Quantos Coates precisa o Sporting para se abrigar?
Sebastian Coates é o novo defesa central e chega como o desejado patrão, tão ansiado por Jorge Jesus. Uma aposta assim elevada parece demonstrar que não estamos apenas a colmatar a ausência temporária de Tobias Figueiredo por lesão, mas à procura de melhor desempenho no sector recuado.
Justifica-se a sua contratação, nestes termos? Creio que sim. Paulo Oliveira e Naldo jogam nos limites das suas possibilidades, mas é natural que Jesus procure algo mais do que "arroz e feijão" (expressão usada pelos brasileiros para definir os centrais que jogam simples) logo a partir de trás. Parece-me também a constatação da desconfiança relativamente a Ewerton, que já várias vezes deixou Jorge Jesus pendurado. Ora porque não podia jogar, ora porque jogando, acabou por sair em momentos complicados das partidas.
Sob o foco dos scouters de todo o mundo desde 2009, Sebastian Coates chega ao Sporting à procura do futuro que tarda em encontrar. Não foi por acaso que já lhe chamaram "Luganito", apontando-o como sucessor do capitão e ídolo do Uruguai Diego Lugano. Projectos falhados como o Liverpool, onde chegou em 2011, a troco de oito milhões de libras, e sucessivas lesões graves e de demorada recuperação são as razões mais frequentemente apontadas como obstáculos ao sucesso e reconhecimento. Ao ponto de perder a titularidade quer nos clubes quer nas selecções.
Quando apareceu em 2009 Coates surpreendeu pela rapidez que exibia para um jogador com o seu porte atlético (1,96m). Porém foi um apurado sentido posicional e leitura de jogo que o notabilizaram, o que frequentemente lhe permitia antecipar as jogadas e estar no sitio certo. Apesar da sua tenra idade, Coates construiu uma imagem de central de perfil cerebral, mesmo em situações de pressão, o que de certo modo justificava a sua precoce aparição como titular do Nacional de Montevideu e depois na selecção.
Hoje, com 25 anos, a sua silhueta esguia está moldado por mais músculos, certamente fruto do trabalho físico tão habitual em Inglaterra e que parece ser responsável pela menor rapidez. É pelo facto de ter perdido a titularidade no Sunderland, onde acumulou quase 1.500 minutos de jogo, que o Sporting viu abrir-se a janela de oportunidade de o contratar. Uma jogada de risco para ambos os lados porque se se trata de um jogador obviamente caro e com estatuto a exigir titularidade, não é menos verdade que há sempre um risco latente para um atleta que desce da Premier League para uma liga considerada menor e logo para integrar a equipa que a lidera. O facto de já não haver jogos para experimentações e rodagem acentuam o índice se risco.
O que o "caso Slimani" nos veio anunciar é que o sistema já é à prova de novas tecnologias
Brincando com o nome do novo central, pronunciando-o ao jeito anglo-saxónico (coats = casacos) formulei o titulo do presente artigo. O objectivo é aproveitar também esta ocasião para abordar o recente desenvolvimento no caso Slimani, em que o jogador passa a ser objecto de procedimento disciplinar. Face às imagens disponíveis e sobejamente conhecidas de todos pode-se considerar aceitável aquela acção. Já o mesmo não se pode dizer do arquivamento dos processos intentados pelo Sporting a alguns dos jogadores do SLB, que tiveram comportamentos semelhantes ou até mesmo mais graves e que as imagens, conhecidas de todos também, documentam.
O recurso à parcialidade num qualquer julgamento costuma ser acompanhado de algum disfarce ou manobra de diversão. A forma descarada com que se toma esta decisão revelam a frieza e segurança dos sicários que se sabem a coberto de qualquer punição. Contam com o silêncio cúmplice de todos quantos gostando de futebol preferem calar-se por lassidão ou conveniência. As imagens valem mesmo por mil palavras, sendo por isso reveladoras.
Mas se quisermos ficar apenas pelas palavras há que acrescentar mais um dado que torna esta decisão incompreensível: Nos regulamentos da FPF só é possível o castigo a um jogador com base no que está escrito nos relatórios dos jogos. Ora o lance do Slimani, bem como todos os outros dos jogadores do SLB, não constam do relatório do jogo.
Como é que o Conselho de Disciplina contornou este "pormenor"? Chama o árbitro de jogo que, à posteriori (!) se pronuncia sobre o lance, acolhendo a teoria do SLB. Já sobre actos de igual teor praticados por jogadores benfiquistas o árbitro declara que "não vê qualquer agressão." Face ao que as imagens documentam, isto seria suficiente para colocar em causa a sua capacidade para o exercício da função, para defesa do futebol e até do próprio, como seria natural.
Obviamente que esta grau de articulação entre Conselho de Disciplina e arbitragem para satisfazer uma das partes (o SLB) não é casual. Mas há algo de muito mais grave em tudo isto e que parece para já estar a escapar à atenção geral:
Este nível de comprometimento e parcialidade demonstra que a introdução de novas tecnologias não será suficiente para garantir a isenção e verdade desportiva e a credibilização do futebol. É isso que me parece estar a ficar agora demonstrado quando um órgão disciplinar e um juiz conseguem distorcer e contornar o que é claro e evidente para todos. É isto que o famigerado sistema parece querer agora anunciar.
Poder-se-á perguntar se tudo isto não é apenas uma tentativa de desestabilização, e que no final prevalecerá o bom-senso? Confesso que, depois de ter assistido ao "porco a andar de bicicleta jurídico" que foi a invenção do "dolo sem intenção" tudo é possível.
Voltando ao titulo do post, "quantos Coates precisa o Sporting para se abrigar"? Pois não sei. É que se e certo que quem anda à chuva se pode molhar, gente deste jaez é capaz de fazer a chuva cair de baixo para cima, tornando completamente inútil o melhor dos casacos, por impermeáveis que sejam.
Quando apareceu em 2009 Coates surpreendeu pela rapidez que exibia para um jogador com o seu porte atlético (1,96m). Porém foi um apurado sentido posicional e leitura de jogo que o notabilizaram, o que frequentemente lhe permitia antecipar as jogadas e estar no sitio certo. Apesar da sua tenra idade, Coates construiu uma imagem de central de perfil cerebral, mesmo em situações de pressão, o que de certo modo justificava a sua precoce aparição como titular do Nacional de Montevideu e depois na selecção.
Hoje, com 25 anos, a sua silhueta esguia está moldado por mais músculos, certamente fruto do trabalho físico tão habitual em Inglaterra e que parece ser responsável pela menor rapidez. É pelo facto de ter perdido a titularidade no Sunderland, onde acumulou quase 1.500 minutos de jogo, que o Sporting viu abrir-se a janela de oportunidade de o contratar. Uma jogada de risco para ambos os lados porque se se trata de um jogador obviamente caro e com estatuto a exigir titularidade, não é menos verdade que há sempre um risco latente para um atleta que desce da Premier League para uma liga considerada menor e logo para integrar a equipa que a lidera. O facto de já não haver jogos para experimentações e rodagem acentuam o índice se risco.
O que o "caso Slimani" nos veio anunciar é que o sistema já é à prova de novas tecnologias
Brincando com o nome do novo central, pronunciando-o ao jeito anglo-saxónico (coats = casacos) formulei o titulo do presente artigo. O objectivo é aproveitar também esta ocasião para abordar o recente desenvolvimento no caso Slimani, em que o jogador passa a ser objecto de procedimento disciplinar. Face às imagens disponíveis e sobejamente conhecidas de todos pode-se considerar aceitável aquela acção. Já o mesmo não se pode dizer do arquivamento dos processos intentados pelo Sporting a alguns dos jogadores do SLB, que tiveram comportamentos semelhantes ou até mesmo mais graves e que as imagens, conhecidas de todos também, documentam.
O recurso à parcialidade num qualquer julgamento costuma ser acompanhado de algum disfarce ou manobra de diversão. A forma descarada com que se toma esta decisão revelam a frieza e segurança dos sicários que se sabem a coberto de qualquer punição. Contam com o silêncio cúmplice de todos quantos gostando de futebol preferem calar-se por lassidão ou conveniência. As imagens valem mesmo por mil palavras, sendo por isso reveladoras.
Mas se quisermos ficar apenas pelas palavras há que acrescentar mais um dado que torna esta decisão incompreensível: Nos regulamentos da FPF só é possível o castigo a um jogador com base no que está escrito nos relatórios dos jogos. Ora o lance do Slimani, bem como todos os outros dos jogadores do SLB, não constam do relatório do jogo.
Como é que o Conselho de Disciplina contornou este "pormenor"? Chama o árbitro de jogo que, à posteriori (!) se pronuncia sobre o lance, acolhendo a teoria do SLB. Já sobre actos de igual teor praticados por jogadores benfiquistas o árbitro declara que "não vê qualquer agressão." Face ao que as imagens documentam, isto seria suficiente para colocar em causa a sua capacidade para o exercício da função, para defesa do futebol e até do próprio, como seria natural.
Obviamente que esta grau de articulação entre Conselho de Disciplina e arbitragem para satisfazer uma das partes (o SLB) não é casual. Mas há algo de muito mais grave em tudo isto e que parece para já estar a escapar à atenção geral:
Este nível de comprometimento e parcialidade demonstra que a introdução de novas tecnologias não será suficiente para garantir a isenção e verdade desportiva e a credibilização do futebol. É isso que me parece estar a ficar agora demonstrado quando um órgão disciplinar e um juiz conseguem distorcer e contornar o que é claro e evidente para todos. É isto que o famigerado sistema parece querer agora anunciar.
Poder-se-á perguntar se tudo isto não é apenas uma tentativa de desestabilização, e que no final prevalecerá o bom-senso? Confesso que, depois de ter assistido ao "porco a andar de bicicleta jurídico" que foi a invenção do "dolo sem intenção" tudo é possível.
Voltando ao titulo do post, "quantos Coates precisa o Sporting para se abrigar"? Pois não sei. É que se e certo que quem anda à chuva se pode molhar, gente deste jaez é capaz de fazer a chuva cair de baixo para cima, tornando completamente inútil o melhor dos casacos, por impermeáveis que sejam.