Afinal Bilbau pode ser impossível
Foto via @NunoMourão |
Não consegui evitar ontem, na viagem de regresso, começar a fazer contas de cabeça para a viagem a Bilbau. Não por desrespeito aos adversários - e até ao próprio futebol - mas sobretudo por crer que as nossas ambições se mantêm intactas. Hoje porém temo que tal seja praticamente impossível, mesmo que cheguemos, como espero, às meias-finais. É que, tal como se vê na ilustração do post, os bascos carregaram nos preços para a recepção ao Shalke04, pedindo 90 euros por cada ingresso. A ser assim Bilbau para mim pode mesmo ser impossível.
A reclamação dos alemães faz todo o sentido, mais ainda vindo de adeptos de uma liga que vive um período áureo. Tal é testemunhado pela enorme afluência aos estádios, que faz do futebol alemão a 2ª liga do Mundo de desportos profissionais em número de espectadores, só ultrapassada pela NFL. Os estádios alemães superam os 90% de taxa de ocupação!
Provavelmente esse sucesso tem por base um profundo respeito pelos adeptos, demonstrado não apenas nos preços dos espectáculos mas também na transparência das regras e sua aplicação prática. Para que se tenha uma ideia mais aproximada do que é ser adepto alemão, os preços dos bilhetes de época variam entre os 120 euros do Bayern Münich e os 212 euros do Mainz 05. Estamos a falar dos cidadãos da CE com melhor poder de compra! No entanto, para não transformar a ida ao estádio privilégio para poucos as vendas de bilhetes de época estão normalmente limitadas aos 50% do total da lotação. Além disso existe um sem número de bilhetes específicos para grupos especiais como crianças, reformados, inválidos, etc.
Esse respeito estende-se também aos horários dos jogos, dando-se prioridade ao adepto que vai ao estádio em detrimento do adepto de sofá, não havendo impedimentos para os jogos à mesma hora. O que me interessa a mim que o jogo do clube xpto jogue à mesma hora que o Sporting, se eu puder estar no estádio?
Olhando para o exemplo alemão e para o que se passa em Portugal parece que estamos a falar do último filme de ficção científica que estreou nas salas de cinema. Há dias chamava-me à atenção a preocupação e cuidado do presidente da FPF com a situação dos árbitros. A seguir será com os clubes falidos, com os que descerão de divisão e quase sempre se esquece a razão da existência de toda a máquina e interesses que giram à volta do futebol: o adepto.
O caso particular do Sporting tem passado um pouco ao longe das atenções dos média mas há algum tempo que os adeptos que seguem o clube de forma próxima sofrem as consequências de uma guerra surda sem quartel por parte as autoridades, sobretudo a ala da PSP que monitoriza as claques. Desde isolamento de alguns elementos pré-identificados e subsequente espancamento, tareias indiscriminadas, filmagens inopinadas ao melhor jeito orwelliano, tem acontecido de tudo um pouco. À atenção da direcção do Sporting.
Ontem, mais uma vez, e de forma totalmente despropositada, houve mais uma carga policial, aqui relatada na Antena1. Sabemos que as claques não são propriamente "clubes de leitura" mas há limites que já foram nitidamente ultrapassados e se a violência gratuitamente for a resposta encontrada para os problemas que as claques possam colocar para que precisamos de dispendiosos "tasks forces" e especialistas?
Notas Bibliográficas: consultar o artigo "La Bundesliga y su magnífico trato a los aficionados"