ajudou muito.
R – Como é que o balneário reagiu à saída do professor?
ED
– Não sei o que se passou, não faço ideia. Só posso dizer que todos os
jogadores gostaram de trabalhar com ele. Por mim, digo apenas que o
professor foi quem me abriu os olhos para situações que eu nem
imaginava. Deu-me objetivos que eu nunca tinha traçado a mim próprio.
Ajudou-me. A mim e aos meus colegas, sobretudo aos mais novos. No
entanto, ele saiu e temos de seguir em frente. Já temos um novo
treinador e vamos fazer tudo para que as coisas lhe corram bem.
R – Já falou com Leonardo Jardim?
ED – Ainda não consegui falar com ele, mas acho que pode dar uma grande ajuda ao Sporting.
R – E se ele lhe pedir para jogar no meio-campo?
ED
– Toda a gente fala nisso, tentando adivinhar onde é que eu prefiro
jogar [risos]. Gosto muito de jogar como defesa-central mas, por culpa
do míster Jesualdo, comecei a jogar a médio, onde, afinal, também gosto.
Mas desde que jogue e que a equipa ganhe, não interessa a posição.
R – Há quem diga que pode ser prejudicado na sua formação por estar a jogar “fora de pé”...
ED
– Tanto pode prejudicar como ajudar. Com a idade que tenho, é uma
mais-valia jogar em várias posições. Aliás, já mostrei que posso jogar a
defesa-direito e a central. Como médio, acho que estive bem, porque se
assim não fosse, o míster Jesualdo não me tornava a colocar naquela
posição. Claro que, quando tiver outra idade, vou querer fixar-me numa
só posição. Por enquanto, continuo a achar que é bom para mim jogar em
várias posições no terreno.
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Por curiosidade deixo também a entrevista que Dier deu ao seu patrocinador Umbro.
With the U20 World Cup starting this weekend, all footballing eyes
will be on Turkey, where the finest prospects in the game will be aiming
for success. After breaking into the Sporting side on a regular basis
this season, defender Eric Dier will be aiming for success with England.
Ahead of the team's first game this weekend against Iraq, we spoke to
the Portugal-based Englishman about his career so far and what he enjoys
outside of the game...
Is it true to say that you come from a sporting family?
'Yeah, my grandad and his brother both played football, and
then my mum’s dad was also the chairman of the FA for a while. My dad also
played tennis, and all my brothers and sisters play sport, they’re all quite
sporty.
You've been playing in Portugal for a long time now - how did you originally start playing there?
'It was pretty simple really, I moved to Portugal but not for
footballing reasons – sometimes people think I moved here just because of
football but it was a family choice. Then I was just playing football for
school, and my PE teacher who used to work for Sporting asked me if I wanted to
go and train there for a couple of days. Obviously I said yes, I wasn’t really
aware of who Sporting were as I’d only just moved from England, but I went and
trained there and they asked me to stay. From there, I’ve just moved up through
the age groups, like any other player.'
So have Sporting become the team that you support?
'Yeah, definitely, I didn’t know any teams in Portugal before
I moved, so I couldn’t really support anyone, but when I started playing for them and I
realised how big a club they were, it was only natural that I started
supporting them.'
How does it feel to have come through such a prestigious academy at Sporting?
'It’s nice, because whenever anyone recognises Sporting they
know some of the players that have come through the ranks such as Ronaldo and
Luis Figo, to the world those two will stand out. But there’s a lot more that
have come through the academy, loads of players that people might not be aware
of in England, but they’re playing in Spain, Italy and Portugal itself. It’s
nice, and you trust the club because of their résumé, you can see who they’ve
produced so you can trust them with yourself.'
Which players did you admire when you were growing up?
'At Sporting, I always admired a player called Pedro Barbosa, he was
the captain of Sporting, when me and my dad used to go and watch
the club. He was so calm and classy on the ball, so I always admired
him. Also a classy defender Anderson Polga, he was another player I've
always admired. My
favourite player in Portugal has always been Fernando who plays for
Porto, so to play against him
this season was a real honour.'
Is it true that you were approached to play for Portugal?
'When I was about 15, they had spoken to Sporting about it, and the director of
the academy came to speak to me and my parents to see what my thoughts would be
on that. We looked into it and it was clear that with both of my parents
being English we’d have to wait until I was 18 before I could get dual
nationality. But I wasn’t that bothered about playing for the national team to
be honest, I was just happy playing for Sporting so I just let it go. But then
by 17 or 18 I was being chosen to play for England, and when that option came
along it felt like the right decision to make.'
What difference do you think it has made to your game, to have developed as a player in Portugal?
'I feel extremely privileged to have grown up playing football
in Portugal. Thanks to Sporting and Portugal I’m here today, and I’m not sure
it would’ve been the same case if I hadn’t moved here. It might’ve been if I
was in England, but I do think that it helped me in so many ways being here.
There’s things that are different and things that are the same, in England I’d
say that physically and medically, and the technology used is more advanced,
here football-wise its different, training is a bit different, it’s hard to put
your finger on what that is exactly. I wouldn’t say one is better than the
other, it’s just different.'
The U20 World Cup is not on everybody's radar here in the UK, how is it seen in Portugal?
'In England it doesn’t seem like people are so interested in
it, but here in Portugal it’s a massive thing, it’s a World Cup. Last time
around the Portuguese team got to the final, so everyone pays a lot of
attention to it, and so obviously in my eyes it’s a massive tournament as well.
I think everyone in the squad feels that it’s a massive opportunity, obviously
the senior World Cup is a bit different but it’s a massive moment all the same.'
Who would you say are players we should look out for in the tournament?
'Portugal have a good team, there’s Ricardo Esgaio and Joao Mario
who play with me for Sporting, there’s also two players who play for
Barcelona
now, Edgar Ie and Agostinho Ca, but their whole squad is good to be
honest. It’s strange that neither Argentina or Brazil have qualified,
when you think of World Cups you automatically think of them,
they’re teams that you’d like to play against, but it just shows how
strong the
other teams are that have qualified. We’ve got Chile in our group, and
they
must be there on merit ahead of the other South American teams.'
What do you like to do in your spare time between games?
'We train in the mornings and sometimes in the afternoons as
well, so we’re pretty busy. My mum always forced me to read when I was younger,
so now I do like to have a couple of books, I enjoy that now to take my mind
off things. It has to be paper books as well, I tried reading something on the
iPad but I didn’t like it, you don’t get that same sense of achievement. At the
moment I’m enjoying the Jack Reacher books, and I’d ordered Craig Bellamy’s
autobiography for the trip but it didn’t arrive on time which was
disappointing! I also like the obvious things like Playstation, iPods and all
that, we’ll definitely be playing a bit of FIFA while we’re away.'
And what about away from football, what do you like to do then?
'I’ve got two dogs now, they’re a handful, I use up a lot of
my time with them, apart from that I’m just like a normal person really. I like
playing golf, especially here in Portugal where the courses are beautiful, I
spend a lot of time with friends. I go to a restaurant near where I live,
Naritimo, which is just like eating at home, the traditional Portuguese food
there is beautiful.'
Obviously you haven't lived in England for a while, but is there anything that you miss about it?
'Some of my family still live in England, so I miss them, and one other thing I
do miss is English winters to be honest, I like being in England around
December and January, I like that Christmas feeling in England. I always enjoy
going to London because it’s a great city, there’s so much culture and so much
going on there. Whenever we have international breaks I try to make the most of
the opportunity, and we get a winter break here in Portugal so it’s nice to
take that time to visit.'
Have you thought about what you'd like to do in the future if the opportunity for a move to England came up?
'I’m really happy at Sporting, I’ve read a lot of stuff about
me moving but I’ve never heard of anything concrete, so unless that happens I’m
not going to give it too much thought to be honest. I want to make myself a
main fixture in the Sporting first team and to play regularly for them. My
dream has always been to play in the Premier League but I don’t think it’s the
right time to go, I feel that I’m nowhere near then. I would only want to move
when I know that I can’t improve any more, and I think that Sporting is the
best place for me to get better as a player.'
Thanks to Eric for taking the time to speak to us ahead of the tournament - and best of luck with England and Sporting.