Nota do exame de aferição: suficiente
Foi com um suficiente que o Sporting saiu do teste de aferição de competências que o jogo com o CSKA representava. Uma nota média porque a equipa alternou momentos de algum brilhantismo com outros em que andou perdida de si mesma e das suas melhores ideias, o que a deixou em alguns momentos do jogo à mercê da sorte e do adversário.
Entrada de ópera
Os primeiros minutos foram dignos da abertura de uma ópera: orquestra afinada, com os executantes em grande nível e acerto a cada toque. O golo é a ilustração perfeita desta afirmação: a jogada começa numa recuperação de bola a meio campo e num toque de calcanhar de Slimani (!). Daí até acabar na baliza de Akinfeev foi uma ária a roçar a perfeição.
Quando a cabeça não tem juízo Patrício é que nos salva
Se este jogo servia de teste ele veio confirmar que esta equipa não está ainda apta a lidar com situações de vantagem. Pelo segundo jogo consecutivo o Sporting apanha-se a ganhar e não parece apto para gerir o resultado. Quando Patricio salva o empate - o penalty resulta de uma infantilidade de Jefferson - já Musa tinha ensaboado o juízo a João Pereira e Paulo Oliveira. Mérito do treinador russo, que percebeu onde era mais vulnerável o nosso último reduto. Patrício voltaria novamente a ser decisivo, frente Doumbia, no segundo tempo.
Por onde temos que crescer
Será por aí que JJ tem de saber fazer crescer a equipa, ensinando-a a ser mais pragmática na gestão da posse da bola e a perceber a importância de juntar as linhas e sofrer na sua busca sempre que necessário. E vai ser muitas vezes. Faltará também saber, porque nunca foi testado, como reagirá a equipa à desvantagem.
Duas faces, a mesma moeda
O mesmo Sporting que foi capaz de criar várias oportunidades de golo foi também um Sporting que se deixou expor demasiadas vezes. JJ declarou na conferência de imprensa ter assumido alguns riscos - o abandono de João Pereira à sua sorte - para ir em busca de superioridade no meio campo, dedicando quase em exclusivo Carrillo à tarefa de organizar. Devo confessar que preferia uma equipa mais equilibrada nas suas acções, menos vulnerável.
Aquilani, nome de adesivo
O italiano só surpreenderá a quem nunca o viu jogar. A sua qualidade e utilidade ontem foram decisivas para unir uma equipa partida que, há medida que o tempo passava, revelava cada vez mais dificuldades, afastando-se das suas ideias de referência: proximidade entre sectores, apoios para a progressão, superioridade numérica no centro de jogo. Haverá muitos poucos jogadores na nossa Liga capazes de dar olhos à bola como o italiano ontem fez, suprindo assim as dificuldades de construir jogo que fizesse chegar a bola à frente.
Deixai vir a mim as criancinhas
O
resultado acabou por se definir quando Jesus decide chamar ao jogo
Gelson e Mané. A sua irreverência e atrevimento acabaram por manter em
alerta os russos, retirando-lhes grande parte da iniciativa.
Nos Carrillos de André
Parece indiscutível que a chegada de Teo, Ruiz e Aquilani significaram um importante aporte de qualidade ao nosso futebol. Mas continuamos a viajar nos trilhos de Carrillo. Não tendo feito um jogo perfeito, foi o jogador decisivo e o de acções mais consistentes.
Zona cinzenta
Jefferson, João Pereira Adrien e Slimani. Os laterais, mais o segundo que o primeiro, tiveram uma noite para esquecer. Adrien também, talvez porque no jogo de ontem teve que contar mais consigo próprio, ficando as suas debilidades mais expostas. Slimani disfarçou mais uma vez com um golo os tantos que tem que perder até finalmente acertar.
Porta da Champions entreaberta
Acredito que esta vitória sobre os russos, apesar de tangencial, é suficiente para chegar à fase de grupos. Isto porque, tal como afirmou JJ, também me parece que temos potencial suficiente para marcar em Moscovo, especialmente se entrarmos no jogo de forma personalizada, não permitindo que o adversário marcando fique cedo em vantagem.
Arbitragem
As imagens falam por si. Não é possível que pelo menos a mão do defensor russo não tenha sido vista pelo quarto árbitro. Perceber porque não marcou o castigo era entender porque a UEFA e a FIFA preferem não usar o que a tecnologia já oferece à verdade desportiva a outras modalidades.
A defesa de Jorge Jesus
Deveria ter um post próprio, mas vou-me ficar pelas curtas:
- A saída em defesa de Jorge Jesus é uma obrigação do clube, atendendo ao ataque a que tem sido sujeito, de forma quase permanente.
- A defesa do treinador deverá pautar-se pela inteligência e até mesmo, se necessário, pela contundência dos argumentos, sem deixar nunca de ter presente que é feita em nome de uma instituição como é o Sporting Clube de Portugal e o que esta representa na história do País.
- O que Bruno de Carvalho ontem fez no Facebook pode ser muito popular, especialmente nas redes sociais, alimentar as rotativas dos jornais e abrir telejornais, mas não é a defesa de Jesus. É cair na armadilha de lutar no campo da ordinarice e má educação onde para onde o adversário nos atraíu porque sabe que está mais habilitado e experimentado.
- Bruno de Carvalho é o presidente do Sporting Clube de Portugal, não me parecendo que deva descer ao nível de um funcionário de um clube rival que não apenas lhe é inferior na hierarquia como, ao longo dos anos, construiu uma reputação de uma excrecência que habita os esgotos do futebol nacional.