Taça da Liga: Ver os reforços de inverno no berço
Nota prévia:
Foi um espectáculo desagradável para qualquer Sportinguista o filme mudo que nos foi dado assistir e protagonizado por um treinador isolado na sua área de trabalho e um presidente a esforçar-se para dar uma imagem de normalidade, mas cujos sorrisos eram desmentidos pelas imagens. Como sócio e adepto a preocupação é maior que a vergonha de ver este espectáculo deprimente.
Qualquer pessoa com o mínimo de senso comum percebe a insustentabilidade da actual situação. Não tenho dúvidas, tal como ontem afirmei, que a melhor solução seria a da estabilidade no comando técnico, com a manutenção do treinador. Mas também não tenho dúvidas que a imagem de total ruptura entre técnico e presidente é uma não solução, é um problema. E os dirigentes, em particular o presidente, têm como principal missão criar soluções, tomando decisões e viver com as consequências.
Qualquer pessoa com o mínimo de senso comum percebe a insustentabilidade da actual situação. Não tenho dúvidas, tal como ontem afirmei, que a melhor solução seria a da estabilidade no comando técnico, com a manutenção do treinador. Mas também não tenho dúvidas que a imagem de total ruptura entre técnico e presidente é uma não solução, é um problema. E os dirigentes, em particular o presidente, têm como principal missão criar soluções, tomando decisões e viver com as consequências.
Ilusões de óptica
A derrota expressiva com que fomos brindados para a I Liga, e que provavelmente serviu de ignição aos actuais problemas, criou a ilusão de Vitória mais forte do que a realidade acabará por confirmar. De igual modo, deu a imagem de uma equipa, a nossa, menos empenhada na procura da vitória. Quanto a mim quer uma quer outra extrapolação foram indevidas. O Sporting teve um dia mau, em que tudo o que podia correr mal correu e, se tivesse que jogar mais dez vezes com o Vitória, provavelmente não voltaria a coleccionar resultado idêntico. Ontem, com uma equipa de segunda escolha, o Sporting vence e vence com justiça. Inferir-se que esta segunda equipa é melhor do que a primeira é absurdo. Já não o é tentar perceber se existem nestas segundas escolhas jogadores capazes de reforçar a equipa principal. É o que farei nos parágrafos seguintes.
Reforços ou opções?
Há uma diferença quando se fala em reforços ou em meras opções e creio que a compreensão dessa diferença é pacifica. Sucintamente, um reforço acrescenta valor, uma opção é uma alternativa ao que já existe, podendo oferecer características diferentes, mas sem significar uma melhoria evidente. Além destes dois géneros de jogadores, existem aqueles que representam o que geralmente se chama "custo afundado", jogadores sem valor para jogar no Sporting, cujo preço pago é maior do que se apurará à sua saída, feitas as contas das perdas e ganhos.
Reforços
Dos jogadores que jogaram ontem apenas um reúne as características de potencial reforço da equipa principal. Hoje já se pode dizer, sem receio de ser insultado, que, em condições normais, já seria titular. É melhor do que todos os outros que já o foram esta época e seria melhor dupla com Oliveira do que qualquer uma das outras opções. Falo de Tobias Figueiredo. Não o digo desde ontem, digo-o desde que o vi jogar a ele e a Mauricio e Sarr. Aliás, neste capítulo, é minha convicção que até Nuno Reis seria melhor do que os dois falados anteriormente. E já cá estava.
Opções
Boeck - Provavelmente já se imaginava, por esta altura, dono da nossa baliza. Só não o é porque Patrício ainda mora cá.
Esgaio - Jogador a precisar e a merecer outras oportunidades (o empréstimo, por exemplo) e novas exigências, numa liga superior à que joga agora. Um valor seguro, apesar da discrição.
Geraldes - Um bom jogo ontem, muito melhor do que fizera até agora. Contudo, não escamoteia a constatação de que é o quarto lateral direito e o terceiro defesa esquerdo, tornando muito questionável a sua contratação.
Gauld - Jogador com talento e que tem tudo a ganhar se continuar a aproveitar as oportunidades concedidas. Deve encarar este ano como tempo de transição. Mas ainda está atrás de João Mário e André Martins.
Rossel - Faz o lugar de forma quase sempre discreta e competente mas não é o William Carvalho.
Podence - Tal como Guald, tem o futuro do lado dele. No presente precisa de apurar o processo de decisão, isto é, decidir tão bem como consegue fazer, só que de forma mais constante.
Wallyson - Valor seguro, tal como o futebol que já apresenta.
Nem opções nem reforços
Héldon - Um jogo interessante e um golo em que pareceu reclamar justiça. Percebo a emoção, até pelo facto de marcar um golo pelo seu clube, mas que não dissimula o essencial: deu nas vistas no Marítimo, podia ser importante no Vitória de ontem, mas está aquém das nossas necessidades. Mas pode ser útil em jogos que favoreciam as suas características, mas não mais do que isso.
Tanaka - Um jogador vulgar, que não jogaria em nenhum dos clubes que disputarão connosco os primeiros lugares do campeonato. Há vários melhores em equipas que ficarão abaixo de nós. Como será na ausência de Slimani?
Dramé e Sacko - Tenho que ver mais do que tenho tido oportunidade. O segundo parece ser provido de algum talento mas, tal como o primeiro, tem dificuldades em perceber o carácter colectivo do jogo. Normal quando se tem a idade deles. A rever.
Custo afundado
Sarr - Ter sido internacional pelo seu país de origem é um chamariz que no passado já nos saiu caro. Assim de repente lembro-me de Gladstone, Marian Had e tantos outros. Fica a ideia que era pretensão de quem o contratou tirar da cartola um Mangala barato que, entretanto, nos vai saindo bem caro. O que mais me impressiona no francês, além da total ausência de noção do que deve ser o posicionamento e leitura de jogo é o péssimo jogo de cabeça. Esta foi provavelmente a característica que levou à sua escolha, dado o seu porte físico, mas quem permite cabeceamentos a André André, que lhe dá pelas axilas, ou que nunca se sabe se a bola vai sair da sua cabeça para a frente, lado ou para a baliza, tem a folha feita.
Slavchev - Jogador Youtube e já é ser amigo.