quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Estabilidade ou liderança?

Durante muito tempo defendi que o silêncio do director desportivo era excessivo, deixando adensar os psicodramas diariamente expostos na imprensa. Ontem ficou evidente que Barbosa geriu mal o seu tempo e, quando finalmente veio a terreiro, já nada do que disse realmente interessava. O barulho à volta da equipa é demasiado grande e as palavras de Barbosa diluíram-se no ruído.

É cada vez mais difícil interpretar os sinais que se recebem do interior do Dep. de futebol do Sporting. Onde uns vêm a mão de ferro de Paulo Bento outros entendem que finalmente existe alguém com coragem de confrontar os jogadores com tiques de primadonnas. Eu duvido que essa seja uma guerra que mereça ser disputada e que até possa ser vencida. Tradicionalmente o jogador quer jogar sempre e acha-se mais merecedor da titularidade do que os seus pares. E onde se sente mais à-vontade é no seu ambiente natural, entre o relvado e o balneário e não em reuniões de gabinetes ou à frente de microfones. Se dúvidas houvesse basta ver a reincidente falta de senso ou até de inteligência de Moutinho. Depois de ter dito que queria sair veio agora dizer que não sabe se entraria ou não no SLB. Por muito que Barbosa se esforce em decretar o arquivamento, este assunto não é nem pode ser esquecido com facilidade pelos sportinguistas. Coincidentemente ou não, desde que Moutinho preferiu falar para os microfones parece ter perdido o jeito de falar com os pés.

Se Barbosa não percebe porque se ganha e as assistências descem talvez seja melhor interrogar-se se, para lá da qualidade do jogo e dos troféus conquistados, a acção e discurso do treinador e dos dirigentes e a postura da equipa correspondem ao que os adeptos deles esperam.

Por muito que se queira bater nos jornalistas que publicam inverdades não foram eles que transformaram a ausência de Vukcevic de opção técnica em falta de aplicação nos treinos, metendo pelo meio um desmentido público de Miguel Ribeiro Telles. Por isso se Veloso e Djaló tiverem sido afastados por razões disciplinares ninguém poderá estranhar. Por muito que custe, são as intervenções fora de tempo ou a falta delas que põe tinta nas parangonas dos jornais. Se isto é estabilidade eu digo que o que nós precisamos acima de tudo é de liderança! Liderança na SAD, no balneário e em campo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Crise? Qual crise?

Contas de cabeça

Fazendo uma comparação com os jogos realizados até ao momento com os mesmos adversários o ano passado chega-se à conclusão que ganhámos 3 pontos em relação ao Braga do ano passado, mantivemos o mesmo número de pontos obtidos com o Belenenses (3) e perdemos com o SLB (1), com o FCP (3) e com o Paços de Ferreira (2). Fica de fora a apreciação ao trofense por este se ter estreado esta época. Se juntarmos a esta derrapagem o facto de em 18 pontos possíveis conquistamos apenas 10, ficamos com uns sofríveis 55, 55 % de pontos conquistados. Mantendo a actual média chegaremos ao final do campeonato com aproximadamente 50 pontos. Na classificação do ano passado, após uma época sofrível, fizemos 55 pontos. Com os dito 50 ficaríamos não em 2º mas em 4º. É preciso dizer mais? Para o nosso treinador os jogos nunca são decisivos mas que faltam no farão no futuro os 8 pontos ora desperdiçados? Fossem as exibições mais prometedoras e estes números não seriam preocupantes. Assim, o que vemos é a possibilidade de entre o S. Martinho e o Natal já só estarmos a pensar em taças, correndo bem.

De desperdicio em desperdicio

Desperdiçámos já a vantagem que nos atribuíam por sermos o plantel que privilegiou a estabilidade. Mas esta só nos trouxe até agora a continuação da mediocridade que reinou o ano passado. Somamos a isso os casos e as tricas de balneário. O que prova talvez que estejamos a precisar mais de uma rotura do que desta estabilidade pantanosa. A rotura não tem que ser feita com a exclusão de ninguém, pelo menos numa 1º fase. Mas tem que se fazer um corte abrupto nas posturas táctica, anímica e até individual que, comprovadamente, não nos levam a lado nenhum.

De equívoco e equívoco

Como li algures na blogosfera, uma equipa que se dá ao luxo de jogar mal para os seus adeptos tem a obrigação de ganhar. Senão que sentido faz? Por isso pouco ou nada bati na paupérrima exibição de Donetsk. Mas em Paços de Ferreira jogamos contra a pior defesa do campeonato e deixámo-la inviolada. A 1ª vez esta época. Cometemos o equívoco de tentar jogar directo, obrigando os nossos avançados de média estatura a dar as costas a defesas possantes, anulando assim a vantagem que nos distinguia favoravelmente. O Paços passou a maior parte da sua vida a jogar assim pelos pelados deste País. Está-lhe no sangue.

Uma questão de estofo

Foi pena que não aproveitassem a viagem à capital do móvel para mandar estofar os bancos do autocarro. É que a actual estofagem não é digna de nela se assentarem campeões. Ou então a equipa tem os estofos que merece. Equipa que se diz candidata ao título não desperdiça as poucas oportunidades que surgem para igualar ou ultrapassar os adversários.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

NO ENTANTO ELA MOVE-SE...

Vivemos num período singular da nossa história: desde a década de 70 do século transacto que o clube não ganhava com tanta frequência como tem sucedido na presente década e, apesar disso, os sportinguistas não andam felizes.

São mais que muitas as razões que podem ser apontadas para tamanha insatisfação, que alguns até apelidam de ingratidão para com a actual Administração da S. A. D. bem como para com Paulo Bento. Da minha parte fica o devido respeito por quem se dedica ao clube e ao trabalho, como por exemplo Paulo Bento e os jogadores que fizeram com que o clube alcançasse a sua 5ª vitória fora na Liga dos Campeões. Leram bem: 5ª vitória fora.

A admiração, essa, é que tarda em chegar. Essa consegue-se com outros níveis exibicionais. Os actuais, além de não encantarem, deixam-nos de respiração suspensa, sempre à espera do pior, que podia ter acontecido na Ucrânia, tal com aconteceu recentemente com os nossos adversários directos na Liga Sagres. Liedson é o único capaz da sublimação, que o retira da vulgaridade reinante.

É isso que nos traz o descontentamento: estamos mais perto da mediocridade do que da excelência. Não somos tão bons como julgávamos poder ser, entrados que estamos na 3ª época com o mesmo treinador e depois dos “tais” investimentos cirúrgicos, que, vistos hoje, mais parecem transplantes rejeitados. Rochemback veio para ser trinco? Veloso foi em Donetsk a 4ª solução para a esquerda defensiva, Abel não melhora, as 3 jogadas por jogo de Romagnoli são insuficentes, Moutinho faz 3 posições num jogo quando deveria fazer 3 jogos na mesma posição, pelo menos.

No entanto a equipa ganhou e ficou a uma vitória em casa com o Shaktar para conseguir os pontos e os contos que tanto necessita e que darão um apuramento inédito. “No entanto ela move-se”. E quando se constata isso é cedo para acender a fogueira. Por que de facto ela move-se, mesmo que desajeitada e sem graça. Esta equipa dá-nos de comer mas não nos mata a fome.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

FALTA POUCO PARA SABER

Por ironia do destino quis a sorte que os 2 melhores clubes dos últimos 3 anos em Portugal medissem forças com as 2 equipas mais representativas da Ucrânia. O 1º dos 4 embates foi ontem, com o resultado que se conhece. Sendo a Ucrânia um dos nossos adversários directos na disputa dos melhores lugares do Ranking da Uefa, os efeitos dos resultados alcançados nestes 4 jogos estender-se-ão muito para lá da possibilidade de termos ou não clubes portugueses na fase seguinte da presente edição da Champions League.

Hoje em Donetsk o Sporting decidirá uma percentagem muito grande do seu destino nesta edição Champions League. Quando se analisa o adversário de logo, percebe-se que só com um infundado optimismo ou até uma irresponsável superficialidade na análise se poderá afirmar que os 2 jogos com os ucranianos são para ganhar de caras. Quem o faz não viu o jogo com os catalães. Pois, e nós não temos nenhum Messi.

Objectivamente se constata que em Donetsk há muito dinheiro para gastar. Por isso o seu técnico é reputado e com curriculum consagrado por conquistas de campeonatos nacionais – é tri-campeão com o Shaktar – e internacionais, onde ostenta uma invejável Supertaça Europeia, conquistada no improvável Galatasaray, ante o Real Madrid. É esse desafogo financeiro que lhe permite contratar excelentes sul-americanos, na sua maioria brasileiros. Consegue estender o seu campo de recrutamento aos seus vizinhos eslavos. Juntando a isto tudo, tem uma falange de apoio entusiástica, como logo a equipa do Sporting irá constatar mal saia para aquecimento.

Dito isto, fica claro que não é tarefa fácil a que espera a equipa do Sporting. É necessário, para que a viagem à Ucrânia não seja torne numa viagem tipo peixe-espada - chata, comprida e negra – que haja grande acerto nas opções tácticas, jogando forte nas opções seguramente comprovadas e abdicando de aventureirismos tácticos, semelhantes ao que se viu contra o FCP. É também necessário que os jogadores se entreguem abnegadamente ao colectivo e sejam solidários. Que a equipa tenha a humildade de saber sofrer, sem tiques masoquistas. E que saiba responder sem tendências sádicas estéreis, preferindo o instinto matador. Uma equipa como Shaktar, que em casa tem que procurar a vitória, terá que, ao puxar a manta para a frente, destapar um bocado a cabeça. São estes os jogos que os jogadores gostam. E estas oportunidades são águas que não passam 2 vezes por debaixo da mesma ponte.

O jogo de logo à noite dir-nos-á muito do que é realmente este Sporting 2007-08. Falta pouco para o sabermos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

AFORISMOS

Gosto de ditados populares. Eles espelham o saber empírico que resulta da observação dos factos ou fenómenos e da passagem geracional do conhecimento adquirido. Não lhes deve ser conferido valor cientifico por razões óbvias, mas quando um acontecimento se enquadra num ditado popular, na maioria das ocasiões aquele acaba por vingar.

O que torto nasce tarde ou nunca endireita.

E tem sido assim a época de Vukcevic. Quando parecia que o caminho para a normalidade estava desimpedido, eis que um arrealiador estado febril devolve o jogador às primeiras páginas e aos caminhos tortuosos e pouco claros da especulação. Interessa-me pouco o que não posso comprovar e por isso o que me parece importante neste caso é saber porque jogou o jogador em Lecce, Itália, e acaba por fazer a viagem de regresso com a sua selecção para a remota Podgorica quando podia ter embarcado no dia seguinte para Lisboa. É igualmente preocupante que o treinador principal diga que acredita nas palavras do jogador e a seguir se desminta a si próprio admitindo que não é espião. Para que é necessário um espião quando se confia? Desajustadas a um capitão também me parecem as palavras de Moutinho. Não tem ele outras fontes de informação que um vulgar adepto como eu? Bem pode Miguel Ribeiro Telles desmentir a existência de um caso. Para os adeptos é estranho que um jogador como Vukcevic quase não jogue pelo clube que lhe paga e o faça pela selecção. Tal com Stojkovic. 2 casos que se arrastaram da época transacta e que uma vez entortados dificilmente endireitarão. Pelo menos acautelando os interesses do clube.

Junta aos bons e serás como eles.

Desde o final da semana passada que este espaço é membro do projecto Futebol Magazine. Num momento em que muitos não se revêem na imprensa tradicional, deve ser saudado o surgimento de um espaço aglutinador das diferentes sensibilidades, identificadas de forma descomprometida, e aberta de forma efectiva ao contraditório. Integrar este projecto é uma honra e representa a esperança de que o ditado se cumpra: poder ser tão bom como os melhores, que antes de mim, fundaram o Futebol Magazine.

domingo, 19 de outubro de 2008

Assim tão devagar não se vai longe!

Desta vez o calendário foi favorável, tendo em conta as circunstâncias: nada melhor do que um jogo de Taça, com um adversário do escalão inferior, para recuperar de 2 desaires que deixaram marcas na auto-estima dos adeptos e na relação destes com a equipa.

O adversário

Ocupando um modesto 13º lugar, com um saldo negativo de 1 vitória, 2 empates, 2 derrotas e um 3-4 de golos marcados e sofridos, o U. Leiria era o adversário ideal para o cenário pretendido. Paulo Alves tem um grande desafio pela frente, que é integrar um enorme lote de novos jogadores e simultaneamente pontuar, para justificar as pretensões de regresso ao escalão maior. Não será fácil e Bartolomeu não é conhecido pela sua temperança. Os leirienses estão a entrar num processo de credibilização da sua existência, tendo em conta os desafios que se lhes colacam. Ou deixam à evidência que têm vivido ligados a uma máquina de suporte de vida constituída pelos desmesurados apoios da autarquia mais a teimosia do seu truculento presidente.

O Sporting

Apresentando-se no seu 4x4x2 habitual, Paulo Bento aproveitou para rodar Tiago e Pedro Silva, descansando Rochemback. A titularidade de Liedson é um acontecimento natural, tal como me parece ser nesta altura a companhia de Postiga no ataque. Pareceu-me correcta a insistência em Grimi, depois do sucedido no último jogo. Paulo Bento proibiu os jogadores de pensar em ucraniano mas ele fê-lo, justificadamente. Rochemback e Abel precisavam de uma pausa por razões diferentes, Liedson de minutos com Postiga, Grimi de confiança, Polga de aquilatar as mossas da lesão. Parecia-me ser um bom jogo para Pereirinha.

O jogo

Já vi jogos amigáveis com maior intensidade. Um Leiria simpático com o seu visitante deu de caras com um Sporting parcimonioso com o anfitrião. Paulo Bento achou que a equipa jogou bem, eu diria que jogou demasiado devagar para errar muito e o adversário não lhe colocou problemas. Eu também faço números de malabarismo bonitos com apenas um ovo na mão, mas se forem 2 ou mais e tiver que aumentar a velocidade as coisas não são bonitas de ver. A lentidão de processos foi o principal pecado e quem televisionou o jogo poderia ser levado a pensar que estava a ver a partida em slow-motion. Percebo que 2 derrotas podem afectar a confiança dos jogadores, e isso até se possa reflectir na forma de ligar os lances entre os diversos sectores. Mais difícil é perceber que os jogadores abdiquem de pressionar o adversário e em muitos momentos o deixem espreguiçar pelo relvado, mais ainda quando este nem parece disposto ou não tem armas para fazer melhor do que isso. Paulo Bento bem pode urdir as tácticas que quiser, mas se os jogadores encararem os jogos com a mesma exigência de um treino, as coisas dificilmente melhorarão. Como apontamentos individuais ficam-me na retina uma evolução na continuidade no desacerto de Grimi, bem como o apagamento de Moutinho. Pedro Silva não comprometeu e, com mais ritmo, não fará pior do que Abel tem feito em alguns jogos.

O melhor

Um jogo como estes não poderia nunca resolver os problemas que mais afligem o Sporting. Mas poderia ajudar. Gostava de acreditar que pelo menos a vitória servirá para dar alento à equipa mas a forma como foi conseguida parece-me indicar que tudo ficará na mesma. O regresso de Liedson neste quadro mais não é mais que um xarope para a tosse para um paciente que indicia um quadro mais preocupante. A entrada de um jogador num processo colectivo emperrado ajuda se o jogador tiver o nível do Levezinho, mas não resolve. O melhor foi mesmo o apito final do árbitro. Passado 5 minutos nem me lembrava que o Sporting tinha jogado.

O pior

Os árbitros assistentes não estavam ali para brincar e levaram tudo muito a sério. Fizerem o que puderam enquanto puderam. Se dependesse deles o golo de Liedson às tantas não tinha acontecido. Eram bem capazes de marcar a falta que precedeu o regresso do Levezinho ao balançar das redes.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O sargento Queiroz

Há indivíduos que são avaliados mais pela enorme sombra que projectam do que pelo seu real tamanho. Queiroz é um deles. A sua silhueta é constantemente ampliada pelos holofotes de uma imprensa invulgarmente benévola para quem pouco conseguiu desde que abandonou as selecções jovens.

Quem nasceu para ser um bom sargento não tem que ser um mau general. Queiroz pode ser bom a planificar, a descobrir novos valores e a prepará-los para o jogo, como o fazem os míticos sargentos nos filmes de Hollywood. Mas na hora de dispor as tropas no terreno é um general pouco esclarecido e esclarecedor. Foi isso que se viu ontem em Braga, é disso que nos lembra a sua passagem por Alvalade.

Confesso que via na continentalização do futebol do Manchester, que os alcandorou às recentes conquistas, o dedo do professor. Esperava eu que a companhia de Ferguson lhe tivesse feito bem. Mas parece que ele não nasceu para aprender, para ouvir. Nasceu para ser escutado.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O cavaleiro da triste figura

Dias da Cunha esforça-se por desbaratar a consideração que me merece qualquer sportinguista, em especial os que dedicaram o seu tempo ao clube. Segundo as suas palavras, arriscamo-nos a ver desaparecer o Sporting tal como o conhecemos. Pois que acabe Sr. Dias da Cunha! Se isso significasse ver acabar este Sporting cada vez mais pequeno e nos devolvesse o Sporting dos tempos em que, mesmo quando não ganhava, como não ganhamos agora, éramos efectivamente grandes, que acabe já hoje!

Enquanto isso não acontece, poupe-nos e não se sirva do nosso clube – meu, seu e de todos – como palco das suas rixas pessoais. O buraco está lá, é grande e não apareceu de geração espontânea, embora ninguém o deseje perfilhar, por ter crescido feio e sem controlo. Olhe, como sportinguista que é, prefiro lembrar-me de si como o último presidente campeão!

Por estas e mas também por outra, hoje é um dia triste para mim.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O ovo e galinha

Os números não mentem. São cada vez menos os leões em Alvalade. O presidente interpreta os números como uma crise de militância. Afirma que tem falhado “a ligação emocional da família leonina ao Sporting”. Mas o que apareceu primeiro: o ovo ou a galinha?

FSF está provavelmente demasiado assoberbado e divido pelas imensas tarefas entre a administração de um clube tão grande como o nosso e o seu grupo empresarial. Não lhe deve sobrar tempo para percorrer os núcleos, aproveitando as deslocações da equipa principal. Também não me parece que leia a rica blogosfera leonina. Se o fizesse não proferiria tal afirmação. O mais que poderia concluir era que há uma enorme insatisfação. Resignação e falta de militância não.

Os sportinguistas não gostam menos do Sporting. Provavelmente não sentem que este Sporting goste e precise deles.

Para perceber porque se afastam os sportinguistas FSF tem que olhar para si próprio e para a sua liderança. Sem essa reflexão arrisca-se a não perceber o que se passa à sua volta. Perceber o que é o ovo e a galinha e qual apareceu primeiro. Se foi a falta de liderança ou a falta de militância.

Para os interessados a entrevista de Moutinho ao Record está no sitio do costume.

domingo, 12 de outubro de 2008

As entrevistas vistas por um pacóvio

Convém esclarecer desde já que me tenho em boa consideração. Não me considero mal apessoado de corpo ou de espírito. Mas no que toca ao meu clube sinto-me um pacóvio. Tudo o que diz respeito ao meu clube interessa-me sobremaneira, emociono-me com as vitórias, quando vou a Alvalade entro de boca aberta e custa-me a vir embora, deprimem-me as derrotas, etc, etc. Por vezes é o próprio clube que me trata como pacóvio: na actual campanha de angariação de sócios demoraram cerca de meio ano a enviarem-me o cartão, apesar de ter sido dos poucos a aderir. Há uns anos atrás, muitos, nunca me chegaram a responder à proposta devidamente preenchida que enviei. Pode estar aqui uma das explicações porque o Sporting é um clube diferente: selecciona meticulosamente os seus associados e não gosta de pacóvios como eu.

Mas o tema é as entrevistas de FSF, o nosso presidente. Convém esclarecer que FSF não me encanta mas também não me provoca qualquer rejeição. Acho que é presidente do meu clube porque, ao contrário da inexistente mas barulhenta oposição, tem uma ideia para o clube. O problema é que os sócios ainda não perceberam muito bem qual é e ele também não ajuda. Seja por causa dos "zigs" ou dos "zags". Para mal do clube quem se lhe opõe a única mensagem que deixa passar é que é contra porque não, e não porque tem algo de diferente e concretizável para o clube. Nas aludidas entrevistas saúdo a assumpção de responsabilidades e espanta-me a falta de tacto que é fazer comparações com o slb.

O afastamento dos sportinguistas acaba por ser o tema mais saliente e que já é assunto de discussão há algum tempo. O reconhecimento por parte de FSF da existência de uma crise de militância é uma prova de lucidez, a contrabalançar com a sua incapacidade de ajuizar a qualidade do futebol praticado. É útil se for encarado como um ponto de partida para alterar os procedimentos que a ele conduziram. E alguns são conhecidos de todos. Por exemplo:

(i) Esta SAD afastou-se dos adeptos, prescindiu de comunicar com eles. MRT, Barbosa e até o presidente falam pouco e com pouco apelo emocional. Não duvido do seu sportinguismo, porque senão não estariam onde estão. Mas o discurso tecnocrático sobrepôs-se ao discurso da paixão pelo clube. Se não o sabem ou não o querem fazer entreguem a tarefa aos que nós identificamos como os elos mais fortes com as nossas emoções, como são as antigas glórias do clube. À míngua de vitórias no presente, unam-nos em torno de uma memória das vitórias passadas. Lembrem-se dos núcleos quando a equipa joga fora. E que dizer dos preços?

(ii) O enfoque dado à resolução do passivo é correcto, mas esqueceram-se que os adeptos não querem ser tratados pelo seu clube como o faz o Teixeira dos Santos ou o Belmiro de Azevedo: nós não somos nem contribuintes nem clientes, somos sportinguistas. Não foi pelos campeonatos que o Sporting ganhava que me tornei sportinguista, como não é condição que os ganhe agora para atrair mais gente aos estádios, mesmo concordando que ajudaria. É preciso é recuperar a identidade, perceber o que se perdeu e como.

(iii) Por outro lado este argumento de afastamento da SAD tem servido de álibi a muitos sportinguistas para irem mais vezes ao cinema, ou ao circo, como afinal preconiza Paulo Bento a quem quer ver espectáculos. Se compreendo com dificuldade que não se vá a Alvalade nem que seja para assobiar, não consigo perceber que se deixe de pagar as cotas por causa de não se gostar dos acima citados. São desculpas de mau pagador.

(iv) Há muito que não há um lote de jogadores com quem os sportinguistas se identifiquem. Alguém se lembra de algum jogador afirmar que gosta do clube e gostaria de fazer aqui a sua carreira? Estamos é habituados às facadinhas no matrimónio e daí ao divórcio é um ai.

(v) A “luta ideológica” que nasceu na campanha para as eleições que legitimaram esta direcção não esmoreceu e produziu os seus efeitos. Não é comum que sejam os protagonistas das facções vencedoras a fazer a paz com os vencidos. A não ser que a união se desse em torno de vitórias, mas estas não têm sido convincentes. O facto vermos os glaciares derreterem mais depressa que o passivo também não ajuda. Veremos como ficará no final do mandato.

2 notas finais:

1 – PauloBento não se pode queixar de falta de solidariedade. Fica evidente nas palavras de FSF que há PB a mais e pouca SAD, tendo em conta o que se tem ganho e a falta de qualidade do jogo. É mau para PB e sobretudo para o clube.

2- FSF diz que de nada vale desenterrar cadáveres, referindo-se, suponho eu, ao movimento que tem lutado por uma auditoria às contas do clube. Felizmente os responsáveis pelas gestões anteriores estão bem vivos, pelo que não se justifica o uso da palavra cadáver. A não ser que FSF se refira à pouca transparência senão das contas, que estão auditadas, pelo menos de alguns procedimentos cujo odor não precisa da confirmação dos famosos cães ingleses para indiciar a existência de algo em adiantado estado de decomposição. Como até pode não ser nada, não fica bem a FSF, por ser parte interessada, inviabilizar o procedimento pretendido por alguns sócios. Mesmo que eu pense que eles, além de bons sportinguistas que são com certeza, gostam menos do FSF que do PC…

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A mecânica das coisas

A propósito de mais esta excelente cacifada ocorreu-me esta história:

Tive um carro em tempos. Não tinha sido uma pechincha e cumpria bem o que dele esperava. Era então um recém-encartado e de carros sabia o mais importante: os que os tinham safavam-se melhor do que os outros. Um dia o gajo não pegou de manhã. Chamei o mecânico e o veículo acabou por fazer uma humilhante viagem em cima do reboque. Uma vez na oficina pegou à primeira, como deve acontecer sempre a qualquer topo de gama, que ele não era.

Quebrou-se ali a minha relação de confiança com o bicho, agravada por rumores pouco abonatórios para a fiabilidade da marca. De tanto me avisarem da minha má opção, comecei a achar que o carro adornava em demasia nas curvas, perdendo a direcção. Despachei-o à pressa para um “caridoso” amigo. Perdi algum dinheiro, que me deu para adquirir um carro mais barato e pior. Não dava tanto nas vistas, tinha uma cor desmaiada, mas eu confiava nele porque me dizia quem sabia que o podia fazer. E de facto assim era. Depressa estabeleci com o novo veículo uma relação de inabalável confiança: sabia precisamente quando falhava: sempre que os dias amanheciam frios mais os outros em que menos se esperava. Um carro de carácter vincado.

Só mais tarde percebi, numa viagem a Braga, que o meu antigo carro, não só não dava notícias de falhar como fazia as curvas muito bem e bem depressa. Claro que não o consegui reaver e para comprar outro igual já não tinha dinheiro suficiente.

Quando olho para o que tem acontecido com alguns do nossos recursos humanos vêm-me à ideia que o problema pode muito bem ser o mesmo que o meu: falta um encartado com experiência no meu clube. Ou alguém que perceba de mecânica. Ou ambos os dois, um com o outro.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Post de avanço

Resolvi fazer como faz a minha equipa. Dou este post de avanço. Entre este e outro mais substancial. Não por preguiça ou por desinspiração, mas para não dar espaço à amargura e ao desencanto. Que assente o pó no chão onde a toalha nunca há-de tombar sozinha.

É a hora de cerrar os dentes e ser lúcido: enquanto não é possível comemorar as vitórias que desejamos, é preferível não ganhar com esta camisola do que alcançar todas as glórias com outra qualquer vestida.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Equipa Prozac

Podemos ter descoberto nos resultados desta época uma forma de abatermos rapidamente o passivo: jogarmos com equipas em crise, para lhes levantarmos o ânimo, cobrando o cachet correspondente, que, como é bom de imaginar, tem de ser alto! Esta equipa consegue melhores resultados no ânimo dos adversários que qualquer bateria de psicólogos ou até do famoso bruxo de Fafe.

Senão vejamos:

No Nou Camp já se tinham visto lenços brancos no jogo anterior à nossa deslocação. Contando com a nossa prestimosa colaboração, o Barcelona fez uma espécie de treino de conjunto com uma equipa perfeita para o efeito, sem pingo de agressividade, porque jogadores como Xavi e Iniesta, Messi ou Etoo são demasiado caros para se lesionarem. O Barcelona deveria ter-nos entregue o prémio de vitória, pois serviços destes são caros e nem sempre produzem os efeitos pretendidos de forma tão imediata: De lá para cá foi só ganhar.

Os nossos eternos rivais do outro lado do Colombo andavam a jogar um futebolzinho pouco consistente, com muitos golos sofridos, e, além dos adeptos até os próprios jogadores já pareciam duvidar da sua própria sombra. Nada melhor do que encontrar a nossa equipa pela frente. Entramos para matar, coisa que não deveria estar no programa, pois depressa retornamos à condição de “sofá de psicanalista”: “deite-se aqui senhor adversário, de forma confortável e fale-me dos seus problemas, que não há nada que não se resolva”. “Causa-lhe sofrimento tanta insegurança? Deixe estar, arranja-se um 2-0, porque os senhores têm que resolver esse problema rapidamente, para o jogo com os italianos e com o Leixões.”

Vão os andrades de passeio até Londres, donde regressam com humilhante e hilariante derrota (e Capello a Wenger, toda a gente se riu nos Emirates), para apanharem pela frente equipa mais profilática do que Prozac, porque nem tem efeitos secundários. Interessada em vincar a sua atitude afável, de equipa capaz de convalescer um dragão moribundo, oferecemos-lhes aquilo que eles pagariam muito para ter: um regresso tranquilo. Um descanso até para seguradora do parque automóvel do fcp: uma derrota poderia ser mais uma noite de cristal…

Como vivemos uma crise financeira, há muita gente a perder no banco. É também o que nos tem estado a acontecer. No Colombo PB adormeceu e quando acordou já era tarde. Pelo menos teve, em sonhos, uma agradável 1ª parte. Ontem começamos a perder no balneário. Que visionário poderia por a jogar a 10 um jogador que não consegue receber e passar uma bola com a eficácia que se exige a um júnior? Quanto ainda teremos que pagar pelo amadurecimento de Patrício? Se tivéssemos trocado de guarda-redes não teríamos perdido o jogo. Tirar Postiga até se compreende, porque, inconformado como estava, era capaz de interromper a recuperação do dragão…

Da minha viagem a Alvalade fica o divórcio entre a equipa e o público. Não que não tenha havido apoio, antes pelo contrário. Mas os sportinguistas ontem apoiaram mais que nunca o clube e menos esta equipa. Esta não é a equipa dos sportinguistas, nem no alinhamento dos disponíveis, nem na atitude, nem na qualidade do futebol praticado. Pelo cheiro, a paz está mais que apodrecida. Mesmo assim lá enchi os pulmões até às mitocondreas, porque mesmo com odor desagradável, é este o meu Sporting e não sei quando lá voltarei.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A propósito dos assobios

Ao folhear os jornais hoje, dei de caras com relatos de crimes passionais. Foi o remédio de escaravelho que caiu na sopa do marido infiel. É a mulher que, qual leve corça, foi apanhada a saltar a cerca e, tendo-se livrado de ser perseguida pela matilha, já não se livrou das cartuchadas. Enfim, tragédias que é melhor nem ver nos jornais ou na televisão.

Ao passar os olhos nestas misérias percebi os sportinguistas que assobiaram na 4ª feira: sentem-se traídos! A equipa com o modelo de jogo consolidado, o plantel mais estável, os reforços cirúrgicos, o treinador e equipa com o casamento mais longo dos 3 grandes aprestava-se para, á frente de todos, tal como em Madrid, Barcelona e Colombo, deixar-se levar e abrir as pernas ao inimigo. Queriam o quê, que batessem palmas, para marcar o ritmo?

Os jogadores e treinador ainda se queixam! Não fora o amor pelo clube e ele veriam como a palavra “saraivada” também pode ser usada antes outras mais contundentes que "assobios".

Olhem, se querem saber, até acho que foi isso que os despertou.

Deixo-lhes a visão do Presidente da A.G., que é um pouco diferente da minha.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Chocolate suiço com pouco cacau

Para que servirão estes 3?
Ganhar os primeiros 3 pontos, mais os 600 mil € correspondentes, foi uma tarefa executada sem brilho e num registo de esforço pouco consentâneo com os pergaminhos do adversário. Servirão para o apuramento?

Crise, que crise?
Tal como previa no post anterior, não são este o tipo de exibições que chamarão os adeptos a Alvalade. Como se viu ontem nem a totalidade dos clientes das gameboxes comparecem. Não pode ser só a crise financeira a arcar com as culpas.

Mais vale tarde do que nunca, mas...
Quem vai aos jogos da Champions sabe que se arrisca a chegar tarde ao seu lugar. Amanhã falarei sobre isso. Ontem foi a equipa que teve o mesmo problema. Aqueceram 10 minutos e depois “evaporaram-se”. Regressaram na 2ª parte. Este filme, rodado vezes sem conta, desde o ano passado, em Alvalade e em muitos estádios onde o Sporting passa, começa a fatigar os sportinguistas. E isso notou-se ontem. Paulo Bento também não deve ter visto a 1ª parte, porque senão não teria dito o que disse.

Assobiar para o ar
Não creio que ouvir assobios enquanto se está trabalhar seja muito estimulante e ajude a discernir quem já está baralhado. Mas os jogadores e o treinador devem perceber que a paciência tem limites. Depois de Barcelona e do aviário colombino aquela 1ª parte ameaçava tornar-se num filme de terror visto e revisto. E não adianta vir com a história do 1º lugar e da Supertaça entretanto conquistada, porque a jogar como na 1ª parte de ontem, na 2ª com o slb, e como em todo o jogo de Barcelona, habilitamo-nos a não ganhar mais do que desilusões e insónias. É isso que os sportinguistas temem e a 1ª parte de ontem justificou os temores. Os assobios, naquela altura, provavelmente não.

Barco adornado
Rochemback funciona nesta equipa como uma âncora demasiado pesada: se não fosse cortada ao intervalo, o barco adornado da 1ª parte poderia ter naufragado. Moutinho não está um primor, Veloso defende pouco e muito só e Romagnoli funciona em vai-vem. Mais vai que vem, mas sempre veio na 2ª parte. Também de que vale ter um 10 se as bolas circulam pelo ar? Grimi não justificou ainda tanto dinheiro e vai ser difícil se o Polga insistir em fazer aqueles passes a queimar. Gostei dos 2 avançados. Seriam melhores se fossem melhor servidos, coisa que poucas vezes aconteceu. Apesar de satisfeito por marcarmos, não posso deixar de, realisticamente, agradecer à sorte por 2 golos fortuitos: carambola de bilhar no 1º e escorregadela no 2º.

Saldo a zero
O resultado final, conjugado com a reviralho de Messi na Ucrânia, transformou-nos o saldo negativo da 1ª ronda num saldo a zeros. Todas as esperanças são legítimas porque as hipóteses de qualificação estão incólumes. Em teoria. Isto se a prática melhorar muito.

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