O protesto "inadmissível" e mais algumas notas sobre a actualidade
Foto Público/ Ina Fassbender/Reuters |
O inadmissível
Sem surpresa a UEFA rejeitou o protesto apresentado pelo Sporting, relativamente ao jogo com o Schalke 04. Surpresa isso sim, registei na tradução feita pela generalidade dos órgãos de comunicação social, que fizeram, de forma preguiçosa ou reveladora de ignorância, uma transposição literal da palavra inglesa "inadmissible". Ora o protesto do Sporting não foi considerado inadmissível, no sentido de "intolerável" ou "inaceitável" mas sim rejeitado como inválido, o que é bem diferente. Saúde-se a explicação dada pelo Noé Monteiro, ontem na Antena 1. (ouvir neste link)
Sem surpresa a UEFA rejeitou o protesto apresentado pelo Sporting, relativamente ao jogo com o Schalke 04. Surpresa isso sim, registei na tradução feita pela generalidade dos órgãos de comunicação social, que fizeram, de forma preguiçosa ou reveladora de ignorância, uma transposição literal da palavra inglesa "inadmissible". Ora o protesto do Sporting não foi considerado inadmissível, no sentido de "intolerável" ou "inaceitável" mas sim rejeitado como inválido, o que é bem diferente. Saúde-se a explicação dada pelo Noé Monteiro, ontem na Antena 1. (ouvir neste link)
Questões de semântica à parte, vinco o sentido do anterior post sobre a matéria:
o Sporting fez muito bem em protestar. Era, isso sim, inadmissível que não o
fizesse. Mas, insisto, é lamentável que o tenha feito nos termos que o fez. O
que UEFA veio dizer é que os regulamentos não prevêem quer a repetição do jogo
quer a entrega do valor pedido pelo Sporting. Pior é o Sporting aceitar a troca
de um principio - a da reposição da justiça - por um valor monetário qualquer
que ele seja, quando pede "a repetição ou o dinheiro."
A contratação de Sara Moreira e o atletismo
Acabaram por se confirmar os rumores que já circulavam
há alguns dias sobre a possibilidade de o Sporting contratar Sara Moreira. Uma
excelente noticia que se junta a outras de abandonos já confirmados e de
rumores de mais saídas. Provavelmente será melhor esperar mais algum tempo para
se perceber qual o sentido das mudanças numa modalidade que outrora já deu
tanto ao clube mas que, face à realidade instalada, requer uma profunda
reflexão. É verdade que as verbas despendidas pela modalidade não se assemelham
ao que se gasta no futebol, mas não é menos verdade que os tempos em que as
camisolas do clube são envergadas pelos atletas da modalidade são escassos.
Já se pode estar preocupado com a formação sem ser
acusado ou insultado?
A formação é desde há muito tempo um tema caro neste
espaço. Infelizmente, tanto agora como no passado, demonstrar preocupação,
discordar de determinadas decisões ou até de avaliações de jogadores, é quase
sempre entendido como pretexto oportunista para fazer "oposição". O
tempo, como sempre, encarregar-se-á de fazer justiça.
Acontece que a semana foi mais uma vez marcada pela
continuação da instabilidade em Alcochete. A época leva pouco mais de 3 meses e
o rodopio de treinadores continua. A demissão de Bento Valente deve ser
entendida como um verdadeiro tiro no porta-aviões, se atendermos à forma como o
seu regresso havia sido anunciado. A par disso os resultados são os que se
sabe, com as humilhações consecutivas a nível internacional a contrastarem com
os pergaminhos do clube nestes escalões. A saída de Lima não ilude a
dúvida sobre a qualidade do plantel de júniores, por exemplo. Qualidade que vem
sofrendo erosão consecutiva e foi a qualidade, como sempre, que fez a formação
do Sporting deter o estatuto que detém.
Estatuto que não nasceu ontem, mas que pode acabar amanhã se as decisões certas
não forem tomadas. Construir leva tempo, implodir não.
Virgílio é o nome no centro do furacão. Tido pelo
presidente como o "o homem que respira futebol" e a quem foi
entregue o poder (e o fardo) de tudo decidir em Alcochete, vem acumulando uma
série de decisões altamente questionáveis. Despedir treinadores com a época a
começar ou com poucas jornadas decorridas é pelo menos sinal de mau
planeamento. Tenho também muitas dúvidas que a preferência por nomes de
Sportinguismo inquestionável como Barão ou Venâncio, mas sem nada que se
recomende no curriculum, sejam as medidas correctas. Aliás, tal como os seus
ex-companheiros, além do passado em comum, registam também em comum quase duas
décadas de afastamento quase total do futebol, quer profissional quer de
formação.
As noticias às pinguinhas sobre a auditoria
Começou por se saber que o clube iria processar
ex-dirigentes e profissionais, o que já parece estar em curso. No fim-de-semana
"soube-se" que Gomes Pereira gastava muito dinheiro em
medicamentos, o que o antigo responsável pelo departamento clínico veio agora
desmentir. Não sei a quem interessa este tipo procedimento, o Sporting não
ganha nada com tipo de exposição.
Sobre este tema chamaria à atenção o que se vem
passando no Barcelona, cujas feridas das acções intentadas contra ex-dirigentes
dividiram profundamente o clube e custarão muito mais do que este alguma vez
receberá. Isto se alguma vez receber alguma coisa, uma vez que as acções
movidas a ex-dirigentes foram recentemente rejeitadas judicialmente, mas as
suas consequências ainda permanecerão por tempo indeterminado.
A propósito deste tema dizia ontem o conhecido
jornalista espanhol Martin Perenau:
1.- Sandro
Rosell, el más votado de la historia, pudo ser el presidente de la concordia en
el Barça, pero eligió gobernar desde el rencor.
2.- Rosell heredó
el mejor equipo de siempre, un gran entrenador, una Masia bien dirigida y una
metodología y modelo de juego irrefutables.
3.- Rosell
también recibió una herencia mala. Heredó problemas de gestión, carencias,
errores y defectos.
4.- Rosell pudo
ser magnánimo: perfeccionar la herencia buena, hacerla suya y aprovechar los
réditos. Y limpiar y corregir la herencia mala.
5.- Sandro Rosell
optó por el rencor como guía y norte de su mandato. Hoy, es un fantasma errante
porque el rencor nunca construye nada.
Quem
sabe nós pudéssemos aprender alguma coisa com isto.
Duas
notas adicionais ao post inicialmente editado:
O aumento de Slimani
O clube decidiu dobrar o salário de Slimani, colocando-o entre os que melhor pagos do plantel. Era conhecida a insatisfação do ponta-de-lança, o que terá originado o seu afastamento, conhecido de todos, no inicio da época. Ao que se foi dizendo, o Sporting não acedeu aos seus pedidos de aceitação de propostas de clubes estrangeiros, propostas essas que, pelos vistos, eram mais aliciantes para o jogador que para o clube. O aumento é uma medida justa e acertada, o jogador não viu as suas pretensões inteiramente satisfeitas, mas vê a sua importância reconhecida.
As eleições na Liga
A primeira nota para a representação do Sporting. Esta esteve a cargo do presidente da nossa delegação na Invicta, o Solar do Norte, Carlos Miguel. Independentemente do posicionamento do clube relativamente ao organismo, não me parece uma medida que mereça qualquer reparo. A sede da Liga é no Porto, o Solar do Norte é, como delegação do clube, um digno representante para um acto desta natureza. Eu, que sou amigo e sobretudo particular admirador do empenho e dedicação à causa Sportinguista dos dirigentes e habituais frequentadores do Solar do Norte, até acho que é uma honra e um prémio inteiramente merecidos.
Já quanto à estratégia, não me parece a que mais favoreça os interesses do Sporting. Não se fazem revoluções sozinho,não se lidera ou inspira a mudança a partir do isolamento. O Sporting devia fazer isso mesmo, liderar e, para isso, tem que estar na linha da frente e acompanhado. Acredito que não é fácil, mas ninguém nos virá buscar a Alvalade.
O aumento de Slimani
O clube decidiu dobrar o salário de Slimani, colocando-o entre os que melhor pagos do plantel. Era conhecida a insatisfação do ponta-de-lança, o que terá originado o seu afastamento, conhecido de todos, no inicio da época. Ao que se foi dizendo, o Sporting não acedeu aos seus pedidos de aceitação de propostas de clubes estrangeiros, propostas essas que, pelos vistos, eram mais aliciantes para o jogador que para o clube. O aumento é uma medida justa e acertada, o jogador não viu as suas pretensões inteiramente satisfeitas, mas vê a sua importância reconhecida.
As eleições na Liga
A primeira nota para a representação do Sporting. Esta esteve a cargo do presidente da nossa delegação na Invicta, o Solar do Norte, Carlos Miguel. Independentemente do posicionamento do clube relativamente ao organismo, não me parece uma medida que mereça qualquer reparo. A sede da Liga é no Porto, o Solar do Norte é, como delegação do clube, um digno representante para um acto desta natureza. Eu, que sou amigo e sobretudo particular admirador do empenho e dedicação à causa Sportinguista dos dirigentes e habituais frequentadores do Solar do Norte, até acho que é uma honra e um prémio inteiramente merecidos.
Já quanto à estratégia, não me parece a que mais favoreça os interesses do Sporting. Não se fazem revoluções sozinho,não se lidera ou inspira a mudança a partir do isolamento. O Sporting devia fazer isso mesmo, liderar e, para isso, tem que estar na linha da frente e acompanhado. Acredito que não é fácil, mas ninguém nos virá buscar a Alvalade.