segunda-feira, 29 de julho de 2019

Troféu 5 Violinos: orquestra curta e por afinar

Na apresentação aos sócios e adeptos em casa não houve alterações significativas na banda sonora  desta pré-temporada: algumas boas indicações, melhorias aparentes e subsistência de algumas debilidades que, por tardarem a ser resolvidas, acabam por ditar mais um desfecho final negativo.

Se é típico da pré-epoca a desafinação, não deixa de ser preocupante que se mantenham erros da época passada. Onde isso continua a ser evidente é na quantidade de passes perdidos e a forma  como se reage a essa contrariedade. De forma demasiado frequente mais de meia equipa está demasiado distante do centro do jogo, ficando assim exposta ao perigo. E isso é mais evidente e frequente à medida que o jogo decorre, como se viu no jogo com o Liverpool e ainda ontem.

Assinale-se um bom começo, com um golo monumental de Dost (acabado, hem?) rapidamente anulado por um golo sofrido na sequência de um livre em que a zona é mal defendida por Borja. Se não conhecia Kongobia devia, assim ficou apresentado. O Sporting não tremeu com o golo mas perdeu algum fulgor.

A equipa consegue ter bola mas a eficácia no ataque é incipiente. A qualidade do nosso jogo no último terço é muito reduzida e a bola praticamente não chega a zonas de finalização com qualidade ou simplesmente não chega. Bas Dost e Philyppe são quase corpos estranhos. A fraca participação e entrosamento de Vietto não pode desculpar tudo. Na prática jogamos apenas com um extremo - Raphinha - pouco fiável. Ontem esteve num plano razoável, mas no jogo anterior praticamente não se viu nada de assinável. 

Seguramente que não melhoraremos com Diaby. Talvez seja necessário que alguém da estrutura faça um briefing prévio com Keizer. Não apenas para melhorar o seu cinzentismo nas conferências de imprensa, mas para lhe explicar o efeito contraproducente das suas teimosias. Não vale a pena falar novamente em Ilori, finalmente remetido à sua posição. Mas Diaby agora? Provavelmente é um excelente profissional, treinará como poucos, mas em campo a sua produção é quase sempre confrangedora. A sua entrada ontem é inexplicável com Plata e Jovane no banco. O custo da sua contratação, associado ao que se perde com sua presença e quanto ela impede a afirmação de outros jogadores é de difícil contabilização.

Do ponto de vista defensivo preocupa mais a articulação entre sectores do que propriamente a constituição nominal da defesa, pelo menos com os que são tido como titulares disponíveis.

Um parágrafo para o que habitualmente se designa por bolas paradas. Há muito trabalho por fazer neste capitulo, quer quando em trabalho ofensivo quer defensivo. Cantos para a molhada, sem qualquer proveito quando marcados por nós, é um desperdício demasiado dispendioso. No mínimo estranho que, tendo nós tantas torres para este xadrez, pareça que joguemos com minúsculos e inofensivos peões. Quando a defender, ai Jesus! O Outro, não esse...

Um parágrafo para o plantel. Não temos a disponibilidade do Valência, que ontem mudou praticamente uma equipa ao intervalo sem que isso quase tenha sido perceptível. Nós mudamos a defesa e sofremos logo um golo, com a tal mais de meia equipa completamente ausente da decisão do lance. Muito poderá mudar se Bruno Fernandes sair. Mas mesmo que fique parece faltar ainda alguma coisa na frente de ataque. Que pode vir da melhoria da forma de alguns jogadores, dos processos de jogo, das escolhas do treinador, mas também pela incorporação de mais talento, que parece curto para uma época longa e exigente.

Nota final para o lote dos equipamentos desta época, cuja escolha geral foi muito feliz.

domingo, 28 de julho de 2019

Matar saudades do Grande Sporting em New York

Quando tive conhecimento da deslocação do Sporting a NY para jogar um amigável com o Liverpool sorri, pensei imediatamente ser a oportunidade ideal para voltar a ver o meu Sporting ao vivo, algo que já não acontecia desde Outubro de 2013.

Vivo no Canadá, bem perto da fronteira com o estado de New York e sensivelmente a 700kms do Yankee Stadium, distância bem razoável para fazer sobretudo pelo Sporting.

Queria ver a equipa, cumprimentar alguns amigos que ainda tenho a trabalhar no Clube, sentir a emoção do jogo e estar com outros Sportinguistas, também eles ora emigrados ora descendentes de Portugueses mas com quem partilho o amor pelo Sporting.

Foi um final de tarde sensacional, a viagem de metro até ao Bronx, o vislumbrar do Yankee Stadium, as cervejas e o merchandizing a serem vendidos a um ritmo incrível, até o cheiro no ar (mesmo em NY) me faziam lembrar os grandes dias de jogo em Alvalade. Esperei pela equipa na porta do Estádio (não me lembro quando o fiz pela última vez), conversei com adeptos do Liverpool (estavam em completo êxtase por verem os campeões europeus), ensaiei cânticos com os ainda poucos leões naquela zona do estádio, até que a equipa chegou. Infelizmente e por razões de segurança (coisas bem americanas), as equipas não podiam parar na entrada e desceram a rampa da garagem rapidamente.

A Sporting TV fazia uma ronda de entrevistas aos Sportinguistas presentes, uns de NY, outros de Jersey, Connecticut, outros estados próximos e até do Canadá, como eu. Enquanto me preparava para sair dali, ainda tive oportunidade de cumprimentar o Presidente e de lhe endereçar algumas palavras, e o meu amigo Beto Severo que tinha vindo cá fora sentir o ambiente.

Estava quase na hora de entrar, ver a bola a rolar, aplaudir o Jubas e o Paulinho, o Renan, o Max e o Nélson no habitual aquecimento dos GRs e por fim o restante plantel e equipa técnica. O coração já palpitava, o estádio começava a encher a um bom ritmo (não pensei que acabasse praticamente cheio como sucedeu), o Klopp era a máxima estrela no relvado (espectáculo de Homem), os nossos adeptos iam chegando a uma zona que quando comprei os bilhetes pensei ser apenas para adeptos do Sporting, mas não, cada vez mais camisolas NB, vermelhas, brancas, de outras cores, todas com um símbolo diferente do leão. Sem problema algum, éramos poucos mas tudo com muita vontade de gritar bem alto o nome do Sporting.

Permitam-me partilhar o arrepio que senti quando se cantou o You’ll Never Walk Alone, foi a primeira vez que ouvi ao vivo e foi incrível, melhor só o Mundo Sabe Que em Alvalade.
Início do jogo e GOLOOOO, foi a primeira vez que os milhares de adeptos do Liverpool sentiram a nossa presença, e que rugido!!

Durante o jogo fui conversando com os Sportinguistas que estavam ao pé de mim, quis perceber e ter a certeza dos meus argumentos quando na semana passada escrevia algo sobre o assunto. Ainda hoje não percebi a polémica em torno desse tweet, pois dizer que os adeptos que vivem longe de Alvalade não têm o real conhecimento da grandeza do Sporting não é nenhuma mentira, nem tão pouco é algo que seja mau, é apenas uma constatação de um facto, que felizmente tive oportunidade de comprovar. Estão longe, alguns nem Português falam, e são do Sporting porque os familiares já o eram e porque usam o Sporting quase como o principal elo de ligação a Portugal. Adoro ver aquele sentimento, já o conhecia dos meus tempos de Gestor do Produto Sócio, onde tinha a função de conhecer muito bem o adepto e sócio do Sporting, onde quer que ele estivesse. Por isso, não falei de cor, não foi um minorar de ninguém, nem sequer catalogar, mas há diferenças, são facilmente perceptíveis.

Posso dar um exemplo para que compreendam melhor o que digo, usando a minha pessoa e a minha própria experiência. Quando saí de Portugal não havia ainda o Pavilhão João Rocha, construído no mandato do Bruno de Carvalho, e que tantas alegrias e tanto orgulho nos tem dado. Leio e vejo vídeos do ambiente do PJR, tento colocar-me lá a ver o Hóquei ou outra qualquer modalidade, mas não sei o que é, mesmo tendo vivido nos tempos de glória no velhinho Pavilhão de Alvalade e na Nave, não acredito que saiba ou que seja possível alguém explicar o que sentiram e viveram quando ganhámos o jogo ao Porto na final da Liga Europeia de Hóquei, ou quando eliminámos o Benfica da Final Four da UEFA Futsal Cup, é impossível descrever. Ora se eu com 40 anos de sócio, 35 anos de vida quase diária em Alvalade, não sei a grandeza do Sporting no PJR, como poderão Sportinguistas que não conhecem Alvalade, que viram o Sporting 1 ou 2 vezes na vida ter a real ideia da dimensão do Sporting Clube de Portugal?

Quanto ao jogo, foi maravilhoso voltar a ver um jogo totalmente despido de politiquices e sem pensar nas constantes guerras entre Sportinguistas, ver o jogo como um adepto que ama futebol, que tem os seus preferidos e os menos preferidos (para não dizer que os detesto), que incentiva e aplaude, que grita por eles e faz movimentos com o corpo como se a tentar guiar os jogadores para fazerem o que pensamos ser o mais acertado, seja um passe ou um remate. Que bom foi, que sensação maravilhosa!
Um abraço desde New York, sim aproveitei e fiquei por aqui mais uns dias!
Nuno Paiva

P.S. Obrigado ao José Duarte pela oportunidade de partilhar esta minha fenomenal experiência.

NDR: Obrigado eu Nuno. Que a distância encurte e que tenhamos aquilo que há tanto tempo desejamos.!

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Liverpool 2 - Sporting 2: quem muito falha pouco acerta

Não é possível ganhar jogos, ainda por cima a este nível, com falhas como as registadas nos dois golos do Liverpool. Falhas individuais e falhas colectivas, com a equipa mais uma vez a sofrer golos na sequência de lances em que perde a bola e é apanhada desorganizada. O facto de continuarmos a sofrer golos em todos os jogos é preocupante e revela que a base é ainda instável e pouco consistente.

Ainda assim talvez seja a melhor exibição desta pré-época, com a mudança para um 4x4x2, onde a equipa, apesar do que foi dito acima, apareceu mais compacta, por força dos sectores mais juntos, o que confere mais segurança na execução aos jogadores. 

Um teste muito a propósito para o primeiro compromisso da época - a Supertaça - mas onde ficou bem evidente o quanto o crescimento desta equipa está ainda manietada pela ausência de laterais, quer por ausência dos jogadores potenciais titulares, quer pelo atraso na preparação.

Quanto ao resto... Bruno Fernandes! E depois, claro, não podíamos deixa de mencionar o... Bruno Fernandes.

Renan fez o que pôde, não foi por ele.

Ilori, até para ser protegido, precisa de ir arejar. Um regresso penoso e infeliz. Este Ilori não só não evoluiu, não melhorou o seu potencial, como parece ter desaprendido. A leitura de jogo parece ser agora pior, a abordagem aos lances e a colocação dos apoios são de principiante.

Estamos melhor com Neto do que estávamos com as opções anteriores.

Continuamos a precisar de um verdadeiro "6" que Doumbia até pode vir a ser mas ainda não é.

Eduardo pareceu melhor preparado para a função que inicialmente foi atribuída a Doumbia.

Wendel fez dos melhores jogos que lhe vi de leão ao peito mas continua a faltar alguma coisa na cobertura do meio-campo. Quase perfeito da linha do meio-campo para a frente, a rever dessa linha para trás.

Raphinha????

Vietto esteve uns furos acima, em posições onde parece estar mais confortável, embora seja claro que o deficit de confiança é ainda o muro que tem que transpor.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Vietto e o problema do 4x3x3

Luciano Vietto, pela sua qualidade, tem tudo para poder ser um dos jogadores marcantes da Liga 2019/20, mesmo que as primeiras aparições estejam ainda longe de o indicar. Para que tal suceda há uma teia de factores que têm que se reunir em simultâneo e que começam no próprio jogador, passam pelo treinador, bem como pelo trajecto da equipa no campeonato. Embora ainda seja cedo, as primeiras indicações não são muito animadoras. 

No post anterior dizia que "após os jogos iniciais é incompreensível que o esforço feito na contratação de um jogador com a qualidade de Vietto vá morrer no seu desvio para a ala esquerda quando podia estar a ligar o jogo ao centro.". Talvez a questão primordial seja se a aquisição foi devidamente articulada com o treinador que, todos sabemos, tem demonstrado preferir o 4x3x3, modelo que favorece pouco as características de Vietto, como aliás o próprio reconhece.

O sucesso da adaptação de um jogador a novas funções em campo começa logo na sua capacidade cognitiva de entender o jogo e o que ele pede nos seus diversos momentos. Mas mesmo os jogadores que demonstrem estar bem apetrechados a esse nível podem ver a sua acção limitada por diversos factores como as limitações físicas e até emocionais. É aqui que começam as minhas dúvidas sobre o sucesso da adaptação de Vietto ao papel de extremo, mesmo que de forma não convencional. Se é evidente que Vietto não parece ter grandes apetências nem físicas nem emocionais para as exigências das  tarefas defensivas que o lugar exige para o equilíbrio da equipa, é na questão emocional que as minhas interrogações se centram por ora.

A melhor época de Vietto dista já de 2014/15 no Villarreal, onde despertou o interesse do Atlético de Madrid, obrigando-o a abrir os cordões à bolsa. De de lá para cá a sua carreira entrou num plano descendente, o que certamente se reflectirá na confiança com que executa em campo. Ao invés de lhe proporcionar um regresso à sua zona de conforto, onde a regeneração da confiança nas suas qualidades lhe proporcionaria maior segurança para a aventura noutras funções,  esta tentativa de adaptação de Keizer tem tudo para aprofundar o eclipse do argentino.

Mantendo o actual 4x3x3, vejo como muito difícil uma passagem auspiciosa de Vietto por Alvalade. Temo até que este modelo, com ou sem Vietto, seja o adequado para levar o Sporting onde todos nós queremos. As fragilidades do campeonato passado andaram a assombrar os jogos de preparação e a equipa parece ainda longe do equilíbrio desejável.

sábado, 20 de julho de 2019

E se Bruno Fernandes sai? E se se lesiona?

À terceira ainda não foi a vez de registar uma vitória nesta pré-temporada. Se os resultados não são o mais importante a forma como eles são obtidos já o são. E aí há algumas razões para alguma preocupação. Por exemplo:

- Continuam a ser flagrantes as dificuldades do Sporting na saída de bola, algo que se arrasta desde a época passada, fazendo que o Sporting sofra até com equipas pequenas que consigam pressionar com o mínimo de eficácia e persistência.

- Este meio campo da primeira parte é incapaz de organizar uma pressão eficaz, a desorganização é evidente no momento de reagir à perda, é incapaz de ter bola e quando a ganha de a conservar. As melhorias do segundo tempo não resolveram os problemas na totalidade. 

- Permanece a fragilidade defensiva que advém de um meio-campo demasiado permissivo. A quantidade de oportunidades que os adversários dispõem durante o jogo além de criar insegurança na equipa e expõe-nos em demasia, mesmo depois de recuperarmos de desvantagens.

- Apesar das melhorias registadas faltam ainda muitos metros ao nosso ataque. Após os jogos iniciais é incompreensível que o esforço feito na contratação de um jogador com a qualidade de Vietto vá morrer no seu desvio para a ala esquerda quando podia estar a ligar o jogo ao centro.

- É muito duvidoso que tenhamos resolvido o problema do "6" com Eduardo ou Doumbia. O problema ali era capaz de não ser apenas com o Gudelj...

- É evidente a falta de qualidade nos extremos. Raphinha ainda tem muito que crescer e depois dele o vazio é grande.

Claro que o facto de ser apenas o terceiro jogo funciona como atenuante, assim como a ausência de alguns jogadores que, por razões diferentes, têm estado impedidos. Mas a esperada chegada de Acuña, Borja, Coates e a resolução das lesões dos laterais direitos  não serão suficientes para resolver um problema que começa nas ideias e concepções de Keizer.

Aguardemos pelos próximos capitulos. Mas a pergunta que certamente todos temos na cabeça quando pensamos nesta equipa é: e se Bruno Fernandes sai ou se lesiona?

Algumas apreciações individuais:

Renan: enorme exibição. É um dos patinhos feios de muitos adeptos, alguns porque nunca lhe perdoaram o episódio Viviano do qual não foi obviamente responsável. Não perdemos antes da ida aos penaltys graças a ele.

Maximiano: Mais tarde ou mais cedo a baliza será dele.

Mathieu: que nunca se lesione, não é?

Wendel: precisa de se dedicar mais a fechar atrás, ele que a partir da linha do meio campo sabe muito bem o que fazer.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Sporting ainda precisa de tempo e de pernas

Uma breve análise à prestação do Sporting ante o St. Gallen:

BOM:
Os primeiros 30 minutos. Enquanto houve pernas houve Sporting por cima do jogo, pressão, bom envolvimento colectivo, trocas rápidas de bola, progressão pelo centro do terreno, a partir das laterais para dentro, uso da meia-distância com qualidade.

Bruno Fernandes, who else? Capitão de braçadeira, exemplo e coração. Marca golos, faz jogar. É neste momento a grande bandeira desta equipa e o grande comunicador com os adeptos do clube.

Grande golo de Wendel.

Vietto. Muita qualidade nos pés que lhe advém da forma como entende o jogo. Perdeu-se com a equipa na segunda parte mas não engana. Excelente contratação.

Maximiano. Não perdemos porque foi o único que não desligou na segunda parte. É o futuro, pode ser o presente. Para já faz o que lhe compete: defende, obriga Renan a estar au point, dá boas dores de cabeça ao treinador.

Neto. Oferece garantias a Keizer para qualquer eventualidade. Utiliza processos simples, o que nesta fase é talvez o mais recomendável.

Raphinha quer mesmo ser uma referência nesta equipa. Parece no bom caminho mas tem que ser menos intermitente.


 MAU (para já deve ser lido apenas como preocupante mas fica bem na narrativa):

Um dos principais defeitos da equipa de Keizer do ano passado parece transitar para este ano: a organização defensiva. Não é um problema dos centrais, é um problema colectivo e que resulta não apenas de erros de posicionamento defensivo mas muito da forma como pressiona mal  e a reacção à perda da bola eé feita de forma anárquica.

A equipa desarticula-se colectivamente, deixa de pressionar, permite o jogo livre, quase sem oposição ao adversário, sem que o treinador consiga alterar o rumo dos acontecimentos. O golo do empate é um grande golo em qualquer parte do mundo mas a facilidade concedida ao rematador.

Meio-campo muito macio em bola, pressão alta bem feita mas apenas só às vezes.

Isto é "melhorável" com uma melhor forma física?

O modelo de jogo inicial, de muita pressão e procura da bola não prevê o descanso em posse, tornando-o, por isso mesmo, inviável?

O VILÃO:

Ilori: começou mal o primeiro jogo, onde não esteve nem bem nem mal, antes pelo contrário. Mas não foi o único. Não se justifica a onda de "ódio" embora se desconfie da sua "origem"...  Mas tem uma virtude: enquanto batem nele outros podem ir melhorando os seus índices competitivos nesta pré-época.

A REVER:

A posição 6, uma das principais lacunas do plantel da época transacta, está definitivamente fechada? Ainda é cedo, mas as primeiras notas continuam a deixar preocupações. Doumbia e a agora Eduardo não são "peças de origem" no lugar e isso nota-se. Particularmente na organização da transição para o ataque. Com a presença de Vietto é caso para perguntar porque não o 4x4x2?

As noticias da procura de mais um extremo parecem indicar que a SAD e a equipa técnica estão atentas. É que até agora só Raphinha parece dar garantias para essa posição, mas precisa de ser mais consistente, isto é, não desaparecer do jogo por vezes.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Sporting: os reforços de que se fala

Talvez possa ser uma afirmação muito precoce, mas a observação atenta do actual plantel continua a evidenciar um dos maiores problemas que contribuíram para a irregularidade da equipa Keizer. Mesmo deixando de fora uma questão tão determinante como a análise da movimentação da equipa nos diferentes momentos do jogo - até porque é preciso mais e melhores observações - parece claro que falta ainda neste plantel algum talento com imprevisibilidade.  

Talvez não seja por isso estranho que tenham surgido nomes de potenciais reforços com o selo de cooperação com o colosso Manchester City.  Brekalo, Abdulkadir Omur e, mais recentemente Thiago Almada têm em comum precisamente as características mencionadas. Falta ainda descodificar se esta procura existe de facto e se destina ao reforço da equipa com Bruno Fernandes, ou caso ele tenha guia de marcha em elaboração. O primeiro e último dos atletas mencionados são capazes de desempenhar várias posições no campo, entre as quais o 10 e o extremo. Por isso mesmo os elegemos para a apreciação mais detalhada.

Josip Brekalo (na foto que ilustra o post) é um wonderkid com uma história curiosa. A sua ascensão a internacional croata foi meteórica, tendo saltado rapidamente das bancadas, onde era fiel seguidor, para jogar no relvado em frente aos seus antigos companheiros de bancada. O croata é ambidextro e senhor de excelente passada, capaz de quebrar linhas com muita facilidade, a que associa, num cocktail venenoso, um drible demolidor e remate poderoso e certeiro. Tem uma capacidade de manobra extraordinária em espaços curtos, de onde resultam amiúde faltas perigosas. Remata, muita vezes com sucesso, de qualquer posição, é excelente a colocar a capacidade de criar oportunidades ao serviço dos colegas melhor colocados. Apesar de ser apontado ao Sporting via Manchester City, tem muitos clubes no seu encalço. Tem 21 anos, é oriundo das escolas do Dínamo de Zagreb, sendo actualmente jogador do Wolsburgo, antigo clube de Bas Dost.

Thiago Almada faz entretanto o pleno nos jornais da especialidade nacionais apontado como futuro leão. Foi uma das revelações do campeonato argentino, joga no Veléz Sarsfield e tem apenas 18 anos. Jogador criativo, com grande capacidade de aceleração e mobilidade aliadas a uma facilidade estonteante mudança de direcção, drible curto e excelente a definir. Um excelente parceiro para um jogador como Bas Dost. Senhor de uma velocidade excepcional, é mortal a contra-atacar. A sua baixa estatura faz dele quase inútil para o jogo aéreo. Mas o baixo centro de gravidade que lhe proporciona, junto com uma técnica imprevisivel, que lhe cola a bola à bota, torna o roubo de bola quase uma miragem. Um projecto de grande jogador já em plena execução, à espera do clube e enquadramento certo para vingar.Aquilo que se chama um autêntico abre latas, terrível nos jogos com espaços ou para desmontar autocarros.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Sporting na Suiça com o relógio parado


Não podia ser pior o primeiro jogo treino do Sporting na época 2019/20.

E porquê?

A equipa estava claramente cansada e por isso incapaz de pressionar o adversário, o que se registou em ambas as partes do jogo.

Aposta  pouco criteriosa de Keizer em miúdos com talento, mas sem qualquer rotina em si. A aposta está correcta, mas necessita de outro enquadramento.

Foram tais as facilidades concedidas aos amadores suíços, e mesmo ainda na primeira parte, que era difícil distinguir quem eram os profissionais ou os amadores.

Como é normal nestas circunstâncias, a eficácia está também ainda no forno, falhamos alguns golos feitos.

Apesar de todas as atenuantes, perder contra uma equipa de amadores, mesmo que não seja preocupante, é pelo menos desprestigiante. Especialmente por tal ter sucedido na presença de compatriotas nossos, para quem estes momentos têm uma importância muito maior do que a relativização feita com argumentos meramente técnicos tendem a construir.

Do ponto de vista individual, apesar de tudo, deu para perceber que:

Vietto é reforço e pode fazer uma tripla muito interessante com Bruno Fernandes na batuta e Dost a fazer o que sabe: encostar para finalizar.

Houve e continuará a haver um Sporting com e sem Bruno Fernandes.

O Gonzalo é muito mais que apenas Plata. É um diamante. Ainda por lapidar algumas arestas mas o seu brilho é já intenso. E teria sido muito mais se melhor enquadrado.

Se o equatoriano é uma gema de primeira Quaresma é ouro puro. Não engana.

Tiago Ilori viveu um verdadeiro pesadelo. Um jogo completamente infeliz. A vantagem para ele é que dificilmente poderá fazer pior.

Apesar das expectativas Matheus Pereira apareceu no ponto em que nos deixou há um ano. Talento tem, precisa de saber como fazê-lo render em favor do colectivo.
O jogo com o St. Galen, no próximo sábado traz ainda maior exigência, ficando por isso mais aguçada a curiosidade, depois deste inesperado resultado.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

E agora, depois da AG?

Já muito depois de serem conhecidos os resultados das votações da última AG, onde fiz questão de exercer o meu direito de voto, coloquei no meu perfil do Twitter a imagem que se ilustra este post. Trata-se do símbolo do nosso clube e a sua escolha foi tudo menos inocente. Claro que houve quem pensasse tratar-se de uma provocação, por ser conhecido o meu sentido de voto. Nada mais errado e a última coisa que darei é palco a quem não sabe o que é nem o que representa para mim o Sporting.

O emblema do Sporting Clube de Portugal já teve vários emblemas mas todos partilham o Leão Rampante entre si. É esse Leão Dourado que se vê na bandeira e que é também o património comum a todos os sócios e adeptos. Foi justamente para lembrar, num momento fracturante como o que vivemos, que é sob esse património que todos estamos, independentemente da facção, pessoas ou grupos com os quais mais nos identificamos. E é sob essa bandeira que temos a obrigação de construir um Sporting melhor do que aquele que tivemos a sorte de desfrutar.

Os sócios expressaram a sua vontade. É o tempo de se respeitar a decisão e olhar para o tanto que temos que enfrentar. Terá que haver coragem e terá que haver tempo para novas discussões sobre os estatutos, sobre a ideia de 1 voto / 1 sócio, sobre questões disciplinares. Mas não agora, de forma casuística ou oportunista e marcada pelo momento. Só quem não esteve nas AG's mais recentes pode ignorar que este é o pior tempo para esta reflexão, apesar de necessária.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Expulsar ou não expulsar, eis a questão!

Questão prévia: a figura de recurso para a AG sobre matéria disciplinar é uma disposição completamente anacrónica que até um leigo como eu o percebe. Neste caso especifico da apreciação dos recursos de Alexandre Godinho e Bruno de Carvalho esse facto será ainda mais evidente.Na AG de sábado os factos em apreciação, e que levaram à expulsão dos acima referidos, ficarão soterrados sobre o entulho emocional com que o tema tem sido analisado. Duvido inclusive que muitos dos que votarão saibam quais são os factos que levaram aos processos disciplinares e consequente sanção.

No vasto rol de infracções constantes da acusação, são para mim determinantes a tentativa de usurpação de funções, a criação ilegal de órgãos paralelos e a tentativa de bloqueio das contas do clube. O objectivo era claro: manter-se no poder, em violação grave da vontade dos sócios, expressa na votação que levou à destituição. Objectivo esse que teve apenas em vista os seus interesses pessoais, sem cuidar do mal que infligiria ao clube. As provas passaram debaixo dos nossos olhos durante as piores semanas que vivi como Sportinguista.

Esse nível de abstracção e alheamento revela aquilo que esteve muitas vezes subjacente em muitas das suas acções: considerava-se acima do clube e de todos. Se dúvidas houvesse veio agora novamente deixá-lo bem claro ao insultar os fundadores na entrevista do Expresso [Eu sempre fui mal visto pelo sistema que fundou o Sporting em 1906!!!]. No fundo, para alguém que foi presidente do Sporting durante 5 anos, demonstra que nunca percebeu o clube que presidiu. Só assim se percebe como é que da aprovação quase unânime passa a uma reprovação a rondar os dois terços, em poucos meses.

A nomeação dos ditos órgãos paralelos - MAG e CFD - já não seria de fácil qualificação. Mas juntar-lhe os nomes de sócios que nem o cuidado de pagar quotas observavam, é um acto muito mais do que simplesmente infeliz. E nem é bom lembrar que, a seu pedido, chegaram a elaborar convocatórias de AG's que apenas contribuíram para a instalação de anarquia e caos.

A tentativa de bloqueio de contas, juntamente com Alexandre Godinho, junto dos bancos e a apresentação em Alvalade com um "documento" que lhe reconheceria a validade do lugar que queria usurpar foi uma das várias tentativas realizadas no sentido de se apoderar do Sporting. Aquilo que os sócios sempre têm rejeitado - um clube com um dono - esteve a um passo de se realizar. E, a ter sucedido, não seria um qualquer accionista a apoderar-se da SAD. 

Seria um golpe realizado por alguém em quem uma enorme falange de Sportinguistas tinha eleito, entre muitas outras razões, justamente para prevenir que tal sucedesse. Do Sporting é nosso teríamos passado em cinco anos ao Sporting é meu. Bruno de Carvalho acabaria por ser deposto por um golpe, como todos sabemos hoje. Esse golpe foi-lhe aplicado nas urnas por uma maioria significativa de sócios.

Na mesma entrevista é retomada a retórica que o notabilizou nos últimos cinco anos e onde é possível verificar mais uma vez que o interesse dele está acima de tudo o resto. Não mudou nada, não houve "burnout". Bruno de Carvalho teve tudo na mão e tudo desbaratou. Podia reconhecer os seus erros, mas insiste numa argumentação de vitima. O nível de toxicidade que lança permanentemente sobre o Sporting cada vez que fala tem um poder desagregador tremendo. 

No seu legado terá muitas outras obras dignas de menção, mas para já a que fala mais alto é a profunda divisão que deixa na sua passagem. Em nenhum momento revela arrependimento ou cuidado pelo clube. Persiste na autovitimização. Nunca se demarcou do caos e do ruído que os que o veneram procuram a todo o custo lançar de forma quase permanente. Ele sabe que foi o caos do final do mandato de Godinho Lopes que lhe adubou a chegada ao poder. Ele sabe que só o caos o fará regressar. No fundo é o que realmente lhe interessa.

Expulsar, sim ou não? Não preciso de recomendar a nenhum dos meus consócios a posição a tomar. A minha está tomada. 

Expulsar divide e fractura? Alguma vez Bruno de Carvalho se preocupou com isso? Bem pelo contrário. O confronto geracional é hoje um dos piores legados do seu mandato, como se houvesse detentores da verdade e do saber ser Sportinguista. O Sporting grande, universal e inclusivo, que os fundadores nos deixaram, está hoje estilhaçado. Esse, volto a frisar, é o legado que BdC nos vai deixar e cujas consequências e duração estão ainda por apurar. 

No sábado não está em causa um confronto Varandas / Bruno de Carvalho. Nem um Bruno de Carvalho / Resto do Mundo. É apenas o Sporting a querer ser outra vez só e "apenas" o Sporting Clube de Portugal.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Os Sportinguistas têm o clube que construiram

É muito comum apontar baterias aos dirigentes, recentes, antigos e actuais, para explicar as razões pelas quais o nosso clube anda tantas vezes atrás do sucesso sem o conseguir alcançar. E qual é nossa a quota parte de responsabilidade como adeptos?

Tomando como exemplo os tempos recentes e olhando para o final de mandato caótico dos órgãos sociais anteriores, estes sentiram - e em particular o presidente - da parte dos associados uma quase permanente abertura para executar a seu bel-prazer. Apesar dos sinais de descarrilamento iminente, só quando o desastre era uma já uma evidência consumada é que surgiram os primeiros sinais de descontentamento generalizado. Tivessem surgido mais cedo, por certo que a série de passos em frente em direcção ao abismo poderiam ter sido evitados.

Provavelmente BdC nunca acreditou que o resultado verificado na AG de destituição fosse possível, como se percebeu pelas reacções subsequentes. Apesar das diferenças que me separam do ex-presidente, continuo a pensar que o caos que se seguiu poderia ter sido evitado se a exigência e o rigor que lhe eram então exigidos fossem de acordo com a defesa dos interesses do Sporting e com o mandato que lhe foi confiado por uma maioria esmagadora. Com isso perdeu o Sporting, perdemos todos.

Olhando agora para o momento actual, os órgãos recém eleitos, que ainda não completaram um ano de mandato, vivem sob um escrutínio permanente e de malha bem apertada, bem diferente do que se verificou no mandato anterior. Apesar de ser ainda muito cedo para deliberar sobre a qualidade do desempenho - grande parte dos primeiros meses foi gasto em remendos e em apagar os diversos incêndios - não falta quem já fale na pior direcção de sempre, no pior presidente de sempre.

Não é seguramente pelos resultados desportivos e também não é, aparentemente, pelos resultados financeiros. O excesso de ruído, os constantes boatos e os insultos tendem em produzir em quem os recebe reacção de defesa. O risco de acantonamento cresce, diminuindo a possibilidade de um mandato aberto com a participação de todos. Os órgãos sociais devem manifestar essa disposição de abertura mas os adeptos não têm menor obrigação. Perderemos todos se tal se verificar.

Há um ano vivemos a pior crise institucional, criada a partir do interior do clube, e poucos foram os que se preocuparam com o cumprimentos dos estatutos. Estes foram completamente rasgados de alto a baixo por Bruno de Carvalho para satisfazer as suas pretensões de regressar ao poder. Os actos desta natureza, que deveriam ser sempre condenados sem MAS ou SE's, têm a agravante de serem sido perpetrados por aqueles que obrigaram os sócios deslocarem-se duas vezes a AG's para aprovar alterações estatutárias completamente desnecessárias e onde o principio do fim se começou a desenhar.

Hoje parece que todos conhecem os estatutos e as regras de normal funcionamento do clube. É a gala que deveria acontecer, são os discursos em AG que não podem acontecer em simultâneo com as votações. Onde estavam os que agora tanto exigem, quando no passado recente estas situações se verificaram? Porque não estiveram atentos então e revelaram a mesma determinação ? O Sporting não é só um? A bitola não deveria ser sempre a mesma?

Os Sportinguistas têm hoje o clube que construíram, por actos e/ou por omissões.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

113 anos: já temos idade para ter juízo!

São 113 anos! Já temos idade para ter juízo. Ou já devíamos ter. Mas parece que ainda não...

O Sporting continua a dispensar muito tempo e energias a lutar entre si e consigo mesmo, quando os devia empregar a lutar contra os seus adversários.

Enquanto tal não acontece resta festejar mais um aniversário e esperar que a nossa geração dê mais ao clube do que o tanto que recebeu.

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