sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Crónica sobre os maus malandros

A crónica do senhor Ferreira Fernandes (sim, "senhor") hoje no DN diz o que é preciso sobre os maus malandros. Sim, maus malandros, que nada têm a ver a com a quadrilha dos bons malandros do Mário Zambujal, outro senhor.


No DN colaborou em tempos Fernando Pessoa, um bêbedo. Um tipo que era apanhado, não poucas vezes, em flagrante de litro. Para desculpa do DN, naqueles tempos ainda não havia o arsenal de leis purificadoras que permite, hoje, o Correio da Manhã (salve, ó bíblia dos costumes morigeradores!) tirar os seus jornalistas da perdição. Um jornalista tipo CM vai para uma reportagem e salta-lhe ao caminho o advogado da empresa: "Fulano, vamos lá ao nosso exame de deontologia!" O advogado aponta a linha reta feita a giz que o jornalista, de braços abertos, tem de percorrer sem bambolear. Exame conseguido, o jornalista já pode ir fazer, por exemplo, a manchete de ontem do CM: "Pai de Sicrano em fuga por tráfico de droga". Não importa que o Sicrano, de 19 anos, não tenha culpa dos tráficos do pai. Leva com o seu nome, o traje de trabalho (Sicrano é jogador de futebol) e a foto na primeira página. Algumas almas piedosas podem não achar isto bonito, mas o importante, não é?, é que aquela manchete não foi feita por um bêbedo. Um jornal com manchetes alcoólicas, fontes anónimas e jornalistas sóbrios. E, suspeito, talvez outros jornais lhe sigam o exemplo. Infelizmente, eu, que sempre bebi pouco, tenho de declarar que nunca soprarei o balão numa redação. Cruzei-me com alguns camaradas talentosíssimos e bêbedos, e, esgotadas todas as tentativas de lhes chegar às canelas, quero guardar a última esperança de o conseguir com uns copos.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Flores para o sr. Coluna

Eu era miúdo e o futebol não me dizia muito mais que as vozes que saiam em quase permanente emergência do rádio da minha tia. Uma delas viria mais tarde a reconhecer como a do Grande Artur Agostinho,  um dos que nos desenhava na imaginação as jogadas riscadas no relvado, e que dava corpo ao vigor, ao drama, à derrota e à glória.  

Um dia, a habitual pacatez do lugar seria substituída pelo frenesim causado pela notícia da visita do Benfica. O grande Benfica dos anos 60 ia descer dos céus da Europa e encarnar naquela terrinha do interior. A equipa local não era mais que grupo de alguns homens solteiros e outros casados que se juntavam num pelado nos poucos momentos que lhe sobravam da lavoura. Ou para fugir dela que, naquela altura, era tão pesada e dura como o granito que pontuava a paisagem. Trazia com ela a dureza austera de quem se levantava antes do sol e se deitava depois dele para amanhar campos e gado. Seria a primeira vez que o futebol sairia da sua dimensão etérea para se tornar de carne e osso e me arrastar em definitivo com ele.

Os dias pareceram ter ficado ainda mais parados do que era hábito até que o grande dia chegou. Porém, com ele não desceram os deuses anunciados, antes sim os que aspiravam a um dia serem como eles. O misto de reservas e júniores, dos quais não me ficou nenhum registo individual gravado, entraram apressados por entre o pó e o bruá da multidão, aplicaram uma tosquia futebolística com o mesmo rigor que os anfitriões dedicavam às suas ovelhas  e com a mesma pressa, enfiaram-se na camioneta que se evaporaria na primeira curva. 

Cumpri com afã as ordens da minha tia, equipado a rigor.

- "Entregas o ramo ao Sr. Coluna, este que está aqui no calendário, com a braçadeira de capitão. Vês, é este sr. de côr, forte, com a braçadeira de capitão. 

Porém não o fiz sem dificuldade. Entre a floresta de pernas musculadas que suportavam corpos enormes para os meus rechonchudos 5 anos pouco se via. Alguém me deve ter guiado e o ramo deve ter ganhado vontade própria, desaparecendo lá no alto. 

Soube mais tarde pelas caras de desânimo e despeito mal disfarçado que não pude cumprir as ordens recebidas. O Sr. Coluna não chegaria a cheirar sequer as flores mais carnudas e garridas que havia no jardim. Não as haveria mais bonitas na capital, mas os feitiços de Lisboa certamente que chamavam com urgência. Seriam eles que certamente tinham retido o sr. Coluna, o "endiabrado" Eusébio, o Torres e outros. Nas conversas de então desculpou-se a desfeita com o cansaço provocado por uma deslocação recente ao estrangeiro.

Só voltaria a ver o Sr. Coluna na voz do Artur Agostinho  - que interessa o rigor a esta hora, podia até não ser, mas eu gosto do Artur Agostinho  - a dar aulas de geometria no rigor dos seus passes, a fintar as leis da física, abrindo túneis maiores que o do Marão, que ainda está por construir. E, no entanto, na sua importância, era invisível, a invisibilidade que só alguns eleitos detêm.

É esta a minha homenagem a esse grande jogador que cresci a ouvir a elogiar e a quem me habituei a respeitar. Respeito que a rivalidade não desmerece, bem antes pelo contrário. A história do Sporting construiu-se com glória, mesmo no tempo de hegemonia do seu rival. As melhores equipas de sempre do S. L. Benfica, que marcaram o futebol durante cerca de duas décadas, encontraram sempre grande oposição  das nossas cores, não evitando os nossos 5 títulos nacionais, outras tantas Taças de Portugal e a maior conquista europeia. 

Foi desse ombro a ombro que se refinou a rivalidade já antiga e o desejo, necessidade e obrigação de querer ser melhor que puseram Portugal definitivamente no mapa do futebol Mundial, consolidando os caminhos antes desbravados pelo Zé da Europa e Peyroteo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Que 11 inicial para receber o Braga?

As ausências forçadas de Montero e Adrien constituem uma grande contrariedade para Leonardo Jardim. Pelo momento em que ocorrem - a recepção ao Braga - e pela simultaneidade. Trata-se de dois jogadores em quem Jardim deposita enorme confiança ou não faria deles os jogadores com mais minutos na equipa. O seu tempo de participação só é superado por Rui Patrício e isso diz tudo da sua importância. Como contrariedade para Jardim acresce ainda o facto do adversário ter mudado de treinador, pelo que todas as observações feitas até agora se podem vir a revelar inúteis. O inicio do jogo vai requerer muita atenção.

A substituição de Montero não coloca qualquer dúvidas nem ao adepto mais distraído. Slimani fará a posição quando, pela eficácia que vem exibindo, já ameaçava, pelo menos para alguns, a titularidade do colombiano. Como creio que se irá notar durante o jogo, o que o argelino pode oferecer limita as opções à equipa, embora o jogo aéreo possa ganhar outra dimensão. 

Mas, independentemente do que cada um pode dar, é claro que as opções de Jardim para mudar com o decorrer do jogo ficam muito mais limitadas. Jardim poderá recorrer a Mané para jogar no lugar que Montero costuma fazer quando Slimani está em campo. Vítor ou Carrillo poderão também ser chamados a desempenhar o lugar. Mas com eventual perda, tendo em conta que nenhum dos três tem as rotinas do colombiano. Contudo a opção inicial não deverá passar por nenhum deles nessa posição (atrás de Slimani).

Onde Jardim provavelmente gastará mais tempo a pensar será a quem entregar o lugar de Adrien. Seguindo o lugar comum de que "um problema é uma oportunidade", quem sabe não passará por aí a atribuição de novas funções a André Martins, talvez até mais recomendáveis face às suas características. Martins faria o lugar de Adrien, ganhando com isso passar ver o jogo de frente. Perderíamos talvez poder de recuperação, onde Adrien tem estado insuperável, mas haveria eventual ganhos na melhor definição no último terço.

Como treinador de bancada apostaria em Vitor para o lugar de Martins, mas não exactamente para as mesmas funções. Preferiria um triângulo com William na sua posição habitual, com Vítor e Martins em cada um dos outros dois vértices. O papel até agora entregue no condicionamento da construção do jogo adversário a partir de trás ficaria entregue aos dois extremos. Estes jogariam da linha para interior em movimentos de aproximação e apoio a Slimani, deixando os corredores para a subida em apoio aos laterais.

Os nomes dos dois extremos sairiam de uma lista por ordem decrescente de prioridade: Carrillo, Capel, Mané e Héldon, partindo do principio que Capel está apto. O jogo do espanhol não evoluiu o que precisava mas a importância que assume para os adversários - as faltas que lhes ganha - e até para os adeptos é uma arma desequilibradora. Mané não me parece jogador para o jogo todo, mas será de grande preponderância tanto como titular como a partir do banco. O mesmo se aplica a Carrillo. Como já aqui disse em posts anteriores, Héldon não justificou a titularidade que lhe foi oferecida em bandeja, pelo que não lhe faria mal sentar-se no banco.

Feito o exercício especulativo qualquer adepto gosta de fazer, o meu palpite é que Jardim mudará quase nada. A solução conservadora é a mais provável porque o treinador já demonstrou em ocasiões anteriores preferir acima de tudo a estabilidade e a confiança. E ele tem demonstrado que confia no trabalho que executa durante a semana.

Assim, não me surpreenderia que mudasse apenas aquilo que tem que mudar: Silmani no lugar de Montero, com Martins em "su sitio", recaindo a escolha para o lugar de Adrien entre Magrão e Vítor. Algumas dúvidas se insistirá em Wilson Eduardo face ao que este produziu nos últimos jogos. O resto ficará como em Abrantes, tudo como antes.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Longos vicios têm 30 anos


O jornalista está ali não para recolher a informação que acha pertinente para o seu auditório, é visto apenas como um mero instrumento para veicular a informação que se entende útil.


Não se reconhece a autoridade como tal e o interesse público - evitar desacatos - tem de se subjugar ao interesse de uns poucos.

Só os ratos é que fogem para a Galiza, quando previamente informados, porque os jogadores têm que enfrentar a turba irada.

É assim que pensa e age quem, ao longo de 3 décadas, se sentiu fora do alcance da lei. A audácia de empurrar jornalistas ou de um segurança empurrar um policia perante a complacência geral cresceu e foi engordada por esse sentimento de impunidade. O "normal" para eles é isto. Para os jornalistas e policias infelizmente também.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Naufrágio esteve à vista na foz do Ave

Jogo extremamente complicado aquele que o Sporting teve que disputar no estádio dos Arcos e que, por pouco, não significou uma perda de pontos amarga. Para a complicação contribuíram em iguais partes uma equipa do Rio Ave bem organizada, com alguns elementos individuais muito interessantes e um onze do Sporting muito desligado. 

Se é verdade que há mérito do adversário nas dificuldades impostas não é menos verdade que algumas opções de Jardim se podem considerar no mínimo estranhas. É certo que o treinador acompanha durante a semana os seus jogadores e estará habilitado para perceber os que estarão em condições para lhe oferecer maiores garantias. Mas também me parece certo que, na hora de escolher os jogadores para as alas, o treinador parece ter visto a lista ao contrário. Carrillo, Carlos Mané e Capel - por esta ordem - parecem ter mais para oferecer à equipa do que Héldon e sobretudo Wilson Eduardo. As condições do terreno, a indicar que se agravariam com o decorrer do jogo, mais recomendavam a utilização inicial dos jogadores tecnicamente mais dotados.

Sobre estes dois últimos jogadores parece-me importante dizer mais qualquer coisa. Héldon acabou de chegar e é ainda um pouco cedo para uma apreciação definitiva, mas ainda não justificou o segundo lugar no pódium das aquisições mais caras da actual época, logo a seguir a Montero. Veremos o que se segue nos próximos jogos, mas até agora não lhe vi aquilo que pensava que iria trazer à equipa: velocidade e maior criatividade. 

Se a minha impressão inicial estiver correcta, é provável que os golos marcados pelo Marítimo contribuíram para uma miragem muito habitual e que, de alguma forma também se aplica a Wilson Eduardo e ao que fez na Académica: uma coisa é jogar no Marítimo, outra é jogar no Sporting. Ao Marítimo não se dedicam nem tantos cuidados nem atenções. Ao Sporting espera-se lá atrás com muitos mais homens e espaços reduzidos, exigindo-se por isso mais aptidões a quem veste a camisola. Para terminar diga-se que Wilson Eduardo está longe de ter a técnica e a velocidade necessária para extremo, ficando afastado das zonas centrais onde pode usar uma das suas melhores armas, o remate.

Há que dizer também que Jardim tem que reinventar o posicionamento e funções de André Martins, uma vez que é evidente a cada jogo que as actuais estão esgotadas. Como defendi aqui em post exclusivo sobre o tema, não estão em causa as qualidades do jogador - embora sejam cada vez menos os que pensam ao contrário - mas o que se lhe pede e o que ele pode dar. Insistir no actual modelo é pernicioso para a equipa e para o jogador, apesar do empenho com que se entrega ao jogo.

A juntar a estas opções tivemos em Vila do Conde uma equipa menos pressionante e com os jogadores muito afastados entre si, sobretudo na primeira parte, o que contribuiu para mais 45 minutos oferecidos de avanço, sem um único remate ou jogada dignos de registo.

O inicio da 2ª parte trouxe o golo do Rio Ave. Um golo fortuito  - Maurício teve uma semana azarada... - mas que tinha estado iminente ainda na 1ª parte e que havia sido salvo in extremis pelo mesmo Maurício e por Patricio. Atendendo ao que a equipa tinha feito até aí para chegar ao golo cheguei a temer o naufrágio como inevitável.

Seria determinante a entrada de Mané para agitar as águas e com o inevitável complemento de Slimani e Carrillo. Um golo de cada um dos dois primeiros, uma assistência do segundo e chegaríamos a uma vitória que se pode afirmar com segurança que foi o banco que rendeu.

Arrecadaram-se 3 pontos importantes mas este momento parece inevitável que Jardim repense o  seu modelo. A equipa não naufragou nas águas bravas do Rio Ave mais pelo arreganho do que pela qualidade. E da luta ficaram feridas que tornam vulnerável no próximo jogo em casa, com o Braga, com os impedimentos de Montero e Adrien. Mas a tantas vezes invocada atitude é apenas uma fracção que não dispensa a qualidade de jogo e essa esteve quase sempre ausente. Sem ela todos os jogos e adversários serão sempre muito difíceis.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Caso Mauricio: aprender com os erros

O caso de Maurício - apanhado no Porto a horas impróprias e com taxa de álcool acima do permitido para a condução, agravado pela circunstância de horas antes ter disputado um jogo em Lisboa - traz novamente à actualidade a questão da disciplina. 

Há neste caso um tratamento diferente que ressalta à vista de todos por comparação com o sucedido anteriormente com Ruben Semedo, apanhado a conduzir sem carta. A gravidade das acções equivalem-se porém Maurício vai, ao que tudo indica jogar, e Rubem Semedo sofreu uma despromoção à equipa B, ficando temporariamente afastado também dos jogos.

Estas actuações discrepantes são obviamente comentadas por nós adeptos são-o também comentadas, pelo menos entre círculos restritos, no seio do grupo de trabalho. A credibilidade de quem aplica as sanções sofre inevitavelmente uma erosão com a sugestão de arbitrariedade, bem como a indispensável imagem de equidade a que está obrigado quem delibera sobre estas matérias. 

Para evitar situações como estas, nada melhor do que a existência de um regulamento interno - cujo conteúdo seja do conhecimento de cada jogador no inicio de cada época, o que pressupõe que esteja escrito em tantas línguas como as existentes no plantel - onde as sanções para cada tipo de comportamento desviante estejam bem definidas e desta forma aplicadas. Não sei se esse regulamento existe mas este episódio sugere uma de duas coisas: ou que não existe ou, pior, que ele foi ignorado num caso e aplicado pela versão mais dura em outro. Regulamento que só em casos excepcionais deve prever o afastamento do jogador: o clube já é penalizado ao ver o seu nome associado a este tipo de comportamentos.

Bem avisado também me parece que estas matérias sejam tratadas "dentro de casa". Foi a publicidade excessiva, contendo informações que vieram de dentro, do caso de Rúben Semedo que agora "obrigaram" à saída de várias noticias em tom de preparação para o desfecho que agora se conhece: Maurício vai jogar.

Estou longe de ser um apologista da mão de ferro na disciplina em qualquer área e no futebol penso de igual forma. Mais do que temer um castigo pesado os jogadores devem entender os benefícios que advêm da observância das regras de convivência em grupo e em particular das normas de conduta a que estão obrigados os profissionais. No que este caso em concreto diz respeito, se o jogador não tiver em linha conta os prejuízos pessoais que sobre ele e sobre as suas ambições profissionais podem recair não será uma multa passageira que o irá dissuadir.

Para terminar importa dizer que Jardim sintetizou bem este caso: Se todos os jogadores fossem controlados de noite todas as noites eram noite de muitos Mauricios, pelo que não vale a pena dramatizar. Todos os que tiveram a idade dele sabem como é, embora nem todos tivessem a a mesma disponibilidade financeira. Não é menos verdade que nem todos tínhamos as obrigações de um profissional de futebol. Que Maurício tenha aprendido é o que também se espera.



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Um dolo tão grande, mas tão grande, que até dói… na alma lusitana


  
Ponto prévio: estou-me borrifando para a Taça da Bejeca. Mas não para a batotice, mesmo se realizada numa competição já ela própria tão desacreditada.

Quando um clube, em sede de inquérito, apresenta uma justificação que apenas evidencia o seu próprio dolo, isto é, a desculpa para além de ser perceptivelmente inventada (a chamada tanga), não serve devido a falha retumbante na matemática, pergunto: o que mais falta para provar a intencionalidade desse clube em não cumprir com o que se encontra estipulado nos regulamentos?

Acompanhem o meu raciocínio: o fcp atrasa-se na entrada de um jogo quando tal é proibido. Na altura não passa cavaco a ninguém e não justifica o atraso. À posteriori, quando se vê apertado, vem com uma tanga tão mal engendrada que logo é desmontada. A verdade é que para provar que não teve intenção de se atrasar o próprio FCPorto como que se auto-condena, apresentando uma prova que reforça a ideia de que se atrasou porque assim lhe deu na realíssima gana. Poderiam dizer, por exemplo, que o relógio do balneário se atrasou, bem como de todo o restante staff, que foram incompetentes e deixaram passar alguns minutos inadvertidamente, sei lá, outras aldrabices dentro do género… mas não, conseguiram provar, por A mais B, que se atrasaram quando o supostamente lesionado Fernando estava prontíssimo a entrar em campo a tempo e horas… Depois disto tornou-se evidente para toda a gente com dois dedinhos de testa que o clube liderado pelo septuagenário Pinto, procedeu de forma insidiosa, tendo-se atrasado de propósito… Ora a punição para essa actuação é de derrota. Provado que está que o atraso foi intencional, pergunto: porquê adiar uma decisão que ia tornar-se publica hoje, para a próxima sexta-feira?

Caramba, eu sei que em Portugal a memória não abunda, mas não se abuse da providencial desmemoriação colectiva, típica dos habitantes deste espectacular (nem sempre no melhor dos sentidos) rectângulo à beira-mar plantado, c’um catano!!!

Tenho que começar a dar razão ao outro: “O sistema está bacoco”. Ou ainda aqueloutro que afirmava, muito sorrateiramente na conferência de imprensa no final do famigerado jogo: “não somos anjinhos”. Não poderia estar mais de acordo, quer com a primeira, quer, principalmente, com a segunda afirmação. Anjinhos não são, de certeza, mas neste caso foram… bacocos.

Nota final: o que eu me vou divertir quando a “sentença” sair da FPF cá para fora aos trambolhões… Prevejo mais uma cena… “esperta”.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Resolver o problema de André Martins é fazer crescer o futebol do Sporting

Já andava há dias para escrever sobre André Martins. Há dias o Lateral Esquerdo, em boa hora regressado, antecipou-se. E ainda bem que o fez porque a matéria vale a pena. O facto de o fazer muito melhor do que eu não me desmoralizou e por isso aqui está o post de hoje. Até porque o assunto tem sido recorrente, sobretudo de há um mês para cá. 


As funções que André Martins desempenha no modelo de jogo de Leonardo Jardim em nada favorecem as suas melhores qualidades. Defensivamente, não há problema. Pede-se que jogue como avançado, pressionando os centrais, os GR, e por vezes os laterais, adversários. O problema surge com o tipo de movimentos para que tem sido treinado quando a equipa tem a bola. Joga como segundo avançado, mas não tem liberdade de movimentos para baixar, jogar ente linhas, ou pegar o jogo atrás. Está longe de ser o terceiro médio que toda gente diz ter faltado na luz. Esse posicionamento "não existe" no modelo do Sporting, parece-me que por ordem do treinador, e por ele não ter "capacidade" para se libertar de tão rígidas funções.

Ouvir dizer que André Martins não joga nada ou até que não tem qualidade para jogar no Sporting é infelizmente cada vez mais comum, sobretudo após jogos com resultados e ou exibições infelizes. É não só injusto para com o jogador mas também revelador de como a maioria percepciona e valoriza as acções de um jogador. Pode-se discutir  se se pode vir a projectar numa grande equipa europeia mas que tem valor para ser muito importante no Sporting não duvido.

Do ponto de vista do equilíbrio da equipa do Sporting ele tem sido preponderante na acção defensiva, quer como recuperador de bolas, quer no condicionamento dos adversários a iniciar o seu jogo a partir de trás. Esta tarefa não é vistosa, pode até passar despercebida, mas num jogo onde ele não teve o posicionamento habitual o Sporting ressentiu-se e de que maneira. Quem não se apercebeu que reveja o derby de há dias atrás. Montero não foi capaz de ser tão intenso como vem sendo AMartins e o SLB começou o seu jogo quase como quis.

Como a memória da generalidade dos adeptos se concentra no imediato, já quase ninguém se lembra, (isto   se de tal se aperceberam), do quão importante para o êxito do inicio do campeonato foram o seu posicionamento e acções atacantes. Foi muito por aí que o Sporting foi conseguindo surpreender os adversários, com Martins na meia direita, criando superioridade numérica, com movimentos de ruptura, triangulações com o lateral-direito e extremo de serviço. Movimentos esses que agora estão bloqueados porque os treinadores adversários, mesmo que não observassem in loco os nossos jogos, têm também televisões em casa.

O problema de André Martins não tem a nada a ver com a sua compleição física ou falta dela, como também muitas vezes vi já vi afirmar. Embora o contacto físico exista, não tem no futebol a importância do râguebi. Tem a ver com as funções que lhe estão destinadas. Quando a equipa sobe no terreno Martins vê-se frequentemente emparedado entre os médios e os centrais adversários. Muitas das vezes recebe a bola de costas para a baliza e dispõe de poucos segundos para tomar uma decisão. De costas não vê Montero que, por norma, se movimenta mais abaixo. Se se virar, corre o risco de ficar sem bola ou de, pelo menos, não conseguir progredir. Na maior parte dos casos consegue apenas ver do meio-campo para trás, não conseguindo fazer o que se esperaria: progredir com a bola ou fazer esta seguir para o ataque. Não é por acaso que Vitor, sempre que chamado a rendê-lo não superar as suas performances.

Quando se coloca o problema como uma questão de falta de talento imagina-se um jogador capaz de meter a bola no bolso e avançar pelas defesas dentro. Não existem muitos jogadores capazes de o fazer e que o Sporting consiga comprar. Pode-se pensar em Shikabala, assim que o egípcio esteja fisicamente apto, mas também não creio que Leonardo Jardim opte por ele para as mesmas funções. Jardim gosta de segurança e sabe que Shikabala, pelo menos no imediato, "não está para andar a correr atrás de ninguém", não tem a intensidade de Martins e que por isso teria que contar com menos para tarefas defensivas.

Estou absolutamente convencido que resolver o problema do bloqueio actual de AMartins é fazer crescer o futebol do Sporting para outro patamar. Talvez seja essa a difícil  tarefa que se coloca agora a Leonardo Jardim, depois de um primeiro terço do campeonato feliz e de um mês quase sem marcar golos. 

Há uma outra possibilidade para André Martins e que, de todo não me agradaria. Que ele fizesse o caminho seguido por exemplo por Moutinho. Para muitos Sportinguistas foi preciso vê-lo triunfar com outra camisola para lhe reconhecer o valor que já tinha de verde-e-branco.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

3 pontos conquistados em toada descendente

Se fosse apenas pelo adversário que nos calhava pela frente não estaria muito preocupado com o jogo de hoje. Porém, a derrota do jogo anterior, a forma como sucedeu e o facto da equipa se ver arrastada para o terceiro lugar, poderia ter implicações psicológicas suficientes para condicionar o desempenho da equipa.

Julgo que o que se pôde verificar foram precisamente as duas possibilidades: quer a nossa superioridade sobre um dos conjuntos mais fracos que vi no actual campeonato, quer o condicionamento da nossa equipa, à medida que ia passando o tempo e o o segundo golo não aparecia. 

Duas partes muito distintas também pelo facto da Olhanense ter, no segundo tempo,  gerido melhor as marcações e os espaços e lançar rapidamente o jogo em bolas compridas. Não provocou grande perigo mas desgastou a nossa equipa o suficiente para lhe roubar as melhores ideias e decisões. Dificuldades acrescidas porque também não avançou no terreno nem abriu espaços

Breve análise individual:

Patrício e os centrais cumpriram o que lhes era exigido. Uma palavra para a estupidez de Rojo, mesmo reconhecendo que é irritante ver faltas que não são marcadas, que o afastou do próximo jogo de Vila do Conde.

Cédric ligeiramente melhor do que Jefferson, embora ambos pouco assertivos na hora de definir.

William regressou e notou-se a sua presença, especialmente quando o adversário começou a bater longo. Se o jogo esteve quase sempre controlado a ele se deve.

Ainda não vi razões que justifiquem a chegada de Héldon. Não que seja mau jogador, mas por me parecer que não acrescenta muito ao que já havia no plantel. 

Adrien e Martins tiveram jogos semelhantes. Importantes a recuperar a bola mas sem conseguirem ser escarecidos no momento de fazer o último passe.

Wilson esteve muito infeliz. 

Lamento que Carrillo não tenha mais tempo, desta vez teve o suficiente para mostrar, mais uma vez, que faz o que mais ninguém faz.

Mané fez o golo, o que por si só o torna relevante no jogo. Mas foi ao fundo com a equipa e acabou por desaparecer.

Montero foi o melhor e até marcou, pena que não tivesse contado. Um bom avançado vale mais do que apenas os golos que marca.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O desabafo do Presidente no Facebook

Ontem o presidente do Sporting recorreu à sua página no Facebook para dar conta do incómodo que lhe suscitou por, e vou citar, lhe custar "a forma fácil e rápida com que se coloca todos em causa. Ser críticos, exigentes e demonstrar tristeza é um direito a que todos assiste. Infelizmente perder a noção dos limites e do ridículo também."

O facto de ter escolhido exactamente aquele meio e não um veículo institucional ao seu dispor leva-me a considerar esta comunicação como um desabafo pessoal embora, como era inevitável, ele tenha sido  assumido pelos órgãos de comunicação social como tendo sido feita pelo "presidente do Sporting".

Seguramente que não partilho das mesmas fontes de leitura do presidente porque, do extenso rol de blogues e artigos que leio habitualmente redigidos por Sportinguistas, não me cruzei com nenhuma afirmação que justificasse aquela reacção. Não li ninguém que pusesse em causa o presidente, os órgãos eleitos ou os profissionais do clube. Vi isso sim, e aqui escrevi sobre isso, manifestações de desagrado e criticas pontuais à forma como a equipa se apresentou no derby. 

As criticas mais veementes feitas à equipa vieram de dentro, pela voz do treinador:

"Fosse qual fosse a estratégia, o Sporting não ganharia este jogo depois da falta de atitude e empenho que a equipa demonstrou."

Com ou sem razão para as fazer julgo que elas ficariam melhor no recato do balneário, seguindo a velha máxima "elogios públicos, criticas privadas". Também não há aqui razões para dramas, Jardim tem um lastro muito volumoso junto dos associados e adeptos e não será muito diferente junto do grupo de trabalho.

O que vi de mais ridículo foi a crónica ao jogo no site do clube que, felizmente, foi riscada. Certamente para evitar que aquele momento confrangedor não pusesse o Sporting ao nível da propaganda daquele famoso general de Saddam Hussein.

Devo a propósito dizer que deixei há muito de ligar ao que a generalidade dos Sportinguistas escrevem no Facebook, sendo, até por uma questão de sanidade mental, cada vez mais selectivo, reduzindo a um número muito restrito as minhas leituras com essa origem, tendo feito o mesmo às interacções. Por vezes até leio e nem comento. Falta-me por isso essa vertente da opinião dos meus congéneres que eventualmente se poderiam enquadrar no juízo feito por Bruno de Carvalho.

Podemos gostar mais ou menos de algumas opiniões, há que sobretudo reconhecer em primeiro lugar o direito a ela. Na mesma linha há que reconhecer que o estranho seria se, perante o que foi dado observar, os Sportinguistas nada tivessem a dizer a propósito. Isso sim, creio que seria motivo para um presidente do Sporting protestar, manifestar desagrado e estranheza. Mal andaremos que uma derrota, sofrida da forma que foi, e ainda por cima com o rival e vizinho, tivesse deixado na sua passagem os Sportinguistas conformados.

Confesso também a minha estranheza pela preocupação e relevo dado à matéria de opinião por um presidente que tem tido a taxa de aprovação que Bruno de Carvalho tem recolhido sempre que tem chamado os Sportinguistas a pronunciar-se. Parece-me uma exposição desnecessária e que acima de tudo o o desgasta.

Depois o inimigo não está dentro. Seria lamentável ver hoje repetidos episódios semelhantes aos protagonizados por outros presidentes que não o perceberam. No caso de Bruno de Carvalho mais ainda, por se assumir como autor de mudança relativamente a esses comportamentos e atitudes. Ler o que escreveu torna difícil não lembrar por exemplo o "episódio dos terroristas" protagonizado por Bettencourt.

O facto se terem multiplicado as manifestações de desagrado pela exibição sofrível de terça-feira passada é também um sinal que os Sportinguistas elevaram as expectativas em relação ao que esperam sejam as prestações da equipa. Por isso, ao invés de incomodarem, deviam ser olhadas como um sinal responsabilizador obviamente. Mas também um elogio implícito ao que tem sido a carreira da equipa na presente temporada.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Notas soltas do derby (como se fossem telhas a voar)

1- Começo por onde acabei ontem, por Leonardo Jardim. É por mim considerado o principal obreiro do upgrade competitivo do Sporting e por isso muitas vezes aqui elogiado. Mais do que a critica pelo que considerei um erro nas opções feitas para o o jogo - as minhas dúvidas foram aqui deixadas à priori... - foram as suas declarações no final do jogo, (outro ponto onde ele tem sido uma verdadeira lufada de ar fresco pela sobriedade e lucidez), dirigidas aos jogadores que me mereceram particular desaprovação. Com os mesmos jogadores era possível fazer melhor, mesmo que o resultado fosse o mesmo. Perder assim e achar que houve empenho e concentração a menos dos jogadores é  uma retrospectiva de cariz demasiado ligeira.

2- Ambição e falta dela. Não sei se é pior perder o jogo da forma como perdemos ontem se, depois de terminado, ter que aguentar com as comparações que se fazem com a pior época de sempre. Confesso que nem sei como classificar este tipo de atitude. No passado invocavam-se os 7-1, os golos do Grande Manel, do Peyroteu ou do Yazalde. Agora para deixar o povo em sossego - diria anestesiado - brame-se uma bandeira negra e feia que só não deve ser esquecida para que não se volte a repetir. Estranho, muito estranho.

3- Dier e Piris no olho do furacão com que fomos fustigados. Mais vitimas do que réus. Não aparecem deste lado das criticas generalizadas por acaso. Eram os jogadores com menos ritmo e os bombeiros de eleição para apagar um fogo à direita ou à esquerda - Piris - ou à direita ou à esquerda da defesa ou no centro do terreno - Dier. Piris preocupa-me menos, até porque é emprestado. Já Dier perdeu o embalo que o projectava para altos voos precisamente num ano que tudo indicava poder a vir ser o dele. Pelo seu valor actual e pelo que pode valer num futuro que deveria ser próximo merece um olhar e reflexão atentos. Até porque já faltam poucos jogos para não se dar esta época como perdida.

4- O árbitro. Foi bom saber que há em Portugal árbitros que sabem do que pode vir a ser a sua profissão e que a classe não é apenas preenchida por indivíduos cheios de peneiras, de ódio visceral ao Sporting e que  alguns sectores da imprensa promovem de forma parcial e negligente.

5- Planeamento. Com 12 jogos por realizar onde se vão meter Capel, Carlos Mané, Carrillo, Wilson Eduardo, Heldon (falta Shikabala) e quando não há um verdadeiro substituto para um jogador da importância de William Carvalho?

6- O que resta do campeonato. Vai-se perceber melhor na resposta que a equipa der no próximo jogo, mas não me parece que se justifiquem os receios de um trambolhão. A menos que a equipa tenha perdido mais do que apenas os 3 pontos que estavam em jogo. Dizia também anteriormente que "independentemente do que venha a acontecer no próximo dérby, o Sporting vai continuar a ser um dos protagonistas do campeonato". Apesar de decisões menos felizes, das limitações, de algum desgaste competitivo, do melhor conhecimento dos adversários, o Sporting tem sido uma equipa bem estruturada. Se o meu raciocínio estiver certo, isso não se perde de um jogo para outro, mesmo que abane quando o vento desfavorável sopra.

Jardim de Inverno

A pior das derrotas é aquela em que não se chega sequer a disputar o jogo. Se tal acontece frente ao rival de sempre esse sentimento ganha contornos ainda mais carregados. Foi isso que aconteceu no derby. O Sporting esteve lá mas não chegou verdadeiramente a disputá-lo. Uma exibição paupérrima, indigna do momento e até da imagem que esta equipa tinha dado de si mesma até agora. 

Podia ter ido buscar o titulo à primeira frase do post mas acabei por fazer a escolha em função do que me parece ter sido o principal factor de desequilibro: a opções de Jardim.

A surpresa que não foi
Pode haver quem se sinta tentado a explicar o resultado e sobretudo a fraca exibição da equipa no facto de a surpresa que Jardim tinha reservado para Jorge Jesus ter voado com parte da cobertura do estádio. Não vou por aí. A surpresa poderia ter acontecido, mas não creio que, por si só, ela tivesse o poder de sustentar uma vitória que se alcança em 90 minutos de jogo. A menos que essa surpresa produzisse danos substanciais imediatos, o que obviamente ninguém pode garantir. 

Demasiado espaço, pouca bola
Jardim acreditava ser possível condicionar a construção do jogo da equipa de Jesus com a colocação Slimani e Montero, mas pareceu-se esquecer que para o conseguir precisava também de reduzir o espaço para jogar e tempo para pensar aos jogadores adversários. Precisava para isso de uma equipa compacta, capaz de recuperar muito rapidamente a bola, de a fazer circular e de gerir a sua posse. Para o fazer tinha que colocar a equipa de uma de duas formas: recuando linhas e partindo detrás para contra-ataques rápidos, tal como o fazem as equipas pequenas quando vão jogar a Alvalade. Ou obrigando a defesa a subir no terreno, reduzindo drasticamente o espaço entre cada linha de quatro defesas de cada equipa.

O super-homem não se chama William Carvalho 
Por instruções do treinador, por iniciativa própria ou por a isso se ver obrigada pela equipa adversária o Sporting ficou-se pelas meias tintas, não fazendo uma coisa nem outra. Acabou por, dessa forma, morrer pelo veneno com que queria matar o adversário. Não conseguiu construir o seu jogo, não conseguiu destruir o do seu adversário. Não conseguiu ter bola para a fazer chegar de forma directa a Slimani ou circulando-a pelas alas, como costuma fazer. 

Achar que William Carvalho mudaria substancialmente o pesadelo em que a equipa se viu envolvida é pensar que ele é o super-homem. Nem mesmo a prestação desastrada de Dier permite ter tal veleidade. A memória tende a ser curta e também selectiva e por isso já poucos se lembrarão que, com William Carvalho em campo, sofremos mais ou menos os mesmos problemas nos jogos anteriores com o adversário de hoje, incluindo no jogo da primeira volta em Alvalade.

Desequilibro, inferioridade numérica
O Sporting foi quase sempre uma equipa desequilibrada e obrigada a disputar os lances em inferioridade numérica, dando até a impressão por vezes de jogar com menos jogadores. Os duelos a meio-campo eram perdidos consecutivamente  e os jogadores adversários chegavam como e quando queriam  ao nosso último terço do campo com demasiada facilidade. Ter Montero, Slimani e Heldon pode dar a sensação que rapidamente vamos conseguir criar perigo na baliza adversária, infelizmente para nós aconteceu precisamente o oposto, com aquelas unidades a contarem muito pouco para o jogo. 

Vertigem
Foi provavelmente essa a vertigem que iludiu Jardim que, associada às ausências forçadas de William e Jefferson, contribuíram para uma apresentação em evidente estado de anemia competitiva. As exibições de Piris e Dier mais do que nos dizerem muito sobre o seu valor individual confirmam que é muito mais provável descer aos infernos do que ganhar um lugar no céu vindo directamente do banco ou da bancada. Com a indiscutível qualidade de jogo do SLB e de muitos dos seus jogadores é necessário intensidade e ritmo. Isso não se ganha em aparições esporádicas e a tapar buracos. É fácil culpar os soldados de falta de atitude e coragem. Mais difícil é ao general  aceitar que não gizou um plano onde as melhores qualidades dos seus comandados viessem ao de cima.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Comunicados fortes, decisões fracas

Já depois de publicado o último post de ontem tomei conhecimento do comunicado do Sporting, publicado na página oficial do clube. Infelizmente ele revela no essencial que o Sporting se deixou ultrapassar pelos acontecimentos, ao não cuidar de, no momento próprio, de os modificar em seu favor, como podia e devia ter acontecido. Ao dar o seu beneplácito a que o jogo se realizasse hoje sem cuidar de avaliar outras possibilidades à sua disposição, o Sporting auto-condicionou-se e não defendeu, como lhe competia, os seus interesses.

E é isso mesmo que, em jeito de conclusão, o comunicado explica quando afirma que "a manter-se a decisão da realização do jogo sem a referida vistoria" etc... Independentemente das condições - inclusivé as que os seus adeptos se venham a ter que sujeitar - não resta outra alternativa senão jogar quando o SLB e a Liga disserem que tem que o fazer. O SLB já deixou clara ontem a sua posição e o presidente da Liga já pré-anunciou a sua decisão e de que lado está nesta questão ontem num programa de televisão. 

E que interesses eram esses?

Podia colocar desde logo a possibilidade de ganhar o jogo na secretaria, explorando a possibilidade que os regulamentos prevêem e que vêm explicados no post anterior. 

Como é mais ou menos evidente o Sporting não chegou sequer a colocar essa hipótese, provavelmente por desconhecimento do próprio regulamento. Reconhecer, como vem expresso no comunicado "que, independentemente das responsabilidades que tenham de ser assacadas, o sucedido não teve o intuito de prejudicar o jogo em si" é, no mínimo, um argumento pífio.  

Como óbvio o Sporting poderia e deveria conseguir para si uma ocasião mais favorável para jogar com o SLB, aproveitando a oportunidade que o próprio SLB lhe concedeu ao não cuidar devidamente da manutenção do seu recinto, colocando-se a jeito do que prevêem os regulamentos. No nosso lugar essa seria uma possibilidade que o clube encarnado não só não enjeitaria como agarraria com unhas e dentes.

Devo dizer que ganhar o jogo na secretaria é uma possibilidade que a mim não me agradaria de todo, mas não me parece que se, no nosso lugar, o SLB lhe pudesse deitar mão, a desdenharia. As vitórias que me agradam sobre o SLB são as que são obtidas com pelo menos mais um golo, ponto final.

Com William Carvalho castigado e Jefferson lesionado o Sporting fica se não mais fraco pelo menos de opções limitadas. Jogar mais tarde, em que pelo menos William pudesse, de castigo já cumprido, dar o seu contributo à equipa e com o adversário imerso em momentos decisivos nas diversas competições em que ainda participa, era procurar uma melhor ocasião para si e logo uma pior para o seu adversário.

Esta era uma forma óbvia de melhor zelar pelos seu melhores interesses, mas parece que a preocupação primordial no passado domingo no estádio foi de ser simpático e cordato com a Liga e com o SLB. Precisamente com o SLB, que ainda há cerca de um ano não usou da mesma simpatia e nos obrigou a jogar com menos de 48 horas de descanso. Não o fez então apenas na defesa do que lhe pareciam ser os seus interesses - adiar o jogo por um dia também o podia ser - mas com o óbvio intuito de marcar uma posição que, a prevalecer, como veio a suceder, significaria uma vitória sobre um rival. A rivalidade alimenta-se de vitórias, das grandes e das pequenas. 

O problema do comunicado é a contradição. O Sporting veio falar grosso mas, quando podia fazer alguma coisa por si, preferiu ser simpático e cândido e piou fininho.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Caso Derby: se isto é verdade falta que alguém o explique

Duas questões no topo da actualidade e que decorrem do sucedido ontem no Estádio da Luz:

Questão 1

No Jornal Sol (e noutros órgãos de comunicação social):

"O Regulamento Disciplinar da Liga abria espaço para o Sporting reclamar vitória no dérbi frente ao Benfica, mas, ao concordar com o adiamento do jogo, o clube de Alvalade abdicou dessa possibilidade legal.

Segundo o art. 94.º do citado regulamento, sobre a não realização de jogos por falta de condições do estádio, de segurança ou dos equipamentos, "quando um jogo oficial não se efectuar ou não se concluir em virtude do estádio não se encontrar em condições regulamentares por facto imputável ao clube que o indica, é este punido com a sanção de derrota", além de uma pena de multa.
(...) 
No entanto, o Sporting preferiu aceitar os termos do artigo 22.º do Regulamento de Competições da Liga, relativo ao adiamento de jogos e casos fortuitos, em vez de seguir para uma batalha jurídica com o eterno rival. De acordo com este artigo, "quando, por causa fortuita ou de força maior, não se verifiquem as condições para que um jogo se inicie (...), este realizar-se-á (...) no mesmo estádio, dentro das 30 horas seguintes salvo se os delegados dos dois clubes declararem no boletim do encontro o seu acordo para a realização (...) do mesmo noutra data".

Sendo verdade, o que não parece deixar dúvidas, quem tomou a decisão de acordar a realização do jogo para amanhã era conhecedor dos regulamentos?

Ao anuir ao adiantamento do jogo os resposáveis do Sporting estão certos que o SLB tomaria a mesma decisão, caso o episódio tivesse ocorrido no Estádio José Alvalade?

Questão 2
Ao Sporting bastarão as declarações do Benfica, (escudado por sua vez na palavra da Martifer, a empresa que hoje realizou vistoria às instalações) para a realização do jogo, ou vai requerer o envolvimento das entidades oficiais que tutelam o desporto e a realização de espectáculos?

O derby, a surpresa e a tragédia que ficaram por acontecer

A tragédia que felizmente não foi
Quem, como eu, julgava que já tinha visto de tudo num derby não estava preparado para a surpresa que nos estava reservada para ontem. E, sem qualquer necessidade de dramatização, pode-se dizer que, entre a tragédia possível e o adiamento do jogo houve, felizmente, muita sorte. Se os pedaços do revestimento isolante da cobertura do estádio não se tivessem encarregado de anunciar que algo estava mal, não sabemos o que poderíamos estar agora a lamentar. Os pedaços da cobertura que acabaram por cair, independentemente do seu peso, eram em tamanho suficiente para causar o pânico e este uma tragédia de proporções difíceis de prever.

Apurar os factos e as responsabilidades
O derby tem já uma data marcada, condicionada ao resultado de uma vistoria que se irá realizar durante o dia de hoje. Na minha modesta opinião o Sporting deveria fazer-se representar neste acto, como parte interessada, até porque já se prevê novamente mau tempo para a nova data. Isto porque não é a primeira vez que ocorrem problemas com a cobertura daquele recinto desportivo. 

Há sensivelmente um ano um jogo da equipa B do SLB foi adiado por motivos semelhantes. No site MaisFutebol imputava-se a ocorrência ás consequências do incêndio provocado pelos adeptos Sportinguistas no famoso derby da gaiola, no topo norte.

Porém há aqui algo que não bate certo com o que ontem sucedeu: 

1- Em consequência do incêndio o Sporting sofreu uma dura penalização, tendo que pagar os custos da reparação dos danos causados. 

Essa reparação foi efectuada na totalidade? 

Uma vez que depois de qualquer intervenção deste tipo, é suposto haver uma vistoria, quem a realizou e quem deliberou sobre a viabilidade do recinto?

2- Pelo que ontem se pôde observar os problemas na cobertura não têm apenas origem no topo Norte, onde ocorreu o incêndio. Aliás, os problemas manifestaram-se com particular acuidade precisamente no polo oposto.

Isto leva-nos a interrogar com legitimidade se o problema que ontem ficou à vista de todos não é de natureza muito mais profunda que "uns pequenos danos" provocados por causa de más condições climatéricas, como consta no comunicado do SLB. 

Não está em causa apenas a segurança dos adeptos do Sporting que, na pior das hipóteses têm que se deslocar 4 vezes por ano àquele recinto. Está em causa a segurança de TODOS os espectadores e, em particular, claro está, dos benfiquistas. O futebol dispensa bem mais tragédias.

A surpresa de Jardim
Pelo menos para mim foi uma surpresa a composição da equipa. Aliás não foi uma mas sim duas. A inclusão de Heldon não é menor do que a de Slimani. Talvez Jardim já tivesse deixado a pista para estas alterações quando, na conferência de imprensa, vincou a necessidade de um Sporting com uma postura mais afirmativa do que a tem conseguido nas últimas presenças na Luz. 

Parece-me que Jardim procurava duas coisas: numa primeira fase condicionar a saída de jogo do SLB, com Slimani perto dos centrais e Montero perto de Fejsa a isolá-lo do resto da equipa, obrigando o SLB a bater longo, onde Dier estaria à vontade. Dessa forma impediria as chegadas com a bola controlada de Markovic e Gaitan, impedindo estes de servirem Lima e Rodrigo com acerto. Ter Slimani como referência para um jogo mais directo, à semelhança do que sucedeu na segunda parte do jogo para a Taça de Portugal e, certamente, com Montero e Heldon a movimentarem-se entre as linhas média e defensiva, das alas para dentro.

Para esta estratégia dar resultado é necessário grande espírito de sacrifico e capacidade de sofrimento de todos. Mas muito em especial de Heldon e Montero, para se juntarem ao meio-campo sempre que fosse necessário recuperar a bola. Dessa forma obtinha-se superioridade numérica essencial para a redução do espaço e do tempo para os jogadores adversários executarem. Porque sempre que lhes for permitido um e outro, o perigo e o sofrimento serão inevitáveis. 

Grande parte do efeito já se perdeu, falta agora saber se Jardim vai insistir no mesmo alinhamento e se Jesus vai, por sua vez, manter inalterada a  composição da sua equipa inicial. Se me parecia um risco grande ontem, agora com a surpresa desfeita ainda mais. Heldon treinou 1 semana com os colegas. E Slimani e Montero na equipa não correspondem aos melhores momentos da equipa, antes sim a soluções de recurso que umas vezes deram resultado outros não.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Comunicado Oficial da AAS


“Evacuação dos Adeptos Sportinguistas”

A Associação de Adeptos Sportinguistas vem por este meio demonstrar o seu absoluto repúdio relativamente ao processo de evacuação levado a cabo na sequência do adiamento da partida do Sporting Clube de Portugal a contar para a 18ª Jornada.

Foram já divulgadas as diligências tomadas e que levaram à decisão do adiamento da partida e consequente evacuação do Estádio onde a partida se deveria ter realizado, no entanto, a evacuação apenas permitida aos adeptos do Sporting Clube de Portugal cerca de uma hora após o anúncio do adiamento do jogo.

Considerando que razões de segurança foram apresentadas para a alteração da data do jogo e que exigiram a TOTAL evacuação do Estádio, não podemos deixar de demonstrar o nosso desagrado perante o facto dos adeptos sportinguistas terem ficado retidos num recinto desportivo que não apresentou as condições de segurança para a realização da partida marcada para este Domingo. 

A irresponsabilidade de colocar em risco a integridade física dos cerca de 3000 adeptos sportinguistas presentes no Estádio requer que sejam apuradas as responsabilidades por este acto que consideramos completamente negligente.

Lamentavelmente, esta não se trata de uma situação isolada, nomeadamente nos jogos disputados pelo Sporting neste recinto. Problemas de segurança como este não são admissíveis e os adeptos não podem ser alvo de descriminação. Uma vida vale acima de qualquer cor futebolística e impedir a evacuação dos adeptos do SCP durante uma hora podia ter dado origem a uma tragédia.

Comité Executivo

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nós, o Porto e Benfica: que alterações trouxe o mercado?

Tal como prometido em post anterior, aqui darei conta breve da impressão pessoal que as alterações de mercado produziram quer no Sporting quer nos outros dois grandes.

Sport Lisboa e Benfica
Perde um jogador crucial na estratégia do seu treinador, Matic, e um dos melhores do campeonato. Os primeiros indícios dão conta que a saída de um jogador tão importante não provocou a instabilidade que seria suposto observar. Aparentemente a antecipação da titularidade de Fejsa está a resultar ou pelo menos a não comprometer. É necessário observar o que se vai passar com os adversários mais exigentes, quer nos próximos embates connosco e com o FCP, quer nos compromissos europeus.

As saídas de Ola John e Mitrovic só contam para a contabilidade da SAD, uma vez que os jogadores não eram levados em conta por Jesus. No mesmo plano estão as vendas de André Gomes e Rodrigo, que fizeram do clube encarnado o clube que mais dinheiro arrecadou neste inverno. Aguarda-se pelo relatório e contas da SAD para se entender o que é liquido e o que é gasoso nestes milhões mas, até lá, não posso deixar de considerar um grande negócio. 

Pretendo voltar a este tema (mercado, fundos, etc) debruçando-me em específico sobre o Sporting, mas o que aparentemente foi conseguido foi a tal chuva necessária no nabal ( as contas das SAD´s em geral e do SLB em particular merecem a comparação) e o sol no relvado.

Rodrigo é um dos melhores na sua posição, apesar de não impressionar muito. O que é facto é que raras vezes falha em frente à baliza e isso é um dom raro, ainda por cima num jogador tão jovem na posição. E 30 milhões, comparados com os 25 de Matic é um jackpot.

André Gomes é diferente. Trata-se de um negócio puramente especulativo, o jogador além de quase não jogar quando o faz não revela nada de extraordinário. Se o valor alcançado for o real tenho que tirar o meu chapéu a quem o fez.

O clube encarnado continua a ser, na minha óptica, o principal candidato ao título. Não só porque já vai na frente, mas tem o melhor plantel em qualidade e quantidade. A questão não é tanto se pode conquistar o campeonato, mas se não é suficientemente competente que o leve a perdê-lo.

Futebol Clube do Porto
As noticias da morte do dragão parecem-me manifestamente exageradas porque a distância pontual não é irremediável e vai ser reduzida pelo menos relativamente a um - podem ser os dois - dos adversários no próximo fim-de-semana. Mas se os pontos que os separam de cima não constituem razão para alarme, já a qualidade dos jogo e os casos que se avolumam o são. A tão propalada estabilidade e qualidade decisória parece ter ido atrás do anticiclone dos Açores, não parando de chover rumores e casos em seu redor e seio.

Fernando caiu do pedestal, deixando de ser uma referência para ser um proscrito. A renovação já confirmada por Pinto da Costa ainda não aconteceu. Seja qual for o resultado o FCP dificilmente sairá vencedor da contenda. Se for verdade, como se diz por aí, que está na disposição de igualar as propostas de City, Juve, etc, tal significará que a cabeça está ausente do processo de decisão. Se o jogador sair a custo zero a cúpula da SAD vê a aura de infalibilidade beliscada, registando uma perda muito importante quer nos cofres quer na competitividade.

Otamendi, um caso de falta de empatia ou compreensão entre jornalistas e adeptos, era provavelmente o melhor do seu sector. Sair por menos de metade da cláusula de rescisão inflaciona as dúvidas sobre o que realmente se passa na Torre das Antas. Bem vistas as coisas o jogador parece ter sido mais escorraçado do que vendido. 

Pressão alta na tesouraria? Problemas de balneário? Com tanta turbulência no ar não será a entrada de Quaresma que constituirá o remédio milagroso para todos os males.

Como disse no inicio, esta não é uma análise exaustiva. Mas, também como foi dito no inicio do capitulo, é ainda cedo para passar a certidão de óbito. Sendo óbvio que os problemas de Paulo Fonseca com o modelo de jogo - mais até com a dinâmica  - enfraquecem a moral da equipa e dos adeptos, é também evidente que um possível "regresso do além" constituiria o habitual tónico tão apreciado naquelas paragens. 

As meias-finais com o SLB e o regresso das competições europeias tanto podem constituir uma reviravolta como o toque de finados. Na minha opinião, a haver queda, ela não será estrondosa, mas dentro do registo actual de permanente sobressalto e irregularidade.

Nós, o Sporting Clube de Portugal
Termos sido o clube que mais contratou no mercado de inverno é revelador de ambição. Ao contrário do que foi o discurso dos corpos sociais e em particular do presidente, sempre me pareceu que a intenção era de, pelo menos, ir à procura do terceiro lugar. A súbita e surpreendente descida pontual dos dois rivais melhor apetrechados torna o campeonato num sonho apetitoso e possível. Não creio que fosse pela busca do terceiro lugar que o Sporting se mexeu como mexeu no mercado.

Já aqui havia falado de Shikabala anteriormente pelo que vou tecer algumas considerações avulsas sobre a sua contratação. A sua qualidade parece ser consensual tal como infelizmente parece ser a sua disponibilidade para a por ao serviço das equipas. Quem o conhece bem - Manuel José - teceu-lhe os mais rasgados elogios há poucos dias no programa de televisão onde é comentador. E ajudou a desmistificar alguns rumores de que teria falhado na Grécia, para onde foi apenas com 18 anos e onde o treinador português o foi buscar. Shikabala terá tido sucesso e foi isso que despertou o interesse de Manuel José. A confusão com 2 contratos assinados, o castigo que se seguiu e o facto de o campeonato do Egipto estar parado há 2 anos impediram-no de alcançar melhor visibilidade. 

Foi por isso surpreendente para muitos que Jardim tenha assumido que o egípcio só começará a entrar nas contas no espaço de 1 mês. E ainda assim numa perspectiva de grande optimismo, tendo em conta que o ritmo de competição não se compadece com grandes paragens. É, por isso, talvez uma contratação mais para o próximo ano e com direito a estágio no ano corrente.

Para o imediato estará mais apto Heldon, um cabo-verdiano que este ano desatou a marcar golos pelo Marítimo. Extremamente veloz,  tem também um grande sentido de baliza, onde chega muitas vezes a partir do seu lugar em qualquer dos extremos do campo. Aos 25 anos tem a sua oportunidade e a sua contratação revela que  Jardim procura algo mais que Capel, Carrillo e Wilson Eduardo não lhe estão a dar.

A incursão em África parece não ficar por aqui, uma vez que já se anuncia a vinda de Sami no próximo ano. Mais um extremo, o que pressupõe que haverá saídas a curto prazo no actual plantel. Esta preferência por África poderá levantar a breve trecho um novo problema: a exposição do plantel aos jogos das respectivas selecções na qualificação para o CAN 2015. Não só porque viajar naquele continente e de e para ele não é exactamente a mesma coisa que viajar noutros continentes, mas sobretudo pela possibilidade de o clube se ver privado no ano da competição de elementos que podem vir a assumir enorme preponderância no seu seio, tais como Slimani, Heldon e Shikabala. A ver com atenção.

Falta falar da melhor aquisição deste período: a estabilidade. Jardim vai poder continuar a contar com a totalidade do plantel, não a vendo amputada dos principais valores. Independentemente do que venha a acontecer no próximo dérby, o Sporting vai continuar a ser um dos protagonistas do campeonato. E se os outros 2 se distraírem nunca se sabe até onde poderemos chegar...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Vai saltar a carica da Taça Lucilio?

Circula hoje o rumor de que a Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga Portuguesa de Futebol "responsabiliza do FCPorto pelo atraso de 3 minutos" que se registou no inicio do último jogo da fase de grupos da Taça da Liga. Há uma versão que não indica qual o castigo proposto e uma outra que aponta para a exclusão do referido clube da competição. A acontecer, isso faria com que o Sporting disputasse a meia-final com o SLBenfica.

Acho pouco provável a versão do Correio da Manhã, que refere a segunda possibilidade acima descrita. Por razões que se prendem com a credibilidade do jornal obviamente, mas também porque se me afigura muito difícil de provar o dolo ou intencionalidade. Acresce que, a acontecer uma decisão desse teor, seria apenas uma decisão de primeira instância, passível portanto de recurso. Tal contribuiria para que as meias-finais da competição fossem sucessivamente adiadas, podendo inclusive não serem disputadas ainda esta época. Se, depois de recurso, a decisão se mantivesse favorável, podíamo-nos ver confrontados com a necessidade de disputar jogos dessa competição encaixados num calendário muito mais exigente do que é o da época em curso. Dos actuais 8 poderíamos ver-nos envolvidos num 80 que em nada favorecia os nossos interesses.

Falta ainda saber qual seria, perante este cenário, o comportamento do FCPorto. Não tenho como liquido que o clube de Pinto da Costa contestasse a decisão de ser afastado da competição. A braço com inúmeros problemas, dos quais a sua capacidade competitiva é apenas um de muitos, não me surpreenderia que, aproveitando o ensejo, se deixasse cair da competição, não prescindindo da devida encenação e cortina de fumo, ganhando assim tempo e espaço para outras competições mais apetitosas. 

Estes são apenas alguns dos cenários que se podem vir a colocar porque, como sabemos, o futebol português é capaz de superar a imaginação dos melhores argumentistas de Hollywood. Nessa conformidade, o meu interesse para que a decisão venha a ser favorável ao Sporting é nulo. Marcamos uma posição, expusemos a trapaça e não gostaria de ver o clube prejudicado porque teve razão, como pode, pelo exposto, vir a acontecer. Eles que levem lá a taça e a carica da Taça Lucílio.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O que fazer sem William ou quando 1 mal nunca vem só

Antes de ir propriamente à questão da substituição de William Carvalho há que dizer que, no mínimo, o jovem jogador foi imprudente. Depois do jogo, visto e revisto o lance, William podia ter evitado até respirar durante uns segundos para que nem o jogador da AAC nem o árbitro tivessem a oportunidade para contribuírem para aquele desfecho. O jogador tem revelado desde os jogos iniciais grande capacidade para aprender, melhorando o seu jogo a olhos vistos, e por isso dificilmente o veremos a comportar-se da mesma forma em lances semelhantes no futuro.

Não interessa ou interessa muito pouco se o lance é digno de castigo, isto no sentido que não será essa a discussão que nos tornará nem mais fortes nem mais preparados para o importante jogo do derby. Mas há algo que é inevitável constatar: o critério do árbitro. Fosse sempre o seguido no que ditou o amarelo a William nenhum jogo acabaria com onze. Neste jogo em particular com a AAC o adversário teria terminado com menos vários elementos. Algumas das faltas foram a roçar a violência e por isso teria que merecer punição mais severa que o amarelo a William. Dentro deste critério até Rojo poderia ter sido expulso numa falta rispida ainda na primeira parte, mas que foi antecedida por uma outra sobre Montero que Paulo Baptista e os seus auxiliares preferiram ignorar. O futebol português é isto, infelizmente.

Atribuir directamente, sem mais, a culpa ao jogador pode até ser bastante injusto. Quando inicia a disputa do lance ele apenas controla os seus movimentos, não sabe exactamente como vão ser os do adversário. Naquele momento o foco está na bola e ganhá-la para tentar ainda chegar ao golo e não que, caso qualquer coisa corra mal, se veja impedido de jogar o derby. E, como o futebol é um jogo de imponderáveis, não sabemos se, caso William se tivesse alheado do lance, a jogada tem continuado e resultado num golo, e estaríamos agora ainda mais preocupados. Afinal o resultado do jogo com a AAC já não poderíamos mudar e não há nada que nada que nos condene a perder o derby só porque o William não o vai jogar, Capelas, Duarte Gomes e quejandos à parte.

Mas com certeza que William é uma ausência de peso. Como seria noutra equipa qualquer a de um dos jogadores mais preponderantes e que acaba de deixar sair o jogador que o poderia substituir, Rinaudo. Acontece que o Sporting foi, dos três grandes, o clube mais activo a contratar na reabertura de mercado e nenhum dos jogadores recém-chegados faz a posição. Isso é a declaração, sem necessidade de reconhecimento no notário, que Jardim e a direcção da SAD entenderam que, em caso de lesão ou castigo, o lugar poderia ser preenchido sem colocar em causa a competitividade da equipa.

O primeiro na linha para tal efeito será obviamente Eric Dier. Já fez o lugar o ano passado, o treinador de então, vaticinava-lhe um grande futuro na posição. É provável que seja ele quem Jardim tem em mente, mantendo intacto o centro da defesa, ao não deslocar Rojo para lateral-esquerda pela quase certa ausência de Jefferson. Piris é a outra possibilidade e até já fez a posição precisamente com o mesmo adversário.

Ao contrário de muitos juízos que vejo frequentemente expressos, mudar um ou mais jogadores, não é o mesmo que por peças novas no motor de um carro. É esse o enorme handicap em desfavor de Dier: a falta de ritmo. Não só a falta de minutos nas pernas, mas também a falta de rotina no lugar. E isso não tem nada a ver com a valor do jogador. Se for ele o eleito para 6 acredito que irá sofrer bastante quer para responder ao ritmo e itensidade elevados que a equipa de Jesus imporá naquele sector, quer para aguentar a totalidade do jogo. Fosse outro jogo com outro adversário e a preocupação seria bem menor.

Em teoria, é Adrien quem me parece o jogador mais capaz para a função no imediato. Conhece o lugar, atravessa um grande momento de forma, detém elevados níveis de confiança. Perde apenas para Dier na capacidade para se opor ao jogo aéreo. Mas levantaria outro problema: que faria o seu lugar? Não me parece que seja Magrão. O brasileiro colecciona aparições fugazes com exibições discretas, faltando muito para justificar a contratação que o seu curriculum - provavelmente o melhor dos contratados - anunciava. Vítor que tem revelado muitas dificuldades em fazer o lugar de André Martins, poderia render melhor uns metros atrás?

Outra possibilidade, de todas a mais improvável, é que Jardim mexa no 4x3x3 para optar por uma outra solução menos treinada. Por norma mexidas estruturais feitas à medida para um jogo e adversário em particular dão a este um ascendente psicológico importante.

Toda uma série de perguntas que seguramente ocuparão estes dias pela cabeça de Jardim. Estou certo que na sua tomada de decisão terão factor preponderante factores que lhe assegurem estabilidade e equilíbrio construídos a partir de trás. Porque essa tem sido a sua marca desde que assumiu funções no clube. É claro que Jardim entende que uma equipa está sempre mais perto de ganhar se não sofrer golos, o que, no limite, a impede de perder. Dois dos resultados "possíveis e necessários" para poder continuar a sonhar nos jogos que faltam para terminar a época.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

À espera de um Schikabala qualquer

Um pequeno post, porque a frustração não convida a mais, para dar conta do empate que acabamos por ceder ante a Académica.

Começo justamente pelos adversários que estudaram bem a lição para o jogo de hoje. Goste-se ou não do autocarro que acabou estacionado em frente ao guarda-redes, é justo considerar que nem sempre ele esteve ali parado. Aproveitou todos os nossos defeitos e hesitações enquanto pode, batendo forte ou feio e colocando rapidamente a bola na direcção da nossa baliza. Não foram particularmente ousados e nem precisaram de o ser para conseguirem levar de volta o que queriam.

Jogo frustrante em que construímos mais em quantidade do que em qualidade. É certo que amanhã, ou nos restantes dias da semana, lá aparecerá uma capa qualquer a lembrar a crise de golos de Montero. Se ela é um facto também o é constatar que não perdeu golos feitos porque a equipa também não os conseguiu criar. E quando ele inventou os lances que podiam dar golo, ou os defesas apareceram no caminho ou Slimani não foi feliz. O argelino hoje não conseguiu não conseguiu ser nem fazer-nos felizes como anteriormente.

Não foi um jogo feliz. E não o foi porque perdemos um dos nossos pontos fortes - Jefferson - acabamos por perder William Carvalho - um bocado infantil ver-se assim impedido de jogar o derby - e Jardim não foi muito feliz nas suas opções. 

Mané de inicio com Capel e Carrillo no banco é um pouco estranho. Mantê-lo noventa minutos a produzir tão pouco foi a teimosia que todos os treinadores têm e que quem observa de fora não consegue perceber. Optar por Capel, que vem perdendo fulgor e preponderância, para o lançar num jogo onde não havia espaços para as suas correrias também foi incompreensível. Faltou um Schikabala qualquer, que bem poderia ter sido Carrilo, opção que me pareceria maís óbvia que as outras que tomou.

Jardim precisa de afinar melhor esta opção de incluir Slimani e manter Montero. A equipa perde identidade, abdicando de outra forma de jogar que não seja o pontapé para a frente e fé em Slimani. Já no jogo com o Nacional se sentiu esse problema e hoje, mal a substituição se realiza, o Sporting andou uns minutos perdido em campo. Deixou de ter tanta bola, de conseguir criar qualquer lance de perigo e foi concedendo mais espaços atrás. Acabou por se reequilibrar mas já apenas no registo de bola bombeada.

Pode-se falar num lance de mão na área que era penalty e quase se transformava em auto-golo. O Paulo Baptista tem um longo historial de nos aparecer ao caminho em ocasiões em que podemos chegar a "mais qualquer coisa", como era o caso de hoje. Parece-me contudo se ele viesse mal intencionado que poderia ter aproveitado um número de circo de Fernando Alexandre na nossa área no final da primeira parte.

Este é oitavo ponto perdido em casa. Se com o Rio Ave, Nacional eles nos foram retirados por decisões absurdas, e se com o SLB se aceita a divisão, este parece-me que foi o jogo em que a responsabilidade de ficar a marcar passo é inteiramente nossa.

Filmes do fim-de-semana


Filmes em exibição este fim-de-semana nos relvados deste país futebolístico:

My left foot, ( meu pé esquerdo)  realização de Óscar Cardoso, montagem de Bruno Paixão

Deep blue sea, (do fundo do mar) realização de Paulo Fonseca

De costas voltadas, (só se exibem os primeiros 3 minutos) por "os melhores adeptos do mundo" (agradecimentos a @joaohartley).

Green Mile (à espera de um milagre) realização de Leonardo Jardim e sus muchachos.


@joaohartley

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O que profetiza a inscrição de Elias?

Com mais tempo para escrever e para reflectir é provável que volte a abordar com mais profundidade as movimentações no mercado de inverno. Se possível  de forma alargada à concorrência. Hoje apenas um pequeno apontamento para comentar a inscrição de Elias e, a talho da mesma foice, a inscrição de Elias e Vítor Golas.

Começando pelo fim, a inscrição de Golas equivale à reparação de um erro e um acto de justiça, depois do jogador ter ficado a apanhar bonés durante os primeiros meses da época. Trata-se de um valor interessante e que precisa de jogar, o que podia estar a acontecer na equipa B. 

Inscrever Elias é uma boa decisão olhada de qualquer prisma. 

Provavelmente o Sporting, com esta decisão, visa apenas pressionar o jogador, os seus agentes e o Flamengo, por razões óbvias. Ao inscrevê-lo, o Sporting abre a si mesmo a possibilidade de o poder utilizar em caso de desfecho negativo para os seus interesses. Pior do que ter que lhe pagar o alto salário que aufere é fazê-lo sem qualquer proveito. E Elias é um bom jogador. Tem contra ele um passado que não o favorece, mas também é verdade que o clube lhe ofereceu nesse período também não foi grande coisa.

Há ainda o efeito desestabilizador que um ordenado galáctico pode ter no balneário. Falta saber se o  mesmo balneário ficaria imune à ideia de o clube estar a querer pagar pouco cada vez que tem que negociar com os seus atletas e simultâneamente despender um valor elevado por um jogador que apenas aumentaria os custos com o consumo de água e electricidade. E parar um jogador que aufere o que ele aufere é reduzir-lhe o valor de mercado e simultaneamente reduzir a posição negocial do próprio clube.

Contudo é muito provável que a primeira das hipóteses colocadas seja a que está em cima da mesa.  

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