quinta-feira, 30 de maio de 2019

Afinal, os deuses talvez gostem do Sporting

Que grande clube é este que se serve do mesmo pó onde se prostrou há um ano, derrotado, para o deixar agora por muito tempo no ar no vale do Jamor, após as celebrações de uma vitória de raça, querer e fibra? Que grande clube é este que, sem grandes conquistas, continua a levar atrás de si uma legião de adeptos fervorosos de todas as faixas etárias que, mais do que troféus, celebram o amor pelo clube que idolatram? Estas devem ser algumas das perguntas que estarão a fazer quem presenciou o espectáculo dentro do espectáculo que constituiu mais esta passagem do Sporting pelo Estádio Nacional.

Esta final constituía uma oportunidade que o Sporting não podia desperdiçar para rectificar a imagem deixada na última passagem pelo Estádio Nacional: um  clube esfrangalhado e, pior que derrotado pelos adversários, um clube que se vencia a si mesmo. Poder fechar um ciclo tão negativo como o que foi vivido no último ano, com duas vitórias em três possíveis nas competições nacionais, oferecia a possibilidade de encarar o futuro próximo com mais serenidade e equilíbrio, algo que tanta falta nos tem feito nestes últimos tempos.

Se há alguma ilação a retirar da conquista da Taça de Portugal é que o Sporting está longe de terminar a época com um plantel equilibrado, mesmo considerando que os acertos feitos em Janeiro trouxeram mais e melhores opções. Porém, teria sido preciso muito mais dinheiro e ter escolhido de forma eximia para anular os estragos deixados pelos acontecimentos do verão passado. E provavelmente não haveria tempo para fazer a indispensável integração de um número mais elevado de jogadores.

Ainda assim o Sporting dispensou Lumor, Marcelo, Misic, Matheus, Bruno César, Nani, Castaignos e Freddy Montero, num misto de necessidade pelo aperto financeiro ou por total erro de casting de alguns desses atletas. Os nomes que avançaram no seu lugar causaram em primeiro lugar desconfiança. Tiago Ilori era (ou ainda é...) um nome quase proscrito pela forma como havia saído, acrescido por um trajecto sem confirmação do potencial. Borja, Idrissa Doumbia e Luiz Phellype eram nomes praticamente desconhecidos do grande público - mais os dois últimos - não suscitando por isso grande entusiasmo. Paradoxalmente, o resgate de Francisco Geraldes parecia o movimento mais promissor para um meio campo sem grandes soluções, que acabou contudo com quase zero minutos jogados.

Borja viu-se afastado da final no último jogo do campeonato. Mas Idrissa Doumbia e Luiz Phellype acabaram por ter parte activa na conquista do troféu. Especialmente o ponta-de-lança brasileiro que, ao marcar o penalty decisivo, termina a meia época de estreia de forma ascensional, reduzindo a pó as criticas que a sua contratação havia gerado, tais como as dúvidas sobre o seu valor.

Mas há uma outra ilação obrigatória: no carácter e na determinação com que se bateram contra ex-campeão, que figurou este ano ano lote das oito melhores da Europa, residiu uma das razões para este feito, que muitos consideravam improvável. Não só agora na final, mas já na eliminatória anterior, onde eliminaram de forma justa e inapelável o actual campeão em titulo. 

Talvez as maiores dúvidas se concentrassem ainda mais acima. Na capacidade de Frederico Varandas em liderar um clube estilhaçado pelos acontecimentos e consequências de um final de época 17/18 de terror. E na aptidão e talento de um desconhecido e de folha curricular quase vazia como Marcel Keizer. Ora o que decorre da assunção do risco de contratar o treinador holandês, tal como já havia feito ao avançar para a liderança do clube, quando podia ficar confortavelmente no gabinete médico, é que a Frederico Varandas não falta nem convicção nem coragem. Aquilo que parecia um acto mal ponderado é agora o seu salvo conduto para a preparação da próxima época. O mesmo se pode dizer para Keizer que, apesar de o futebol exibido na final estar longe ser sedutor ou uma referência, tem a seu favor os títulos que exibe em cada uma das taças conquistadas. A descrição com o que o consegue contrasta com a pompa e o luxo de outros bem-falantes que o precederam no lugar e o abandonaram com  muito menos ou nenhuns troféus para o exibir.

Afinal talvez os deuses do futebol gostem do Sporting. O que parecia há um ano ser um clube amaldiçoado e destinado a sucumbir por dentro, ganhou de forma surpreendente um novo fôlego. Longe ainda de ter afastado os maus presságios ou o contravapor interno recalcitrante de algumas almas inconformadas com o final ruinoso da gestão anterior,  o Sporting parece ter agora uma estrutura mais sólida e um grupo de trabalho focado,  coeso e saudável, condições indispensáveis para competir ao mais alto nível. Mas talvez o mais importante de tudo, o direito a voltar a ter esperança e, por via disso, a ambição de um clube grande que é e que no Jamor os seus adpetos fizeram gáudio em demonstrar.

Nota: artigo escrito para o site Fairplay

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Gente Muito Feliz com Lágrimas

Foram vários os que, após a conquista da tão anbicionada Taça de Portugal sucumbiram em lágrimas. A pressão da responsabilidade de carregar nos ombros o peso e vontade de TODOS NÓS estará certamente ligada à descarga emocional. Corresponder às nossas expectativas e alegria incomensurável de nos oferecer um título tão ansiado e tão especial certamente que será outra das tantas razões por trás destas imagens. 
Obviamente que este não é post sobre a final, que levará mais algum tempo a concluir.


quinta-feira, 23 de maio de 2019

Modalidades: uma boa altura para reflectir

Aproximam-se do seu epilogo os campeonatos nacionais das mais diversas modalidades. Ao contrário do que sucedeu na época passada,  o Sporting não arrecadará o pleno dos títulos das modalidades de pavilhão mais representativas: o andebol, o voleibol, o hóquei em patins e o futsal. A verdade é que a época transacta foi verdadeiramente excepcional no seu mais de um século de histórias e muito dificilmente repetível: limpou literalmente tudo o que havia limpar de forma categórica e incontestável. Tal situação não se irá repetir sendo que, neste momento, apenas o futsal tem uma intactas as aspirações de renovação. No hóquei, no voleibol e no andebol a questão está já encerrada.

Seguramente que estes resultados merecerão, ou estarão já a merecer, uma profunda reflexão interna, no sentido de voltar a colocar o Sporting na senda dos títulos. A primeira observação a ter em conta é que o Sporting, na generalidade destas modalidades, cumpriu a obrigação primordial, que é estar presente nas decisões do titulo. A outra igualmente obrigatória a considerar é a conquista de títulos europeus em duas delas - futsal e hóquei patins - e uma participação honrosa, alcançando fases das competições até agora inéditas entre nós, como se registou no andebol e voleibol. Isto é, o valor das equipas em causa é um excelente ponto de partida para reorganização dos respectivos plantéis e departamentos. Talvez a mais visível seja a que terá começado no voleibol, com a relocalização da equipa no Pavilhão João Rocha e mudança de técnico.

Porque é que estas duas observações são importantes? É que quando não se ganha, há tendência para  procura desenfreada dos culpados dos desaires quando, muitas vezes, eles são exactamente os que foram culpados pelos êxitos anteriores. Por vezes não há necessariamente um mau trabalho, apenas os adversários acabam por se reorganizar e voltar mais fortes. Aí há que acreditar no trabalho feito  e reconhecer o mérito dos adversários e olhar para o que fizeram de melhor para que rapidamente os possamos voltar a superar. Por outro lado, quantas vezes na hora dos festejos das vitórias que se começam a perder os campeonatos com o doping da conquista e invencibilidade?

No voleibol foi clara a superioridade do novo campeão nacional, o SL Benfica. Essa superioridade ficou marcada logo à nascença das competições desta época, aquando da disputa da Supertaça. Apesar do bom percurso europeu o Sporting deu mostras de alguma irregularidade nas competições internas e perdeu todos os títulos disputados com o rival, agora campeão. Para lá das considerações de ordem técnica, a introdução pouco sustentada pela falta histórico da modalidade faz com que a grande surpresa não tenha sido propriamente o resultado deste ano mas, antes sim, o titulo do ano passado. Alguns equívocos em algumas escolhas dos reforços também poderão ter ajudado ao resultado final. Fica a grande expectativa para a forma como a secção se reorganizará, quer ao nível da estrutura, dos reforços. Para já conheceu-se já o novo director desportivo, Miguel Pombeiro, um homem da casa e, apesar de ter passado por outras secções, um homem da modalidade. E é com grande expectativa que se aguarda o trabalho de alguém como Gérsinho, o novo treinador.

No andebol talvez tenha residido a maior surpresa. A equipa bi-campeã teve um começo deveras auspicioso, mesmo apesar de alguns resultados reveladores de alguma "distracção". Tomou o caminho europeu de forma entusiasmante, escrevendo novos capítulos. Foi precisamente no final da campanha europeia, quando regressa a "terra" que a equipa nunca mais se equilibrou. Falta de foco, desconcentração, cansaço físico numa equipa com alguma veterania, podem ter sido alguns dos problemas. Hugo Canela, bicampeão, sempre um pouco contestado pela sua juventude e falta de background, continua sem renovar o contrato, abrindo-se a possibilidade de uma substituição. Apesar de tudo esta é ainda uma equipa que conquistou os adeptos e escreveu momentos gloriosos. Não se sabe quantos dos actuais jogadores continuarão na próxima época, mas são eles, talvez mais do que ninguém, os principais interessados em rectificar a pálida imagem com que se despediram esta época.

O hóquei em patins e o futsal são as novos campeões em título. Mas a época ainda não terminou e o estatuto agora conquistado não  lhes dá outra alternativa que não seja a disputa dos títulos que lhes faltam (ao futsal é possível a dobradinha, ao hóquei a Taça de Portugal) até à última gota de suor. É isso que esperam os adeptos e seguramente os atletas e dirigentes daquela que é já uma época histórica.

É indiscutível que o Sporting nos últimos anos anos se reorganizou e reinventou, começando os resultados a aparecer de forma mais consistente nos últimos dois/três anos. É dessa forma que o Sporting termina com a hegemonia do FC Porto no andebol, intromete-se na luta bi-partida no hóquei, triunfa no regresso do voleibol e mantém a soberania no futsal. Tal parece ter apanhado de surpresa os adversários numa fase inicial, o que os obrigou a rapidamente se habituarem a voltar contar com o Sporting.

Que ninguém se iluda: as máquinas de Benfica e FC Porto continuam bem oleadas e com estruturas muito bem sustentadas, fruto de anos ininterruptos de funcionamento ao mais alto nível. O que o andebol do FC Porto e o voleibol do Benfica fizeram na preparação desta época, demonstra-o. O que o SL Benfica está a fazer na preparação da próxima (tem já sob contrato quatro jogadores - Borko Ristovski, Kevin Nyokas, René Toft Hansen e Petar Djordjic  - que seguramente causarão grande impacto na competição) suscitam um enorme esforço e reacção por parte do Sporting. Veremos qual será a resposta do Sporting a esta inversão de papéis.

domingo, 19 de maio de 2019

Jogo no Dragão: hora e meia de happy-hour para Filipe & Cia

O Sporting tinha já o seu lugar fixado na Liga para a visita ao Dragão mas a final da Taça de Portugal no próximo sábado fazia do jogo uma espécie de exame de aferição das respectivas forças. Se no que ao futebol jogado diz respeito não ficaram razões de especial preocupação, já o mesmo não se pode dizer quanto aos critérios empregues na aplicação das leis disciplinares. Tanto assim foi que a dado momento pareceu que a hora e meia de jogo era espécie de happy-hour para Filipe & Cia. Para ajudar juntou-se no final uma série de erros técnicos que ajudaram a inclinar ainda mais o campo, culminando com um golo do desempate em fora-de-jogo. Às tantas o VAR estava já a desligar a parafernália técnica e não viu a posição de Herrera... Uma premiere da final do próximo sábado?

Quanto ao jogo jogado, o Sporting ficou obviamente condicionado pela expulsão de Borja, que teve que acorrer ao disparate de Bruno Gaspar. A equipa conseguiu reorganizar-se do ponto de vista defensivo e só no final do jogo Renan - muito bem ontem - foi visto no Dragão. Do ponto de vista ofensivo o nosso jogo ficou curto. Porém, e para surpresa geral seríamos nós a inaugurar o marcador, numa jogada muito bem desenhada e finalizada com uma calma e eficiência olímpica de Luiz Philippe.Mais um golo, quem diria, não é?

Nos últimos dez minutos a equipa foi perdendo discernimento e recuando, acabando por sofrer dois golos que ditam a derrota. Algo injusto para a aplicação dos atletas e especialmente para as boas exibições de Mathieu, Gudelj, do já citado Renan e Acuña.

Sábado novo jogo, nova oportunidade. Que só o será realmente se o VAR não estiver distraído com as vistas do Jamor e o padre de serviço não levar um missal reescrito.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

O "negócio" Gelson

O que se perspectivava há pouco mais de um ano ser um bom negócio, com a venda de Gélson Martins, acabou por se esboroar a partir do momento que se opera a rescisão unilateral do contrato. Para todos os efeitos o jogador deixou de ser do Sporting e o melhor que o clube poderia fazer era ou contestar até ao fim em sede judicial o acto do jogador ou um tentar um acordo com o Atlético de Madrid.

Por influência do próprio jogador, à semelhança do que já tinha acontecido com Patrício e William, o acordo acabou por se fazer nos termos que hoje se conhecem. É apenas o negócio possível, motivado, entre muitas outras razões, pela pressão de tesouraria que os compromissos dos próximos meses - subsídios de férias, impostos, renovações, aquisições de novos jogadores, etc - em que as receitas escasseiam. Não menos importante será a necessidade de fecho de contas da SAD equilibrado em Julho.

Porque paga o Atlético de Madrid por um jogador aparentemente livre? Porque não quer arriscar num processo que ninguém tem a certeza de poder ganhar e assim evitar futuros problemas na FIFA. Eventualmente também porque tem já o jogador negociado com o Mónaco, pelos 30 milhões que se falam.

Porque é que pagamos tanto por Vietto (naquele que é o ponto mais frágil deste deste negócio). Porque o Atlético de Madrid também tem contas e adeptos a quem justificá~las. Como é que justificariam oferecer um jogador ou cedê-lo a baixo preço por quem pagaram 20 milhões. Acresce que estamos a falar de um jogador que, apesar das más escolhas de carreira feitas, mantém intactas as qualidades que o notabilizaram e o tornam num reforço promissor.

Só tempo poderá ajudar a esclarecer quem fez efectivamente um bom negócio para o respectivo clube. Mas há um ponto em comum: ambos se procuraram livrar de pendentes que os incomodavam.

Obviamente que este negócio é muito assim para o "poucochinho". Mas o muito já tinha sido jogado quando se deixaram criar as condições para o que esteve na raiz de tudo isto: a invasão de Alcochete, faz hoje precisamente um ano. Há quem o prefira esquecer e só isso torna possível a narrativa dos então responsáveis de que "demos sempre lucro". A contabilidade do que então se perdeu em activos demorará muito ainda a fazer.

Obviamente que o Sporting recuperará, mesmo que a custo, deste desfalque. Mas o pior dos activos ficou cá a germinar e continua a corroer por dentro o Sporting: estou a referir-me obviamente à radicalização do discurso, à ausência total de princípios que marca o discurso nas redes sociais.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

O regresso inesquecível à Glória europeia


Entre as imagens de festa acima e a de baixo estão separadas por 42 longos anos. Está assim passado o testemunho do legado deixado pela equipa maravilha de 1977. Quem diria que após o abandono da modalidade, e aquando do seu regresso em 2011 quase do zero - com o trabalho notável de Gilberto Borges - estaríamos hoje a viver este momento inesquecível!...


segunda-feira, 6 de maio de 2019

O dia dos regressos felizes ao Jamor

Dificilmente poderei esquecer a última vez que estive no Jamor a acompanhar o Sporting. O prenúncio de um vendaval que haveria de varrer o Sporting tinha ficado anunciado naquela final e para o perceber não era preciso saber ler os oráculos. Ontem foi por isso um dia de regressos felizes aquele espaço mítico do futebol português. Como será bom repetir este regresso no dia 25!...

E desta feita também houve vendaval. Mas no seu local próprio, que é o relvado e em tom de recital de uma orquestra que ainda não toca de olhos fechados mas tem já direito a alguns solistas. Começou por ser Raphinha em dois lances que definiram o desfecho do jogo. Phellype continuou a executar a partitura "cada jogo um golo" e desta vez enfeitado com uma assistência para o regresso feliz e com sorrisos de Bas Dost. 

Mas, pela enésima vez este ano, o destaque vai para aquele que tem sido simultâneamente solista e maestro desta equipa: Bruno Fernandes, claro. Os número falam por ele e por nós. Tudo o mais que se possa dizer é de menos ou repetitivo.

sábado, 4 de maio de 2019

Erick: um campeão europeu, um campeão da vida!

Erick é um dos recentes campeões europeus de futsal do Sporting. Além do grande jogador que é é também Sportinguista do coração desde sempre. Apesar da sua juventude tem uma história de vida que é um exemplo notável de abnegação, coragem e perseverança. O Erick Mendonça é um campeão de futsal mas, muito mais do que isso é um enorme campeão da vida.


quinta-feira, 2 de maio de 2019

Luiz Phellype,o homem dos golos baratos

Luiz Phellype chegou a Alvalade despertando mais interrogações que certezas. À época, o reinado de Bas Dost era de carácter absolutista, permitindo pouco mais do que sonhos a quem se perfilasse para lhe disputar o lugar. Só uma lesão que lhe provocasse um afastamento prolongado permitiria veleidades ao brasileiro acabado de chegar de Paços de Ferreira. Essa lesão está fatalmente está em curso para ponta de lança holandês, conferindo a oportunidade a Phellype.

O percurso deste brasileiro de Minas é já o de um globetrotter, apesar de ter apenas 25 anos. As suas viagens pelo mundo do futebol começaram ainda bem cedo, quando despertou a atenção dos belgas do Standard de Liege, onde disputou escasso número de jogos nos sub-19. Não tendo o clube belga exercido a opção que detinha, seria o Estoril a ir buscá-lo em 2013. Porém, o Paços de Ferreira tiraria muito mais partido da prospecção canarinha, uma vez que o clube da linha o deixou escapar entre os dedos de empréstimos consecutivos. Beira Mar, Feirense e até uma passagem por África, via Libolo de Angola estão no seu registo de viagens mais ou menos fugazes.

Seria na equipa da cidade que se autoapelida de Capital do Móvel que Luiz Phellype começaria a chamar a atenção. Apesar de apenas época e meia em Paços de Ferreira, os seus golos despertaram os olhares mais atentos. Dos 23 golos marcados nessa passagem, incluem-se os obtidos frente aos tradicionais rivais do seu actual clube, bem como ao Sp. de Braga. Talvez por isso mesmo apenas o clube da Invicta não apareceu no seu rol de pretendentes no pretérito mercado de inverno, onde o Sporting acabaria de ganhar a corrida.

Mas não foram muito auspiciosos os primeiros tempos em Alvalade. A sua chegada haveria de coincidir com os piores tempos de Keizer até eclodir a lesão de Bas Dost. Conheceria o seu ponto mais baixo no Bessa, ao falhar um golo cantado quase em cima da linha. Isto depois de coleccionar exibições muito apagadas, onde vieram ao de cima os seus pontos fracos. Certamente que a adaptação à nova cidade, clube, colegas e treinador pesaram. Mas mais pesada é por certo a camisola que agora veste para quem vem da divisão secundária e sem estatuto especial.

Um dos seus principais argumentos - o imponente porte físico de 1,88 m - é por vezes um dos seus principais problemas, especialmente se não controlar a tendência para o  sobrepeso. Associado aos baixos níveis de agressividade que frequentemente exibe, acrescido de uma mobilidade pouco generosa, parece estar alheado do jogo que o rodeia. É por aí também que o seu jogo pode crescer, se conseguir participar mais do que nos momentos finais das jogadas, nomeadamente nos apoios frontais, fundamentais para a progressão do jogo da equipa e da manutenção da posse da bola.

Passados os momentos da necessária adaptação Phillype tem sabido superar com distinção o tremendo desafio que se lhe colocou de forma inesperada: substituir o goleador mor da equipa das últimas 2 épocas. Aquilo que ele mais precisava está a ter: a oportunidade de jogar, de forma a poder comprovar o potencial de goleador que se lhe começa a reconhecer, especialmente quando se movimenta perto da baliza adversária. Acumulando os golos obtidos em Paços de Ferreira, são já 15 os golos obtidos na época em curso, sendo seis deles já de camisola do Sporting vestida. Precisamente o mesmo número de jogos que iniciou até agora como titular.

A aposta que muitos consideravam de risco parece agora estar a render. Se com o tempo revelar consistência, o Sporting consegue num bom golpe de mercado aquilo que é cada vez mais raro: golos baratos, se atendermos ao volume de dinheiro investido no ponta-de-lança versus golos conseguidos.

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